O que se esconde por trás de um
seqüestro promovido por um grupo terrorista (IRA) e as relações enigmáticas que se desdobram a
partir da amizade entre seqüestrador (Fergus) e seqüestrado (Jody)? Deste fio
condutor inicial, o cineasta irlandês Neil Jordan – de ‘Entrevista com o
Vampiro’ e ‘Mona Lisa’ - costura a trama que faz do filme “Traídos pelo
desejo”(1992) um convite para viajar pelos labirintos insondáveis do desejo e sexualidade humana.
O guerrilheiro Fergus (Stephen
Rea) terá o fardo - ou êxtase? - de ir à procura da namorada do soldado Jody
(Forest Whitaker) para lhe comunicar sobre a morte deste. O guerrilheiro
sofrerá uma tsunami de atrações e
desejos pela exuberante Dil, cabeleireira e ex-namorada de Jody.
À medida que se instala um jogo
sutil de sedução de Dil para Ferguson, este será instigado a conhecer – e também você espectador – que
os desejos não seguem uma linha reta como
canta Marina Lima: “o certo é incerto, o incerto é uma estrada reta/de
vez em quando acerto, depois tropeço no meio da linha”.
A atuação de Jaye Davidson, como
a personagem Dil, é de roubar a cena. A vivência da transexualidade magnetizante da cabeleireira
passa insuspeita ao longo da narrativa do filme até que...Enfim. Não há como
ficar imune a performance dest@
ator/atriz que, à época do filme, foi indicado ao Oscar de ‘Melhor Ator
Coadjuvante”.
Se você ainda não teve a
oportunidade de assistir à esta obra majestosa da criação cinematrográfica,
então não perca tempo e veja para tirar suas conclusões. Aos que já a assistiram, uma releitura sempre traz novas perspetcivas de significação. Após a (re)leitura do
filme talvez você possa concluir como o provérbio que diz “Antes desejo do que fastio”.