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Às margens de galeria, moradores da Vila da Paz denunciam risco de desabamentos

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Fotos: Yasmin Cunha/Cidadeverde.com

Muro de quintal de uma das moradoras caiu. Ao fundo, passarela e gradeados da etapa concluída da galeria.

Moradores que residem às margens do projeto de urbanização da Vila da Paz alertam estar em situação de risco e temem que suas casas desabem com a chegada do período chuvoso. Algumas residências próximas à encosta da galeria já ameaçam ceder. 

Com a primeira etapa do projeto de urbanização da Vila concluído, 700 metros de canal aberto foram construídos, além de passeios calçados, rampas e passarelas em R$ 13 milhões de investimentos oriundos de créditos da Caixa. No entanto, dezenas de casas ainda estão às margens do projeto aguardando intervenção por parte do poder público.

Um dos casos críticos é o da dona de casa Maria da Conceição, 40 anos. Ainda com as marcas de uma cirurgia que fez no coração, a mulher lamenta ter que conviver com um desabamento no seu próprio quintal. “As paredes estão rachando. Parte do meu banheiro aqui de fora já desabou. É um risco pra gente. Se pelo menos arrumassem a casa de um jeito que ficasse seguro, não precisava nem me tirar daqui”, diz a mulher.

Também residente na rua da Lagoa, a mãe solteira de quatro filhos, Maria Raimunda, 31 anos, teve parte da casa desabada. O teto do banheiro da mulher, que está desempregada, desabou. A cobertura de quase todos os cômodos da casa está em risco.

“Quando chove isso aqui alaga tudo, dá pra ouvir o teto rangendo. Já estou imaginando como vai ser agora no período chuvoso. Só Deus mesmo para proteger a gente”, revela a moradora que vive no local há 12 anos e está há mais de um mês com a energia cortada. Maria Raimunda é uma das piauienses cuja única fonte de renda é o bolsa família. 

Outro impasse vivido pelos moradores é a possibilidade de terem que sair do bairro. Muitos preferem continuar na região, onde filhos e outros parentes passaram a residir.


O que ficou dos entulhos das casas demolidas agora é terreno baldio. 

Ricardo Francisco Leal, 60 anos, é agente de portaria e mora com a mulher no local há mais de 20 anos. Ele é um dos moradores que não quer deixar o bairro. “Trabalho aqui perto, meu filho estuda na Fundação Vila da Paz, minha mulher faz tratamento no CAPs aqui próximo. Não queremos ir pra outro lugar, queremos algo aqui próximo”, contou.

O porteiro relatou que chegou a firmar um contrato de R$ 54 mil mas que o dinheiro não chegou a ser depositado em sua conta. “Minha mulher estava com problemas psicológicos e eu até pensei em ir para outro lugar, mas agora que está tudo mais estável, preferimos ficar por aqui. Foi onde nós construímos nossa vida”, contou. 

Os moradores temem que com a chegada do período chuvoso, ocorram novos desabamentos no bairro. “Aqui vai ser um novo Parque Rodoviários, anote o que estou lhe dizendo”, alerta Ricardo. Em abril deste ano, uma lagoa transbordou no Parque Rodoviário, próximo à Vila da Paz, destruindo casas e deixando duas pessoas mortas e vários feridos.

Realojamento das família

De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Habitação (Semduh) foram mapeados 165 imóveis pela SDU Sul no processo de urbanização da Vila da Paz.  Destes, 105 foram priorizados para retirada do local. 

“Das 105 prioridades, 28 indenizações foram pagas, sete famílias foram para o Minha Casa Minha Vida; três estão tramitando para serem pagos e 67, com prioridade a ser redefinida pela SDU. Isso referente aos processos de indenização“, explicou Rogéria Lúcia, coordenadora de Habitação da Semduh. 

De acordo com a Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU) Sul, foram removidas cerca de 280 famílias na primeira fase do projeto e inseridas no programa Minha Casa Minha Vida.

Sobre a primeira fase do projeto, a SDU da zona garante que novas ações serão realizadas.

“Vamos finalizar a parte do esgotamento sanitário e o emissário que vai ligar para a estação de tratamento na Estrada da Alegria. Ainda vamos colocar a iluminação e construir os equipamentos como academias e pistas de skates“, informou o superintendente da SDU Sul.

A segunda fase, de acordo com a SDU, já está licitada e com empresa contratada. São R$ 23 milhões e 700 mil, oriundos do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), para a construção de 900 metros de canal e urbanização do entorno. Novas famílias deverão ser realojadas, o número ainda está sendo levantado pela prefeitura.

Sobre o valor baixo da indenização para saída do imóvel, o superintendente da SDU explica que em alguns casos o morador pode solicitar uma reavaliação. “A casa tem que ter uma avaliação pelos profissionais, sendo feito um laudo. Alguns moradores podem solicitar uma nova avaliação para atualizar o valor“, garantiu o superintendente.

Valmir Macêdo
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