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Coluna 12/03/24

As forças ascendentes do Governo Rafael: Bonfim, Chico, Nolleto e Bandeira; análise

No início de um Governo cabe muita coisa, especialmente projeções de força. Mas, quando o barco começa a tocar, a realidade se impõe, os fatos são incontornáveis. Passados um ano e dois meses, o mundo político enxerga esses como os nomes mais importantes da gestão do governador Rafael Fonteles – de acordo com o DataSávia (pesquisa informal da humilde cronista com figuras de proa da política local): Washington Bonfim (Planejamento), Chico Lucas (Segurança), Marcelo Nolleto (Governo) e Washington Bandeira (Educação) - aqui, em ordem aleatória.

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O piloto é ele mesmo

“O coração, de onde tudo emana, é mesmo o Rafael. Mas esses são os que fazem o corpo caminhar”, comparou uma fonte, à coluna, após ser questionada sobre a atual correlação de poder no entorno do Palácio de Karnak. Que Rafael é o líder inconteste, ninguém tem dúvidas. Dessa forma, a questão é apenas sobre quem divide o leme com ele.

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Bonfim, a surpresa

Quem mais surpreendeu pela rápida ascensão e por ter vindo de um círculo que não era primário ao governador, foi o professor e cientista político Washington Bonfim. “O Bonfim é um perfil para discutir números e acompanhar projetos, estilo escola de metas. Faz o link pra todas as secretarias. Ele é perspicaz, não é de confrontar com nada. Ninguém diz: ‘Olha, o Bonfim chegou’. Não, ele não chegou, discreto... só que ele está lá, chega a ser tão importante quanto o Chico (Lucas) porque o Chico está focado na Segurança, que é muita coisa”, pondera um interlocutor político, em reserva.

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Discreto e eficaz

Outra fonte, diz assim sobre Washington Bonfim: “Foi o Bonfim quem conversou com a menina do Firmino (deputada Bárbara Soares), trouxe o povo do Fernando Said. Dá a palavra e as pessoas acreditam. Bom para estar na gestão do Executivo. Ele se encontrou no Planejamento, que é uma pasta que ninguém nunca tinha ouvido falar”. 

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Se o Nolleto não resolver, esquece

Marcelo Nolleto está numa pasta que não entrega obras... entrega tudo o que faz as obras andarem, a política. O secretário de Governo, segundo um político experiente, pode ser classificado como praticamente “incaível”. “Tem o Nolleto que por mais que os políticos reclamem, ele é a primeira porta. Não adianta tentar contornar o Marcelo, você sempre vai ouvir: ‘Fale com o Marcelo’. Por isso também ele não consegue dar vazão pra tudo. Mas é um cara que deu novo ar, dinâmico e tudo mais”. Resumindo, tem confiança total. 

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Chico, o gênio indomável

Uma fonte que conhece Chico Lucas das antigas, classificou-o assim: “O Chico é um outro Rafael”, ou seja, super inteligente, aquele que diz o que pensa, gostem ou não.  “Com futuro político enorme pela frente, detém toda a confiança e o Rafael não precisa cobrar resultado porque ele mesmo (Chico) se cobra. Ele não consegue dormir com um problema na frente”, confidenciou. A obsessão de Chico Lucas pelo trabalho vira até meme no grupo restrito de amigos de escola – uma parte deles integrando o Governo. Há recompensas: “Ele vai entregar uma segurança melhor, na contramão literalmente do Brasil, Bahia, Ceará e Maranhão”.

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Washington Bandeira, o futuro

É fato que quem mais abdicou para integrar o Governo Rafael Fonteles foi o secretário de Educação, Washington Bandeira. “Os outros deixaram de ser advogados, empresários, mas os juízes representam menos 0,1% da comunidade jurídica. Tem toda a áurea em torno dele”, admite uma fonte que circula por cima. O fato é que Bandeira “detém muitas perspectivas futuras”.  “É que a segurança é imediatismo, é a sensação, mas a educação são anos na frente para colher os frutos”, pondera, em off. 

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Ruído

Após a publicação da coluna de ontem, uma fonte do PSDB ligada ao ex-prefeito Sílvio Mendes (União Brasil), respondeu que Marconi Perillo, presidente nacional da sigla “descartou aliança com PT” em Teresina. Tudo bem... Já um tucano próximo a Fábio Novo, retrucou e disse que Perillo garantiu a eles (turma do ex-deputado Luciano Nunes), o contrário: “Disse que com Sílvio, o PSDB não fica!”. Como a colunista tem certeza de que não há duas conversas, deve ser tudo um ruído na comunicação...

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Versão dos tucanos do lado A

Tucano ligado à Sílvio Mendes: “O Marconi (Perillo) disse que se levar à Executiva Nacional, não aprovaria (aliança com o PT)! Falou até que recebeu telefonema de Tasso (Jereissati) e Aécio Neves recomendando que ouvisse o ex-senador João Vicente e o Diretório Municipal”. Ok...

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Versão dos tucanos do lado B

Tucano ligado à Luciano Nunes: “(Marconi) Disse que apoiou a posição do diretório estadual de apoio ao Fábio (Novo) e como presidente do PSDB, não podia se posicionar contra a candidatura própria do partido. Foi uma manifestação pro forma (pura formalidade). O JVC vai ter que mostrar que é candidato pra valer e montar a chapa proporcional. (Os vereadores) Edson Melo e Paulo Lopes vão retirar apoio a Sílvio (Mendes)?”. Então tá bom...

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Pede pra sair

Há muitas formas de forçar alguém a deixar uma função exercida. Por exemplo: segurar pagamentos, tirar poder de decisão e deixar que outros nomes comandem, na prática, o exercício de poder. E, claro, há também muitas maneiras de praticar o poder, sendo uma das melhores a que se sustenta no anonimato, operando abaixo do radar. Quem sabe faz ao vivo? Não! Quem sabe, faz discreta e silenciosamente! 

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Popularidade é tudo

Uma pergunta simples, pelo método socrático de apuração da realidade: qual é a fonte de legitimidade do poder exercido pelo chefe de um Governo (nacional, estadual ou municipal)? Resposta: o voto popular. Dessa forma, governantes impopulares, dependem de forças externas, que atendem a interesses fragmentados. A governabilidade, nesse caso, é instável e o “príncipe”, nos dizeres de Maquiavel, vai precisar fazer diversas concessões para permanecer no poder (um poder sempre enfraquecido). O contrário também é verdade.

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Senta que lá vem história

Falando em marketing de estampa, o ex-presidente Fernando Collor, não perdia uma oportunidade de se deixar fotografar correndo, andando de moto, jet-ski e lancha na residência oficial da presidência da República naquele período, a Casa da Dinda. O presidente, como lembra a jornalista Cristiana Lôbo, fazia o ambiente ser tenso por onde passava, sempre andando com uma pose imperial, impassível mesmo enquanto o povo gritava seu nome.

As mensagens nas camisetas de Collor, eram também formas de passar recados. No começo, otimistas e ligadas ao meio ambiente: “Baleias no mar são vida na Terra”, “Índio é terra”. Depois, para passar recados aos aliados e adversários: “A verdade e o amor, superam o ódio e a mentira”, ou ainda, “O tempo é o senhor da razão”. Outra: “Suave na forma, firme na ação”. Deu certo por um tempo, depois, não mais. É preciso ter forma, mas acima dela, conteúdo que condiz com a mensagem.

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Se conselho fosse bom

Evite atacar seus inimigos de frente. Ao invés disso, sabote-os – desde que eles não rastreiem a frustração até você. Seja um observador neutro, localizando nos grupos quem se dá bem com quem, quem é hostil a quem. A maioria das pessoas está o tempo todo expondo suas próprias vulnerabilidades e inseguranças escancaradas, então não vai ser difícil você encontrar a brecha para entrar. Como está escrito no I Ching (texto clássico chinês): “Caos – onde nascem os sonhos brilhantes”. 

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Cifrada da Guerra Silenciosa

Dentro de um grande grupo político, trava-se uma guerra silenciosa entre Davi e Golias. Mesmo que sejam aliados e coisa e tal, o pequeno Davi sabe que não conta com a verdadeira afeição do poderoso Golias. Davi sente que os boicotes a ele e seu principal aliado visam diminuir a força dos dois para batalhas futuras. O intuito? Favorecer um terceiro grupo interno. Davi, por sua vez, tem reagido em silêncio e no episódio final da novela – que tem data marcada para acontecer – pretende surpreender com uma sacada que desnorteará Golias. Ser forte ou ser sagaz? Quem ganha?

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Foto do dia

Uma fonte que é bem relacionada e costuma ser crítica quando o assunto é política, se diz surpresa com o desempenho do petista Fábio Novo. “O Fábio sabe fazer a mídia dele, já está indo pras reuniões de tênis, se veste igual ao Rafael (Fonteles) até”. O interlocutor privilegiado aponta que, ao contrário de políticos do passado, que não deixavam ninguém correr por fora e se colocar com viabilidade além dele, de fato Rafael Fonteles tem sigo “desapegado” com relação ao PT de Teresina, “deixando o Fábio brilhar”. O clima de “já ganhou” é perceptível no PT, o que para os próprios aliados é um sentimento arriscado. “Não sei se é bom ou ruim pra candidatura do FN (Fábio Novo)”, avaliou outra fonte experiente. Se a fonte não sabe, imagine a colunista...

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A frase para pensar

“Eu quisera, nos meus antagonistas, se não justiça para comigo, ao menos lógica na ligação entre as suas premissas e as conclusões”, Rui Barbosa (1849-1932), jurista, em discurso no Senado (1891). 

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