Ousar dizer o nome do amor de iguais é um ato subversivo para os padrões normativos reguladores da sexualidade humana. A cena homoafetiva entre os personagens André (Caio Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira) na minissérie Liberdade, Liberdade traduz a atitude transgressora de afirmar a livre expressão do amor em toda sua potência de ressignificar os desejos, afetos e práticas amorosas. Uma cena transbordante de simbolismo pelos gestos, sensualidade, olhares, fala e entrelaçamento dos corpos pulsantes de desejos. E para dialogar com a narrativa audiovisual, nada mais saboroso do que a poética homoerótica de Luis Cernuda (Espanha, 1902-1963):
Como quando o sol ilumina
Algum rincão deste mundo,
Redimindo sua pobreza,
Enchendo-o de verdes risos,
Assim tua presença chega
À minha existência obscura
Para exaltá-la, para dar-lhe
Esplendor, prazer, formosura
Pòr Herbert Medeiros