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Comunidade Boa Esperança lança Museu Virtual: memória, lutas e ReXistência

Pedaços de histórias, fragmentos de memórias, imagens, símbolos, formas de tijolo, telhas, pedaços de barros, bicicletas. Cada peça conta uma história e cada história se liga a outra formando um mosaico rico na paisagem da zona norte de Teresina. Como forma de manter vivas as suas táticas de reExistências, a comunidade da Boa Esperança lança o Museu Virtual, se agregando ao museu físico e itinerante que já existe na localidade. O lançamento da plataforma aconteceu neste sábado, 05 de junho, às 18h, no youtube e facebook.

Além de uma ferramenta de luta, o Museu Virtual da Boa Esperança é resultado da construção coletiva dos próprios moradores da região. A partir do esforço e contribuição deles foi possível a construção do acervo do Museu com objetos, ferramentas de trabalho, símbolos da cultura e da arte dos povos e comunidades tradicionais da região das Lagoas do Norte.

O Museu surge dentro de um movimento ativo de resgate da memória coletiva, de fortalecimento das raízes e das culturas comunitárias atingidas e ameaçadas de remoção pelo Programa Lagoas do Norte (programa da Prefeitura de Teresina patrocinado pelo Banco Mundial). Esta ação se contrapõe à história oficial contada de Teresina, que não  preservou ou narrou a memória de seus povos e comunidades tradicionais, população negra, indígena e empobrecida que construíram esta cidade. Também é uma forma de dizer que a riqueza das lagoas do norte são seus moradores que se negam a deixar suas casas e modos de vida por conta de um projeto desenvolvimentista.

O Museu Virtual da Boa Esperança tem importância ímpar pois se propõe, na construção coletiva, em contar as histórias e memórias coletivas dos vazanteiros, rezadeiras, pescadores, oleiros e ceramistas, bordadeiras e antigos vaqueiros, descendentes das primeiras e primeiros a povoar a região que veio a originar Teresina.

 

O que tem no Museu?

No Museu da Resistência da Boa Esperança você encontra além de peças do museu físico (fotografias), também histórias de vida, produção audiovisual, notícias, produção acadêmica, poesias e cartas da comunidade.

A comunidade busca eternizar a vida e sua inalcançável riqueza cotidiana como forma de resistir contra o apagamento ou mesmo destruição de seus lugares de pertencimento. O Museu é dividido em editorias que buscam apresentar os cotidianos de luta desta comunidade que se autorreconhece como tradicional e quilombola. Neste caso, você vai encontrar as culturas do bumba meu boi, dos pescadores, oleiros (trabalhadores que usam o barro), vazanteiros, casas de santo, capoeira e tudo mais que reExiste e se reinventa na comunidade.

Citamos alguns artistas que contribuíram com o Museu, tais como Ronald Moura, Maurício Pokemon, Luciana Leite (LuRebordosa), Sergio Cadah com suas fotografias de afetos; Além de performances de Luzia Amélia e Lúcia Oliveira, dentre outros artevistas.

Como tudo na vida, o Museu está sempre em construção e reelaboração, neste caso, você pode ser um agente importante enviando materiais que conte a história deste lugar.

 

Parcerias: Juntando mão com mão

Organizado pelo Centro de Defesa Ferreira de Sousa, entidade comunitária, o museu se juntou a outros esforços de coletividades de luta na cidade. Desde o GEPP (Grupo de Estudos de Pedagogias Patrimoniais da UFPI, coordenado pela professora Jóina Borges), coletivo de comunicação OcorreDiário, estudantes do Coraje (Corpo de Assessoria Jurídica Estudantil da UESPI), esforços da tese de doutorado pelo Programa de Estudos da Mídia (PPGEM-UFRN), desenvolvido pela estudante Sarah F. Santos, dentre outros corpos que se juntam na caminhada, desde estudantes, professores, Artevistas e militantes pelo direito à cidade. Mas é válido destacar que a concretização desta ferramenta se deu com o financiamento da Fundação Perseu Abramo, o qual a comunidade concorreu por meio de edital de chamada pública.

Fonte: Ocorrediário

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