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Família protesta e diz que jovem sofreu racismo ao ser preso em Cocal

Familiares e amigos protestaram nesta sexta-feira (20) na cidade de Buriti dos Lopes pela inocência de Willian da Silva Alves, jovem negro de 19 anos preso na última terça-feira (17) como um dos suspeitos de ter participado de um assalto no município de Cocal. 

O crime aconteceu por volta de 12h, em um estabelecimento comercial de Cocal. Imagens de uma câmera de segurança mostram três homens e uma mulher chegando ao local em duas motocicletas e, momentos depois, duas pessoas do grupo realizam o assalto. 

Horas depois, Willian foi encontrado em uma praça próxima à região central da cidade e preso em flagrante como um dos suspeitos de participação no assalto. Para Maria José da Silva Alves, mãe do jovem, o filho foi confundido com os reais autores do crime. 

"É racismo. Meu filho estava sentado em uma praça, esperando um carro que ia lhe buscar porque a moto dele quebrou. Teve um assalto em Cocal e lá confundiram meu filho com os bandidos", declarou a dona de casa. 

A alegação dos familiares leva em consideração diversas trocas de mensagens entre Willian e um amigo de um aplicativo, que comprovam que o jovem estava em outro local no momento da ocorrência. 

“O roubo foi às 12h20 e nesse momento ele estava almoçando, ele até mandou a foto para um amigo. Logo depois disso o cunhado dele deu uma carona para ele até o Centro de Cocal, para ele pegar um transporte e voltar para Buriti dos Lopes, porque a moto dele estava no prego. Tem vídeos e áudios mostrando ele tentando arrumar a moto”, argumentou o advogado Bruno Portela. 

O Cidadeverde.com tentou apurar o procedimento de prisão, mas não conseguiu contato com a Delegacia de Cocal nem com a Polícia Civil. A defesa, por sua vez, explicou que a prisão em flagrante do jovem é considerada “ilegal”, já que foi realizada com base apenas no reconhecimento feito pela vítima. 

“Isso é um absurdo, passou por cima de toda a legalidade. O policial pegou o rapaz e levou no local do crime junto com a suposta vítima, apresentando ele já como o responsável, o autor. O policial levou já induzindo a vítima", argumentou a defesa. 

Para Portela, a prisão em flagrante de Willian, convertida em preventiva na audiência de custódia, é um claro indício de racismo. “Sem dúvida alguma. Quando o policial o abordou, estava procurando pessoas que batiam com a descição: um negro de brinco”, disse.

Por conta da situação, a defesa protocolou um pedido de habeas corpus no plantão do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) pedindo a soltura de Willian. “A demora é o Ministério Público [MP], que tem cinco dias para dar vista e mais dez dias para se manifestar. Se o Ministério Público quiser fazer corpo mole, esse rapaz não sai tão cedo da prisão”, afirmou o advogado. 

O Cidadeverde.com não conseguiu contato com a Promotoria do MP até a publicação desta matéria. O espaço segue em aberto para eventuais esclarecimentos sobre o processo.

Além da liberdade de Willian, a equipe de defesa do jovem também deve acionar a autoridade policial responsável pela prisão e o denunciante. “Iremos entrar no Conselho Nacional de Justiça [CNJ] e buscar danos morais contra a vítima que fez o reconhecimento”, finalizou. 

Breno Moreno
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