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Casino tem desafio de não deixar a rede Pão de Açúcar desacelerar

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A cerca de um mês de assumir o comando do Grupo Pão de Açúcar, o francês Casino tem pela frente o desafio de provar sua estratégia ao mercado a fim de não deixar a maior varejista do Brasil perder terreno e competitividade.


Na segunda-feira passada, o grupo varejista francês exerceu a opção de compra de uma ação ordinária da Wilkes, holding que controla o Pão de Açúcar, operação que garantirá maioria das ações com direito a voto.

Na ocasião, o Casino também enviou uma notificação ao atual presidente do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, Abilio Diniz, informando-o de sua decisão de nomear Jean Charles Naouri, presidente-executivo e do Conselho do grupo francês, como chairman da Wilkes.

As movimentações traçam um cenário em que Diniz passa a ocupar papel secundário na companhia fundada por seu pai e conduzida e liderada pelo empresário há décadas.

Em meados do ano passado, Diniz teve as relações com Naouri fortemente abaladas após tentar unir o Pão de Açúcar às operações brasileiras do Carrefour, arquirrival do Casino na França.

"O maior risco é societário, com a possível saída de Diniz e de alguns conselheiros", diz o sócio-diretor da Naxentia, consultoria especializada em transições críticas, fusões e aquisições, Vincent Baron. "A dúvida é se Diniz fica no Conselho... Terá de haver uma moeda de troca."

Ele assinalou ainda que o desgaste causado por questões societárias pode resultar em incerteza maior quanto à política de crescimento do Pão de Açúcar, o que pesaria nas suas ações.
Com a possibilidade de o empresário brasileiro perder espaço no grupo, as atenções do mercado se voltam para como o Casino pretende manter o ritmo de crescimento e a liderança da companhia, algo conquistado principalmente via aquisições, uma das principais características do perfil de Diniz.

"A principal dúvida dos investidores é se a companhia continuará a ter bom desempenho após a troca de controle", assinalou a analista-chefe do Raymond James no Brasil, Daniela Bretthauer. "Na teoria, isso deveria acontecer."
Por outro lado, Baron, da Naxentia, ponderou que, tirando o desgaste com Carrefour, Casino e Pão de Açúcar sempre caminharam alinhados.

"Não vejo riscos operacionais, o Casino é muito maior que o Pão de Açúcar, atua na mesma área em várias regiões do mundo, em mercados competitivos... Deve manter o perfil mais agressivo de aquisições, principalmente no segmento atacadista", afirma.
As operações de varejo no Brasil, de qualquer forma, se encontram em estágio bastante consolidado, restando poucas opções como possíveis alvos de aquisição.

Fonte: Reuters
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