Cidadeverde.com

Pagamento de consignado é suspenso por 4 meses

Foto: Roberta Aline

A Justiça Federal do Distrito Federal determinou na segunda-feira, 20, que os bancos suspendam o débito em folha dos empréstimos consignados tomados por aposentados, do INSS ou servidores públicos, por quatro meses. A decisão já está em vigor e vale para todo o Brasil.

O juiz Renato Coelho Borelli, da Justiça Federal da 1.ª Região do DF, diz em sua decisão que a liberação de cerca de R$3,2 trilhões pelo Banco Central, "não chegou, em sua grande totalidade, às mãos daqueles atingidos pela pandemia".

A decisão atende a um pedido feito em ação popular pelo advogado Márcio Casado. A ação requer que os bancos repassem aos correntistas e tomadores de empréstimos as medidas tomadas pelo BC para injetar recursos no sistema financeiro e que fazem parte de um conjunto de ações adotadas para minimizar os efeitos da pandemia de coronavírus na economia.

O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso aos detalhes e documentos do processo. Na ação popular, o advogado cita, com base nas informações do BC, que a instituição injetou R$ 3,2 trilhões nos bancos, que, por sua vez, não teriam repassado as mesmas vantagens a empresas e aposentados. "É um escândalo que esse dinheiro não chegue no setor produtivo, no aposentado, no grande e pequeno empresário", disse Casado.

Segundo o advogado, a decisão beneficia diretamente pelo menos 62 milhões de pessoas, entre aposentados, correntistas e donos de empresas.

A ação popular justifica que as dívidas dos aposentados brasileiros chegam a R$ 138 bilhões, com descontos mensais de R$ 1,1 bilhão. "Isso justificaria a suspensão dos descontos efetuados em suas aposentadorias."

A ação tem como réus a União, o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. O BC foi procurado para comentar a decisão, mas não se manifestou.

Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que a decisão vai causar insegurança jurídica e um quadro maior de incertezas, "o que prejudicará os próprios aposentados". Segundo a entidade, a carteira de crédito do consignado do INSS é de R$ 142 bilhões.

 

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Em reunião com ministro, governadores do Nordeste pedem a contratação de médicos do exterior

Foto: Ascom/governo do estado

Na primeira reunião com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, os governadores do Nordeste pediram que o gestor autorize a contratação de médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior para reforçar a área no enfrentamento ao novo coronavírus (covid-19). 

Os gestores estaduais alegaram que há falta de médicos no País para atender durante a pandemia. Esses profissionais atuariam sob supervisão e com um registro de trabalho provisório. 

O pedido foi sugerido pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste, criado no final de março com o objetivo de centralizar ações e conhecimento no enfrentamento ao coronavírus entre os estados nordestinos. 

O governador da Bahia, Rui Costa, que preside o consórcio falou da falta de médicos no país. 

“É preciso avaliar a utilização de médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior. Tem se mostrado uma necessidade de validar diplomas de quem se formou em medicina fora do país para atuar no enfrentamento da pandemia”. 

Ação integrada

Em videoconferência, os governadores pediram que o Ministério da Saúde trabalhe de forma integrada com os estados e municípios para combater o coronavírus e defenderam o isolamento social como medida de proteção. 

De acordo com o governador piauiense, Welllington Dias,  a integração entre todos os níveis de governo é extremamente necessária e defendeu o isolamento social como uma medida de proteção para evitar a rápida a disseminação do vírus. “Todos queremos sair rapidamente dessa crise e por isso temos que ter um plano estratégico. A vacina é a forma mas eficaz, porém ainda vai demorar para ser lançada. É necessário também maturar a utilização de um medicamento para todos os casos. Precisamos do isolamento social, por que que é a forma que tem demonstrado mais eficiente no momento”. 

O governador Wellington Dias pediu para que o ministro reforce com o presidente Jair Bolsonaro a necessidade de ajudar os estados. 

“Para sair mais cedo, precisamos ampliar a capacidade de atendimento. Somos um Sistema Único de Saúde. Queremos alcançar próximo de 600 leitos, entre UTIs e leitos clínicos, juntando público e privado”.

Já o governador maranhense, Flávio Dino solicitou pressa na liberação de respiradores, UTIs e equipamentos para os estados.

Segundo o governo, o ministro Nelson Teich ouviu todas as manifestações dos gestores, já que assumiu a poucos dias, e disse que quer manter um fluxo de trabalho contínuo e pediu que cada estado faço um levantamento do que foi solicitado ao Ministério da Saúde e ainda não foi cumprido.

“Vamos trabalhar juntos. Estou aqui para ouvir todos e contribuir no que pudermos.”

 

Flash Yala Sena (Com informações do governo do estado)
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Pelo Twitter, prefeito determina apuração de abordagem a comerciante

O prefeito de Teresina Firmino Filho usou as redes sociais para lamentar a abordagem contra um comerciante por descumprimento ao decreto que prevê o funcionamento apenas de serviços essenciais durante a pandemia. O lojista recebeu um 'mata leão' enquanto era algemado. Na sequência, o vídeo mostra ele no chão, supostamente, durante um ataque convulsivo. 

Pelo Twitter, o prefeito reconheceu que houve excesso durante a fiscalização e também pediu desculpas. Firmino Filho publicou ainda que determinou apuração da ação.

Por fim, o prefeito reforçou a necessidade de respeitar o isolamento social e o funcionamento apenas de serviços essenciais. 

Governador também se manifesta sobre o caso

Pelas redes sociais, o governador Wellington Dias também se manifestou sobre o caso e reforçou que não podem ser cometidos excessos. 


Graciane Sousa
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'Não sou coveiro', diz Bolsonaro sobre qual seria número aceitável de mortes por coronavírus

Foto: Alan Santos/PR

 

Enquanto defende a abertura de escolas e do comércio em meio à pandemia de coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não quis falar sobre qual seria o número de mortes que ele julga aceitável para defender essas medidas -desaconselhadas por órgãos de saúde.

Questionado pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (20) a respeito das mortes, Bolsonaro disse: "Eu não sou coveiro", e não quis mais falar sobre a relação entre a mortalidade da doença e medidas de restrição.

O Ministério da Saúde corrigiu dados que tinha divulgado mais cedo e afirmou que o país registrou 113 novas mortes por coronavírus nas últimas 24 h, e não o numero de 383, que seria recorde. Ao todo, são 2.575 óbitos no país por Covid-19.

Bolsonaro falou com a imprensa na noite desta segunda na entrada do Palácio da Alvorada. Em tom de anúncio, disse que havia conversado com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sobre a abertura das escolas cívico-militares e também do colégio militar na capital federal já na próxima segunda-feira (27).

O DF tem dez escolas cívico-militares e um colégio ligado ao Exército. Bolsonaro disse ainda defender a abertura de todos os colégios militares do país -são 13 unidades ligadas ao Exército. No modelo cívico-militar, a gestão é compartilhada com a PM ou bombeiros, mas a unidade é ligada à secretaria de Educação estadual ou municipal.

Bolsonaro disse que a abertura de escolas no DF seria um primeiro passo "no tocante à educação" e que os pais ainda estão com medo. Ainda não há definição final.

Governos de vários países determinaram o fechamento de escolas como forma de reduzir a infecção pelo Covid-19 por causa da concentração de pessoas provocada pelas aulas.

Questionado sobre a possibilidade de alta na transmissão ao abrir as escolas, Bolsonaro disse que não é médico, voltou a falar de economia e a pressionar governadores.

"O nosso ministro da saúde também é economista, coincidência ou não, é um bom nome para estar à frente do ministério", disse ele, que citou decreto do governo de Goiás que flexibiliza as restrições de circulação e relatou ter falado sobre o assunto com o o ex-ministro e deputado Osmar Terra (MDB-RS) -médico que defende isolamentos mais brandos.

"Também conversei com Paulo Guedes (Economia) hoje e o que acontece. A intenção nossa é ajudar [as pessoas que perderam renda com as restrições da pandemia], mas ajudar até quando? Os governadores têm que sinalizar também. E outra, é realidade, em média 70% vai [sic] pegar o vírus. Não adianta ficar fugindo dessa realidade, ninguém contesta esse percentual."

O presidente defende o relaxamento das restrições de circulação adotadas por governos estaduais, indicadas por órgãos de saúde, especialistas e também determinadas em praticamente todos os países que enfrentam a pandemia.

O presidente até trocou o ministro da Saúde para ter ao seu lado um nome mais alinhado com aquilo que defende. Saiu Luiz Henrique Mandetta, que defendia medidas de isolamento mais sérias, e entrou o médico oncologista Nelson Teich.

Bolsonaro disse que fez apenas uma indicação para a equipe do novo ministro. Questionado se defendia o general Eduardo Pazuello para o cargo de nº 2 da pasta, ele disse que a decisão era do ministro, mas elogiou o general.

"Vamos supor que seja ele, não é porque é general, é uma pessoa responsável por ter realizado a Olimpíada no Rio. É o homem que organizou a complexa Operação Acolhida, é um gestor fenomenal, mas quem vai decidir vai ser o nosso ministro".

PAULO SALDAÑA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

 

Covid: Piauí bate novo recorde e chega a 186 casos com 14 mortes

Foto: Claudio Furlan/Dia Esportivo/Estadão Conteúdo

Atualizada às 20h49

O Piauí voltou a bater recorde de casos confirmados de Covid-19 em um único dia: foram 28, no boletim divulgado nesta segunda-feira (20), pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). Mais duas pessoas morreram.

O recorde anterior era de 21 casos confirmados no dia 17 de abril. Agora são 186 testes positivos em todo o estado, com 14 mortes de pacientes infectados pelo novo coronavírus. 

No Piauí, o número de casos subiu em mais de 500% no intervalo de duas semanas - na última delas, o crescimento foi puxado pelo maior número de exames, com o início do uso dos testes rápidos no dia 13 de abril. 

Dos novos casos confirmados, 14 são mulheres e 14 são homens, com idades que variam de 17 a 95 anos. 

O número de municípios com pacientes infectados continua a crescer: Betânia do Piauí, Colônia do Gurgueia, Itaueiras (1 caso cada) e Miguel Alves (2 casos) entraram no mapa da Covid-19. Agora são 28 cidades com casos confirmados.

O número de casos confirmados em algumas cidades cresceu: São Raimundo Nonato e Piracuruca (5), Esperantina (3), Campo Maior e Floriano (2) tiveram novos registros nesta segunda-feira. 

 

 

Mais dois óbitos
Em Teresina, um senhor de 98 anos, sem histórico de doenças crônicas, faleceu na tarde desta segunda-feira. Foi a sexta morte por Covid-19 na capital - a primeira depois do início das medidas de isolamento social.

Outra morte foi confirmada pela Sesapi durante a noite, uma hora depois da divulgação do primeiro boletim do dia. Trata-se de um homem de 85 anos, que faleceu em hospital da rede privada. Ele tinha diabetes e doença cardiovascular.   

Foi o quarto dia consecutivo com registro de mortes de pacientes com coronavírus no Piauí - o que ocorre pela primeira vez desde o início da pandemia - Das 14 mortes, seis foram nos últimos quatro dias. 

Além das 7 mortes de Teresina, a Sesapi contabiliza duas mortes de pacientes de Parnaíba e um caso em Piracuruca, São José do Divino, Pedro II, Picos e Bom Princípio do Piauí. 

Fábio Lima
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Caixa antecipa cronograma e paga já nesta semana segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

O governo decidiu antecipar o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 mensais para trabalhadores informais.Os recursos estarão disponíveis a partir de quinta-feira (23), tanto para os beneficiários inscritos no cadastro único como para os que forneceram seus dados por meio do aplicativo da Caixa Econômica Federal.

Na quinta, receberão os recursos que nasceu em janeiro e fevereiro. Na sexta-feira (24), os nascidos em março e abril. No sábado (25), maio e junho. Na segunda-feira (27), julho e agosto. Na terça-feira (28), em setembro e outubro. E na quarta-feira (29), novembro e dezembro.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que a segunda parcela estava prevista anteriormente para ser paga a partir de 15 de maio, o que representa uma mudança de mais de três semanas no cronograma.

Segundo ele, a decisão pela mudança foi tomada depois que o governo observou dificuldades para receber da estatal Dataprev a base de dados para os pagamentos.

A Dataprev é responsável por verificar e informar à Caixa os cidadãos elegíveis e o valor do benefício, bem como informar os inelegíveis e o motivo da não aprovação. Após concluído o processo, as informações são encaminhadas ao banco para a efetivação do pagamento aos aprovados.

"Dado que temos uma capacidade de pagamento maior que o que estamos recebendo [em base de dados], podemos pagar mais rápido. Como não recebemos a base de dados, antecipamos", afirmou.

A segunda parcela está sendo antecipada mesmo com parte do público não tendo recebido a primeira. Nesse caso, informou a Caixa, novos pagamentos estão previstos para esta semana, sendo que 17,2 milhões de pessoas vão receber o primeiro pagamento entre os dias 20 e 25 de abril.

Até agora, mais de 50 milhões de pessoas fizeram o download do aplicativo da Caixa que opera o pagamento e mais de 40 milhões terminaram o cadastro. Ainda não há um número exato dos beneficiários do programa, já que os inscritos ainda devem passar pela análise de elegibilidade.

Enquanto isso, ainda há problemas para o recebimentos dos recursos. Há diferentes relatos de beneficiários que terminaram seus cadastros, mas ainda não receberam os pagamentos.

Reportagem do jornal Agora mostra que isso tem ocorrido mesmo em casos de cadastros aprovados. Em alguns casos, os trabalhadores não conseguem nem entrar em contato com a Caixa.

Guimarães afirmou que o tempo de espera para o depósito da primeira parcela, em virtude do processo de análise, pode ter levado a frustrações da população. Ele destacou, no entanto, que a antecipação do segundo depósito fará com que muitos dos beneficiários recebam em datas próximas duas transferências.

"Entendemos que essa espera é frustrante, mas uma boa notícia é que quando for receber, vai receber de uma só vez duas parcelas", afirmou. ?

O presidente da Caixa fez questão de mencionar, ainda, a complexidade da operação e o volume de operações sendo feitas. Mais de 24 milhões de pessoas já receberam o benefício, informou.

"Em duas semanas, o Brasil vai ter pagado a população inteira da Argentina, sendo que boa parte não estava em cadastro nenhum", disse.

A Caixa informou ainda que atualizou o aplicativo usado para a operação do auxílio, que agora contará com uma interface em formato de conversa com o beneficiário para evitar erros no cadastro. A atualização já está disponível para sistemas Android e deve ser disponibilizada para usuários da Apple ainda nesta semana. Até agora, foram 50,3 milhões de downloads do aplicativo.

Segundo a Caixa, também serão liberados mais de R$ 12 milhões em auxílio emergencial para beneficiários do Bolsa Família a ser pago de 20 a 30 de abril.

FÁBIO PUPO E RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) 

 

Bolsa resiste a queda do petróleo e fecha estável (-0,02%), a 78 972,76 pontos

No dia em que o contrato do petróleo WTI de maio, com vencimento na terça, 21, foi negociado abaixo de zero, o Ibovespa mostrou notável resiliência em sessão de vencimento de opções sobre ações. Assim, o principal índice da B3 neutralizou as perdas do dia, fechando praticamente estável (-0,02%), a 78 972,76 pontos, longe da mínima deste pregão espremido entre o fim de semana e o feriado nacional de Tiradentes. Em sessão pré-feriado brasileiro, os investidores costumam mostrar grau ainda maior de cautela, visto que os mercados do exterior estarão abertos amanhã.

O volume financeiro totalizou R$ 35,1 bilhões na sessão, com o Ibovespa tendo oscilado entre mínima de 76.942,89 e máxima de 80 105,99 pontos. Em abril, o índice passou a acumular ganho de 8,15%, mas ainda cede 31,71% no ano. Na sessão, apesar do derretimento dos contratos da referência americana de petróleo, os papéis da Petrobras tiveram desempenho melhor do que o de outras blue chips, como Vale e bancos. No fechamento, Petrobras ON e PN mostravam baixa, respectivamente, de 0,90% e 1,12%, enquanto Vale cedia 3,50% e Itaú Unibanco, 2,50%. Na ponta negativa do Ibovespa, Gerdau Metalúrgica caiu 3,70%, Embraer, 3,66%, e Gerdau PN, também 3,66%. No lado oposto, Cyrela subiu 8,85%, seguida por Magazine Luiza (+8,72%) e Localiza (+6,15%).

"Apesar de todo estresse na esfera política e a derrocada do petróleo, o Ibovespa recuou muito menos do que o mercado internacional, em vista da forte queda dos juros futuros, movimento que favoreceu em especial o setor de consumo e varejo", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, chamando atenção para o "tom muito dovish" do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em teleconferência pela manhã, na qual "reforçou o compromisso da autoridade monetária em oferecer fluxo de crédito, que é a principal preocupação do mercado neste momento."

Com participação perto de 10% na composição da carteira teórica do Ibovespa, as ações da Petrobras são correlacionadas ao Brent, a referência global que hoje, no vencimento para junho, fechou em baixa de 8,94%, ou US$ 2,51, a US$ 25,57 por barril. A queda livre do contrato para maio do WTI, a referência americana, assim como forte depreciação do contrato para junho, refletiu o "esgotamento de uma estratégia do presidente Donald Trump de comprar e estocar o petróleo disponível para dar alguma sustentação aos preços", observa Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, em atuação que se impôs aos EUA desde que a Arábia Saudita anunciou, no início de março, descontos e aumento da oferta quando a demanda global já estava colocada em dúvida pela pandemia do novo coronavírus.

Mesmo que neste mês tenha se chegado a acordo na Opep+ quanto ao nível de oferta, o estrago já estava feito, diz Arbetman, na medida em que a demanda americana segue enfraquecida pelo "lockdown" - a suspensão de atividades não essenciais em grande parte do país. Enquanto a reabertura da economia americana segue como um plano de intenções distribuído por três fases, a perspectiva de recuperação da referência americana de petróleo permanece incerta. Hoje, o principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que a intenção do governo é iniciar a reabertura em 1º de maio, se as condições médico-sanitárias assim permitirem.

Além do vencimento de opções sobre ações nesta segunda-feira, que contribuiu para que tanto a ON como a PN de Petrobras mostrassem resiliência na sessão, o fato de a receita da petrolífera brasileira ter mais exposição ao consumo doméstico do que à demanda externa também ajuda a entender o comportamento, no mesmo dia em que a empresa anunciou novo corte de preços nas refinarias este ano. "Na Petrobras, 70% da receita vem do mercado doméstico e 30% do externo, dos quais dois terços correspondem à demanda da China, que há duas semanas voltou a comprar, com a reabertura de sua economia depois do coronavírus, embora ainda não nos mesmos níveis de antes", aponta Arbetman, acrescentando que a recuperação da economia chinesa parece se desenhar em forma de V.

Por Luís Eduardo Leal
Estadão Conteúdo

Técnica no Equador, Emily trabalha em meio ao caos do coronavírus

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Emily Lima, 39, já nem assiste mais à televisão. A técnica da seleção feminina de futebol do Equador, no cargo desde dezembro do ano passado, tem procurado evitar o noticiário, que basicamente repete todos os dias o drama vivido pelos equatorianos na luta contra a pandemia do coronavírus.

Nesta segunda-feira (20), as autoridades de saúde do país informaram que a Covid-19 superou a marca de 10.100 casos no território nacional. Do total de registros, mais de 6.900 estão concentrados na província de Guayas (68%), cuja capital é Guayaquil, cidade mais populosa do Equador, com cerca de 2,7 milhões de habitantes.

As imagens de corpos deixados nas calçadas e casas à espera do serviço funerário correram o mundo e preocuparam familiares e pessoas próximas da treinadora, que recebeu uma enxurrada de mensagens perguntando sobre sua situação.
Emily tratou de tranquilizar todos, já que o quadro onde vive, na cidade de Cumbayá (distrito rural de Quito), é bem mais otimista.

Apesar de ser a segunda região mais afetada, a província de Pichincha, onde fica a capital do país, soma pouco mais de 800 casos.

"O problema maior está sendo em Guayaquil. Eu acredito que as pessoas não levaram muito a sério as medidas que foram adotadas. Aí foi onde se agravou muito a situação do coronavírus. Nas outras cidades está tranquilo, as pessoas estão se cuidando bem mais. Nós, eu e a comissão, estamos em Quito e aqui estamos bem", diz a técnica em entrevista.

O país registra oficialmente 507 mortes de pessoas que testaram positivo para a doença. Outros 826 mortos foram contabilizados com suspeita de contágio.

Com a escalada de casos, especialmente em Guayaquil e arredores, o governo equatoriano aumentou as restrições à população. O uso de máscaras nas ruas tornou-se obrigatório e é necessária uma autorização para poder sair de casa.
Emily conta que tem feito suas compras essenciais com a ajuda de aplicativos de entrega. Quando precisa ir à rua, fica atenta ao toque de recolher, que vai das 14h às 5h.

"Eu saí uma vez para ir ao mercado, porque os aplicativos estavam todos lotados. Na semana em que eu saí, foi decretado que era proibido sair na rua sem a máscara. E eu saí sem, não sabia. Quando eu cheguei ao mercado, as pessoas começaram a me olhar estranho, a perguntar por que eu estava sem máscara. Peguei minhas coisas, paguei a conta e fui embora rápido. Senão poderia pagar multa, ir presa", relata.

Há cinco meses no comando da equipe feminina do Equador, a ex-treinadora da seleção brasileira ainda está tentando conhecer suas atletas, um processo que ficou mais complicado em razão da pandemia.

No mês passado, Emily e sua comissão técnica estavam na Argentina com o time sub-20 quando a organização do Sul-Americano da categoria suspendeu o torneio, que estava em andamento. Em abril, disputariam o sub-17 continental, adiado para o fim de agosto.

De seu apartamento, cedido pela federação equatoriana, a técnica mantém contato com seus auxiliares por Whatsapp e Skype. O assistente técnico Filipe Souza, o prepador físico Alexsander Dickinson e a analista de desempenho Camila Aveiro, que viviam no centro de treinamento da entidade até a eclosão da pandemia, foram transferidos para um hotel.

A equipe faz reuniões remotas todas as sextas-feiras para analisar os jogos da seleção sob o comando de Emily e também para um balanço da situação física das jogadoras, um monitoramento realizado junto aos clubes que as atletas defendem.

"O trabalho, de alguma forma, não pode parar. Precisamos manter o 'feeling' de comissão. Já tínhamos feito toda a programação de treinos da sub-17, semanalmente. Agora estamos revisando os jogos do Sul-Americano sub-20, que tinha muitas atletas com idade sub-17. É uma mudança de cronograma muito grande", afirma Camila Aveiro, analista de desempenho.

A federação tem mantido o pagamento dos salários aos brasileiros, mas Emily acredita que em algum momento a entidade poderá oferecer algum tipo de acordo para reduzir os valores. "E nós entendemos essa situação", diz.

No contrato fechado no fim do ano passado, também estava prevista para o meio do ano a transferência de toda a comissão técnica de Quito, onde fica o centro de treinamento, para Guayaquil, sede da federação. A situação difícil na cidade da província de Guayas, porém, deverá adiar a mudança.

Sem previsão de retorno às atividades ou de relaxamento das medidas de isolamento social, Emily trabalha com a possibilidade de estar em campo com a seleção equatoriana nas datas Fifa de junho, o que será sua primeira experiência de fato com a equipe principal. Enquanto isso, ela mantém o trabalho remoto com os auxiliares e tenta se distrair em casa com leituras e séries.

"Nossa senhora, sinto falta demais [do campo]. Mas você começa a ler, a estudar e o tempo passa. Mais para o fim da tarde ligo meu Netflix e assim está sendo a vida por aqui. Uma rotina bem diferente. Não é fácil, mas a gente acorda todos os dias pensando que pode melhorar", completa.

BRUNO RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

 

Teresina tem queda no isolamento social; veja bairros com menor índice

Um comparativo entre os dados das duas últimas semanas no Sistema de Monitoramento do Isolamento Social aponta queda no percentual de adesão da população ao recolhimento domiciliar. 

No gráfico de percentual, todos os dias da semana tiveram índice de isolamento abaixo do registrado na semana anterior, mesmo com as duas sextas-feiras consideradas feriado na cidade. A variação é maior nos últimos dias da semana. Nas sexta-feiras a queda no isolamento chegou a 10%.   

Foto: PMT

"A população, aos poucos, está relaxando com relação ao isolamento social", afirmou Eduardo Aguiar, analista de sistemas que está coordenando os dados.

Os percentuais são monitorados diariamente, pela Prefeitura, através de um sistema de georeferenciamento da startup recifense InLoco. O aplicativo avalia os índices através de uma identificação de quando as pessoas de uma determinada região se afastam mais de 450 metros de suas residências.

Bairros que mais quebram o isolamento

O mapeamento também revela os bairros em que mais há quebra no isolamento. Bairros como o Gurupi, Santo Antônio, Cabral, Ilhotas e  Ininga estão entre os que mais desrespeitam a determinação de isolamento. A zona Sudeste é a que mais desrespeita a medida, segundo o levantamento. 

Foto: PMT

“É importante que as pessoas sigam as orientações dos técnicos da área da saúde e permaneçam em casa. Só assim a gente vai impedir o avanço do coronavírus”, aconselhou Eduardo Aguiar.

Denúncia

O cidadão pode denunciar estabelecimentos que estejam funcionando irregularmente através dos números 153, (86) 3215-9317 ou falar diretamente com o WhatsApp da Guarda Municipal, por meio do número (86) 99438-0254.

Valmir Macêdo
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Estudos tentam entender como coronavírus atinge crianças e adolescentes

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Desde que o novo coronavírus começou a fazer vítimas pelo mundo, ficou claro que os maiores alvos eram idosos e pessoas com doenças crônicas. No Brasil, até o domingo (19), houve 2.462 mortes e 38.654 casos confirmados, a maioria (73%) de pessoas com mais de 60 anos.

Há, porém, casos intrigantes de contágio e mortes de crianças e adolescentes, e cientistas tentam entender como a infecção se dá nos mais jovens e por que (ou se) se eles seriam menos afetados.

Um grupo de pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, publicou em 17 de abril na revista científica Journal of Public Health Management & Practice um novo estudo em que estimam que para cada criança com a Covid-19 que precise de cuidados intensivos existam 2.381 infectadas pelo vírus.

O grupo estima que existam mais de 176 mil crianças infectadas nos EUA, uma vez que os registros americanos indicam que 74 crianças precisaram ser internadas em UTIs pediátricas. Quase metade dos hospitalizados (46%) tinha entre 12 e 17 anos. O tempo médio de permanência dos pacientes com menos de 18 anos nos hospitais, segundo o estudo, é de 14 dias.

Um outro estudo, realizado em Madri, na Espanha, durante as duas primeiras semanas da epidemia no país examinou crianças que passaram por 30 hospitais até o dia 16 de março. Na ocasião, das 4.695 pessoas com a doença confirmada em Madri, apenas 41 eram crianças. Dessas, 25 foram hospitalizadas (60%) -quatro delas foram internadas em UTI e outras quatro precisaram de aparelhos respiradores. Nenhuma das 41 morreu.

Nos dois casos, o problema parece ser a subnotificação, com testes feitos apenas nas pessoas com quadros mais graves de Covid-19.

Outra pesquisa, realizada na China e publicada pela Academia Americana de Pediatria em 1º de abril, analisou a infecção por coronavírus de 728 crianças com idade entre 2 e 13 anos para buscar entender como os mais jovens são afetados pela Covid-19.

O principal resultado observado pelos pesquisadores foi a confirmação de que as crianças são, sim, suscetíveis ao coronavírus e que mais de 90% dos jovens apresentaram casos assintomáticos ou com sintomas leves e moderados.

Além disso, o tempo médio entre o início da doença e a confirmação da infecção foi de dois dias, período ao qual se seguiu redução constante dos sintomas e melhora gradual do quadro clínico.

Ainda não se sabe o que leva as crianças morrer por causa do novo coronavírus. Há mais estudos sobre as razões pelas quais os mais novos são menos suscetíveis ao Sars-CoV-2.

Uma das hipóteses que explicariam a Covid-19 em crianças, levantada por Graham Roberts, diretor do David Hide Asthma and Allergy Research Centre no Reino Unido e consultor da Universidade de Southampton em entrevista à BBC, é que elas poderiam ter menos receptores da enzima angiotensina 2 (ECA-2) na superfície das células.

A ausência dessa enzima nas vias aéreas inferiores explicaria por que crianças manifestaram apenas sintomas leves e moderados observados nas vias aéreas superiores (boca, nariz e garganta).

A infectologia da Unifesp Sandra de Oliveira também cita essa possibilidade, mas ressalta que não há nada na literatura médica que comprove a tese.

"Cada vírus tem um caminho pelo organismo. Ao circular pelo sangue, o vírus encontra o seu alvo, que é célula que expressa uma proteína a qual ele pode se ligar. A expressão dessa proteína poderia ser diferente [em crianças e adultos]", diz.

Até o momento, o consenso é de que os casos de infecção em crianças são subnotificados, e que a principal ferramenta para conter a disseminação da doença, uma vez que os mais novos tendem a ser assintomáticos, é o isolamento social.

"Nos EUA, as escolas são rapidamente fechadas durante surtos de H1N1, por exemplo, para que as crianças não levem o vírus para casa. Avós que cuidam de crianças costumam ter infecções graves e pneumonia com maior frequência", explica Campos.

Por isso, autoridades sanitárias, incluindo o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendam que os pais não deixem seus filhos com os avós, que integram o grupo de risco devido à idade.

Outra possibilidade sugerida por Roberts para explicar a baixa incidência de Covid-19 em crianças é que as muitas vacinas aplicadas durante a infância, associadas ao desenvolvimento do sistema imunológico, ajudariam a fortalecer o organismo das crianças contra novas infecções. Nos adultos ocorre a imunossenescência, um envelhecimento natural do sistema imunológico e que atrapalha a defesa do corpo contra vírus novos.

Apesar de ser natural, o enfraquecimento do sistema imunológico também pode ser provocado pelo próprio paciente a longo prazo, como no caso dos fumantes, por exemplo.

Campos diz não acreditar nessa possibilidade e explica que o número de infecções respiratórias em crianças é frequente e às vezes elas podem ser bastante graves.

Ela sugere, em contrapartida, que os mais jovens possam ter uma resposta inflamatória diferente dos adultos, o que explicaria por que é mais comum agravamento da condição clínica dos mais velhos com inflamação das vias respiratórias inferiores, como o pulmão.

Mortes no Brasil e no mundo Levantamento feito pela Folha mostra que foram noticiadas, por sites de notícias de língua inglesa e portuguesa, 25 mortes de crianças e adolescentes no mundo. Dentre as mortes noticiadas no mundo, 15 foram de crianças com menos de dez anos e 8 de bebês com menos de um ano.

No Brasil, até a terça (14), seis pessoas com menos de 19 anos morreram vítimas do coronavírus, segundo o Ministério da Saúde, mas a pasta não informou quantas têm menos de 18 anos, a idade e o gênero de cada uma das vítimas e onde as mortes foram registradas.

O levantamento realizado pela Folha de S.Paulo indica que há ao menos sete mortes de pessoas com menos de 18 anos no Brasil, a maioria (5) na região Nordeste. Foram registradas, até esta quinta (16), uma morte no Rio de Janeiro, uma em Roraima, uma no Ceará, duas em Pernambuco e duas no Rio Grande do Norte.

Em Roraima, um jovem ianomâmi de 15 anos morreu após contrair o coronavírus. Ele morava e estudava uma comunidade do município de Alto Alegre.
Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde disse à reportagem que um jovem de 15 anos, que vivia em São Lourenço da Mata, foi vítima do coronavírus. No estado, no último dia 12 de abril, morreu um bebê de sete meses que tinha síndrome de Down, hipertensão pulmonar e cardiopatia.

No Ceará, uma bebê de apenas três meses morreu após contrair a Covid-19. Ela tinha síndrome de Bartter, uma doença crônica rara que reduz o potássio no sangue, causando fraqueza, vômitos e dificuldade para respirar. Já no Rio Grande do Norte, morreram um bebê de um ano e sete meses e um recém-nascido prematuro, com apenas quatro dias de vida.

Na quinta (16), a Prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou a morte de uma jovem de 17 anos por causa do coronavírus. Kamilly Ribeiro ficou 20 dias internada no CTI do Hospital Moacyr do Carmo.

 

Fonte: Folhapress

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