Nos versos da canção
‘para insultar os arrogantes e poderosos quando ficam como ‘cachorros
dentro d’água’ no escuro do cinema’, de Adriana Calcanhoto, revela-se como a sétima arte é um discurso sociopolítico
e cultural para desmascarar a zona de conforto da ordem social.
E para causticar as certezas dos que querem domesticar
a vida para mantê-la num ritmo entediante, a
Mostra de Cinema Transviada será também um espaço onde a linguagem fílmica lança luzes sobre as
potencialidades humanas de entrar em rota de colisão com a ordem ‘natural’ das
coisas.
A mostra acontece dia 12 de julho, a partir das 19h, no
Galpão do Dirceu. A proposta do evento é possibilitar aos
participantes um mergulho visual e sonoro através da viagem pela narrativa
instigante do filme ‘Tatuagem’ e ‘Vestido
de Laerte’ além das performances musicais e corporais que eletrizarão o ambiente.
Ficção e realidade se interconectam para descortinar as rupturas das fronteiras de identidade de gênero na obra
‘Vestido de Laerte’. Os (des)caminhos criados
por uma ordem sociocultural e sexual de segregação de travestis e transexuais do espaço público são narrados a partir da
experiência do cartunista que foi vetado
de entra em um
banheiro feminino de um restaurante. A personagem-protagonista borra as concepções dominantes sobre o que é ser
masculino e feminino.
O longa-metragem ‘Tatuagem’, de Hilton Lacerda, também vulcanizará a
atenção dos espectadores com a história
envolvendo a tsunâmica paixão do jovem
militar Fininha (Jesuíta Barbosa) com o
transgressor universo do artista Clécio
(Irandhir Santos). A ambientação da narrativa decorre durante fim dos anos 70 –
período dominado pela linguagem autoritária dos generais. Mergulhar na felicidade paradoxal dos dois
personagens desafina o coro dos contentes.