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Projetos auxiliam na conservação dos manguezais no Delta do Parnaíba

Por Roberto Araujo com informações de Najla Fernandes

Dentre as viagens feitas pela equipe da TV Cidade Verde pelo Piauí para mostrar exemplos de ações e projetos sustentáveis no especial Viva Piauí, uma é particularmente especial. A repórter Najla Fernandes foi contar ações no litoral do Piauí, que tem uma das suas principais características o fato de ser preservado e abrigar uma rica biodiversidade na fauna e na flora. (Assista à reportagem completa no final do texto)

Uma das áreas de maior beleza natural do nosso estado é o Delta do Parnaíba, que se forma com o deságüe do Rio Parnaíba no Oceano Atlântico, formando cinco braços que se abrem e formam 73 ilhas fluviais.

É no encontro da água doce do Velho Monge com a água salgada do mar, na divisa do Piauí com o Maranhão, que jacarés, macacos, capivaras, diversas espécies de aves, dentre outros, vivem em equilíbrio no ambiente de beleza incomparável.

O ICMBio monitora a preservação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba. A APA é uma unidade de conservação que abrange a parte dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará e abarca dez municípios. 

Dentre as características que marcam a região, que é um reconhecido ponto turístico, e local onde vivem diversas famílias que sobrevivem do bioma, estão o contraste do verde dos mangues com o branco da areia fina, presente no Morro Branco, no lado piauiense, e no Morro do Meio, do lado maranhense. Outro espetáculo presente no nosso Delta é a revoada dos guarás. As aves são marcantes pela sua coloração vermelha, oriunda dos frutos da sua alimentação. Depois de passarem o dia se alimentando nas diferentes ilhas, é na Ilha dos Guarás que elas descansam até o dia seguinte, quando repetem o mesmo processo. Elas costumam chegar entre 17h30 e 18h, quando formam no céu um verdadeiro espetáculo natural.

No entanto, problemas ambientais existem e contam com a ação de ambientalistas para diminuir os impactos deles sobre os ecossistemas. Um deles é o desmatamento dos manguezais na Ilha das Canárias, que fica no lado maranhense do Delta. Por lá, em algumas áreas é possível ver a degradação ambiental com a ausência dos mangues. Parte desse problema é originado por conta da ação humana e também da ação natural.

Segundo Matheus Silva, que é biólogo e agente do Instituto Chico Mendes da Conservação (ICMBio), o manguezal é um ecossistema que alerta para os impactos das mudanças climáticas, e indica a elevação do mar nas faixas litorâneas.

“Nós estamos no ecossistema manguezal e ele é de grande importância porque é um dos alertas dos impactos das mudanças climáticas, uma vez que vai indicar a elevação do mar para as zonas costeiras, e é importante também por conta da grande quantidade de serviços ecossistêmicos das quais ele dispõe”,disse.

Um dos projetos que busca fazer o combate ao desmatamento dos manguezais é Verde Viva Mangue. Um grupo de voluntários faz ação de replantio de mudas, que levam entre 15 e 20 anos para atingir a fase adulta. Rosângela dos Santos, coordenadora do projeto, explicou como funciona o processo.
“Para a gente fazer essas mudas, a gente faz uma coleta da semente do mangue vermelho, e a semente é tipo assim uma canetinha que a gente chama de ‘propágulos’. Então a gente faz todo o preparo, coloca através da lama, um pouco de areia e também extratos, e a gente coloca num saquinho, e isso a gente planta o propágulo no saquinho, daqui a gente traz para o viveiro, onde vão crescer e desenvolver”, citou.

Rosângela dos Santos é coordenadora do projeto Verde Viva Mangue

A sensação de participar de um projeto que vai ter impacto na reconstrução do meio ambiente atrai voluntários como o Gustavo Faria, que se move por pensar em ajudar as gerações futuras. 

“Para mim é muito importante porque o que vem acontecendo com o planeta é grave, o que está acontecendo nesse momento com as mudanças climáticas. Então eu penso em plantar agora para as futuras gerações saberem disso que aconteceu aqui, desse manguezal, para saberem do passado, o que ta sendo no presente para no futuro renascer”, falou.

Pesquisadores apontam que o aquecimento global tem trazido impactos ao meio ambiente. O doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente Airton Siqueira aponta que algumas espécies animais que vivem no Delta do Parnaíba podem deixar e existir caso não se tome um atitude em favor da preservação dos biomas.

 “Tudo isso é prejudicial, ou seja, os peixes vão perdendo áreas, os habitats de reprodução. Então imagina, se você tem o impacto do lado de reprodução, você sabe que o impacto vai afetar na população. Se você não tem peixes se reproduzindo e crescendo, a população vai se reduzir. Outros animais da fauna dependem muito desses ambientes, por exemplo, as aves. Tem um grupo de aves migratórias que se alimentam diretamente desses ambientes Costeiros”, exemplificou.

Veja a reportagem completa a partir do minuto 14:15 do vídeo a seguir:

Viva Piauí: Por um futuro sustentável; veja todas as reportagens

A TV Cidade Verde exibiu nesta quinta-feira (19) o especial Viva Piauí: Por um futuro sustentável. O programa em homenagem ao Dia do Piauí trouxe registro de várias viagens feitas pelas equipes de reportagem da emissora à pontos importantes de preservação ambiental e também de iniciativas que visam desenvolver atividades que alinhem as necessidades do homem a manutenção do ecossistema, com conservação da fauna e flora.

Serra da Capivara, projeto de reabilitação de aves em José de Freitas, turismo ecológico e agricultura sustentável em Baixa Grande do Ribeiro, e muito mais. Aqui você tem acesso a todos os vídeos exibidos e pode passear pelo estado e conhecer diversas realidades, paisagens e lugares que talvez você nem imaginem que façam parte do Piauí. 

Veja as reportagens:

Local de conservação cuida de pássaros vítimas de tráfico que serão devolvidos à natureza

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Por Marina Sérvio com informações de Gorete Santos (TV Cidade Verde)

Equipes da TV Cidade Verde percorreram o Piauí para mostrar exemplos de ações e projetos sustentáveis durante o especial Viva Piauí. Entre as viagens, uma foi particularmente emocionante. Gorete Santos mostrou de perto uma propriedade na zona rural do município de José de Freitas (a 49 km de Teresina). No local, pássaros resgatados são cuidados e, caso possível, reinseridos na natureza.

A propriedade é um verdadeiro paraíso para animais resgatados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama. O local tem 1164 hectares, sendo 90% deste território reserva legal. 

Hoje, 270 espécies de pássaros e 17 colmeias com 4 tipos diferentes de abelhas vivem no local e são acompanhados de perto pelos pesquisadores. Durante a visita da equipe, um registro em particular emociona. 

26 papagaios e um xexéu, vítimas de tráfico de animais, voltavam para natureza. Fabiano Pessoa, analista ambiental do Ibama e o biólogo Flávio Ubaid, abriram o viveiro onde os pássaros viviam e se recuperavam das condições de vida anterior. Estudantes impressionados acompanhavam a ação. Calados, todos esperavam o tempo dos pássaros que aos poucos deixaram o local e foram as árvores próximas.

Foto: Reprodução/ TV Cidade Verde 

Mas um deles buscou um conforto conhecido, o papagaio voou para próximo de Cleudimar Sousa, cuidadora dos animais da propriedade, que era responsável por alimentá-lo todos os dias. 

"O projeto se chama ‘Dá no pé louro, vai pra floresta louro, vive em liberdade’. O Ibama resgata os animais que passam por estudos e depois voltam para natureza" descreve Fabiano Pessoa, analista ambiental do órgão.

Conservação de abelhas 

Além dos pássaros, a propriedade também trabalha na conservação de abelhas típicas do Piauí com um meliponário com 4 espécies, além de outras colmeias espalhadas em árvores pela propriedade. 

Como explicou Sandra Sousa, meliponicultora responsável pelo projeto, as abelhas são extremamente importantes para todo o planeta. "Elas são responsáveis pela grande manutenção da diversidade biológica que nós temos. São responsáveis pela polinização e geração dos frutos" descreve a especialista.

"Se elas somem, somem os nossos alimentos, somem os alimentos para todos os seres vivos" diz Sandra. 

Em meliponários, as abelhas criadas são aquelas que não possuem ferrões, por isso, tanto a repórter Gorete Santos, quanto os alunos que visitavam o projeto, puderam colocar as mãos dentro das colmeias, sentir elas e ainda experimentar o mel produzido. 

A iniciativa ressalta a importância das abelhas para o meio ambiente mas também para a economia local. A produção do mel é uma atividade comercial forte no estado, mas meliponicultora Sandra Sousa chama atenção para a importância do mel retirado ser o excedente a quantidade que elas irão consumir. 

Assista! O tema começa a partir do minuto 35' do vídeo:

Fazenda investe em sustentabilidade com agropecuária de baixo carbono

Fotos: Reprodução da TV

Por Elivaldo Barbosa e Bianca Vasconcelos*

A alta concentração de dióxido de carbono leva a uma série de alterações climáticas, como poluição do ar, formação de chuva ácida e desequilíbrio do efeito estufa. Tendo isso, diversas empresas adotaram medidas para diminuir esses impactos. Veja reportagem completa no especial Viva Piauí.

A fazenda Laginsk, que fica no município de Baixa Grande do Ribeiro, a 580 km de Teresina, associou o modelo de cultivo da terra ao esforço da agropecuária de baixo carbono, reduzindo assim, o impacto ao meio ambiente. São 1.700 hectares de área cultivada com a vegetação bem protegida e parte importante na gestão ambiental da propriedade. O bioma Cerrado faz parte da estratégia da fazenda para o modelo de agropecuária de baixo carbono.

O proprietário da fazenda, Piotre Lagniski, busca o ponto ideal para produzir no cerrado em um sistema de baixo carbono. A primeira medida para a capacidade do cerrado nativo no sequestro de carbono é feita na mata nativa, numa reserva da fazenda.

A tendência mais sustentável é o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), um modo de produção agrícola que permite o cultivo da lavoura e de pastagem em uma mesma área.

A pecuária ganha espaço na integração com as lavouras nos cerrados do sul do Piauí. Somente nesta fazenda, a meta é formar rebanho com dois mil animais. Com excelente desempenho de ganho de peso no sistema Integração Lavoura-Pecuária.

O sistema integrado de baixo carbono também exige cuidados no preparo da terra para as lavouras e pastagens. Para isso, é utilizado uma moto equipada com o sistema global de posicionamento, o GPS. Precisão no traçado de curvas de nível, prática para conservação do solo que previne a erosão. Quanto maior a declividade, maior a recomendação para as curvas de nível. 

A prática das curvas de nível deu certo na fazenda Lagniski. Melhorando o desempenho na lavoura e no manejo das pastagens. Mas o pesquisador Julian Lacerda faz um alerta para as queimadas na região e faz nova coleta de amostras de solo para análise em laboratório. O resultado indicará o impacto do fogo na liberação de carbono na atmosfera. 

A experiência da integração lavoura pecuária no sul do Piauí é acompanhada pela engenheira agrônoma e pesquisadora Tangriani Simone Asmam, vice reitora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), doutora em ciência do solo, com foco em adubação de sistemas e integração de lavoura-pecuária. A natureza preservada não elimina a necessária da produção de alimentos. No bioma cerrados, segundo a pesquisadora Tangriani Simoni, modelos sustentáveis de uso da terra permitem integração meio ambiente, produção e desenvolvimento.

 

(*) Estagiária sob supervisão

Projeto Agrotóxico Legal é criado pelo Ministério Público do Piauí; veja como funciona

Foto: Freepik

 

Por Adriana Magalhães


O Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, o que tem levantado diversos debates e estudos sobre os perigos do uso desses produtos para o meio ambiente e a saúde pública.

O uso indiscriminado dessas substâncias, além de um risco sanitário, é apontado como fator de surgimento e agravamento de doenças, como câncer, transtornos mentais e crises respiratórias.

Com esse parâmetro, os estados brasileiros criaram o Fórum Estadual de combate ao uso nocivo de agrotóxicos. Apenas o Piauí não possui essa estrutura.

O Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), do Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) desenvolve o projeto Agrotóxico Legal e está tentando implantar o fórum no estado.

"O projeto Agrotóxico Legal visa implementar uma atuação conjunta com os promotores de Justiça. A partir da instalação do fórum, cada promotor de Justiça poderá trabalhar junto à comunidade do seu município as temáticas voltadas ao uso conscientes de agrotóxicos", explicou a coordenadora do projeto a promotora Aurea Emília Bezerra Madruga.

Após as reuniões iniciais de instalação do projeto, o grupo trabalha na instalação do Fórum Estadual de Combate ao Uso Nocivo de Agrotóxicos. A previsão é que o fórum seja instalado em fevereiro de 2024.

"Já estamos discutindo essa situação com o Fórum Nacional de Combate aos impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos e, em âmbito local, contamos com a parceria do Ministério Público do Trabalho", explicou a promotor Aurea Madruga.

O MP realizou uma reunião com as entidades envolvidas no projeto para definir o regimento interno do fórum estadual.

"Será lançado agora, um manual de atuação trazendo as legislações a respeito da temática, com o apoio de peças jurídicas e, mostrando, também, o que outros estados estão com suas jurisprudências que possam se assemelhar a situação do Piauí, para trazer esse tema mais próximo ao promotor de Justiça", explica a promotora.

A primeira ação do fórum, após sua instalação, será a realização de reuniões nos municípios da região do Matopiba, formando pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

"Precisamos ter esse debate com os produtores rurais daquela região. É importante tratar essa questão da utilização de agrotóxicos. Cada promotor pode trazer informações e dialogar com os atores principais, que são sindicatos rurais, produtores rurais, a parte da logística reversa das embalagens, que é um ponto muito importante que deve ser trabalhado", disse Aurea Madruga.

Foto: Ascom MP/PI

Como o Fórum Estadual vai atuar no Piauí

O Fórum Estadual de Combate ao Uso Nocivo de Agrotóxicos vai atuar realizando procedimentos preparatórios e inquéritos civis instaurados pelas Promotorias de Justiça.

Além disso, o fórum pode ingressar por meio das entidades parceiras, com ações civis públicas, termos de ajustamento de conduta e recomendações elaborados pelas Promotorias de Justiça.

Faz parte da atuação do Fórum Estadual realizar campanhas educativas de conscientização sobre controle de agrotóxicos e, ainda, promover palestras educativas e seminários para esclarecimento da sociedade dos municípios mais atingidos pela utilização indiscriminada de agrotóxicos.

O Fórum também realizará técnicas com órgãos, instituições e entidades da sociedade civil com vinculação ou responsabilidades legais diante do tema e atuará, junto ao Fórum Nacional, na elaboração de um manual de controle de agrotóxicos.

 

Lixo orgânico vira adubo e fossa ecológica com plantação de bananeira em Teresina

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Caixas d'agua onde o lixo orgânico passa por decomposição; passe as fotos e veja o processo, incluindo o adubo produzido e a fossa ecológica

Por Marina Sérvio

Uma área de cerca de 400 m² dentro do Bioparque Zoobotânico, zona urbana de Teresina, é usada por uma iniciativa privada que está tratando lixo orgânico há dois anos e meio. Nesse período, foram recolhidos cerca de 30 toneladas de material orgânico que após cinco meses de processo geraram 8 toneladas de adubo e mais uma fossa ecológica com uma bananeira recém plantada. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com

Fossa ecológica responsável pelo tratamento do líquido produzido durante a decomposição do lixo orgânico

Estudos apontam que em média 50% do lixo produzido por famílias em todo o Brasil é lixo orgânico, ou seja, casca de alimentos, restos de comida, folha seca, material de capina, aqueles resíduos que têm origem animal ou vegetal. Em Teresina, esse dado chega a 54%.

Produção de lixo orgânico 
  • Casa onde moram 4 pessoas – cerca de 6 kg por semana 
  • Em caso de restaurantes, os dados são variáveis, abaixo um exemplo real:

           Hamburgueria – cerca de 25 a 30 kg por semana 
           Pizzaria – cerca de 20 kg 

Fonte: Dados reais da empresa É de sol 

Normalmente esse lixo, passa por uma coleta, é levado ao aterro sanitário do município. Porém, nesse processo a decomposição gera a produção de gás metano, que por ser altamente inflamável passa por um processo de queima e vira gás carbônico.

Já o gás carbônico em excesso causa danos na nossa atmosfera e tem um impacto direto, sendo o responsável em mais de 60% pelo processo de aquecimento global. E uma das fontes de emissão é o lixo orgânico, ou melhor, a forma como ele é decomposto. 

Aterros sanitários 

Segundo dados da ONU de 2019, lixões para descarte de lixo no Brasil e a queima irregular de resíduos respondem por cerca de 6 milhões de toneladas de gás de efeito estufa ao ano (CO2eq). O montante é o equivale ao gás gerado por 3 milhões de carros movidos a gasolina anualmente. 

Fonte: Agência Brasil 


A iniciativa na zona leste de Teresina surgiu após uma ação de mais de 15 jovens, estudantes ou recém formados, para cumprir desafios da Complexity University, uma instituição de ensino global que há 20 anos visa ampliar as atividades em prol de um futuro sustentável. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com 

Na imagem, o engenheiro Ramon Campelo mostrando o adubo enviado ao cliente após a decomposição do lixo orgânico

Seis meses depois, dois deles, o engenheiro Ramon Campelo e a arquiteta e urbanista Carla Ohana resolveram trabalhar com a sustentabilidade e hoje atendem cerca de 50 famílias e 10 estabelecimentos comerciais fazendo o descarte sustentável do lixo orgânico. O projeto recolheu 30 toneladas de lixo orgânico, o que corresponderia a emissão de 21 toneladas de gás de efeito estufa (CO2eq). 

O processo de decomposição 

Entre o lixo como saiu de uma casa ou estabelecimento comercial até o adubo conhecido como solo vivo são cerca de 3 a 4 meses. O resultado final é uma terra rica em matéria orgânica, excelente para cultivo de hortas e muito indicada para ser colocada em áreas degradadas para que seja possível a regeneração do solo. 

“Coletamos dois dias por semana, ao chegar alimentamos a primeira caixa do processo, nela misturamos o resto de comida com serragem que vem de uma madeireira que fica no bairro Dirceu. Nas caixas acontece a decomposição pelos microrganismos, fungos e bactérias. Uma tecnologia natural, deixamos o ambiente perfeito e eles fazem o trabalho” descreve o engenheiro Ramon Campelo. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com

Na imagem, o lixo orgânico após passar por três meses de processo, uma das últimas etapas antes de virar adubo

Assim, semana após semana, é retirada de forma manual, com pás, o material de uma caixa e é colocado na próxima, o processo se estende ao longo dos meses, e além do conteúdo sólido é produzido um líquido.

“Toda compostagem tem a geração de um líquido, principalmente em um local vedado como a caixa d’agua, então temos as torneiras para retirar a substância do depósito e é nesse momento que entra a fossa ecológica” conta Ramon . 

Na fossa, o líquido é depositado por um cano no subsolo em um local onde foram instalados câmaras de pneus, que funciona como uma fossa séptica tradicional que cria um ambiente com alta temperatura, que causa a morte de microrganismos que podem causar doenças.

“Acima dos pneus, temos uma camada de entulho, depois uma camada de brita, uma camada de areia e então o adubo onde a bananeira foi plantada. Assim, quando o líquido vai passando pelas camadas, ele é filtrado e então é absorvido pelas raízes da planta” acrescenta Ramon.

A planta então produzirá frutos comestíveis e saudáveis. Porém, não pode ser feito qualquer cultivo, hortaliças não são indicadas, por estarem em contato direto com o solo. O ideal são plantas de folhas largas (alta taxa de evapotranspiração) e raízes curtas, a exemplo da bananeira.

O projeto irá assumir a coleta de todo o lixo orgânico produzido no Bioparque Zoobotânico, tanto do restaurante dos animais e resto de comida das refeições ofertadas a eles, como da praça de alimentação destinada aos visitantes. 

Compostagem em casa
Quem quer fazer o processo de decomposição de lixo orgânico em casa também tem essa possibilidade. Existem, inclusive, iniciativas no mercado voltadas para dar uma base de aprendizagem e permitir ainda a elaboração de um plano viável de acordo com o volume de material de descarte produzido. 

Foto: Reprodução/ Internet 

É o caso da empresa da Lígia Rocha Vieira, que tem um ano e meio de mercado e além de fazer a compostagem também incentiva que as pessoas que tem interesse possam se capacitar e fazer por conta própria.

“Então quem quer, por exemplo, fazer no condomínio ou no seu espaço, a gente vai lá, faz um curso e a consultoria durante alguns meses para que a pessoa possa fazer por conta própria. Existem inclusive composteiras caseiras, aquelas que são feitas de balde mesmo, que nós fazemos manualmente, para que as pessoas façam em casa e façam sua própria adubo em casa” descreve Lígia.

 

De casca de madeira a algodão orgânico, empresária piauiense produz moda sustentável

Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com 

Por Rebeca Lima

A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, com graves impactos sociais e ambientais. No Piauí, há três anos, a empresária e ambientalista Ana Maria decidiu ressignificar a sua produção com a utilização de materiais naturais para criar moda sustentável no estado.

“A moda sustentável é um segmento em que a gente trabalha com processos e matéria-prima totalmente ecológicos. O tecido, toda a produção, toda a matéria-prima utilizada, desde os acessórios, têm um conceito ecológico e, para ser 100% sustentável, esse tecido ele tem que fechar o ciclo, que é desde a aquisição da matéria-prima na natureza, que tem que ser ecologicamente correta, e o processo que ela vai passar de transformação até chegar no produto, também respeitando essa questão ambiental, e esse tecido, no final das contas, não vai causar problemas ambientais, como não tem química, vai servir de adubo, é matéria-prima viva que saiu da natureza e matéria-prima viva que é devolvida para a natureza”, explica.

Na sua loja, a empresária utiliza materiais que vão desde casca de madeira, de abacaxi, como o algodão orgânico e a reutilização de fibras de tecidos de roupas convencionais que seriam descartadas na natureza, gerando mais acúmulo de lixo que demoraria diversos anos para se decompor.

“É um conceito muito errado nosso enquanto sociedade, achar que na natureza tem um lugar chamado de lixo e não existe. Aonde vem a nossa fonte de sobrevivência ela também não pode ser o local de colocar as coisas que não servem mais para nós, então a sociedade inteligentemente tem que encontrar uma maneira de como lidar com aquilo que não serve mais para nós e aí entra em cena o consumo consciente e outras questões que a gente precisa estar analisando”, destacou Ana Maria.

Processo que gera o fio do tecido desfibrado 

Por serem materiais provenientes da natureza e com o processo de produção limpo, o impacto dessas roupas no meio ambiente é zero. Já no caso dos tecidos desfibrados, Ana Maria destaca que a melhor forma de descarte é devolver a peça para a loja, que será redirecionada para o processo de criação de novos fios.

“A composição do tecido não utiliza muita água, a base do tingimento não é química, os de casca de madeira de floresta sustentável não precisa sacrificar a árvore, e outro diferencial é que vai se decompor em três anos se for lançado na natureza corretamente, então aqui a gente costuma dizer que é um tecido amigo do meio ambiente, aqui é matéria viva, um pedaço de madeira na natureza vai se decompor e virar adubo e por trás tem uma tecnologia de peso”, complementou.

Sobre a importância da moda sustentável, a empresária ressalta que é o único caminho para o futuro já que os recursos do planeta estão no limite máximo.

“Moda sustentável é garantia de futuro, quem ainda está pensando no fast fashion, nas tendências, não tem noção do consumismo que está acontecendo e do problema ambiental que estão causando. Moda sustentável é o caminho e o único caminho. Só na moda? Não. A gente tem que começar a pensar em sustentabilidade em todos os segmentos da nossa vida. O mundo já chegou no limite máximo de desgaste dos recursos naturais, então tem que repensar”, concluiu Ana Maria. 

Foto: Arquivo Pessoal 

Alda Neiva, consultora de moda

Moda circular

Para a consultora de moda, Alda Neiva, também é possível ser mais consciente na moda através de algumas escolhas simples na hora de adquirir uma peça de vestuário.

“O principal meio é mudar a forma de consumo. Além disso, podem substituir o consumo de peças novas por brechós, promovendo a moda e economia circular. Fazendo o upcycling ao invés de descartar as peças no lixo. Usar tecidos ecológicos ou naturais e evitar tecidos sintéticos. Cuidar bem das peças também é um fator importante, então siga sempre as informações das etiquetas. Lavar menos as roupas, uma vez que algumas peças podem ser reutilizadas sem necessitar da lavagem, às vezes só precisam de um ar fresco. E, se você for proprietário de alguma marca, reveja os seus processos de produção”, explica.

Como sendo uma das indústrias mais poluidoras do mundo, Alda Neiva reforça que as empresas precisam assumir a sustentabilidade nos seus processos de produção.

“A moda é uma das que mais poluem o meio ambiente. Hoje, há cerca de um caminhão lotado de roupas sendo descartadas por segundo. Como consequência, vemos o deserto do Atacama tomado por roupas descartadas que vão levar anos para se decompor, além de prejudicar o solo. Então, há uma urgência nessa mudança de consumo, para que esses descartes diminuam ou zerem. E, claro, uma mudança nas empresas nos processos de produção, não sendo apenas importante para a sustentabilidade ambiental, mas econômica e local também. Podemos já pensar no slow fashion, em uma moda ecológica, moda vegana e outros”, finalizou a consultora de moda. 

 

Viva Piauí 

No próximo dia 19 de outubro, às 11h, um programa especial voltado para sustentabilidade será exibido pela TV Cidade Verde. Viva Piauí por um futuro sustentável será o tema principal do especial em homenagem ao Dia do Piauí. Não perca!!

Cantor usa sistema de agrofloresta para cultivar alimentos de forma sustentável

Fotos: Arquivo Pessoal

Por Bárbara Rodrigues

Considerada uma revolução na produção agrícola, a agrofloresta tem se desenvolvido e crescido cada vez mais nos campos e comunidades rurais do estado do Piauí. Esse tipo de produção garante mais sustentabilidade ao meio ambiente, ao permitir a produção de alimentos, mas, ao mesmo tempo, promover a preservação das florestas. O cantor Marquinhos Monteiro decidiu adotar esse sistema em seu terreno em Nazária, a 48 km de Teresina, e também usa suas canções para alertar sobre a importância de cuidar do meio ambiente. 

É comum a prática de abusar do fogo para limpar a mata e abrir espaço para plantações, assim como o uso de fertilizantes, defensivos químicos e agrotóxicos para afastar pragas. No modelo aplicado pela agrofloresta, o caminho é o contrário, a produção acontece próximos das árvores e existe um cuidado com todo o ecossistema, onde espécies florestais são cultivadas juntamente às espécies agrícolas.

O uso desse modelo tem transformando terras e vidas. É o caso do agricultor e cantor Marcos Monteiro, mais conhecido como Marquinhos Monteiro, que mora em Nazária, na comunidade Butantã. Ele afirmou que no seu terreno cresciam muitas frutas variadas, e que há três anos decidiu começar a vender. Em conversa com outros moradores, eles decidiram começar a fazer cestas de frutas para vender. Quando surgiu a ideia de plantar verduras para acrescentar nas cestas, eles decidiram aderir a agrofloresta.

“Nós pensamos em organizar cestas para vender, porque a gente tinha muita fruta, muitas coisas aqui já plantadas, só que a gente não sabia muito direcionar isso. Tem uma experiência chamada Comunidade que Sustenta a Agricultura e um grupo decidiu receber os produtos que a gente produzia. E aí, eles vieram aqui, visitaram a nossa casa, e propuseram algumas verduras, alguns alimentos que eles achavam interessante ter na cesta. Nós começamos a produzir, e também tivemos uma ideia de produzir uma floresta produtiva, que é o sistema de agrofloresta. Montamos uma agrofloresta, fizemos em linhas, foi funcionando, plantando árvores e frutíferas”, explicou.

Ele afirmou que esse tipo de produção traz grandes benefícios. “O nosso sistema tá ficando bacana, a gente tá criando harmonia com meio, com espaço. A gente não é o centro, a gente faz parte do centro e essa convivência entre humanos, animais, micróbios, árvores, a importância disso em um ciclo de vida. Esse é o aprendizado de agrofloresta. Você passa a dar valor a tudo que tem nela, desde o micróbio que você não consegue ver, mas ele está ali. A árvore imensa vai crescer e produzir oxigênio para a gente. Então, essa harmonia, essa visão, esse olhar humano, a agrofloresta tem esse papel fundamental, mas ela também precisa produzir riqueza. Então, não adianta você só romantizar ela, e ela produz coisas boas, produz os frutos. São produtos de altíssima qualidade, muito melhor que aqueles produtos com veneno, afinal de contas, o nosso produto é limpo”, destacou.

A produção de alimentos sem prejudicar é levado muito a sério pelo agricultor, que decidiu fazer músicas com o objetivo de levar para a população a importância do cuidado com o meio ambiente.

“As minhas composições agora estão mais voltadas para a questão da agrofloresta, da alimentação saudável, essa relação ser humano-natureza que é uma coisa só, não tem como desvincular. A gente faz parte do ciclo da vida, então assim, não se separa né. Se você for fazer um livro, preciso, por exemplo, de 300 páginas, se for um discurso é mais de uma hora. Na música não, na música você fala um monte de coisa, ela consegue fazer um resumo em 3 a 4 minutos e a música tem um poder de mexer com as emoções das pessoas. Então, esse trabalho de música, falando desse processo de sistema de agrofloresta, da alimentação saudável, está sendo muito receptível. A gente já tem vários relatos de que as pessoas param de fazer determinada coisa depois que ouviram a canção. Então, a recepção é muito boa. A música mexe com nosso sentimento, né? E fica mais fácil você fazer esse diálogo com as pessoas”, afirmou.

 

Como o sistema funciona

O principal ponto dessa produção, é o uso de árvores maiores, produtoras ou não de alimentos, que são responsáveis por fornecer todos os recursos necessários às plantas cultivadas para produção, pois elas conseguem realizar o sombreamento por tempo correto, retém a água no solo e fornecem a matéria orgânica necessária a fertilidade do solo.

Esse tipo de sistema também é considerado importante para o ressurgimento natural de nascentes de água. É possível mesclar várias espécies agrícolas, mas é necessário promover a combinação de árvores, culturas e animais de forma intencional já que tudo será cuidado com o mesmo tipo de sistema.

Benefícios:

  • Diversificação de culturas: ao plantar uma variedade de árvores, arbustos e culturas, os agricultores têm acesso a uma ampla gama de alimentos, reduzindo a dependência de culturas únicas e tornando-se mais resilientes a condições climáticas adversas.
  • Conservação da biodiversidade: a agrofloresta promove a conservação de espécies nativas, criando habitats para animais silvestres e protegendo a flora local.
  • Armazenamento de carbono: As árvores em uma agrofloresta atuam como sumidouros de carbono, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.
  • Erosão do solo reduzida: As raízes das árvores mantêm o solo no lugar, reduzindo a erosão causada pela chuva e vento.

 

Viva Piauí 

No próximo dia 19 de outubro, às 11h, um programa especial voltado para sustentabilidade será exibido pela TV Cidade Verde. Viva Piauí por um futuro sustentável será o tema principal do especial em homenagem ao Dia do Piauí. Não perca!!

 

Casas sustentáveis barateiam conta de luz e reduzem a sensação térmica em até 6 °C

Foto: Arquivo Pessoal

Por Breno Moreno

Projetos de casas sustentáveis vêm se tornando cada vez mais uma alternativa não apenas para reduzir os impactos ambientais, mas para se adaptar às mudanças climáticas e aos eventos climáticos extremos. No Piauí, esse tipo de construção vem sendo uma saída para quem quer fugir do calor, sobretudo no B-R-Ó BRÓ, com temperaturas acima dos 40 °C.

O arquiteto Anderson Mourão, especialista em práticas projetuais para arquitetura e engenharia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e em reabilitação ambiental sustentável Arquitetônica e urbanística pela Universidade de Brasília (UNB), destaca alguns dos vários benefícios de quem opta por projetos de construções sustentáveis. 

Foto: Arquivo Pessoal

"Em Teresina temos vários exemplos de construção com EPS [Poliestireno Expandido], que ao invés de utilizar bloco cerâmico rebocado se utiliza placas de isopor revestidos, então você tem uma economia grande nela. O tempo de obra é mais rápido e você tem o conforto térmico de até 6 °C por estar usando um isolante na parede”, pontuou o profissional. 

Projetos como esses dispõem de todos os sistemas de consumo em pleno funcionamento, dentro dos níveis mínimos de desempenho, dimensionado para se adaptar aos condicionantes climáticos locais, junto à soluções tecnológicas, garantindo mais conforto, menor consumo possível de energia e água, e menor geração de resíduos.

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Um dos que apostaram nesse modelo de edificação, que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado, foi o advogado Antônio Carlos, que está concluindo uma casa de quase 400 metros quadrados na capital piauiense. Além de um sistema para reaproveitar a água, a residência conta com um sistema fotovoltaico para geração própria de energia.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

“Optei por esse sistema devido o conforto térmico e eficiência de energética. Escolhi esse tipo de projeto porque Teresina tem temperaturas muito altas, principalmente nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro. Com esse projeto, eu e minha família teremos muito mais conforto térmico”, disse o proprietário do imóvel.  

Outro destaque da obra é o uso do bloco de concreto celular, produzido a partir de uma mistura de cimento, cal, areia, água e agentes expansores, que produz o efeito de aeração na massa, o tornando mais leve que o concreto ou alvenaria convencional e com mais conforto térmico, resistência ao fogo e isolamento acústico. 

Foto: Arquivo/Pessoal

Anderson Mourão explica que apesar dessas construções serem cerca de 25% mais caras que as convencionais, os edifícios sustentáveis garantem, a longo prazo, uma economia de até 30% na conta de luz e 50% na de água, além de possibilitar a valorização dos imóveis, que acabam saindo entre 2% a 7% mais lucrativos na compra ou locação. 

"Embora o investimento inicial seja mais caro, é uma casa com uma manutenção mais em conta, que economiza energia e água, e proporciona uma qualidade de vida melhor. São casas mais resilientes, que resistem mais aos impactos que temos hoje de infraestrutura e clima, então ela se torna mais agradável, saudável e econômica”, ressalta o arquiteto.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

Viva Piauí 

No próximo dia 19 de outubro, às 11h, um programa especial voltado para sustentabilidade será exibido pela TV Cidade Verde. Viva Piauí por um futuro sustentável será o tema principal do especial em homenagem ao Dia do Piauí. Não perca!!