Maria Helena Franco,
coordenadora de marketing do ECOS - Comunicação e Sexualidade, participou como
moderadora do segundo painel do "Fórum AIDS e Brasil", que trouxe o
tema "O papel do jornalista na prevenção da AIDS". Ela conversou com
a IMPRENSA sobre a importância da mídia na conscientização e educação da
população sobre a doença.
Crédito: Alf Ribeiro
Maria Helena Franco diz que mídia educa e conscientiza a população
IMPRENSA - O número de pautas sobre AIDS na grande imprensa diminuiu nos últimos anos?
MARIA HELENA FRANCO - O que
percebo é que está muito relacionado às pautas do governo, então quando o
governo faz a mídia vai lá. Fora isso, não percebo muita procura da grande
mídia em abordar o tema fora da atrelação das pautas do governo, porque é um
tema que está no cotidiano. São 750 mil pessoas vivendo com o vírus e é um
número expressivo, quase um país. E nós que trabalhamos com o tema sabemos das
possibilidades, porque atinge qualquer pessoa que tem uma vida social ativa e
está sujeita a se infectar com HIV.
Qual o papel da imprensa
nessa conscientização?
É fundamental para
questionar por que não tem educação sexual nas escolas públicas e privadas de
maneira consistente, porque dá para fazer isso sem ser de uma maneira chata.
Hoje mesmo, soube que a sexóloga Laura Muller esteve aqui e ela é fantástica,
porque se você der espaço, a molecada está cheia de perguntas. É papel da
imprensa discutir, conversar, promover autoestima nessas pessoas,
especialmente, entre jovens gay, que são muito discriminados. Se falta educação
e informação, vira um problema complicado.
AIDS é um tema que pode ser
discutido em qualquer editoria?
Acho que sim, porque é
possível explorar HIV entre jovens, na população com mais de 50 anos, a questão
de gênero, com viés de poder, porque em todas as sociedades, com raríssimas
exceções, o homem tem muito mais poder que a mulher, e esse menos poder se
revela também na sexualidade, na transa, de como ela consegue ou não negociar a
camisinha. Temos acompanhado que, muitas meninas, são estupradas pelo namorado
na primeira relação sexual; há aí um fator psicológico, da força física, então
não é raro saber que nessa primeira relação pode engravidar e se infectar. A
solução é não fazer sexo? Não, é ter informação de qualidade.
Fonte: Portal Imprensa