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Enterro de travesti morta a pauladas atrasa 6h após confusão com nome civil

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Foto: Arquivo Pessoal

Paloma e Marinalva Santana, último registro da travesti 

Por Breno Moreno

O sepultamento de Paloma Silva, travesti de 34 anos que morreu após ser espancada a pauladas, sofreu um atraso por causa de uma confusão com o nome civil da vítima. O enterro estava previsto inicialmente para a manhã desta terça-feira (12), mas um erro na documentação da funerária postergou a cerimônia fúnebre. 

Paloma Silva conseguiu realizar a troca do nome no registro civil por meio do projeto “Meu Nome, Meu Orgulho”, promovido pela Defensoria Pública do Estado (DPE). Apesar disso, na documentação emitida pelo plantão funerário do Instituto Médico Legal (IML) não respeitava o novo registro da vítima. 

“O sepultamento estava marcado para 10h30. Fomos à funerária responsável pelo serviço, mas a guia que veio do IML ainda estava com o nome antigo, que chamamos de ‘nome morto’. Isso não poderia ter acontecido, porque a Paloma já havia alterado o nome”, alegou Marinalva Santana, integrante do grupo Matizes.

Como era uma pessoa em situação de vulnerabilidade social, todo o serviço funerário de Paloma Silva foi custeado pela Prefeitura de Teresina. Segundo a defensora pública Patrícia Vale, idealizadora e coordenadora do projeto “Meu Nome, Meu Orgulho”, o problema com o nome civil foi causado por uma desatualização no Cadastro Único (CadÚnico). 

“Tem uma semana mais ou menos que ela recebeu os documentos novos, e o CadÚnico, que onde ela tem o cadastro para receber os benefícios, ainda constava o nome antigo, porque não havia sido atualizado. A funerária alegou que se fosse feito alteração, poderia gerar algum atraso na liberação do benefício”, disse a defensora. 

Após a confusão com o nome civil e alteração na guia funerária com os dados corretos, Paloma Silva foi enterra às 16h30 no Cemitério Santa Cruz, no bairro Promorar, na zona sul da capital.

“Ela foi brutalmente assassinada, com uma pancada na cabeça, e na hora de ser enterrada ainda passa por esse desrespeito”, lamentou Marinalva Santana.

Paloma Silva estava há três meses na Casa do Caminho, abrigo para pessoas em situação de rua, localizada na região do centro teresinense. Ela teria saído da unidade para ir ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e não retornou. Ela morreu no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), após ser encontrada com várias pancadas na cabeça. 

Sasc acompanha o caso

A Diretoria de Promoção da Cidadania LGBTQIA da Superintendência de Direitos Humanos da Sasc encaminhou ao portal Cidadeverde.com uma nota informando que Paloma era assistida pelos serviços sócios-assistenciais, psicológico e jurídico do Centro de Referência LGBTQIA "Raimundo Pereira".

Destacou ainda que está acompanhando o caso para que sejam “adotadas todas as providências cabíveis, e que esse crime não fique impune, pois precisamos estar na luta constante para fazer do Piauí e do Brasil um território livre da discriminação e do preconceito”. 

Confira a nota na íntegra:

A Diretoria de Promoção da Cidadania LGBTQIA da Superintendência de Direitos Humanos - SASC, vem através de nota se solidariza com familiares e amigas de Paloma do Amaral, também externar grande pesar por esse terrivel e brutal assassinato, Paloma era assistida pelos serviços sócios-assistenciais, psicológico e jurídico do Centro de Referência LGBTQIA "Raimundo Pereira", após ser vítima do crime de tortura em 2021.

Buscamos resgatar sua cidadania, acompanhando-a para realizar a emissão de seus documentos civis e de sua "CARTEIRA COM NOME SOCIAL", a posterior firmamos parcerias junto a Prefeitura de Teresina por meio da Gerência de Direitos Humanos da SEMCASPI para encaminhá-la aos serviços de acolhimento e abrigamento que se faziam necessários e de extrema urgência naquele momento. O monitoramento e acompanhamento da mesma era realizado de forma constante, através da equipe multidisciplinar do Centro de Referência LGBTQIA da Diretoria de Promoção da Cidadania LGBTQIA/SUDH-SASC.

Estaremos acompanhando o caso junto a Coordenação de Proteção a População LGBTQIAPN+ da SSP e a Delegacia Especializada responsável, para que sejam adotadas todas as providências cabíveis, e que esse crime não fique impune, pois precisamos estar na luta constante para fazer do Piauí e do Brasil um território livre da discriminação e do preconceito.

Joseane Borges
Diretora de Promoção da Cidadania LGBTQIA da Superintendência de Direitos Humanos da SASC.

 

 

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