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Coluna 06/10/23

A evolução na imagem pública de Rafael Fonteles

O leitor não é obrigado a saber, mas a colunista tem uns estudos aqui e acolá na área de Análise de Discursos. Apresentadas as credenciais, é interessante notar a construção da imagem de alguns políticos piauienses, algo que deve ser feito com desdobramentos nessa e em outras colunas. Exemplo interessante é o do governador Rafael Fonteles, que tinha o ethos (modo de ser, imagem externa) do sério. De propósito ou não, ele reforçou bastante essa imagem no período em que era secretário estadual de Fazenda e conseguiu fazer a migração para outras persona pública após a eleição de 2022.

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Carteirinha de sério

O político que incorpora o sério evita o sorriso constante, autocontrole diante de críticas, sangue-frio, não é encontrado em atividades frívolas, não brinca excessivamente, não tem tom insolente nas entrevistas. Tudo isso precisa ser equilibrado para não transmitir a imagem de uma pessoa fria, altiva, pretensiosa, excessivamente austera. Isso era o Rafael secretário de Fazenda. Quem também incorpora bem esse ethos é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual presidente nacional do Republicanos, pastor Marcos Pereira. 

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 Potência

O ethos da potência (com imagens de ação, disposição e força) foi incorporado por Rafael durante a campanha, em especial para se opor ao adversário de mais idade, Sílvio Mendes. Durante a campanha de 2022, o presidente Lula, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro usaram e abusaram do ethos da potência. A icônica foto de Lula com Janja e uma grande lua de fundo, viralizou por conta da definição nas pernas do presidente de sunga. Após a campanha, Rafael também assimilou uma imagem de virtuosidade: o “dizer o que pensa”, o combate sem ofensa.

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Chefia

Com símbolos, falas e posturas, tem incorporado agora o ethos do “chefe”, muito significativo no imaginário da política brasileira: é o guia, o comandante, aquele que tem uma postura de firmeza e liderança. O ex-jogador Romário utilizou esse ethos em sua carreira no futebol e na política, mesclando bem as características. A coluna promete voltar ao tema analisando também a imagem de outros personagens da política piauiense. 

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O caminho do meio

A coluna é de Humanas, traduzindo, não é fã dos números. Considerando essa deficiência, vamos a alguns cálculos necessários. Ter mais de uma candidatura a prefeito do mesmo grupo numa cidade com segundo favorece a quem? Candidatos que não têm fôlego para chegar ao segundo turno, mas que podem forçar um, são importantes ou não? Num cenário difícil de decifrar, ganha mais quem fica em cima do muro o máximo de tempo possível ou não? O meio, importa. E como!

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Vem aí

Uma conversa importante deve ocorrer nos próximos dias com o ex-prefeito Sílvio Mendes e um interlocutor misterioso. O saldo, segundo fontes bem informadas, pode desaguar na definição da chapa majoritária em que Sílvio certamente estará presente. “Pode acontecer tudo, inclusive nada nessa conversa. Essa será definitiva. E promete surpresa”, adiantou uma fonte da coluna. O que será?

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Recado de todo lado

A exoneração da indicada da vereadora Pollyana Rocha (PV) da Semest resultou no apoio rápido da parlamentar ao pré-candidato a prefeito de Teresina Fábio Novo, do PT. O movimento, é claro, tem as digitais do presidente da Câmara de Teresina, Enzo Samuel, que não deixou de posar ao lado de Novo e Pollyana no dia do anúncio. A vereadora é nome próximo a Enzo. O presidente da CMT mostra influência ao abrigar Pollyana na base governista e, nessa toada, pode trazer mais vereadores para o grupo de Fábio. De quebra, deu um recado velado: mexer com os dele, tem resposta.

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Transfusão de chapas

A coluna antecipou essa semana que o grupo do Agir poderia migrar para a chapa proporcional do PSD em Teresina após a desistência da candidatura de Franzé Silva à PMT. Além do PSD, há outros grupos políticos importantes em contato com os membros do partido. Detalhe: caso aja essa migração de chapa, o comando indireto do Agir deve seguir com o deputado Evaldo Gomes.

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Se conselho fosse bom

Algumas pessoas querem vencer antes de lutar. Não dá. A única forma de ter vinte anos de experiência é tendo vinte anos de experiência. Você não pode construir um império no mesmo tempo que levaria para construir um castelo de areia. Comece pelo principal primeiro e, sobrando tempo, vá para o complemento. 

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Para ler, ver e ouvir

“Essa é a história de uma mulher, da morte dela, e de tudo o que veio depois”. O resumo é feito pela apresentadora Branca Vianna no podcast “Praia dos Ossos” (produção da Rádio Novelo, disponível nas plataformas de áudio como Spotify, Google Podcasts e Apple Podcasts). O leitor não se engane: não é uma série documental do gênero true crime, com foco na reconstrução do crime, e sim uma história sobre a imprensa da década de 70, o sistema judiciário brasileiro e, acima de tudo, sobre a vida e a morte de mulheres. O podcast retoma o assassinato da socialite mineira Ângela Maria Fernandes Diniz, então com 32 anos, ocorrido na noite do dia 30 de dezembro de 1976, na Praia dos Ossos, em Búzios, Rio de Janeiro. O autor dos quatro tiros foi o namorado, o empresário Doca Street. No mais, ouça o podcast e volte para contar. 

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Ilustre Leitor

O deputado federal Júlio Arcoverde se equilibra para buscar o neto, Júlio Neto, na escolinha, passear com os cãezinhos Berenice, Brisa e Zeca e ainda ler essa humilde coluna, ufa! O parlamentar do Progressistas tem sido destaque na capital federal, não dá para negar. Depois da CPI das Apostas, presidida por ele, Júlio foi alçado a um patamar nacional no Parlamento, tanto que agora tem em vista o relatório de projetos importantes na Câmara dos Deputados. Agora, com a agenda cheia, Arcoverde vai precisar mesmo focar atenção em Teresina. A oposição precisa escolher entre Sílvio Mendes, Bárbara do Firmino, Luciano Nunes e João Vicente Claudino. Prazo máximo: dezembro!

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Cifrada do Elogio Diferente

A coluna jogava conversa fora com um deputado federal quando o nobre parlamentar resolveu elogiar o discurso de um colega que atua no âmbito municipal: “Fulano de Tal fez um discurso muito interessante. Se fosse alguém que soubesse falar, eloquente, teria sido ótimo”. Gente...

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Foto do dia

Num debate bastante prestigiado pela classe médica e jurídica, o coordenador-geral da CENDFOL, Tiago Vasconcelos, defendeu a suspensão da votação no STF da descriminalização do porte de drogas alegando “vício de competência”. “O STF tem competência legal para julgar a ação, mas lhe falta competência técnica para tomar uma decisão isolada, que exige um debate amplo com a sociedade e sobretudo com profissionais de diversas áreas técnicas-científicas”, argumentou Tiago durante o evento realizado pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí durante o Fórum de Combate às Drogas sobre o tema “Descriminalização das Drogas. O que você acha disso?”.  A pauta é relevante e tem sido alvo de um embate intenso entre Congresso Nacional e STF. Como lida diretamente com as ações de combate ao uso de drogas, Tiago tem visão a partir de um ponto de vista que deve ser levado em consideração.

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A frase para pensar

“Em política, a gente não escolhe a hora. É a hora que escolhe a gente. Ou agarramos o que pode vir a ser uma chance única, ou decidimos que queremos viver sabendo que deixamos a oportunidade passar”, Ted Kennedy (1932-2009), ex-senador dos Estados Unidos.

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