Cidadeverde.com

Coluna 20 e 21/03/24

Os bastidores do evento de lançamento de Sílvio e Jeová

Na eterna batalha pelo poder, tudo tem a ver com as aparências. No evento de lançamento da chapa Sílvio Mendes (União Brasil) e Jeová Alencar (Republicanos) na quarta-feira, 20, a coluna destaca três pontos: ausências, discursos e militância. Começando pelas ausências, a mais notada foi a do senador Ciro Nogueira (Progressistas), que na antevéspera se reuniu a portas fechadas com Jeová em sua residência em Teresina, mas não participou da quase convenção da oposição. Não foi por acaso. 

___________

Melhor ficar off

A coluna apurou que a ausência de Ciro é problema de agenda e menos ainda o fato de que o Progressistas, desta vez, nem encabeça a chapa nem ocupa a vice, como foi em 2022. Faz parte da estratégia do entorno de Sílvio Mendes. “Ciro está mais para o bolsonarismo e não queremos colar isso a Silvio”, admitiu uma fonte respeitada, em off. A turma ligada ao principal opositor de Sílvio, o deputado Fábio Novo (PT), trabalha na frente oposta: colar em Sílvio a imagem de Bolsonaro e, com a entrada de Jeová, também de Dr.Pessoa. Só o tempo dirá se irá prosperar.

___________

Yin e Yang

Comparando os discursos de Sílvio e de Jeová Alencar: Jeová falou por cerca de dez a quinze minutos. Destacou sua origem e de como tem sido campeão de votos seguidamente, até finalizar com aqueles gritos de guerra característicos de políticos em eleição e que agitam a militância. Energia. Já Sílvio, falou na sequência, e durou bem mais do que os quinze minutos de Jeová. Interagiu com uma pessoa da plateia e por alguns momentos, quase se emocionou. Ponderado. “Agora esse lado (de Sílvio/Ciro) tem um cara que fala pra agitar a plateia e um senhor que busca mais acalmar. O equilíbrio é positivo”, analisou um presente no evento.

___________

Cheiro de povo?

Por último, sobre a militância: poucos se atentaram, mas talvez esse seja o ponto mais importante. “Esse grupo União Brasil, Progressistas, PL e até quando tinha 100% do PSDB, não estava acostumado a ter assim o povão do lado. Uma militância formada por homens e mulheres mesmo das comunidades. E isso agrega muito à chapa, pois era algo que não era visto em 2022”, pontuou um interlocutor bem informado. Mas como assim, antes não tinha o "povão"? “Tinha, mas agora é diferente. Ali estão pessoas que são eleitoras declaradas de Lula. Mas a mesma paixão que tem por Lula demonstram ter por Jeová. E, consequentemente, apoiam quem está com Jeová”. As apostas estão na mesa.

___________

A fundação 

Quando as pessoas não entendem o básico, os princípios, elas perdem o fio da meada. Uma eleição majoritária tem apenas uma única meta: obter 50% dos votos + 1. Há um inimigo, e esse inimigo está do lado de fora do nosso time. O vice precisa agregar votos. Chapa pura é sinal de fraqueza. Não importa o padrinho, o voto sempre é do candidato. 

___________

Todo mundo faz dois jogos

Permita-me divagar ainda mais, leitor, mas o óbvio precisa ser dito. Há duas formas de vencer uma eleição. Temos os que tomam posse: eleitos e suplentes, ok. E os que são nomeados por desempenho: os eleitos, os suplentes, os bons de voto e os leais. Está todo mundo jogando os dois jogos para ver o que consegue.

___________

Com a palavra, Fernando Lima

A coluna sobre o impasse entre as chapas (volte uma edição), rende até hoje. Vamos começar pelo início das respostas dos citados. O pré-candidato a vereador de Teresina, Fernando Lima, que é diretor administrativo-financeiro do Instituto de Metrologia do Piauí (Imepi), foi visto por informantes da coluna na reunião do PSB e com líderes do PDT. Ele admite sim que foi procurado para integrar os quadros de quatro partidos. Mas a conversa alinhada tem sido mesmo com o PSD. Ah, mas tem uma condição: só fica no PSD se existir possibilidade real de eleger três vereadores. Bom...

___________

Dei uma volta, mas fico no PT

Já o assessor do Palácio de Karnak, John Wallace, mandou informar que apesar de ter sido visto nos encontros do PSD e da turma do PDT de Teresina considerar que ele é um nome para o time, a realidade é outra: “Estou e vou ficar no PT. Prego batido e ponta virada”. Ok, ok. 

___________

Se for por isso, a gente também sabe contar

Interessante mesmo foi a reação de um integrante da Rede, cuja chapa tem sido alvo de atenção e cobiça por outras siglas que almejam a absorção de seus pré-candidatos para completar os próprios exércitos: “Todos nós já fomos chamados na sala gelada e não cedemos!”. Confrontado com a informação de que a turma da matemática ia mostrar os números e a suposta inviabilidade da chapa da Rede, o filiado retrucou: “Aqui a gente também sabe contar voto!”. Recado repassado!

___________

Ah, e vocês tão é dispensando voto?

O pré-candidato da Rede botou ainda o pé na parede sobre o argumento de que a chapa não receberia o apoio do grupo de Fábio Novo porque a legenda é federada com o PSOL e não pode fazer campanha para Fábio na capital, já que o PSOL tem candidato próprio. “E outra, o Fábio não vai querer nossos votos só porque o PSOL tem candidato?”, questionou, em reserva.

___________

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo

Já um pré-candidato experiente, resumiu toda a confusão com uma lucidez que fez a coluna ficar de boca aberta: “O problema é que todos os partidos apresentam os mesmos candidatos, kkk. É sempre o Júnior Macêdo, Fernando Lima, John Wallace, Pantikão. Estão em todos os partidos...”. Os milagres da Física Quântica! E há quem não acredite na Ciência!

___________

Jesus no SDD

Já no Solidariedade, o deputado Evaldo Gomes fechou a filiação de um ex-petista e ex-PSOL, o ex-deputado federal Jesus Rodrigues. “Meu trabalho será no Legislativo Municipal buscando mais transparência e participação do povo na gestão”, destacou Jesus sobre a disputa por uma vaga de vereador em Teresina pelo SDD. Evaldo fecha os últimos ajustes na chapa que almeja eleger de dois a três nomes. 

___________

Campanhas: como fazer

Foi Frederico, O Grande, quem disse: “Aquele que pretende defender todos os lugares não defende nada”. Ora, eleição é alfaiataria. Não adianta fazer a mesma campanha para dois candidatos: nunca vai funcionar. Antigamente, as campanhas eram de convergência, ou seja, o eleitor é quem ia atrás do candidato, como nos showmícios, hoje proibidos. Hoje, a campanha é de multiplicação, e é o candidato que vai até o eleitor. Quem não entendeu isso, parou no tempo.

___________

Senta que lá vem história

O ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill tinha uma retórica que era difícil de ser sobrepujada em astúcia por seus adversários. Quando ainda estava no cargo, foi questionado pelo futuro primeiro-ministro trabalhista James Callaghan por ter dado duas opiniões diferentes ao longo do tempo a respeito do cargo de comandante naval aliado no Mediterrâneo. 

A resposta de Churchill: “Minhas opiniões são um processo harmonioso que as mantém em relação com a movimentação atual dos eventos”.

___________

Se conselho fosse bom

Em geral, os inteligentes são cautelosos e os burros são audaciosos. Ser inteligente e audacioso é uma raridade. A confiança deve ser calma, segura, sem transmitir dúvidas, ficar se autoelogiando ou se autodegradando para os outros. Quem tenta demonstrar poder e submeter os outros à sua autoridade através do medo e das ameaças, não só será odiado, como esse também será o motivo da sua queda iminente. Exercite o poder suave: consiga o que você quer através da atração e não da coerção. Ninguém gosta de ser oprimido, mas todos gostam de ser seduzidos. A sutileza é uma arte que poucos dominam.

___________

Cifrada das Salas Geladas 

De um lado, um político importante foi chamado a atenção, discreta mas firmemente, sobre comportamentos e falas que podem vir a prejudica-lo no futuro (assim como ocorreram no passado). A conversa foi séria e bem objetiva pra ver se dessa vez o homem entende o que pode e o que não pode fazer para não colocar tudo a perder. Do outro lado, aliados de um político também de relevo e com perspectivas de poder, questionam a ausência inoportuna do líder maior, sentindo que é a hora de meter o pé no acelerador. Mas, sem gasolina, ninguém sai do lugar, não é mesmo? (E não estamos falando de combustíveis fósseis...)

___________

Foto do dia

A direita piauiense tem votos suficientes para eleger quantos candidatos a vereador em Teresina? Aliás, qual é “o partido” da direita teresinense: Novo, Progressistas, União Brasil ou PL? Ou tudo bem dividir e vai cada um tentar sua sorte? O ex-candidato a deputado federal e cientista político Wesley Demes, provoca: “O PL é o único partido de direita do Estado onde nosso discurso se mantém coerente. O presidente municipal, Leonardo Eulálio, nos deu a liberdade para isso e fomos convidados para fazer parte do diretório. Além disso, sigo uma determinação do ex-presidente Bolsonaro de elegermos o maior número possível de vereadores pelo PL, em todo o Brasil”, argumentou Demes, em registro para a coluna, com Leonardo Eulálio e Nel do Avança Piauí. 

___________

A frase para pensar

“Para ser insubstituível, é preciso ser diferente sempre”, Coco Chanel (1883-1971), estilista francesa. 

Colunas anteriores