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Filho fica longe da mãe para realizar sonho de fazer curso na NASA

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Foto: Roberta Aline / Cidadeverde.com

Esse será o primeiro dia das mães que o jovem Guilherme Shimada não passará com sua mãe, mas o motivo é nobre: Guilherme se prepara para ir à NASA. Aos 17 anos, o garoto integra um grupo de jovens brasileiros selecionados para um curso nos Estados Unidos.  No dia 5 de julho, Shimada deixa Teresina rumo às América do Norte, onde pretende aproveitar cada segundo de aprendizado. 

A história do adolescente é de deixar qualquer pessoa de queixo caído. Sempre muito curioso, brincava de construir coisas em casa com os pais quando era criança. Natural do interior de São Paulo, encontrou, aos 13 anos, na escola pública onde estudava, um professor de História que fazia questão de tirar uma parte do dia para lhe ensinar astronomia. 

"Ele me ensinava alguns conceitos básicos sobre formação de estrelas, velocidade da luz, buraco negro, então foi com ele que minha paixão começou. Chegava em casa depois da aula e estudava, pegava documentários, etc. Achava interessante a exploração espacial, mas não sabia nada sobre a história da NASA, até que comecei a estudar e vi a importância dela", conta Shimada.

Nessa mesma fase, Guilherme começou a competir em Olimpíadas do Conhecimento. Ganhou a primeira medalha em matemática e não quis mais parar. "Vi que o estudo me dava um retorno muito bom. Com essa medalha fiz alguns cursos de matemática avançada, conheci gente muito inteligente. Daí pra frente nunca parei de estudar", explica.

Foto: Pixabay / reprodução gratuita

O sonho de Guilherme Shimada é construir foguetes

 

De São Paulo a Teresina

Foram cinco anos se dedicando às Olimpíadas. Além da matemática, obteve medalhas também em astronomia e astronáutica. Não demorou muito, começou a chamar atenção do país inteiro e foi aí que ele veio parar em Teresina. Um colégio particular da capital piauiense o convidou para integrar um grupo de alunos que estudam com foco em passar para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

"Com esse desempenho, o colégio me conheceu e me ofereceu uma bolsa de estudos integral em Teresina. Eu vim estudar aqui, sozinho, sem família. Eu estou ficando no alojamento do colégio, com outros meninos que ganharam a bolsa", relata.

Pela primeira vez, Guilherme está estudando em escola privada, mas o objetivo não é apenas ingressar no ITA. A proposta dada pelo colégio incluía a preparação para o curso de 10 dias na NASA, que é o local dos sonhos do jovem.

"Me falaram desse concurso da NASA, que seria a primeira edição. Então, quando eu fiz a matrícula eu já sabia do concurso, que futuramente haveria uma seleção no colégio e um aluno seria escolhido para estudar na NASA por 10 dias. Fiquei muito interessado no programa", comenta.

Entusiasmado com a possibilidade, Shimada se mudou de São Paulo para Teresina em janeiro deste ano. Em março, teve a primeira prova para o curso da NASA, com 40 questões de conhecimento específico sobre astronomia e ciências. Da primeira prova, 40 dos 500 candidatos foram selecionados, depois fizeram uma entrevista pra saber quem preenchia os requisitos e selecionaram os 10 finalistas. Guilherme será o único aluno de Teresina no curso.

"Vou dia 5 de julho. Sei que terá palestra, interação com astronautas, conheceremos as missões. O que mais me anima é ver o tanto de conhecimento que eu posso agregar à minha carreira", declara o jovem. 

Apaixonado por engenharia aeroespacial, ele alimenta o sonho de um dia trabalhar construindo foguetes e satélites. "A NASA é o objetivo principal, é meu sonho de vida, que agora eu sei que é possível. Há seis meses, nunca pensei que eu estaria aqui hoje", reflete. 

Quando voltar dos Estados Unidos, Guilherme pretende continuar a preparação para a prova do ITA em Teresina. "Estou vendo que o nível é alto, então, estou pensando, dentro das opções que tenho de carreira. Também penso em uma faculdade americana, realizar outros projetos, conseguir um certificado de fluência em inglês", pondera.

Foto: Roberta Aline / Cidadeverde.com

Rotina pesada

A ideia de que as mentes brilhantes não precisam estudar para Guilherme não existe. Ele assiste aula das 7h às 14h, almoça, descansa e às 15h30 recomeça os estudos, faz exercícios e revisa matéria até 20h.

A rotina intensa ajuda a suportar a distância da família. Guilherme é sansei, neto de japoneses, é filho de marceneiro com vendedora autônoma e diz que está gostando do Piauí, mas a falta dos pais pesa - e muito. 

"Ter uma família humilde é um incentivo a mais para buscar crescer nos estudos. Meus pais sempre foram muito importantes na minha formação. Meu pais sempre me incentivou a ser curioso, meu pai tem uma visão muito boa de construções, então eu sempre brinquei de montar, desde pequeno. Nunca tive problemas com notas, como comportamento em escola. Meus pais sempre me incentivaram, viram que eu tinha um potencial. Sempre que eu tinha que estudar eles me apoiavam", conta.

Guilherme diz que sempre foi muito apegado à família e que nunca havia ficado longe dela. "Agora estou do outro lado do país. Sempre fui muito grudado à minha família. Os primeiros dias foram os mais difíceis, para conseguir me acostumar com a vida nova, mas sei que é por um bom motivo e que eles tem muito orgulho. É o primeiro dia das mães longe, mas mesmo separados, estaremos sempre juntos. Vou ligar para ela, vou conversar com ela", diz o estudante.

Jordana Cury
[email protected]

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