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Notre-Dame: incêndio é apagado, mas estado de vitrais e de órgão preocupa

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Foto: Futura Press / FolhaPress

O incêndio que destruiu quase todo o teto e uma das torres da catedral de Notre-Dame, em Paris, na noite desta segunda-feira (15), foi totalmente extinto por volta das 9h30 desta terça (16; 4h30 no Brasil), segundo os bombeiros. O saldo de feridos (todos levemente) é de dois policiais e um bombeiro.

Enquanto a corporação prosseguia o trabalho de resfriar a construção, surgiam os primeiros balanços do que foi possível salvar das chamas.
Segundo o monsenhor Chauvet, arcebispo da catedral, equipes conseguiram resgatar a coroa de espinhos feita de junco e fios de ouro que chegou ao templo no século 13, por obra do então rei da França, Luis 9, mais tarde canonizado como São Luis.

Uma túnica do monarca também foi retirada a tempo, além de relíquias como um fragmento da Cruz e um prego da Paixão de Cristo. Alguns cálices e quadros pequenos completam a lista de itens recuperados. As telas monumentais, dentre as quais havia obras do século 17, não tiveram a mesma sorte.
Já o estado dos vitrais multicoloridos que adornam a fachada ocidental e as laterais do prédio ainda era incerto na manhã de terça. Alguns pedaços não resistiram ao calor e explodiram, mas a chamada Rosácea do Meio-Dia, na face sul (voltada para o Sena), parece ter sido preservada.

Trata-se de um monumental conjunto de 84 painéis divididos em quatro círculos, com imagens como as dos 12 apóstolos, de santos e mártires, mas também cenas do Novo e do Antigo Testamento. Nas extremidades, existem representações da descida ao inferno e da ressurreição de Cristo. A obra data de 1260 e tem quase 13 m de diâmetro.

O Grande Órgão instalado desde o século 13 sobre o portal da ala oeste da igreja foi "razoavelmente atingido", segundo o ministro francês da Cultura, Franck Riester. O instrumento adquiriu sua forma atual no século 18, mas ainda preserva alguns tubos da era medieval. No fim da noite de segunda, bombeiros e autoridades de preservação do patrimônio anunciaram que a estrutura da catedral havia sido poupada. Ainda assim, dois terços do teto se viram tragados pelo fogo.

Tampouco escapou um dos elementos arquitetônicos mais icônicos do edifício, a torre fina e pontiaguda conhecida como agulha ou flecha (e cuja extremidade eleva-se a 93 m de altura). Na manhã de terça, ainda havia risco de desabamentos pontuais.

A polícia da capital francesa abriu uma investigação sobre o incidente, por ora caracterizado como "destruição involuntária por incêndio", ou seja, sem motivação criminosa. As chamas começaram pouco antes das 19h (14h, no Brasil) no recinto longo abaixo do teto conhecido como floresta, onde fica um emaranhado de vigas de carvalho antiquíssimos que sustentam um telhado de chumbo. A estrutura, com 1.300 peças, tem em alguns pontos 100 m de comprimento.

Era nas alturas da catedral que acontecia a primeira fase de uma restauração iniciada em julho de 2018 e orçada em cerca de 150 milhões de euros (R$ 655 milhões). Havia, por isso, enormes andaimes nas laterais do prédio. Fontes policiais afirmaram à imprensa francesa que o fato de o fogo ter se alastrado rapidamente tornará difícil a busca por provas materiais que ajudem a elucidar as causas do incêndio.

Na terça, as doações de apenas duas famílias de bilionários franceses para a reconstrução da igreja já somavam 300 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão). O clã Arnault, dono do conglomerado de luxo LVMH, anunciou ter liberado 200 milhões, enquanto os Pinaults, também magnatas da moda, deram 100 milhões de euros.

O diretor de comunicação da Santa Sé, Alessandro Gisotti, escreveu em uma rede social que "o papa está com a França, reza pelos católicos franceses [...] e por todos aqueles que se esforçam para fazer frente a essa situação dramática." O partido da situação na França, Republica em Marcha, anunciou a suspensão por tempo indeterminado de suas atividades de campanha com vistas às eleições para o Parlamento Europeu, que acontecem no fim de maio. 

Fonte: FolhaPress

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