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Coluna 20/10/23

Os bastidores e o daqui pra frente da adesão de Bárbara a Fábio Novo

Era noite de quarta-feira, véspera de feriado do Dia do Piauí e Bárbara do Firmino era esperada em um jantar, num restaurante na zona Leste de Teresina, com Fábio Novo e um grupo de vereadores. O dia foi daqueles, Bárbara avisou que preferia não ir. Na oposição, os telefones fervilhavam de ligações e áudios atônitos. Lembravam que dias antes, a deputada estava firme no discurso anti-PT em evento no Clube do Gari. Eles desconfiavam da proximidade de Bárbara com o grupo petista, é verdade, mas foi ela quem deu o xeque-mate – o lance que põe fim à partida e não há nada mais a fazer após derrubar o rei no tabuleiro. Ou há?

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Sem vitimismo

Apoiando o PT, Bárbara pode ser expulsa do Progressistas? Hoje, a chance é menos zero. Não que ela seja bem-vinda por lá (é exatamente o contrário), mas na oposição a palavra de ordem é não dar motivos para vitimizar a ex-aliada. Gelo total.

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Hipóteses

A desistência de uma candidatura própria e a mudança de grupo político, com o rompimento de laços, não é feita apenas por conta dos belos olhos de alguém. O que se espera é que Bárbara do Firmino eleja um vereador com o apoio do novo grupo. O esposo, o advogado Breno Macêdo, é até citado, mas a mãe, a ex-deputada Lucy Soares, é a mais cotada. A possibilidade de indicação de uma secretaria com obras – provavelmente a de Turismo, com a saída de Pablo Santos para disputar a prefeitura de Picos em abril do próximo ano - é a força necessária também para que ela consiga se reeleger em 2026. A vaga de vice segue reservada ao MDB, à espera de Themístocles Sampaio e seu grupo.

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Atropelo

O mundo político – e até mesmo aliados - não se surpreenderam necessariamente com a adesão de Bárbara, mas sim com a forma. Se o apoio foi costurado com parcimônia e inteligência, o anúncio pareceu atropelado. Talvez o receio de que a deputada mudasse de ideia ou que a oposição reagisse, impulsionaram o anúncio célere. Não deu tempo de construir uma narrativa com linha do tempo, levando os eleitores junto com ela numa jornada de desconstrução do grupo ao qual pertencia até ontem – o que certamente deve tentar ser corrigido pelo grupo de Fábio Novo nos próximos dias. 

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Jeová e Silvio é real?

A gota d’água para que Bárbara do Firmino apoiasse Fábio Novo seria o fato de ter sido informada pelos cabeças da oposição de que o candidato a prefeito do grupo seria Jeová Alencar com Sílvio Mendes de vice? A coluna ouviu essa informação de diversas fontes ligadas à parlamentar e a Fábio Novo, ao longo do dia. E, como sempre, foi checar. Fonte presente em reunião da oposição no feriado disse que Sílvio Mendes foi categórico ao afirmar que o assunto “chapa Jeová cabeça e Sílvio vice”, nunca existiu. Sim, respeita ele, podem conversar, mas não houve conversa até agora sobre essa composição.

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Sobem Ismael e Luciano

Não é de hoje que se fala da chapa Jeová/Sílvio, e com a saída oficial de Bárbara do grupo, de certa forma, empurrou-se um desfecho que contribui para esse caminho. Ou seja, se antes era difícil escolher Jeová como cabeça de chapa tendo Bárbara no grupo, agora ficam as opções Sílvio/Ismael Silva (que parece ser a preferida de Ciro e do Progressistas) e Sílvio/Luciano Nunes (a preferida, óbvio, dos tucanos). Ah, e Sílvio Mendes vai declarar na segunda-feira que ele é o candidato? "Não é verdade", diz fonte da oposição.

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Isso é passado

No feriado, a oposição fez uma reunião grande com os pré-candidatos, presidentes e executivas dos partidos. Decisão: Bárbara é página virada, que siga em paz. Assunto encerrado. Decisão até final de novembro. Pelo menos dois políticos ouvidos pela coluna encomendaram pesquisas para medir o novo cenário e entender até onde vai a transferência de votos de Bárbara a Fábio e o impacto da saída dela da oposição.

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Decida

Jeová diz a todos que está e permanecerá no grupo do prefeito Dr.Pessoa. Mas muitos acreditam que, se ele quiser mesmo disputar o Palácio da Cidade, precisa ter a mesma coragem de Wellington Dias, que venceu Hugo Napoleão na disputa pelo Governo em 2002 quando ninguém mais topou subir a montanha que parecia impossível. Tem que montar no cavalo, agora ou nunca. Há muito a perder, certamente, mas talvez também tenha muito a ganhar. Isso será abordado nas próximas colunas.

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Quebrando a quarta parede

No cinema, a quarta parede é uma convenção em que fingimos que há uma parede imaginária invisível separa os atores do público. Os atores devem agir como se não houvesse essa parede. Quebrá-la é fazer a interação entre os dois lados. A coluna gosta de quebrar a quarta parede e colocar o leitor dentro de como se faz uma apuração jornalística. Essa é uma coluna que prioriza os bastidores e faz análises. A fala pública dos políticos importa? Claro, mas aqui sempre terá grau de hierarquia inferior aos bastidores.

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Em quem confiar?

Apurar bastidores é mais complicado, demorado e até mesmo arriscado, pois as fontes podem simplesmente negar publicamente o apurado em off. Na última edição, a coluna tinha a informação desde às 9h (checada com cinco fontes distintas) da adesão de Bárbara do Firmino a Fábio Novo, mas fez, por dever de ofício, o registro da fala da deputada (em ligação por telefone), que negou o fato à colunista e trinta minutos depois, fez o apoio público. Faz parte. 

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Confie no off

Ao longo de vários meses, o leitor acompanhou na coluna informações também de bastidores sobre conversas constantes de Bárbara e Novo e a desconfiança da oposição a respeito da deputada. Tudo negado publicamente por Bárbara e seus interlocutores próximos. A situação só reforça que há o fato, e o jornalista tem duas opções: correr atrás dele ou andar à frente. A última opção é dura e solitária, mas a coluna nunca gostou de multidão mesmo.

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Bateu, levou

Como é mesmo aquela expressão popular? “Bateu, levou”? O vereador Antônio José Lira, líder do prefeito Dr.Pessoa na Câmara de Teresina, é adepto da máxima e prontamente respondeu ao vereador oculto que apontou, na última edição da coluna, que o líder deveria cair após polêmica na votação de projeto a respeito do retorno dos ambulantes às ruas de Teresina. As opções para substituição são os vereadores Inácio Carvalho, Luís André e Renato Berger. Mas há forte ala que também defende Graça Amorim. O que diz Lira sobre isso?

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Se apresente, covarde

A coluna vai colocar ipsis litteres a fala de Antônio José Lira: “O vereador que comentou é um covarde, não opina de maneira assumida. Ou deve ser da oposição ou o próprio que se faz da base e tenta me desconstruir. Eu sou líder do prefeito e não da oposição, e muito menos de picareta que trai o prefeito. Portanto, continuo firme e forte! Defendo sim, que quem participa da gestão, tem que abraçar a gestão. Os picaretas não irão me desconstruir. Tenho 63 anos, e não nasci hoje, sei de onde veio”, argumentou, firmemente - como o leitor pode notar. Caso o vereador oculto que fez críticas a Lira queira se manifestar, o espaço da coluna está aberto à tréplica.

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Para ler, ver e ouvir

Calma, não é nada disso que você está pensando. A coluna não é fã de rosa, não gosta de comédia e pula longe quando a opção é ver um musical. Dito isso, a coluna também é do contra, e depois que todo mundo já terminou de ver o filme “Barbie”(2023) nos cinemas, resolveu alugar na Apple TV e conferir, por conta própria, se há ou não motivos para tanto falatório. Em resumo, o filme é sim, muito divertido e irônico a respeito dos papéis de gênero na sociedade do capitalismo tardio. Traz, em meio ao humor, reflexões pertinentes para homens e mulheres sobre o que é o feminino, o masculino, e o quanto os estereótipos aprisionam ambos. Vejam e pensem também por conta própria, costuma ser bom.

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Se conselho fosse bom

Se você está, por uma circunstância do destino, segurando a mão fraca e pede pouco, pouco é o que você terá. Agir com segurança, pedindo aquilo que é realmente o valor que você tem e não o que os outros estão dispostos a pagar, fará com que você conquiste pelo menos algum respeito – o que sempre é alguma vantagem.

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Cifrada da Bolsa de Valores

Vereadores ouvidos pela coluna só pensam naquilo: como anda a nova cotação de parlamentares após a adesão de Bárbara a Fábio Novo: “Vereador não vale mais nada”, desabafou um entristecido parlamentar. Já outro político, mais comedido, acha que é o contrário: “Agora é que vou enrolar mesmo para decidir, cenário desses, tenho que ver o outro lado. Acho que vão precisar mais da gente do que nunca”. Apostas na mesa!

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Ilustre leitora 

A coluna não tem apenas uma ilustre leitora, a vereadora de Teresina Thanandra Sarapatinhas, mas também um leitor pet, o Hulk, que acompanhava a vereadora na sagrada hora de se atualizar das crônicas da política piauiense. Thanandra cuida de algumas dezenas de animais em seu sítio, faz resgates, confronta carroceiros que maltratam animais e mantém um trabalho ativo na defesa da causa na Câmara da capital. Quando preciso, sabe ser cortante nas redes sociais. Ela sabe se defender e faz barulho! A coluna apoia incondicionalmente a bandeira animal, por sinal, e fica honrada com a leitura da vereadora e de Hulk, claro.

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Foto do dia

A eleição em Barras promete uma movimentação interessante. De um lado, o atual prefeito, Edilson Capote, apoiado pelo grupo do deputado Georgiano Neto. Time forte, sem dúvidas. Do outro, encontro no final de semana sacramentou a pré-candidatura de Brown Carcará, presidente da Federação de Futebol do Piauí. Brown terá o apoio dos ex-prefeitos Cabelouro e Carlos Mont, além, claro, dos deputados estaduais Janaína Marques, Flávio Júnior e Tiago Vasconcelos. O deputado federal Flávio Nogueira também integra a corrente e, mais curioso ainda, é a inclusão do ex-senador João Vicente Claudino, que participou do último evento e fez um dos discursos mais acalorados, chamando a atenção dos presentes. Com dois aliados disputando, espera-se que o governador Rafael Fonteles fique neutro. Batalha dura!

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A frase para pensar

“Todo mundo quer alguma coisa sem ter ideia de como obtê-la, e o aspecto realmente intrigante da situação é que ninguém sabe muito bem como conseguir o que deseja. Mas, como eu sei o que eu quero e do que os outros são capazes, estou totalmente preparado”, Príncipe Klemens von Matternich (1773-1859).

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