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Brasil participa de pesquisa internacional sobre esquizofrenia

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A cidade de Ribeirão Preto (SP), será a representante do Brasil em uma pesquisa internacional que pretende levantar as causas da esquizofrenia e de outros transtornos psíquicos. O estudo, que começa a ser desenvolvido esse mês na Faculdade de Medicina da USP na cidade, é fruto de um consórcio de pesquisadores e será realizado simultaneamente em mais 14 países. A proposta é estimar a incidência dessas doenças na região e investigar possíveis relações de fatores sociais e biológicos na ocorrência de transtornos mentais no País.

De acordo com uma das coordenadoras da pesquisa, Cristina Marta Del-Ben, professora da Faculdade de Medicina e membro do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da USP-RP, o estudo vai durar três anos e o objetivo é levantar mensalmente todos os novos casos de transtornos psicológicos registrados em Ribeirão e nas outras 25 cidades da região que fazem parte do Departamento Regional de Saúde (DRS). "Pelo menos uma vez por semana nossa equipe vai levantar quantos são esses novos casos e, com isso, ao final dos três anos, poderemos afirmar qual a real incidência desses transtornos na região", explica.

Ainda segundo Cristina, a estimativa inicial é que cerca de dois novos casos por semana sejam registrados. "Com a conclusão, descobriremos quantos casos existem em comparação ao total da população regional. Em países em desenvolvimento, existem poucos estudos nessa área. O único levantamento sobre a incidência foi feito em uma região da cidade de São Paulo e quantificou 16 casos para cada 100 mil habitantes. Em comparação com Londres, por exemplo, que tem 40 casos para 10 mil habitantes, é um número bem menor. Queremos comprovar se isso é real".

A professora diz ainda que os dados obtidos em Ribeirão serão significativos para essas comparações, pois há uma diversidade de perfis na região. "Existem cidades muito grandes e desenvolvidas, mas também pessoas que vivem na zona rural. Poderemos investigar o que levou pessoas com rotinas tão diferentes a desenvolver ou não os transtornos psicóticos".

Por meio do levantamento do número de casos, será possível investigar as possíveis relações de fatores sociais e biológicos na ocorrência desses transtornos mentais. "Poderemos verificar o que levou as pessoas a desenvolverem delírios e alucinações, levantar formas de prevenção e, a longo prazo, um tratamento eficaz", analisa Cristina.

Segundo ela, na pesquisa feita em Londres constatou-se que o uso de maconha na adolescência aumenta as chances de desenvolvimento de transtornos mentais na idade adulta. "De acordo com as conclusões que chegarmos aqui, será possível investir em campanhas para combater comportamentos de risco". Mas fatores genéticos também são causadores. "Vamos comparar irmãos de pessoas que possuem o transtorno para também investigar a fundo os fatores genéticos".

Quem participar do estudo terá a oportunidade de fazer tratamento em um ambulatório específico. Ao todo, 20 centros em todo o mundo estão envolvidos na pesquisa - na sede nacional trabalham cerca de 20 pessoas. "A inclusão do Brasil neste consórcio é muito oportuna e trará diversos avanços na área para a prevenção e tratamento", concluiu Cristina.

Além do Brasil, participam do projeto o Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Turquia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Irlanda, Itália, Suíça, China, Hong Kong e Austrália.

Fonte: Terra/ Raissa Scheffer
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