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Novo corte da Selic pode provocar migração de verba para poupança

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O novo corte de 0,75 ponto percentual que levou a Selic (taxa básica de juro) para 9% ao ano expõe uma questão que vem gerando discussão entre os economistas há algum tempo: a possível fuga de investidores dos fundos de renda fixa para a caderneta de poupança.


Isso porque, com os juros mais baixos, alguns fundos que possuem remuneração diretamente ligada à taxa básica de juro perdem atratividade para a própria caderneta de poupança, cuja rentabilidade não depende da Selic – o cálculo é feito por meio da TR (Taxa Referencial) mais 0,5% ao mês.

Para o professor do Ibmec, Eduardo Coutinho, existe sim a possibilidade dos investidores, principalmente os de curto prazo, direcionarem seus investimentos para a caderneta da poupança. “Os investimentos que acompanharem a Selic vão empatar ou até perder da caderneta de poupança no curto prazo. Isso deve provocar uma fuga de investimentos de títulos públicos indexados à Selic e fundos DI”, acredita.

A opinião é compartilhada pelo professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite. “Com os juros baixos, existe a possibilidade de migração de recursos para a poupança, que fica mais atrativa em comparação a outras aplicações”, aponta.

O sócio e gestor da Inva Capital, Luis Pacheco, concorda, mas acredita que a migração só deve acontecer caso a Selic continue caindo e a remuneração da poupança permaneça a mesma. “Está chegando no limite em que a rentabilidade dos investimentos de renda fixa, descontando a taxa de administração e o Imposto de Renda, se aproxima muito da poupança”, afirma.

Mudança na remuneração da poupança
Apesar de o governo negar que esteja estudando alterar a remuneração da caderneta de poupança, especialistas afirmam que este é um caminho natural. “O governo vai ter que repensar nas regras da remuneração da poupança. Isso porque, se os recursos migrarem dos títulos públicos para a caderneta de poupança no curto prazo, isso vai dificultar que o governo financie as suas dívidas”, afirma Coutinho.

O gestor da Inva concorda. “À medida que Selic continuar sendo reduzida, voltaremos a ter discussões de alçada política”, afirma Pacheco.

A mesma opinião tem o Vice-Presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira. “Este cenário e as prováveis novas reduções da Selic deverão apressar prováveis mudanças nas regras da poupança para evitar migração de recursos e, com isso, evitar os problemas que esta situação trará ao sistema (excesso de recursos para a poupança de um lado e dificuldades de financiamento da dívida pública de outro)”, afirma.

Fonte: Info Money
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