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Assaltos e arrombamentos ameaçam as pesquisas na Floresta dos Palmares

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Os constantes assaltos e arrombamentos estão ameaçando as pesquisas ambientais desenvolvidas na Floresta Nacional dos Palmares (Flona de Palmares), localizada no KM-327 da BR-33, na zona rural do município de Altos (PI).  A ação mais recente foi arrombamento da residência do gestor da Flona, Gaspar Alencar. O fato ocorreu ontem (20). 

O Flona de Palmares é uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável (ICMBio/MMA) e fica ao lado da Colônia Agrícola Major César. Após alguns flagrantes foi observado que os ataques à unidade partem dos detentos que tem livre acesso à floresta, aponta a direção da Unidade. 

“Eles perderam o medo e a nossa vida agora está em risco. Eles (detentos) ficam caminhando livremente. Agora, no último dia 20, eles arrombaram e furtaram as joias, pertences pessoais, da casa do administrador, que fica no local. Ninguém está fazendo nada, por mais que a gente denuncie o caso. A situação está alarmante”, desabafa Lucas Gaspar, que participa da Associação dos Condutores de Visitantes na Flona de Palmares.

O gestor da Unidade, Gaspar Alencar, cita ainda que os pesquisadores já foram roubados. Outra situação crítica é de que as visitações de alunos, como os dos cursos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), pararam de ir ao local com medo. 

“O assalto em janeiro se espalhou pela universidade e não está tendo mais visitações. Mas qual professor vai trazer os estudantes para serem rendidos no meio da trilha? Nós começamos a administrar em 2008, de 2008 a 2013, a floresta era uma rota de fuga (para os presos), mas com o passar do tempo essa situação foi ficando mais grave. De dezembro de 2017 até agora roubaram cinco pesquisadores, em uma tentativa colocaram outro pesquisador para correr, já roubaram celulares, GPS, machado, computador, data show, ventiladores, televisão, rasgaram documentos, quebraram portas, janelas; e agora arrombaram a casa do administrador”, relatou Lucas.

A direção já recorreu a Secretaria de Segurança, de Justiça e a própria direção da Major Cesar, mas “não fizeram nada”.


Suspeitos entraram na casa do gestor da Unidade no domingo (20). (foto: Flona dos Palmares)

Segurança desativada

A Floresta Nacional dos Palmares possuíam uma equipe de segurança armada, mas foi desativada em novembro de 2017 por causa de uma contenção de gastos por parte do Governo Federal. As constantes ações dos criminosos ocorreram com mais intensidade após essa saída. 

“A equipe era terceirizada, mas no nosso caso era algo fundamental, não deveria ter sido cortada porque nós ficamos ao lado de uma penitenciária”, ressaltou Lucas.

O Cidadeverde.com recebeu a informação de que a Floresta é usada como depósito de produtos roubados e ponto para uso de entorpecentes. Nas trilhas já foram encontrados documentos de pessoas que, provavelmente foram roubadas, e já foi constatada a entrega de drogas dentro da Floresta para os detentos.  Colchões também foram encontrados, o que aponta para um possível abrigo de criminosos.



Há suspeita de que presos da Colonia Agricola Major Cesar ficam na Flona de Palmares (Foto: Wilson Filho)

Licitação e Medidas urgentes 

Gaspar Alencar ressaltou que já entrou em contato com a direção nacional Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que seja encontrado uma medida urgente para resolver a situação, “que está ficando insustentável”.

“A direção nacional vai entrar em contato com o Ministério Público e as Secretarias para marcar uma audiência, encontrar uma solução porque o processo de licitação para a segurança é um processo mais demorado”, comentou Gaspar.

Fiscalização dos detentos 

“O presídio precisa de uma vigilância 24 horas para que os detentos não saiam para a floresta. Uma das soluções pode ser essa, forçar a secretaria (de Justiça) de fazer rondas no local pra evitar essa entrada na floresta. Eles interferem na Floresta, nas trilhas, isso é muito ruim para o patrimonial ambiental”, pede o gestor. 

“Esses assaltos e arrombamentos é um grande impacto para a pesquisa, para a floresta, para o meio ambiente. Se o poder público não fizer algo eles (criminosos) vão tomar de conta sem dó. Estou pra fazer um clamor público, uma petição pública para evitar que esse impacto ao patrimônio ambiental permaneça. A floresta está sitiada”, reforça Gaspar.  

O Cidadeverde.com entrou em contato com a Secretaria de Justiça do Estado que, através da gerência da Colônia Agrícola Penal Major César, disse que não foi comunicada de nenhum arrombamento nas imediações do Parque Ambiental vizinho a unidade, mas que serão feitas diligências no intuito de investigar as denúncias apresentadas. "Desde que a nova direção assumiu o presídio, o número de fugas diminuiu consideravelmente. A gerência também informa que está reforçando os plantões e aumentando a fiscalização nos pavilhões da colônia penal", diz a nota.

Pesquisas ameaçadas

Atualmente, dentre as pesquisas desenvolvidas no local está o da ave araponga do Nordeste, que é uma espécie ameaçada de extinção, e o do morcego diclidurus, considera espécie rara.  A vegetação no local está sendo objeto de estudo por pesquisadores ingleses em parceria com a Ufpi. Outro ponto é o trabalho socioeducativo ambiental para o público infanto-juvenil a região da Flona. 


A ave araponga do nordeste é uma espécie ameaçada de extinção (Foto: Flona de Palmares)


Flona de Palmares 


A Floresta Nacional de Palmares é uma Unidade de Conservação (UC) Federal de Uso Sustentável criada por meio do Decreto Presidencial s/n° em 21 de fevereiro de 2005. Com área de 170 ha, localizada no município de Altos, é a primeira Floresta Nacional do Piauí.

Entre os seus objetivos estão: promover o manejo e uso múltiplo dos recursos florestais, a pesquisa científica, a manutenção das espécies nativas e a proteção dos recursos naturais, além da recuperação de áreas degradadas e educação ambiental. Na referida área funcionou um posto de fomento do Ibama até antes de ser transformada em unidade de conservação.

A Flona de Palmares está inserida em uma zona de transição entre os biomas Caatinga e Cerrado, caracterizada como área de tensão ecológica sob forma de enclave ecótono (Território ou trato de terra de um país, encerrado no território de outro contendo mistura florística entre tipos de vegetação).
 
É uma floresta estacional semi-decidual, formada por vegetação típica do Cerrado com espécies botânicas da Caatinga, onde já fora identificadas 87 espécies diferentes de árvores. A Flona possui também uma rica e variada fauna, que abriga diversas espécies de animais silvestres, entre mamíferos, répteis e aves, constituindo-se em uma das mais representativas desses ecossistemas.

Fonte: ICMBio

 

Carlienne Carpaso
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