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Medicina em foco: Saúde da População Lgbti+ (Entrevista)

De acordo com o acadêmico de medicina, João Paulo Veras Nascimento,  o cuidado, atendimento e atenção à  saúde da polução lgbti+ deve englobar uma visão multifatorial para lidar de forma mais complexa com bem-estar biopsicossocial do segmento da diversidade sexual.

O graduando  também reflete como aspectos específicos das vivências e experiências  sociais e culturais  das mulheres lésbicas   acabam por influenciar nos processos de adoecimento e, consequentemente, na qualidade de vida deste público.

 João Veras cursa o 6º ano de medicina na Universidade Federal do Piauí  e já dirigiu a liga de nefrologia da UFPI-LANEF. Também é bolsista na maternidade Dona Evangelina Rosa. Como trabalho de conclusão de curso realiza pesquisa cujo o tema é: Experiências de Homossexuais sobre a sexualidade diante do processo de envelhecimento em Teresina/PI.

A seguir mais detalhes da entrevista.

 

Pergunta:        Como as situações de preconceito e discriminação sociocultural bem como a  violação de direitos da população LGBTI+ impactam para os adoecimentos destes segmentos?

Resp: Antes de tudo, precisamos entender o conceito de Saúde proposto pelo Ministério da Saúde em que para ter saúde é necessário o acesso à educação, emprego, moradia, alimentação, lazer e transporte, incluindo o próprios serviços de saúde. Então, o ministério afirma que o preconceito, estigma e discriminação culminam na violação dos direitos humanos, em destaque, o direito à saúde, à dignidade, à não-discriminação, à autonomia e ao livre desenvolvimento.

Ainda é importante ressaltar que o ausência de apoio familiar, a dificuldade em assumir um trabalho, a lgbfobia no convívio social acaba por vulnerabilizar, por exemplo, o adoecimento para mulheres lésbicas. O uso abusivo de substância nocivas à saúde e alto índice doenças crônicas também tem relação  com essa situação lgbtfóbica.  Decorrente desse cenário,   universo lésbico  subutiliza  serviços de saúde, potencializando doenças como câncer de mama e colo do útero. Além disso, resulta em casos de depressão, ansiedade e outras formas de sofrimentos psíquicos no universo das mulheres lésbicas.

Já público gay vivencia com constância o   preconceitos no  contexto social, resultando  em uma imagem autodepreciativa que desencadeia nesses indivíduos  indagações sobre o próprio valor pessoal e, em casos extremos, homofobia internalizada.

O segmento de   travestis e  transexuais sofre alto nível de estigma, preconceitos  discriminações no âmbito familiar, no mercado de trabalho, no acesso à escola. É uma realidade propiciadora para   sofrimentos psicossociais, depressão, transtornos alimentares e tentativas de suicídio.

 

Pergunta: Segundo a OMS, a conceito de saúde é assim definido como situação de bem-estar físico, mental e social. A partir dessa consideração, você percebe que desigualdades socioeconômicas, étnico-raciais, gênero e outras iniquidades comprometem a vivência de uma saúde justa para público LGBTI+?

 

Resp: Comprometem consideravelmente. Ao observamos o modelo de saúde praticado no atual cenário brasileiro percebemos o enfoque das ações na doença e seu tratamento, traços marcantes do modelo biomédico. Sendo assim, são raras as ações observadas em busca do entendimento do ser humano no seu aspecto global, avaliando cuidadosamente todos os determinantes em saúde. Um bom acolhimento, ser tratado pelo seu nome social, entender as condições financeiras são fatores essências para a criação do vínculo usurário-serviço de saúde, desencadeando uma maior busca pelos serviços de saúde, continuidade de tratamento e prevenção de agravos. 

 

Pergunta: Quais caminhos são necessários para promover Política Integral de Saúde para população lgbti+ no sentido de assegurar inclusão, respeito, atendimento humanizado?

Resp: Para uma mudança efetiva no cenário de saúde brasileiro, ao ser considerado as minorias sociais, é necessária uma mudança na forma de se pensar em saúde e o agir dos profissionais desses setores. Tendo a minha formação como referência, pouco tive contato com disciplinas que tocassem a respeito desse tema, apesar de termos professores e colegas de curso LGBTQIA+, sendo assim, acredito que os profissionais precisam ser capacitados para lidar com essa população específica e, de preferência, ampliar a discussão sobre a temática em sala de aula. Nesse contexto, faz-se de suma importância a participação de toda a equipe de saúde para o entendimento das vulnerabilidades sociais e na criação de meios que permitam o acesso aos serviços de saúde.

 

Por Herbert Medeiros

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