Cidadeverde.com
Diversidade

Dia Mundial do Orgulho LGBT: Poesia e Canção Celebrando Orgulho de Sermos o que SOMOS

                                                                                                           Walt Whitman

Neste momento terno e pensativo

Aqui sentado a sós

Sinto que existem noutras terras outros homens

Ternos e pensativos,

Sinto que posso dar uma espiada

Por cima e avistá-los

Na França, Espanha, Itália e Alemanha

Ou mais longe ainda

No Japão, China ou Rússia,

Falando outros dialetos,

E sinto que se me fosse possível

Conhecer esses homens

Eu poderia bem ligar-me a eles

Como acontece com homens de minha terra,

Ah e sei que poderíamos

Ser irmãos ou amantes

E que com eles eu estaria feliz.

 

Paula e Bebeto (Milton Nascimento

Qualquer maneira de amor vale à pena

Qualquer maneira de amor vale amar

Qualquer maneira de amor vale o canto

Qualquer maneira me vale cantar

Qualquer maneira de amor vale aquela

Qualquer maneira de amor valerá        -      Milton Nascimento

 

Eu Gosto de Mulher

Ana Carolina

Vou te contar o que me faz andar

Se não é por mulher não saio nem do lugar

Eu já não tento nem disfarçar

Se em tudo que eu me meto é só pra impressionar

Mulher de corpo inteiro

Se não fosse por mulher eu não era roqueiro

Mulher que se atrasa, mulher que vai na frente

Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente

 

Super-Homem (Gilberto Gil)

Um dia

Vivi a ilusão de que ser homem bastaria

Que o mundo masculino tudo me daria

Do que eu quisesse ter

Que nada

Minha porção mulher, que até então se resguardara

É a porção melhor que trago em mim agora

É que me faz viver

Close (Erasmo Carlos)

Tão quente que o sol se rescente, seus raios batem

palmas pra ela que acende um cigarro no corpo

dar um close nela.

Fêmea pra ninguém botar defeito, exemplar perfeito

Um tesouro de mulher dourada com sua tanga que

pra mim é nada.

Este inenarrável monumento num dado momento,

Faz a praia inteira levantar numa apoteose a beira mar

 

A Átis (Poema de Safo)

Não minto: eu me queria morta.

Deixava-me, desfeita em lágrimas:

 

“Mas, ah, que triste a nossa sina!

Eu vou contra a vontade, juro,

Safo”. “Seja feliz”, eu disse,

 

“E lembre-se de quanto a quero.

Ou já esqueceu? Pois vou lembra-lhe

Os nossos momentos de amor.

 

Quantas grinaldas, no seu colo,

— Rossas, violetas, açafrão —

Trançamos juntas! Multiflores

 

Colares atei para o tenro

Pescoço de Átis; os perfumes

Nos cabelos, os óleos raros

 

Da sua pele em minha pele!

[…]

Cama macia, o amor nascia

De sua beleza, e eu matava

A sua sede” […}

 

Soneto do ... amor que  ousa dizer seu nome...

Antonio Sciamarelli

 

“... o amor que não ousa dizer seu nome...”

         (Oscar Wilde)

 

 

“O Amor que não ousa dizer seu nome”

Bateu-lhe à porta ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

 

sentiu crescer, súbito, na alma, uma fome

de algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome.

 

...porém, depois das lágrimas enxutas,

chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

e sorveram, um no outro, a própria essência.

 

E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.

 

Masculino/Feminino (Pepeu Gomes)

Ser um homem feminino

Não fere o meu lado masculino

Se Deus é menina e menino

Sou Masculino e Feminino...

 

‘Esse amor é mal entendido nesse século, tão mal entendido que pode ser descrito como o `amor que não ousa dizer o nome' e, por causa disso, estou onde estou agora. Ele é bonito, é bom, é a mais nobre forma de afeição. Não há nada que não seja natural nele. Que as coisas deveriam ser assim o mundo não entende. O mundo zomba desse amor e, às vezes, expõe alguém ao ridículo por causa dele.’  (AMOR QUE OUSA DIZER O NOME – OSCAR WILDE)

 

 

Lesbos – Charles  Baudelaire

Mãe da Roma floral e das volúpias gregas,

Lesbos, onde sutis ou extravagantes beijos,

 Quentes que nem o sol, frescos que nem as mangas,

Das noites e manhãs famosas fazem jus,

Mãe da Roma floral e das volúpias gregas,

 

Lesbos: lá cafunés são como as cachoeiras

Que caem sem temor em abismos infindos,

E entre gemidos vão, vem, descendo ladeiras

Como em meio a um tufão de segredos profundos;

Lesbos: lá cafunés são como as cachoeiras!

 

Lesbos, onde o vulcão desconhece o que é ira

E em cujo oco sequer um ai ficou sem eco,

Como Pafos, assim, o celeste te admira,

E Vênus com razão inveja o charme sáfico!

Lesbos: onde o vulcão desconhece o que é ira,

 

Lesbos: lá as noites têm quentura e têm langor,

O que faz a mulher, Oh estéril carícia!,

Co’ a moça no salão de ilusões de amor,

Colhendo os frutos bons de tal adolescência;

Lesbos: lá as noites têm quentura e têm langor,

Deixa o velho Platão franzir a testa austera;

Tu obténs teu perdão por excesso de beijos,

 Rainha cortesã em benévola era,

De sofisticação e requinte sobejos.

 Deixa o velho Platão franzir a testa austera.

 

Tu adquires teu perdão do perpétuo martírio,

Que sem interrupção se inflige aos mais ousados,

Que atrai longe de nós o riso rico e frio,

Entrevisto, pueril, à beira de outros mundos

 Tu adquires teu perdão do perpétuo martírio!

Pois qual Deus ousará, Lesbos, ser teu algoz

 E te condenará o rosto rijo a obrar,

Se co’ a balança em vão pesaram a ampla foz

De lágrimas que em rio induz maré no mar?

 

A que nos quer a lei dos justos ou injustos?

 Virgens de coração, sublime honra do Egeu,

Vossa religião e credo são augustos,

E o amor tanto rirá seja do Inferno ou Céu!

  A que nos quer a lei dos justos ou injustos?

 

Pois Lesbos logo a mim de tantos escolhera,

P’ra o segredo cantar de suas virgens em flor.

Fui desde a pequenez sabedor da arte obscura

Do selvagem sorrir melado em densa dor;

   Pois Lesbos logo a mim de tantos escolhera.

 

E velo desde então no topo do Leucate,

Observando, sagaz, brigue, galé e fragata;

Dia e noite a varar, co’ olho virado ao Leste,

Cujas formas no além tremem azul-violeta;

E velo desde então no topo do Leucate,

 

P’ra saber se a baía é complacente e boa,

E meio ao soluçar que nas rochas ressoam

Um dia qualquer trará, à Lesbos que perdoa,

 O cadáver amado e os que o amam lá irão

  P’ra saber se a baía é complacente e boa!

 

Da Safo macho há: parte amante e poetiza,

Que por sua palidez, é mais bela que Vênus!

Cujos olhos azuis se rendem à negreza

Do tenebroso anel traçado pelo ônus

    Da Safo macho que há, parte amante e poetiza!

 

Dada ímpar maciez, vestida co’ atitude, Verte ela o capital da serena beleza

E acrescenta esplendor à negra juventude

E ao Oceano até, de uma moça bem formosa;

Dada ímpar maciez, vestida co’ atitude

 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais
Tags: