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Educação do Piauí: a chance do salto

Na semana que passou três eventos que se interligaram e que merecem menção aqui no Ciência Viva, onde publico minha opinião ou notícias alvissareiras nas áreas de Ciência, Educação e Meio Ambiente, entre outras coisas. Vamos lá:

Evento 1 - Na condição de Presidente do Conselho Estadual de Educação recebi um convite para participar da solenidade de apresentação do Plano Educar Piauí no Palácio de Karnak, na presença de muitas autoridades, entre elas o Governador do Estado e o Secretário de Educação. O Plano visa, em linhas bem gerais, explicar para sociedade sobre aplicação dos recursos que o Governo Federal vai devolver para os Estados, através de medidas judiciais, de um valor pago a menos dos recursos do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) em um total de 1,6 bilhões de reais, já assegurado através de precatório para ser aplicado a partir de 2020 na Educação Básica do Estado do Piauí;

Evento 2 – No dia 04 de Outubro saiu o resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) aplicado em 2018 com estudantes de cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas onde alguns cursos da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foram avaliados com notas excelentes como Conceito 4 e Conceito 5. Segundo press release divulgado pela instituição 90% dos cursos avaliados tiveram desempenho equivalente ao anterior ou melhoraram.

Evento 3 – No final da tarde, início de noite do dia 05 de outubro uma chuva extemporânea com ventos com velocidade de 86 km/h abateu sobre Teresina causando a derrubada de árvores, fios, destelhamento de casas. As notícias divulgadas em muitos veículos de comunicação, inclusive no portal CidadeVerde.com (veja aqui)  dão conta de que 20 árvores caíram no Campus Poeta Torquato Neto da UESPI dando inúmeros prejuízos, causando inclusive interrupção parcial das aulas.

O que estes três eventos tem em comum?

O Piauí, costumo a dizer isso aos muitos amigos que fiz fora do Estado, tem como principal produto de exportação os próprios piauienses. Gente danada de inteligente que quando tem oportunidade sabe mostrar seu valor. Inclusive, sempre que tenho oportunidade falo sobre isso aqui no Ciência Viva. Reveja aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Nossa educação, mesmo com todos os problemas consegue se destacar, em cenários de pobreza e má gestão. Temos o exemplo clássico do Instituto Dom Barreto que vem, anos a fio, mostrando seu valor como uma das melhores escolas do país e que tem ajudado a balizar outras escolas daqui a melhorarem seu desempenho, porque serve de espelho. Em 2018, 23 escolas do Piauí tiveram pontuação média acima dos 600 pontos, o que, proporcionalmente, se apresenta como um resultado fabuloso. Confira aqui .

Na educação pública destacam-se municípios como Teresina e Oeiras que vem colecionando melhorias espantosas no IDEB, resultado de políticas austeras e focadas em resultados por seus gestores. No Plano Estadual, o Piauí tem a maior oferta pública, proporcional na educação profissional do país e coleciona resultados excelentes das escolas, cuja gestão é irretocável. Mas os exemplos que se apresentam não são suficientes, porque a educação é um direito de todos, e não somente das escolas que tem gestores de destaque e de visão.

Os recursos recebidos, se aplicados de forma correta, poderão render resultados surpreendentes. Apesar de virem carimbados para aplicação apenas na educação básica, sua aplicação folgará recursos do tesouro estadual permitindo que se apliquem em segmentos não contemplados, entre estes na UESPI.

Conversei com o Secretário Ellen Gera que está cheio de ideias na aplicação destes recursos. Sugeri que usando o Programa Universidade Aberta do Piauí (UAPI) novos professores pudessem ser formados em todo o Estado, revertendo o triste quadro que existia em 2012 (não vi informações mais recentes) de que em apenas 40 dos 224 municípios do Piauí existiam professores da área de Física, por exemplo. Isso levaria a UESPI a ocupar novamente o seu papel de IES formadora de professores, para a qual foi criada na década de 1980. E estes recursos pudessem ajudar a proporcionar dias melhores para a IES Estadual, com aplicações nas demais áreas que esta vem ocupando dos anos 1990 para cá, como os Bacharelados que conseguiram este excelente resultado, frise-se, pelo esforço dos estudantes e de seus professores.

E o vento?

O vento que trouxe estes recursos para melhorar a educação do nosso Estado, e que tirou as telhas e a zona de conforto dos gestores, não sirva somente para demonstrar que faltam recursos e ações de melhoria para Universidade Estadual do Piauí. Que este sirva para mostrar que o melhor caminho é usar o que temos de melhor no Piauí: os piauienses! Temos a chance de dar um grande salto para o futuro!

Bom domingo e boa semana para todos (as).

 

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