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Brasil continuará com problemas de preço do etanol em entressafra

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O Brasil deve continuar sofrendo com problemas de aumentos dos preços de etanol e riscos de desabastecimento nos períodos de entressafra, afirmou na quinta-feira (26) o diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Antônio Pádua Rodrigues.



“Não haverá nada de diferente do que ocorre hoje, e os problemas de estoque e de alta nos preços do etanol continuarão a ocorrer nos períodos de entressafra”, disse, de acordo com a Agência Brasil. “Se não houver incentivos, ficaremos na mesmice de hoje, pelo menos, até 2015”.

De acordo com Rodrigues, estoques reguladores poderiam diminuir os problemas de abastecimento na entressafra, bem como o controle do consumo. “Esse é um mecanismo que visa a amenizar e não resolver o problema, uma vez que a demanda continuará a ser maior que a oferta, mas não há outro jeito. Contraindo a demanda na safra, evitando que os preços caiam muito neste período, dará maior disponibilidade do produto na entressafra”.

Pádua ressaltou que desde 2008 os investimentos no setor têm sido escassos. “A falta de investimentos no setor nos últimos anos para aumentar a oferta do etanol vai levar a uma situação nos próximos três anos em que o crescimento da oferta não será suficiente para fazer frente ao avanço esperado para a demanda”, disse. “Certamente não haverá oferta para atender a demanda”, ressaltou.

O diretor da Unica ainda criticou a política de preços da gasolina. Segundo ele, a manutenção do preço do combustível pela Petrobras tem prejudicado o setor sucroalcooleiro. “O produtor tem que repassar seus custos que são cada vez mais crescentes, e são custos variados que vão desde a mão de obra à energia que é utilizada na fase de produção. Enquanto isso, a gasolina fica com o preço estabilizado nas refinarias da Petrobras por um tempo longo demais”.

Safra em ritmo lento e preços em níveis altos
Em nota, a Unica informou na quinta-feira (26) que o ritmo de moagem na região Centro-Sul, onde se concentra a maioria das usinas de cana-de-açúcar, está abaixo do esperado. A moagem do produto somou 33,77 milhões de toneladas na primeira quinzena de maio, uma queda de 6,69% em relação aos 35,13 milhões de toneladas observados em igual período de 2010. No acumulado do início da safra deste ano, a moagem totalizou 56,66 milhões, número 39,51% abaixo das 93,67 milhões de toneladas da safra anterior.

Apesar do ritmo considerado lento pela entidade, Pádua acredita que as empresas continuam priorizando a produção de etanol à de açúcar. “Já entramos definitivamente na safra 2011/2010, e a preocupação nesse momento não é com o abastecimento, mas sim com o estabelecimento de mecanismos para que o cenário de elevada volatilidade de preços observado nesta entressafra não se repita no próximo ano”, disse.

E, mesmo que no próximo ano o cenário de instabilidade dos preços não se repita, dificilmente os valores do litro do etanol voltarão aos patamares do ano passado, afirma o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), Paulo Miranda Soares.

“O problema é que houve um crescimento de 11% na demanda de uma maneira geral”, disse, ainda segundo a Agência Brasil. “Além disso, ocorreu quebra da safra, em um momento em que o consumo estava em franca expansão, principalmente com o aumento da classe média. E o mercado não conseguiu acompanhar esse crescimento.”

Fonte: Info Money

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