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Sitio Paleobotânico de Altos: uma riqueza ameaçada

  • fossil21.jpeg Francisco Soares Santos Filho
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No dia 08 de outubro de 2023, por iniciativa de alguns colegas do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), foi organizada uma excursão exploratória à Floresta Petrificada existente no município de Altos, Piauí. A missão foi organizada pela Profª Drª Gardênia Batista, especialista em algas da UESPI, que montou equipe formada pelo Prof. Henrique Moita (geólogo), Prof. Paulo Lopes (biólogo) e por mim, Prof. Francisco Soares (botânico). Ao chegarmos em local combinado nos encontramos com a Profª Joira Fernandes (professora de Biologia e ex-aluna da UESPI), Prof. Ivan Azevedo (professor de História), Prof. Rubem Félix (professor de História) e a Profª Natiele Cruz (professora de Língua Portuguesa, acadêmica de Arqueologia da UFPI).

A ideia inicial era conhecer este local, cujas primeiras informações científicas foram trazidas na década de 1990 pelo Prof. Henrique Moita, que na época publicou resumos em eventos científicos e até um artigo na Revista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), o que deu ampla repercussão na imprensa local, com a publicação de fotos dos fósseis e a narrativa da equipe liderada pelo geólogo da UESPI.

Chegamos ao ponto do assentamento do INCRA no qual o sítio paleontológico encontra-se inserido, deixamos os veículos e seguimos a pé até chegar nas proximidades dos fósseis, numa caminhada de uns 15 minutos. Visualizamos e registramos com fotografias alguns dos fósseis, um pouco diferentes dos encontrados na Floresta Fóssil do Rio Poty, em Teresina e que já tive a oportunidade de escrever sobre ela algumas vezes. Se quiser rever os textos que escrevi bem no início do Ciência Viva sobrea Floresta Fóssil de Teresina, às margens do Rio Poty, clique aqui, aqui e aqui.

Na área são encontrados um conjunto de quase 70 fósseis de troncos de árvores que viveram na região há pelo menos 280 milhões de anos antes do presente. De acordo com estudos anteriores, a área pertence à formação geológica Pedra de Fogo, uma formação com idade entre os períodos Permiano e o Carbonífero, da Era Paleozóica, ou seja, bem antes da passagem dos dinossauros pela Terra. Na área são registrados exemplares in situ (expressão usada para identificar que ali surgiram e ali permanecem até hoje, para contrastar com a expressão ex situ, que se refere a uma peça que estava em um local e foi removida para um museu, por exemplo), rolados e em posição de vida dos gêneros Psaronius, Artropitys, Amyelon e Cycadoxylon. Seriam plantas de grupos que ainda existem nos dias atuais como as plantas Gimnospermas (grupo dos pinheiros, Cycas e ciprestes) e grupos que já desapareceram como intermediários entre os pinheiros e samambaias (pteridospermófitas), que desapareceram no fim da Era Paleozóica.

Necessidade de conservação

O sítio atualmente padece do básico: proteção. Fica situado dentro de um assentamento do INCRA, órgão do Governo Federal. Mas poderia ser protegido, ambientalmente por qualquer esfera (federal, estadual ou municipal). Poderia se transformar em um Parque ou, numa hipótese de pouca proteção, mas pelo menos, alguma proteção, virar uma Área de Proteção Ambiental. Durante a visita vimos o movimento para construção de uma estrada que corta a área. Segundo relatos das pessoas que nos acompanhavam nenhum estudo ou encaminhamento ambiental foi feito. Um dos nossos guias mostrou um fóssil que fora removido pela máquina que abria a estrada.

Pesa sobre esta situação a ação de quem está construindo a estrada, por fazê-lo sem o devido zelo, bem como de órgãos de fiscalização como Secretaria de Meio Ambiente, Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) e o Ministério Público, responsável por fiscalizar a lei.

Boa semana para todos e todas.

 

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