Por Herbert Medeiros
O Ativismo Lgbt+ resulta de um processo sociohistórico feito de constante inovação, alianças, tensões, avanços, conquistas, contradições. Como a própria vida, o movimento da diversidade sexual também é dinâmico e incorpora as demandas de novos corpos desejantes em busca de reconhecimento político, social e cultural.
Nos idos dos anos de 1960, atravessando período de 1970 até 1990, nós lgbt+ fomos enfrentando reacionarismos e conservadorismo, configurando pautas por direitos, cidadania e liberdade de expressão para ReXistirmos. Nessa caminhada histórica de quatro décadas atrás, pessoas e coletivos de Gays, lésbicas, travestis/transformistas, bissexuais protagonizavam a construção de narrativas sociais mais justas, diversas e potentes.
Olhando em retrospectiva, alguns podem pensar que grupos organizados lá atrás formasse bloco homogêneos de pessoas LGBT+ em que todos falavam mesma língua e tinham mesmas identidade política. Mas internamente havia diferenças, embates, acordos e atuações/performances para evidenciar protagonismos ora de um segmento ou de outros/as.
Ah, não vamos tirar conclusões apressadas: em todas formas de lutas, formações indenitárias de grupos sociais (políticos, religiosos, culturais, artísticos ) desenvolvem-se divergências/convergências/rupturas/rearranjos. Isto posto, o andar do movimento para ampliar liberdades de SER QUEM SE É ganha novas matizes com vozes e perspectivas de outras/os sujeitos: pessoas intersexuais, assexuais, não-binários, queer, transexuais. Como isso, novas linguagens, orientações discursivas, práticas e perspectivas de VIVER chacoalham zona de conforto dos padrões hegemônicos.
Esse leque de possibilidades de Existências revigora a democracia, o cenários político e coloca novas demandas de políticas públicas e ações do mundo corporativo. Mas nós enquanto ativistas individuais ou coletivos devemos saber construir alianças estratégicas (se condições assim permitirem) , dialogar/mediar interações possíveis com forças políticas de colorações diversas.
Então, um ponto aqui precisa ser refletido: nem sempre o modo como marcamos posições no ativismo Digital devem se transportarem literalmente para interações políticas no mundo off-line. Às vezes, no burburinho da vida digital somos assim o supra-sumo da soberania, tipo: EU POSSO, EU QUERO, EU FAÇO. É o que alguns estudiosos tem denominado de EMPREENDEDORESS DE SI. O tom incisivo de discursos como “Vc homem gay, mulher lésbica hetero, branco, cis, rico/a”, ou “ Vcs homens/mulheres heteros, cis, brancos, ricos/as etc” podem gerar múltiplos efeitos no público da audiência.
É fantástico termos vozes potentes eclodindo nas infovias digitais, provocando reflexões e ampliando ângulos de análises das dinâmicas das relações humanas. Tal visão empreendeora de si pode ser uma potência ou armadilha de acordo como conduzimos o processo. Assim, ao delimitar fronteiras de identidade e posições discursivas para agradar internautas ou focar conteúdos de interesse aos nossos/as seguidores/as, podemos também nadar contra corrente e instigar reflexões que desafiam raciocínios aligeirados.
As dinâmicas sociais no campo das lutas na arena institucional (parlamentos, governos, judiciário) e na vida cotidiana e sociocultural (ambiente familiar, escola, mídias tradicionais) têm lógicas especificas de linguagem, de rituais performativos e de interações socioafetivas. Para nós do ativismo lgbt+, conhecer as várias esferas de interações nos possibilita potencializar um MUNDO MAIS PULSANTE.
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