Carta aberta para a vida,
Um chamado ecumênico e carinhoso para a defesa da vida
Otacílio Batista Netto
Emídio Matos
Carta aberta para a vida,
Um chamamento a responsabilidade cidadã
A minha, a sua, a individual de cada um,
A coletiva, a de todos os uns
A responsabilidade de hoje a noite
E a de amanhã de manhã, a nossa de todos os dias
Convidamos a todas as autoridades
A todos os poderes constituídos
A todas as universidades, a UFPI, a UESPI, o IFPI, a Embrapa, as particulares, seus mestres, doutores, pós-doutores
Convidamos nossos colégios, o Colégio das Irmãs, o Dom Barreto, o Diocesano, o Liceu, todos
Convidamos o mercado velho, nosssos mercados municipais,
Convidamos nossas praças, o calçadão, nossas comidas típicas
Todas as cidades do interior que aqui chegaram e chegam
Convidamos todo o povo negro e indígena,
Esperança Garcia, Mandu Ladino
Convidamos o povo do Piauí
De quem emana o poder mais legítimo, e ainda assim, mais invisível
Convidamos nossos homens e mulheres, nossos mestres
Amadeus, Tonis, Gabrieis, os cordeis dos violeiros de Teresina, os santeiros
Pedimos a benção das águas dos nossos rios Parnaíba e Poti, que se encontram aqui e não nos deixam mentir
Convidamos o mano crispim, o cabeça de cuia, num se pode,
Convidamos com máximo respeito Nossa Senhora das Dores, São Benedito, Frei Serafim, Dom Severino, Dom Avelar Brandão Vilela, o Motorista Gregório,
Convidamos os evangélicos e todos os povos de terreiros, Erês, Cosmo e Damião, pretos velhos, sacis, da Santa Maria da Codipi ao Angelim
Convidamos todos os espíritas, agnósticos, ateus
Convidamos a poesia de Torquatos, os Paulos Machados, Hgdobais, Cineas, Validuatés, Danilos, Claras, Moisés, Eevestrés, Thiagos és
Reverenciamos Abraães, Cornélios, Raimundos, o suco, o pão, o canto lírico
Convidamos os que creem na força da vida
Convidamos todos os que nasceram aqui, e os que aqui, depois chegaram
Edificaram suas vidas, seus amores, suas dores, gostando ou não de cajuína
Convidamos todos os bairros, dos vales do gavião, do avião, do vale quem tem, a quem nada tem,
Somos muitos, do povo dos palácios aos que tem como lastro, as ruas
Convidamos Amarilis, Joaquins, Amparos, Lianas, Dadás, Tatianas, Jaciras (nossa guerreira que partiu ontem-hoje)
Honremos nossos teresinenses, grandes e pequenos,
O pequeno Pedro Malta Ramos, filho de nossa colega Denise,
O grande José Ivaldo e suas lutas por tantas vidas no SAMU
Convidamos as minas e os manos
Cada vida vale
Cada vale tem muitas vidas
Na Chapada do Corisco
Onde o som e a luz é trovão e relâmpago
Toda vida é para ser bem vivida
Carta aberta a vida
Por alguns dias, os próximos dias durante esta pandemia
Onde ainda não temos a quantidade de vacina que precisamos
Os hospitais e seus trabalhadores, por mais que lutem e lutam muito,
Tem limites claros e estes limites já chegaram
Não temos muitas margens de atitudes a serem tomadas
Resssignifiquemos a luta
O que precisa ser feito nas UBSs e nas UPAs
Por algum tempo restrinjamos a nossa cidade ao que for estritamente essencial
Deixemos apenas, comida, remédio, transporte e saúde
E um pouquinho mais do que não pode faltar
Defendamos a vida, cuidemos de todas as vidas
Não paremos por parar
Não abandonemos o que não pode ser abandonado
Sejamos coletivamente responsáveis
Existamos no coletivo
Que a fome seja cuidada
Que o auxílio esteja onde for preciso
Se a ciência vale, para de algum modo melhorar nossas vidas
Se a ciência vale, para dar de algum modo mais e melhores explicações
Se a ciência pode ser cúmplice da vida
Que não se cale, pede humilde: para Teresina
Para tu
Para ele
Paremos nós, parai vós,
Parem todos
Paremos todos por um tanto de dias
E não descansemos enquanto precisarmos levar ar, remédio, comida, alento
Para todos os que precisam.