Cidadeverde.com
vivapiaui2023

Lixo orgânico vira adubo e fossa ecológica com plantação de bananeira em Teresina

  • 0.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 1.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 2.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 3.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 4.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 5.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 6.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com
  • 7.jpg Marina Sérvio/ cidadeverde.com

Caixas d'agua onde o lixo orgânico passa por decomposição; passe as fotos e veja o processo, incluindo o adubo produzido e a fossa ecológica

Por Marina Sérvio

Uma área de cerca de 400 m² dentro do Bioparque Zoobotânico, zona urbana de Teresina, é usada por uma iniciativa privada que está tratando lixo orgânico há dois anos e meio. Nesse período, foram recolhidos cerca de 30 toneladas de material orgânico que após cinco meses de processo geraram 8 toneladas de adubo e mais uma fossa ecológica com uma bananeira recém plantada. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com

Fossa ecológica responsável pelo tratamento do líquido produzido durante a decomposição do lixo orgânico

Estudos apontam que em média 50% do lixo produzido por famílias em todo o Brasil é lixo orgânico, ou seja, casca de alimentos, restos de comida, folha seca, material de capina, aqueles resíduos que têm origem animal ou vegetal. Em Teresina, esse dado chega a 54%.

Produção de lixo orgânico 
  • Casa onde moram 4 pessoas – cerca de 6 kg por semana 
  • Em caso de restaurantes, os dados são variáveis, abaixo um exemplo real:

           Hamburgueria – cerca de 25 a 30 kg por semana 
           Pizzaria – cerca de 20 kg 

Fonte: Dados reais da empresa É de sol 

Normalmente esse lixo, passa por uma coleta, é levado ao aterro sanitário do município. Porém, nesse processo a decomposição gera a produção de gás metano, que por ser altamente inflamável passa por um processo de queima e vira gás carbônico.

Já o gás carbônico em excesso causa danos na nossa atmosfera e tem um impacto direto, sendo o responsável em mais de 60% pelo processo de aquecimento global. E uma das fontes de emissão é o lixo orgânico, ou melhor, a forma como ele é decomposto. 

Aterros sanitários 

Segundo dados da ONU de 2019, lixões para descarte de lixo no Brasil e a queima irregular de resíduos respondem por cerca de 6 milhões de toneladas de gás de efeito estufa ao ano (CO2eq). O montante é o equivale ao gás gerado por 3 milhões de carros movidos a gasolina anualmente. 

Fonte: Agência Brasil 


A iniciativa na zona leste de Teresina surgiu após uma ação de mais de 15 jovens, estudantes ou recém formados, para cumprir desafios da Complexity University, uma instituição de ensino global que há 20 anos visa ampliar as atividades em prol de um futuro sustentável. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com 

Na imagem, o engenheiro Ramon Campelo mostrando o adubo enviado ao cliente após a decomposição do lixo orgânico

Seis meses depois, dois deles, o engenheiro Ramon Campelo e a arquiteta e urbanista Carla Ohana resolveram trabalhar com a sustentabilidade e hoje atendem cerca de 50 famílias e 10 estabelecimentos comerciais fazendo o descarte sustentável do lixo orgânico. O projeto recolheu 30 toneladas de lixo orgânico, o que corresponderia a emissão de 21 toneladas de gás de efeito estufa (CO2eq). 

O processo de decomposição 

Entre o lixo como saiu de uma casa ou estabelecimento comercial até o adubo conhecido como solo vivo são cerca de 3 a 4 meses. O resultado final é uma terra rica em matéria orgânica, excelente para cultivo de hortas e muito indicada para ser colocada em áreas degradadas para que seja possível a regeneração do solo. 

“Coletamos dois dias por semana, ao chegar alimentamos a primeira caixa do processo, nela misturamos o resto de comida com serragem que vem de uma madeireira que fica no bairro Dirceu. Nas caixas acontece a decomposição pelos microrganismos, fungos e bactérias. Uma tecnologia natural, deixamos o ambiente perfeito e eles fazem o trabalho” descreve o engenheiro Ramon Campelo. 

Foto: Marina Sérvio/ cidadeverde.com

Na imagem, o lixo orgânico após passar por três meses de processo, uma das últimas etapas antes de virar adubo

Assim, semana após semana, é retirada de forma manual, com pás, o material de uma caixa e é colocado na próxima, o processo se estende ao longo dos meses, e além do conteúdo sólido é produzido um líquido.

“Toda compostagem tem a geração de um líquido, principalmente em um local vedado como a caixa d’agua, então temos as torneiras para retirar a substância do depósito e é nesse momento que entra a fossa ecológica” conta Ramon . 

Na fossa, o líquido é depositado por um cano no subsolo em um local onde foram instalados câmaras de pneus, que funciona como uma fossa séptica tradicional que cria um ambiente com alta temperatura, que causa a morte de microrganismos que podem causar doenças.

“Acima dos pneus, temos uma camada de entulho, depois uma camada de brita, uma camada de areia e então o adubo onde a bananeira foi plantada. Assim, quando o líquido vai passando pelas camadas, ele é filtrado e então é absorvido pelas raízes da planta” acrescenta Ramon.

A planta então produzirá frutos comestíveis e saudáveis. Porém, não pode ser feito qualquer cultivo, hortaliças não são indicadas, por estarem em contato direto com o solo. O ideal são plantas de folhas largas (alta taxa de evapotranspiração) e raízes curtas, a exemplo da bananeira.

O projeto irá assumir a coleta de todo o lixo orgânico produzido no Bioparque Zoobotânico, tanto do restaurante dos animais e resto de comida das refeições ofertadas a eles, como da praça de alimentação destinada aos visitantes. 

Compostagem em casa
Quem quer fazer o processo de decomposição de lixo orgânico em casa também tem essa possibilidade. Existem, inclusive, iniciativas no mercado voltadas para dar uma base de aprendizagem e permitir ainda a elaboração de um plano viável de acordo com o volume de material de descarte produzido. 

Foto: Reprodução/ Internet 

É o caso da empresa da Lígia Rocha Vieira, que tem um ano e meio de mercado e além de fazer a compostagem também incentiva que as pessoas que tem interesse possam se capacitar e fazer por conta própria.

“Então quem quer, por exemplo, fazer no condomínio ou no seu espaço, a gente vai lá, faz um curso e a consultoria durante alguns meses para que a pessoa possa fazer por conta própria. Existem inclusive composteiras caseiras, aquelas que são feitas de balde mesmo, que nós fazemos manualmente, para que as pessoas façam em casa e façam sua própria adubo em casa” descreve Lígia.

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais