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Coluna 16/11/23

Instabilidade e clima de “salve-se quem puder” em chapas de vereador

 

“O mais difícil nessa eleição não é ter liderança nem ter estrutura, é ter partido”, desabafou um vereador, sempre bem votado em Teresina, à coluna, sobre o clima de salve-se quem puder a formação de chapas na capital. “Ninguém sabe o local que vai ficar”, resumiu. Para os vereadores e suplentes ouvidos pela coluna, o grupo da Prefeitura só tem uma alternativa: fazer um chapão, estilo federação, para tentar eleger 12 nomes. Ou, no máximo, duas chapas, com metade dos vereadores em cada. Resolvido? Que nada! Se fizer isso, o Palácio da Cidade ainda corre o risco de não ter cauda. Em política, a questão é menos o poder e mais a expectativa de poder, certo?

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Dormiu com chapa, acordou sem

 

Basicamente, os pré-candidatos de potencial médio e pequeno de votos - a chamada cauda - não querem ficar em chapas com quem possui milhões de reais para gastar e já mostrou votação acima dos 4 mil votos. É pedir para entrar e perder. Todos querem uma chance, por menor que seja. “No final, todo mundo vaza do chapão. Pode ter um esvaziamento na noite do fim do prazo. Aí vai ter vereador concorrendo sem chapa pra fazer legenda e já perde a eleição antes das convenções”, aponta outro parlamentar sobre os riscos de confiar nas palavras empenhadas nessa altura precoce do campeonato.

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A revolta dos pequenos

 

Os pré-candidatos que formam a cauda, a escada para os maiores subirem, sabem que sem eles, não tem chapa. Têm engrossado o pescoço e feito pequenas rebeliões, ameaçando sair quando os presidentes de siglas anunciam a possibilidade de filiar um nome não aprovado previamente. Por fim, há os gastos. Quem “segura” as chapas, precisa dar suporte financeiro, e contar apenas com a miragem do Fundo Eleitoral, é ficção.

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O caos

 

No lado de Fábio Novo, as questões persistem. A chapa do PT com PV e PC do B está praticamente fechada, no SDD, também, e o PDT ainda não apresentou chapa. Na oposição, Progressistas terá chapa com os advindos com boa perspectiva de votos vindos do PL, mas quem vai para o União Brasil além dos tucanos Édson Melo e Paulo Lopes? A coluna só faz as perguntas, como sempre.

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Mais distantes, impossível

 

“Nunca estiveram tão distantes”, resumiu uma fonte de altíssima plumagem sobre a atual situação entre Sílvio Mendes (União Brasil) e Luciano Nunes (PSDB). Mesmo após a conversa de Luciano com Ciro Nogueira - e comentam até que houve uma com Silvio, sem divulgação pública - quem manda hoje no PSDB acredita que é hora de manter a pré-candidatura própria.

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Relembrar é viver

 

“Não se trata de querer emplacar um vice, mas sim de lutar pela sobrevivência do partido, de não deixar acontecer o que aconteceu nas eleições de 2020, onde o Sílvio na última hora deixou o partido sem candidato e ainda levou todos os candidatos proporcionais que estavam no PSDB. Isso trouxe sérios prejuízos, levando o grupo liderado por Luciano a quase perda da legenda no estado”, argumentou o tucano após a colunista perguntar o motivo do impasse que perdura por tanto tempo. Mágoas, pelo visto, não saradas.

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Pó de Pirlimpimpim 

 

Uma campanha é basicamente a arte de transformar uma possibilidade em uma realidade, ou seja, criar uma projeção do futuro na cabeça das pessoas. É brincar com o imaginário, que não pode ser criado do nada, precisa estar fincado em algum dado da realidade. Acima de tudo, mais do que lidar com os desejos expressos, precisa alcançar os desejos ocultos, que os eleitores são incapazes de assumir, mas que existem e guiam os votos. É atender as expectativas e suprir as necessidades com o melhor produto. O produto, claro, é o político. É calçar a mão com a luva certa. 

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Se conselho fosse bom

 

As melhores oportunidades da vida, quando surgem, não estão enroladas em um laço de fita vermelho escrito: “Me aproveite”. Não, definitivamente as chances se parecem mais com riscos potenciais e possibilidades concretas de humilhação. As mudanças rápidas de circunstâncias só podem ser aproveitadas pelos ousados, os que estão dispostos a entrar em campo quando as estatísticas e os conselhos são desfavoráveis. No jiu-jitsu, a arte japonesa da autodefesa, você economiza energia deixando que o adversário o ataque e no final, você surpreende e usa a força dele de volta para expô-lo e derrotá-lo. O mundo foi, é e sempre será dos pacientes e ousados. Touché!

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Ilustre Leitor

 

Ele atende pelos seguintes predicados: “Decano”, ou seja o mais antigo e respeitado membro de uma instituição, ou “Melim” (esse é para os mais próximos e a colunista já testemunhou o fato). Ah, consegue defender com unhas e dentes o ex-presidente Jair Bolsonaro ao mesmo tempo em que é abraçado carinhosamente por algum petista da Câmara de Teresina, como o vereador Dudu ou o futuro petista Venâncio Cardoso. É o aliado número 1 de Sílvio Mendes no Legislativo municipal, mas também comparece, na hora do vamos ver, com votos decisivos para desempatar os embates pró-Palácio da Cidade no plenário. É um dom, é a prática da política e o nome do ourives de tão hábil trabalho manual é Édson Melo (PSDB). Engenheiro, professor aposentado da Universidade Federal do Piauí e indo pro nono mandato na CMT, Edson Melo ainda tem tempo de trabalhar para colocar o filho em uma chapa de vereador e comparecer aos eventos escolares da filha de 11 anos, Elisa. No meio dessa correria, arrumou dois minutos para ler a coluna, veja abaixo:

 

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Cifrada do Pede pra Sair

 

Uma forma bastante inteligente de forçar uma demissão é tirar poder. Por exemplo, exonerando aliados de cargos estratégicos em diretorias que definem gastos e ordenam despesas (o Diário Oficial não mente). Ou ainda trocando as competências de uma pasta superior para um ocupante de função inferior. Dessa forma, o alvo do esvaziamento de atribuições se sente cada vez mais diminuído e, por fim, pede para sair. Ou não. Pode utilizar-se do robusto repertório de informações colhidas para contra-atacar. A arte da política segue sendo ataque audaz e defesa bem pensada. 

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Foto do dia

 

Em ritmo de pré-campanha, a véspera de feriado teve encontro dos pré-candidatos a vereadores de Teresina do Solidariedade com o pré-candidato a prefeito do PT, Fábio Novo, contando ainda com a presença da secretária de Esportes, Josiene Campelo e do tesoureiro nacional do Solidariedade, Jefferson Coriteac. No SDD, a expectativa é para a reeleição da vereadora Fernanda Gomes e de pelo menos mais dois vereadores. O deputado Evaldo Gomes, presidente da sigla, afirma que a chapa está “praticamente fechada”. No entanto, a coluna apurou que vereadores e suplentes bem votados enxergam no SDD uma opção viável de filiação com chances reais de eleição com menos votos. Como a composição do grupo é bastante equilibrada e tirando Fernanda, que já é favorita pelo mandato, todos se veem com possibilidades de sucesso nas urnas. O time que não quer mais deixar ninguém entrar na chapa bate o pé, mas Evaldo tem conseguido equilibrar o grupo.

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A frase para pensar

 

“Se você tem a maioria de votos no Congresso, você só não faz homem virar mulher e mulher virar homem. O resto você faz”, Ulysses Guimarães (1916-1992), político.

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