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Coluna 20/11/23

 

Os quatro caminhos de Ciro Nogueira para 2026

 

Quando você quer dizer que um político atende rápido ao telefone, pode usar a expressão “padrão Ciro”, em referência ao senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e ex-ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro. Ciro é célere, mesmo que seja numa figurinha (às vezes, dele próprio) ou um áudio curto. O senador tenta responder a todos os números registrados na agenda - e não são poucos. Com a ascensão do lulismo em Brasilia, a aposta era de que o ex-ministro seria carta fora do baralho das decisões nacionais. “O Ciro acabou”, disse um petista à essa colunista em fevereiro. Um mês em Brasília, equivale há cem anos na política: Ciro não acabou, é o contrário disso. 

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A super federação vem aí

 

O senador segue com força na capital federal, mas operando numa estratégia de enfrentamento público ao Governo Lula, enquanto nos bastidores, seus aliados mais próximos ocupam espaços de relevo na Esplanada dos Ministérios (estamos falando de nomes como deputado federal André Fufuca-MA, ministro do Esportes). Estilo, good cop, bad cop (bom policial, mal policial), Ciro bate (e forte) enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, assopra. Como não tem maioria parlamentar, o presidente Lula precisa dos votos do Progressistas e dos partidos do Centrão. Em breve, espera-se uma superfederação entre Progressistas, Republicanos e União Brasil. Talvez, para o final de 2024. Será a maior bancada no Congresso Nacional, nada passará sem eles. Ficarão mais fortes.

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Vice é top 1

 

E o Piauí, no meio disso tudo? O senador segue fazendo agendas, mais ou menos quinzenais, recebendo vereadores, prefeitos e lideranças em sua residência oficial na zona Leste de Teresina, geralmente entre sexta e sábado. É a voz que bate o martelo sobre as estratégias municipais, com atenção para Teresina, onde uma vitória ou derrota são decisivas para o futuro do grupo oposicionista. Emissários enxergam quatro caminhos para Ciro Nogueira em 2026: 1- ser o candidato a vice-presidente da República do candidato de direita, que ele espera ser o aliado governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Para isso, Ciro aparece quase diariamente em veículos de imprensa nacional e segue próximo a Jair Bolsonaro. Faz o que tem que ser feito para se cacifar. A política é imprevisível. E se não conseguir?

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Mas, se não der…

 

Opção 2- ser candidato a senador em qualquer estado bolsonarista do país, com o apoio do próprio Bolsonaro - opção possível, mas remota pois Ciro teria que abrir mão dos quase 140 anos de mandato político da família no estado onde nasceu, tem filhos e empresas. 3- Disputar o Senado novamente pelo Piauí. Como são dois votos, o favorito da base governista é o senador Marcelo Castro (MDB), mas o segundo voto, aliados de Ciro acreditam que ele leva, pois segue com uma forte estrutura no interior. E por fim, quarto caminho: Ciro pode disputar o governo do Piauí. As chances, é preciso reconhecer, são desfavoráveis contra um governador bastante bem avaliado como Rafael Fonteles, mas o sacrifício seria em nome de um projeto nacional da direita. Então, por essa perspectiva, Ciro marcaria uma posição nacional. Todos os caminhos estão abertos e o jogo está sendo jogado nesse exato momento - o leitor, assim como a colunista, pode acompanhar tudo por aqui. 

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Júnior e Fernando saíram do grupo do Zap

 

Pelo menos dois pré-candidatos a vereador do PSD deixaram o grupo de Whatsapp do partido: Júnior Macêdo e Fernando Aragão. Até aí, tudo mais ou menos bem, essas coisas acontecem… mas a colunista tem uma certa paranóia e achou por bem investigar a história. O apurado até agora: Não apenas Júnior e Fernando, mas também o suplente Allysson Pêgo têm ficado chateados com a presença de dois nomes na chapa do PSD: o vereador Renato Berger, hoje secretário municipal de Esportes na gestão Dr.Pessoa, e o suplente Eduardo Dragalana.

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Ou eles ou a gente

 

“O nosso entendimento era que a chapa não teria surpresas. O Vinício Ferreira (vereador) tinha carta branca pra montar a chapa e garantiu que o Renato Berger não ficava, já que o Ismael (Silva) vai seguir o caminho dele… Aí o Júlio César (deputado federal) aparece dando entrevista dizendo que era mais fácil ele deixar o PSD do que o Renato Berger. Não tem quem faça eu ficar com o Renato Berger”, argumentou, em off, um pré-candidato do PSD à coluna. E não para por aí: “Se querem apoiar o Dragalana, tudo bem, apoiem, mas em outro partido”, completou outro pré-candidato. A questão é que os descontentes consideram as estruturas de Renato e Dragalana bem superiores às dos demais: “Desproporcional a disputa”. 

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Cifrada da Debandada

 

A política é um castelo de areia que pode desmoronar a qualquer momento. Nem bem a colunista publicou há dois dias que a paz reinava no Palácio da Cidade com o chapão de vereadores no Republicanos - concentrando todo mundo, grandes e pequenos num grupo só - um vereador retrucou a colunista com um “me tire fora dessa”: “Ou melhora minhas coisas ou eu não vou”, resumiu ele, mais claro do que nunca. Para fechar, um(a) outro parlamentar cotado (a) para ingressar num partido robusto também disse que não está sabendo de nada: “Por acaso falaram comigo? Que eu saiba não”. Como se não bastasse, uma sigla pequena que estaria com a chapa fechada, tem sofrido com o jogo duplo. “Por trás, todo mundo que está na chapa, diz que não vai ficar”. Ihh, gente…

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Ilustre leitor

 

Décio Solano anda para cima e para baixo carregando uma bagagem e tanto: 3.390 votos, obtidos na eleição de 2020. O primeiro suplente do PT entra para brigar entre os favoritos na chapa pesadíssima do PT na federação com PV e PC do B, embalado na boa perspectiva da chapa majoritária encabeçada por Fábio Novo e o apoio do irmão, o deputado federal Merlong Solano (PT). O petista tem realizado eventos de apoio a Novo, em especial com movimentos sociais ligados à agricultura familiar. Advogado, ex-gestor do Incra e da Emgerpi, Décio conseguiu aqueles dois minutos de praxe para ler a coluna, como prova o registro:

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Se conselho fosse bom

 

Evite fazer ameaças diretas, porque ou você terá que cumpri-las, ou ficará desmoralizado. Aja indiretamente. A melhor forma de dissuasão é cultivar uma reputação sólida. Assim, antes que as pessoas o conheçam, elas já saberão o que esperar e agirão de acordo. Seus adversários e até seus amigos precisam saber que lutar com você pode custar caro. Se eles o provocarem você pode até cair, mas os levará junto. Por via das dúvidas, vão preferir não pagar o preço. No final, Maquiavel estava certo: é melhor ser temido do que amado.

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Foto do dia

 

Deve acontecer hoje no Hospital Universitário da UFPI, o primeiro ato de ensaio do apoio do deputado federal Marcos Aurélio Sampaio (PSD) ao médico Paulo Márcio (MDB) na empreitada do MDB em raia própria em Teresina. A tendência é que Marcos anuncie até o final da semana que segue com o MDB enquanto o PSD marchará junto com o deputado estadual Fábio Novo. Algumas perguntas: a relação de Marcos com o PSD fica arranhada a ponto de culminar numa saída (no caso, liberação nacional) do deputado para o MDB - já que a cúpula do PSD efetivamente não trabalhou para viabilizar a candidatura própria? Guiado por pesquisas, pragmático que só ele, o que o vice-governador Themístocles Sampaio está enxergando como brecha para 2024? Pelo sim e pelo não, é bom acompanhar os desdobramentos desse movimento, certamente com reflexos para 2026.

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A frase para pensar

 

“Seu problema é que você continua querendo responder à pergunta, quando o que você deve fazer é transmitir sua mensagem”, David Axelrod (1955-), assessor político da campanha de Barack Obama, respondendo ao então candidato. 

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