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Discursos de ressentimento na redes sociais e autoritarismo nas interações sociais têm longa história

Uma mentira dita mil vezes será sempre mentira. Uma narrativa de mentiras e ações criminosas, conforme próprio STF aponta no inquérito de fake news,  vem se construindo desde 2018 como   política de ódio, incitação à polarizações e fabricação de inimigos imaginários para vender o kit de intervenção: autoritarismo, perseguições aos opositores, sucateamento das políticas públicas e outras ilegalidades.   

Para forças políticas submissas aos grupos econômicos e financeiros,  o  ano 2018, precisava fabricar o inimigo: produziram o antipetismo, falaram em uma guerrilha marxista, empurraram goela abaixo  veneno  para cegar e calar   qualquer debate sobre políticas de austeridade visando  tirar dos pobres para transferir pra ricos; silenciaram sobre reformas tributárias distribuítivas; abafaram meios para pensar em discutir a qualificação  da educação pública; fecharam olhos para propostas de melhorar SUS bem como políticas racionais e inteligentes de enfrentar problema da segurança pública e da geração de renda etc. 

A  senha para mobilizar as massas estava dada:  produzir medos, tocar terror, falar em antipetismo, falar em pautas moralistas e reacionárias  à exaustão.   A questão é: a quem interessa antipetismo e discurso moralista? Quais empresários também patrocinaram/patrocinam  há décadas tal antipestimo e qualquer  pauta de pensar outras alternativas fora da ortodoxia das austeridades, do neoliberalismo de  Estado forte para empresas e bancos ? Quais lobbys  financiaram política de fabricar medos, bodes expiatórios e comercializar o pacote ‘solução’ para exorcizar as 'forças do mal fabricada'?

 Então, é notório   que  interesses bem organizados e articulados se mobilizaram/mobilizam  para faturar com antipetismo e temas moralistas postos na arena pública : os teólogos da prosperidade sedentos por verba pública, velhas raposas da política - DEM, PP, MDB e cia - empresários em estado de quase convulsão pra aliviar sonegação, investigações, perdão de dívida, liberação geral da boiada; setores do agronegócio predador para  rasgar normativas de proteção/preservação ambiental.

Isso dito, ressalte-se: não é imperativo alguns apressados e incendiários já proclamarem que se está  isentando  o PT e aliados em fazer  autocritica, em prestar conta  para sociedade e ordem jurídica das acusações de  enriquecimento ilícito,  em se reinventar  e deixar  fisiologismo  rasteiro que tanto combateu.  

E sim, corrupção também é veneno a ser combatido, mas deixar de fora o modo  como sistema econômico dominante - já antes citado -  vem  há séculos corrompendo instituições,  é enterrar a cabeça para não ver o óbvio.

Podemos  voltar  mais no tempo para ver como  as mentiras  e  discurso de ódio é carta da manga para alimentar as massas que buscam qualquer réstia de saída para milhões de vida jogadas às margens das riquezas econômicas e sociais. Anos antes do golpe militar, o discurso de criar inimigo e indicar a  ‘moral e bons costumes’ serviu como moeda de troca pra sedimentar anos infelizes da nossa história. .

 Anterior ao golpe,  grupos religiosos, empresariais, midiáticos, militares, lobbys ultras reacionários  se mobilizavam com campanhas de difamação, produção de mentiras (olha ai as fake news), destruição de reputações com objetivo de desestabilizar governo Jango ou quaisquer grupos políticos e sociais simpáticos aos governo Goulart.

 

 

 

A Ditadura floresceu nesse amontoado do  autoritarismo brasileiro que deixa rastros no passado e presente:  semear ódio, medo, terror, polarização e fabricar ideias conspiratórias para vender kit  antidemocrático e  contra ao Estado de Direito:   rasgar direitos trabalhistas, precarizando força de trabalho, privatizar tudo e jogar ónus nas costas dos precarizados pela mercado – Estado Máximo para elite financeira, Estado mínimo pra pobre e classe média.

 

 No tocante ainda aos discursos que  atacam partidos de esquerda, centro-esquerda,  movimentos sociais e  narrativas  diferentes do autoritarismo vigente,  antes da era das redes sociais e discursos de ódios potencializados nestas mídias,  já tínhamos  uma larga produção em massa  de um ‘jornalismo’ tradicional pautado no ressentimento e intoxicado com ideia de aniquilar e silenciar visões de mundo contrárias ao status dominante.  

Conglomerados midiáticos também contribuíram e muito com    atual estado de autoritarismo e desorganização institucional da ordem democrática sucateada.    Desde anos 80 revista Veja já cuspia ódio contra organizações sindicais,  trabalhadores/as rurais organizados/as, lutas de grupo urbanos e movimentos sem teto e outros agentes sociais.

Nos anos 90, era   do governo Fernando Henquique/PSDB,   revista Veja  continuou a produzir  de forma patológica  capas e discursos de ódio contra quem se opunha ao modelo neoliberal vigente.  Estadão, Globo e  outros veículos também insuflaram,  demonizaram e envenenaram mentalidades contra partidos e grupos discordantes. Como se vê antipestismo e discursos de ódio  têm longas raízes.  

 Discursos da grande mídia deveriam fazer autocrítica – que é quase impossível, por razões óbvias -  por também contribuirem com  fake news e seus efeitos corrosivos e explosivos para democracia durante campanha de 2010. Naquela época  José  Serra(PSDB) fabricou  fake News aos montes,  exibindo   barrigas de mulheres grávidas e disseminando terror sobre interrupção da gravidez e outras mentiras repulsivas  disseminadas de forma vergonhosa para atiçar eleitorado fundamentalista religioso.   Folha de São Paulo e  grandes jornais mergulharam de braçada  nessa campanha e semearam conteúdos contendo submundo do sensacionalismo e  destruição de reputações.

Nem se fala como Lava-Jato e 'jornalismo' hegemônico, na sina de combater corrupção,   espremeram os fatos até fabricarem  falsos profetas que viriam ‘solucionar’ nossos males – ops, aprofundar nossos fossos de desigualdades, de racismo estrutural, de política genocidas.

Se por uma lado, a cobertura midiática desnudava  como Lava Jato   mostrou modus operandi da  corrupção é realidade  sistêmica, revelando  que o    mundo empresarial jorrava  dinheiro para  setores políticos. Dessa simbiose,  parasitavam  o  Estado  com  projetos socioeconômicos das elites dominantes.  

 Por outra lado, a seletividade da grande mídia em atenuar  a corrupção de outros agentes empresariais bem como calar frente aos abusos e perseguições das ações lava-jatista, revelou-se que no DNA da operação também nascia  ódios, sentimento de vingança e  desestabilização do sistema jurídico, passando trator  por  cima da constituição,  do código da masgistratura, dos procedimentos jurídicos de ampla defesa, , da interação promiscua ministério público e judiciário.

Mas sempre é possível construir outras  narrativas para além da polarização infertil que tentam nos impor. Narrativas pautadas em: democratizar mais a democracia; defender bens comuns da natureza e de vida ecológica, respeitando fluxos naturais e práticas de produção agrícola e pecuária não desagregadores dos ecossistemas.

Construir narrativa para  mais empoderamento de mulhres, negros/as, lgbti+, populações tradicionais. Narrativas de participação ativa, com vez e voz, do segmentos sociais na regulação de negócios, tecnologias e relações de trabalho produtoras de desigualdade, injustiças e desequilíbrios ambientais. Não nascemos para ser submisso   ao mercado ou qualquer crença que reduz o humano à servidão e escravidão. ReXistir sempre foi imperativo de quem sabe que a história se faz por caminhos de enfrentamento e  desconstrução das narrativas hegemônicas.   

Por Herbert Medeiros

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