A presença no espaço público de pessoas lgbtiq+ expressando com orgulho sua orientação sexual ou identidade de gênero é fruto de um processo de construção pavimentado nas interações educativas, nas práticas socioculturais e no diálogo plural para superar camadas pesadas de preconceitos, estigmas e discriminações acumulados ao longo do tempo.
A começar pela estrutura mental e moral dos modelos familiares pautados em negar, silenciar, esconder e produzir violências pra filho/a lgbts, mutilando em sua existência. Foi e é ainda necessário continuar diálogos e aprendizagens socias para proporcionar aos ambientes familiares condições de repensar e ressignificar interações afetivas mais acolhedoras.
Instituições do Estado, do ambiente empresarial, da vida escolar e acadêmica também expressaram e expressam cotidianamente palavras, olhares, gestos, posturas de silenciamento, atitudes de segregação e ações para dizer explicitamente aos lgbts: fica no seu lugar, não dá bandeira, se contente com migalhas.
A desumanização e desprezo social ecoados nessas práticas e discursos atravessa toda estrutura psíquica e emocional dos lgbts produzindo consequências desastrosas .
Por isso há mais 50 anos a mobilização para sair do armário e afirmar o Orgulho de SER O QUE É. Foi preciso reordenar e definir novos lugares para dizer que existimos e somos parte da produção das riquezas materiais, dos bens culturais e valores democráticos levantados com nosso trabalho, nossa inteligência, nossas competências emocionais, intelectuais e socioeducativas.
O corpo e as expressões múltiplas da existência lgbtiq+ serão sempre um ato político para ocuparem a cena pública: na arte, tecnologia, produção científica, literatura, espaços empresarias e outras esferas. Somos agentes históricos e lutamos de forma árdua pra conquistar vez e voz.
Por Herbert Medeiros