Cidadeverde.com

Moradores de Palmeirais protestam contra hidrelétrica no rio Parnaíba

Imprimir

Os moradores do povoado Riacho Negro, na zona rural de Palmeirais, entram no terceiro dia de protesto contra a construção de uma barragem para a construção da hidrelétrica de Castelhano no rio Parnaíba. Segundo ambientalistas, o lago da obra não possui uma série requisitos ambientais e irá deixar vários desabrigados na região.


O protesto fechou a PI 130 e entra no seu terceiro dia nesta sexta (15). Segundo a polícia, ontem os ânimos só foram controlados quando um grupamento das Rondas Ostensivas de Natureza especial foram até o ponto interditado na rodovia e negociaram a liberação. “Eles bloquearam a pista tocando fogo em pneus e galhos das 9h às 13h. Teve um engarrafamento de aproximadamente dois quilômetros, mas foi tudo resolvido com negociação”, descreve o agente José de França Rios, do 19º DP.

Fotos: Dionísio/Ecodio



De acordo com o presidente da Fundação Rio Parnaíba, Francisco Soares que esteve ontem no local, nesta sexta os protestos continuam. Ele afirma que o projeto da barragem não contempla uma série de pontos necessários como uma eclusa para trânsito de embarcações e uma área para que os peixes possam subir o rio em época de piracema.




“Há 40 anos fizeram a barragem de Boa Esperança e nunca fizeram as eclusas. Desde então a navegabilidade naquele ponto acabou. Se construírem as cinco barragens no rio Parnaíba dessa maneira, sepulta para sempre a navegação”, afirma, referindo-se ao projeto inicial do Ministério de Minas e Energia que previa a construção de cinco hidrelétricas ao longo do rio piauiense. Em dezembro deste ano, estão previstas a licitação de duas delas: a de Ribeiro Gonçalves e a de Castelhano.

“O projeto está incompleto. O número de pessoas atingido foi todo subestimado. Disseram que as cinco atingiriam 16 mil pessoas, mas o total será de mais de 40 mil”, garante o ambientalista. Soares afirma ainda que a Fundação Rio Parnaíba entrará judicialmente contra o Ministério do Meio Ambiente, o governo do Estado e o IBAMA porque a obra estaria sendo liberada sem licença ambiental.


IBAMA
O superintendente do IBAMA no Piauí, Romildo Mafra, declarou ao CidadeVerde.com que enviou um técnico ambiental ao local para falar com os moradores e tentar explicar como funcionará o projeto.


"As cinco hidrelétricas do Piauí são os processos que estão na diretoria de Brasília. A portaria inclui duas delas em dezembro, só que para haja o leilão é preciso que saia a licença prévia. Fiz contato com Brasília, e das duas do Piauí, Ribeiro Gonçalves já está sendo estudada e a de Castelhano será a próxima", diz Mafra.


Sobre a necessidade da eclusa, o superintendente diz que esta parte da obra pode ser feita depois. "A eclusa é uma questão do no Ministério dos Transportes e pode ser feita de outra etapa. O ideal é que faça ao mesmo tempo, mas encarece muito o valor da obra", analisa.

Mafra explica ainda que, de acordo com o projeto, a hidrelétrica de Castelhano em Palmeirais terá um lago de 76 km² e fará com que a comunidade de Riacho Negro desapareça. "Impato para construir uma obra destas sempre vai ter. O que temos é que providenciar as medidas para que seja o menor possível", descreve. O superintendente afirma ainda que não há nada de muito concreto em relação a Castelhano e que a barragem de Ribeiro Gonçalves provavelmente terá sua licença liberada mais rapidamente.




Carlos Lustosa Filho
[email protected]

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais