Com o tema “A mídia e a desconstrução da Democracia”, acadêmicos da UFPI participaram, neste sábado(30/06), de um dos módulos do curso de extensão Impeachment e o Futuro da Democracia no Brasil. A debatedora foi a Profª Drª Ana Regina Barros Rêgo Leal, pesquisadora, docente do curso de Comunicação Social(UFPI) e Presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as de História da Mídia.
A palestrante fez uma análise/reflexão sobre Centralidade da Mídia e Donos da Mídia; Produções de conteúdos esquemáticos e simplificadores via Produção Discursiva da mídia hegemônica; Projetos de Brasil e Democratização das Mídias.
No primeiro momento, a pesquisadora expôs índice classificatório dos países de acordo com a qualidade de sua democracia, revelando que o Brasil está no grupo das democracias imperfeitas: participação política fraca, restrito poder de monitoramento e capacidade de influência dos/as cidadãos/ãs nas decisões governamentais, corrupção desenfreada. Os índices são levantados e pesquisados pela consultora britânica Economist Intelligence Unit.
Quando abordou sobre Centralidade da Mídia, analisou como o acesso à política e formação da opinião passa também pelo olhar dos discursos das mídias hegemônicas, o que compromete e torna invisível uma efetiva pluralidade de vozes na esfera pública.
A pesquisadora ainda refletiu como produção de conteúdo pelos grupos de mídia reproduzem desigualdades de construção do imaginário. Ainda apontou a concentração de audiência do mercado midiático impresso e online vulnerabiliza o processo de democratização sociopolítico e comunicacional do país. O oligopólio da mídia tem tentáculos e relações perigosas com setor financeiro, agronegócio e mercado imobiliário.
Ana Regina ainda fez reflexão acerca da produção discursiva do jornalismo ao longo da História brasileira e como manchetes, capas, matérias, editoriais e demais discursos jornalísticos seguem receitas estereotipadas com forte apelo emocional e pânicos morais para deslegitimar e derrubar governantes não alinhados aos interesses econômicos dos donos da mídia, dos setores empresariais e grupo políticos dominantes.
Por fim, a palestrante destacou a importância do acesso ao Direito Humano Universal à Comunicação, cujo significado pauta-se na produção informacional horizontal. Mencionou o papel da Sociedade Civil construir uma comunicação democrática e crítica para se contrapor ao oligopólio dos meios de comunicação – ologopolização vedada pela Constituição de 1988.
Lembrou ainda que EUA e Europa produziram mecanismos de fiscalização e controle para limitar o monopólio midiático. Na era da comunicação digital, ressaltou a necessidade dos sujeitos sociais desenvolverem pensamento reflexivo e crítico para não se fecharem no ‘apartheid do algoritimo’.
Por Herbert Medeiros