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Movimento #OcupaPraça Parque Piauí: 'qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz'

O movimento #OcupaPraça organizado por  cidadãos da comunidade do Parque Piauí + ativistas urbanos teresinenses continuam  promovendo um conjunto de atividades socioambientais, culturais e políticas para resistir ao projeto insano e devastador da Prefeitura Municipal de Teresina (PMT) de derrubada de árvores da Praça das Ações Comunitárias para dar lugar a um terminal de ônibus. O poder público, contrariando aos interesses da população que são os legitimos soberanos das ações  públicas,     deveria zelar, valorizar e revitalizar  espaços urbanos, mas atua exatamente no sentido oposto ao seu dever de promoção do desenvolvimento de políticas públicas urbanas eco-sustentáveis.

Em vez de expandir o verde pela cidade, A PMT quer suprimi-lo para dar lugar a um conceito de mobilidade urbana que não leva em consideração nem a participação popular nem os impactos socioambientais do projeto em andamento. Impactos como: aumento da temperatura para uma cidade com limites já insuportáveis de calor; desregulação do equilíbrio ecológico da flora e fauna, alterando interação positiva com o espaço urbano; destruição de patrimônio natural, paisagístico e estético da região; supressão de área importante para o lazer, entretenimento e interações socioculturais e artísticas; implementação de um modelo de mobilidade e crescimento econômico incompatível com a qualidade de vida da coletividade; apagamento da memória e identidade cultural de um espaço que tem valor afetivo para seus moradores. 

Com o movimento #OcupaPraça,  a sociedade civil organizada está possibilitando rediscutir o modelo de cidade levado a cabo pelo poder público  e colocar  para a sociedade a necessidade de ter vez e voz nas deliberações sobre políticas públicas urbanas. O debate promovido com a participação da  Profª Drª Nícia Formiga, pesquisadora na área de planejamento e projetos de urbanismo, foi um dos momentos que propiciou novos olhares sobre a relação cidade e ecodesenvolvimento.

As ações promovidas pelos ativistas  na praça do Parque Piauí também coloca em foco   o quanto o poder público  municipal mas também estadual  são omissos e negligentes  em garantir a revitalização de espaços urbanos. No discurso oficial de muitas  autoridades públicas é comum  se enunciar a palavra revitalizar, mas de concreto nada se efetiva. Se tais gestores não sabem, a semântica do vocábulo revitalizar significa reviver, dar vida, revigorar.

E é exatamente no sentido de dar vida ao espaço público com atividades de apresentação músicais, oficinas artísticas  de dança afro, origami,  debates, bate-papos sobre problemáticas do bairro, ações sociais de compartilhamento de saberes e vivências que o movimento #OcupaPraça realiza intervenções das quais caberia ao governo municipal e estadual fomentar como obrigação legal. A governança municipal tem o dever constitucional de implementar e garantir políticas urbanas pautadas na efetiva responsabilidade com o interesse comum e na garantia da qualidade de vida econômica, ambiental, social e cultural dos seus cidadãos.

Uma administração pública que é conduzida pela lógica da 'força da grana que ergue e destrói coisas belas'  nada contra a corrente dos processos de construção de cidades eco-sustentáveis. O que os ativistas teresinenses do #ocupapraça  estão afirmando é o direito à uma vida digna. E contra ao Estado que vem legitimar o discurso de divinização dos interesses do mercado, o melhor é parafrasear e  cantar: "Aque nesta casa ninguém quer a sua boa educação/Aqui nessa tribo/ninguém quer a sua catequização/Falamos a sua língua/Mas não entendemos o seu sermão/Aqui nesse barco ninguém quer a sua orientação/Nós temos perspectiva/ e o vento nos dá a direção/Não seguimos à toa/Volte para o seu lar/volte pra lá".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Herbert Medeiros

 

 

 

 

 

 

 

 

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