Cidadeverde.com

Palmeiras confirma ter um jogador com coronavírus e três recuperados

O Palmeiras revelou neste domingo que, após a bateria de testes realizada no elenco para detectar possíveis infecções pelo novo coronavírus, encontrou apenas um jogador com a doença. O atleta, cujo nome não foi revelado, foi afastado de forma preventiva das atividades presenciais que serão retomadas na próxima terça-feira e ficará em observação pelas próximas semanas.

A comissão técnica examinou 30 jogadores desde quinta-feira Hospital Sírio Libanês. Além do jogador que testou positivo nessa série de exames, o clube afirma que outros três atletas tiveram resultado positivo para o coronavírus durante o período de paralisação. Todos estão recuperados e passaram por avaliações cardiorrespiratórias extras para garantirem que estão aptos a voltarem ao trabalho. De todo o grupo, somente o zagueiro Gustavo Gómez ainda não fez os testes pois continua no Paraguai.

O clube revelou que fez exames também em 26 membros da diretoria e comissão técnica. Apenas um caso positivo foi encontrado, mas o infectado já está recuperado. A próxima rodada de testes em elenco e no estafe do clube será nesta segunda-feira, na Academia de Futebol. Mais rodadas de exames também serão realizadas nas próximas semanas, para cumprir o protocolo de cuidados previsto pela Federação Paulista de Futebol.

Anteriormente, o Palmeiras fez 73 testes em funcionários do centro de treinamento. Foram seis casos positivos ao todo, com três já recuperados e mais outros três em afastamento temporário, até quinta-feira. Já na próxima terça, o clube vai recomeçar uma série de avaliações físicas, fisiológicas e bioquímicas do elenco com o objetivo principal de avaliar possíveis perdas e deficiências decorrentes dos mais de três meses de paralisação das atividades presenciais.

Fonte: Estadão Conteúdo

Após decreto de Crivella, Ferj agora adia jogos do Carioca para sexta e sábado

 Foto: Vitor Silva/Botafogo

A confusão instaurada no futebol fluminense pelo decreto do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que impedia a realização de eventos esportivos na cidade até a próxima quinta-feira ganhou mais um capítulo, provavelmente o definitivo. Diante da insegurança jurídica provocada pela resolução, a Federação o Estado do Rio de Janeiro (Ferj) adiou as partidas ainda não disputadas da quarta rodada da Taça Rio para a sexta-feira e o próximo sábado.

As partidas afetadas são Vasco x Macaé, Madureira x Resende, Botafogo x Cabofriense, Fluminense x Volta Redonda. "Mas até o presente momento o novo ato municipal ainda não foi devidamente editado e publicado, o que inviabiliza a adoção de todos os procedimentos necessários à realização, com a devida segurança, dos próximos jogos programados", afirmou a Ferj em comunicado.

A decisão da Ferj significa que o Campeonato Carioca está paralisado até a próxima quinta-feira, o último dia do decreto de Crivella. E também provocou o adiamento, ainda que sem uma data definida, dos compromissos da quinta rodada, inicialmente prevista para começar na próxima quarta.

No último sábado, Crivella publicou um decreto suspendendo competições esportivas na cidade. Depois, afirmou que houve divergência entre o protocolo sanitário da Ferj e o da Prefeitura do Rio. E defendeu que a suspensão valeria apenas para os jogos de Botafogo e Fluminense, que enfrentariam Cabofriense e Volta Redonda, na segunda-feira, mas já haviam avisado que se recusariam a atuar. Além disso, Crivella não tinha revisado o documento.

Com o decreto de sábado, a Ferj havia inicialmente adiado as duas partidas do Carioca que seriam disputadas neste domingo: Vasco x Macaé, em São Januário, que tinha sido remarcado para quarta-feira, e Madureira x Resende, em Conselheiro Galvão, que ficou para quinta.

A Taça Rio foi reiniciada na última quinta, quando o Flamengo derrotou o Bangu por 3 a 0, no Maracanã. No dia seguinte, Portuguesa e Boavista empataram sem gols. O time rubro-negro foi o principal defensor de retomar a competição neste momento e ganhou apoio do Vasco. Já Botafogo e Fluminense foram contrários à ideia de recomeçar o torneio enquanto a disseminação do coronavírus no Estado do Rio não está controlada. Os dois clubes pedem mais tempo para treinar e só querem atuar em partidas oficiais a partir de julho.

Fonte: Estadão Conteúdo

Piauí ultrapassa 500 mortes pelo novo coronavírus; 63% dos óbitos foram em junho

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Ampliada às 19h25

O Piauí ultrapassou a marca de 500 óbitos provocados pelo novo coronavírus. Foram 17 mortes e 212 novos casos confirmados neste domingo (21), segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). 

Com os números atualizados, são 14.476 casos confirmados e 502 mortes no total acumulado desde 19 de março. 

Apenas no mês de junho, foram 318 mortes confirmadas, 63,3% dos óbitos no estado até agora. 

Teresina registrou 11 mortes: sete mulheres (65, 65, 69, 73, 75, 81 e 86 anos) e cinco homens (52, 62, 69 e 87 anos). A capital acumula 282 vidas perdidas na pandemia. 

Parnaíba é o segundo município em número de mortes - chegou a 46 com os óbitos de três homens (45, 87 e 88 anos). 

A oitava morte de Esperantina foi de um homen de 77 anos. Também foram registradas a sétima morte de Luzilândia (homem, 48 anos) e o quarto óbito de Miguel Alves (mulher, 76 anos).

Dos 224 municípios do Piauí, 72 têm óbitos confirmados.  

 

Casos confirmados
Não houve registro de casos em novos municípios. Dos 224 do Piauí, 194 tem registros do novo coronavírus e outros 30 estão fora do mapa da covid-19. 

Entre os 212 novos casos, estão um bebê de três meses e uma pessoa de 99 anos. A maioria é do sexo feminino (121). 

Situação hospitalar
Mais 20 pacientes tiveram alta médica (841 no total acumulado), enquanto outros 45 foram internados em leitos para tratamento de covid-19. 

São 782 leitos ocupados: 485 clínios, 279 de terapia intensiva (UTIs) e 18 de estabilização. 

A ocupação das UTIs dedicadas a pacientes com Covid-19 é de 71,91%. Os leitos com respiradores, que incluiem UTI e estabilização, têm ocupação de 66,29% - a maior registrada desde maio. 

 

 

Fábio Lima
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Governador define novo protocolo de isolamento e avalia reabertura de atividades nesta segunda

Foto: Roberta Aline

O governador Wellington Dias irá se reunir nesta segunda-feira (22) para definir os novos protocolos de isolamento social.  No encontro, o governador também irá avaliar a retomada de novas atividades econômicas devido a pandemia da Covid-19.  

Devem participar da reunião os representantes do comitê técnico do Pacto de Retomada Organizada das Atividades Econômicas (Pro Piauí) e do Comitê de Operações Emergenciais de Combate a Covid-19 (COE). 

Nesta segunda (22), vence o vigente decreto de isolamento social proposto pelo governo estadual. 

Na reunião serão analisados os dados gerais epidemiológicos no Piauí. Também serão avaliados os dados da doença por regiões, além de avaliariam a ocupação de leitos no sistema de saúde. 

No dia 15 de junho, devido o aumento da taxa de transmissão do novo coronavírus no estado, o Governo decidiu adiar a reabertura de novas atividades econômicas.  Essa decisão ocorreu após a sexta etapa da pesquisa  epidemiológica apontar o crescimento na taxa de infectados e do número de mortes.

Na sexta (19), o Governo do Estado divulgou o protocolo geral (decreto nº 19.040), disponível no Diário Oficial, que dispõe sobre a reabertura das atividades de forma segura, prevenindo a propagação do novo coronavírus.

Por região 

Em comparativo do dia 8 de junho ao dia 15 de junho, segundo o Governo do Piauí, as regiões com risco epidemiológico alto para a contaminação do novo coronavírus são: Parnaíba, Piripiri, Bom Jesus e Teresina. 

"Já as regiões de são Raimundo Nonato, Floriano e Oeiras, que possuíam risco médio ou médio-baixo, no dia 15 apresentou risco baixo. A região de Picos permanece com risco médio", diz o Governo do Estado.

Os dados fazem parte da avaliação do risco epidemiológico por Covid-19 nas regiões do  Piauí; eles ajudam o governador Wellington Dias e o Comitê Técnico do Pacto de Retomada Organizada das Atividades Econômicas (Pro Piauí) na tomada de decisão de flexibilização das atividades econômicas.

Busca Ativa 

O governador Wellington Dias (PT) alerta que a falta de testagem por parte de alguns municípios prejudica a avaliação da doença no estado. 

“Um município que não alcançou pelo menos 2% de testagem, vai ser sempre considerado de alto risco. Repassamos exames para que façam, no mínimo, 2% de testagem. Essa foi a orientação. Há alguns municípios que aparecem, ainda hoje, com zero casos confirmados, e não fizeram os exames, e isso torna uma zona desconhecida";

Diante dessa situação, o governador ressalta que o Governo do Estado irá enviar aos municípios equipes para a realização de testes por meio do Programa Busca Ativa.   "Não  iremos mais esperar pelos municípios, nós iremos lá fazer". 

 

Carlienne Carpaso
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Crivella fala em 'compatibilizar protocolos' para Flamengo e Vasco jogarem

Foto: Hudson Pontes / Prefeitura do Rio


Após uma série de decisões confusas envolvendo a retomada do Campeonato Carioca, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, assegurou neste domingo que o decreto municipal publicado em edição extraordinária no sábado afeta somente os jogos de Botafogo e Fluminense e seus adversários. O impasse, no entanto, continua.

Crivella falou em "incompatibilidade de protocolos" para justificar a necessidade do decreto suspendendo competições esportivas na cidade. O prefeito afirmou que houve divergência entre o protocolo sanitário da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e o da Prefeitura do Rio.

"Houve um novo protocolo sanitário apresentado pela federação, mas diferente do protocolo da vigilância sanitária da Prefeitura, que, então, pediu uma reunião com a eles (Ferj) para compatibilizar o que eles colocam no protocolo deles com o nosso Isso que vamos fazer segunda, terça e quarta. Então, nesses dias não vamos ter futebol", afirmou.

O prefeito pontuou que não poderá haver jogos de segunda até quarta-feira, dando continuidade às declarações confusas e mantendo as incertezas quanto ao calendário da competição. No entanto, como há duas partidas previstas para quarta-feira - Vasco x Macaé, em São Januário, e Flamengo x Boavista, no Maracanã - ele falou na possibilidade de "compatibilizar protocolos" para que as jogos ocorram na data marcada. Também reforçou que estão suspensos apenas Botafogo x Cabofriense e Fluminense x Volta Redonda. Os dois jogos seriam disputados nesta segunda-feira.

"Quais são os jogos que vão estar suspensos? Os jogos do Botafogo e do Fluminense. Há o jogo do Flamengo na quarta-feira, que nós esperamos compatibilizar esses dois protocolos na segunda ou na terça, na reunião com eles, para que na quarta-feira o Flamengo jogue também", afirmou.

Crivella disse que o decreto não precisará ser ajustado, uma vez que entra em vigor no primeiro dia útil, ou seja, nesta segunda-feira, quando a vigilância sanitária municipal e da Ferj já estarão em reunião para compatibilizar os protocolos.

Inicialmente, o duelo entre Vasco e Macaé, em São Januário, e o confronto Madureira x Resende, em Conselheiro Galvão, seriam realizados neste domingo. No entanto, na noite de sábado, depois da desorganização provocada pelo decreto, a Ferj anunciou o adiamento dos jogos para quarta e quinta-feira, respectivamente

A Taça Rio foi reiniciada na última quinta, quando o Flamengo derrotou o Bangu por 3 a 0, no Maracanã. No dia seguinte, Portuguesa e Boavista empataram sem gols. O time rubro-negro foi o principal defensor de retomar a competição neste momento e ganhou apoio do Vasco. Enquanto que Botafogo e Fluminense foram contrários à ideia de recomeçar o torneio enquanto a disseminação do coronavírus no Estado do Rio não está controlada Os dois clubes pedem mais tempo para treinar e só querem atuar em partidas oficiais a partir de julho.


Fonte: Estadão Conteúdo 

Covid-19: A tragédia do Século 21

 Foto: Ronaldo Silva/Futura Press/Folhapress


Em três meses, a covid-19 matou no Brasil mais do que outras doenças, catástrofes naturais, tragédias e mazelas urbanas, como a violência - problema endêmico no País. Com 50 058 mil vítimas até ontem e com a transmissão do coronavírus em crescimento acelerado, a pandemia se consolida como uma das piores crises sanitárias da história.

O Estadão reuniu dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, de 1996 a 2020, e de catástrofes, como guerras, atentados, tempestades, enchentes e outras pandemias e epidemias para comparar o tamanho da atual tragédia. O rastro de letalidade da covid-19 supera o deixado por armas de fogo, acidentes (de trânsito, aéreos e marítimos), doenças que protagonizaram epidemias recentes da história, como a aids e a dengue, e até mesmo por enfartes.

"E ainda não chegamos nem na metade da covid-19", afirma o virologista Maulori Curié Cabral, professor do Departamento de Virologia, do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio (UFRJ). Ele afirma que ainda é cedo para fazer comparações.

"Ainda estamos no começo da doença, em fase de curva achatada, em que não se sabe quando e como vai acabar a pandemia. Depois que terminar é que poderemos ver o total de mortes e comparar", afirma Cabral. Especialistas têm apontado ainda indícios de subnotificação de mortes em algumas regiões do País, motivada pela falta de testes e atraso nos diagnósticos.

Descoberta em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, a covid-19 chegou ao Brasil provavelmente no fim de janeiro. O primeiro caso oficial de um brasileiro contaminado pelo coronavírus Sars-CoV-2 foi registrado em 26 de fevereiro. Em quase quatro meses, já há mais de 1 milhão de infectados - equivalente a 0,5% da população brasileira. A primeira morte foi registrada em 17 de março: um morador de São Paulo, de 62 anos, com outros problemas de saúde.

Desde então, já morreram mais pessoas em decorrência de covid-19 que por algum tipo de isquemia no coração, como enfarte, entre janeiro a maio de 2019: 46,5 mil, segundo dados do Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao sistema circulatório, como enfartes, AVCs e hipertensão arterial são a principal causa de morte no País.

A covid-19 causou mais vítimas no Brasil em 95 dias que as armas de fogo mataram em 2017. Naquele ano houve o maior número de ocorrências do tipo nas últimas três décadas: foram 48,4 mil óbitos (inclui assassinatos e suicídios). A violência é um dos problemas sociais que mais preocupam a população, tanto pela agressão quanto pela imprevisibilidade.

Em comparação com as mortes em acidentes de trânsito, aéreos e navais (30 mil, em 2019), a covid-19 matou quase o dobro. Tanto as mortes por armas quanto os acidentes são classificados como óbitos motivados por "causas externas", no registro de letalidade no Brasil. Isso é: não provocadas por doenças.

As causas externas formam o quarto grupo com mais óbitos do País: 140 mil no ano passado. Entram na classificação, também, a violência policial, agressões, conflitos, explosões, mortes em hospitais por complicações, entre outras. Se somarmos, para comparação, as vítimas fatais desse grupo de março a junho do ano passado - período aproximado da pandemia atual -, foram 46 mil óbitos. Menos, portanto, do que a covid-19 no mesmo período.

Grandes tragédias

No Brasil, a soma das mortes de 17 tragédias recentes não chega nem perto do que a covid-19 matou. Juntas, elas vitimaram 3.537 pessoas. A conta reúne os mortos soterrados com os rompimentos de barragens em Brumadinho (2019) e Mariana (2015); os de quatro acidentes aéreos - dois da TAM em Congonhas (1996 e 2007), da Gol (na Serra do Cachimbo, em 2006) e do time da Chapecoense (na Colômbia, em 2016); os de três deslizamentos e das enchentes, no Rio (2011), em Caraguatatuba (1967) e Santa Catarina (2008); os dos desabamentos, incêndios e explosões dos edifícios Joelma (1974) e Andraus (1972), da Boate Kiss (2014), do Gran Circus (1961), da Vila Socó, em Cubatão (1984) e do Plaza Shopping (1996); do naufrágio do Bateau Mouche (1989) e no massacre do Carandiru (1992).

Nos últimos quatro anos, 1,3 milhão de pessoas morreram anualmente no País. A principal causa foram doenças do aparelho circulatório: 360 mil em 2019, em que entram enfartes, problemas decorrentes de hipertensão arterial, AVCs, entre outras. O grupo dos tumores, do câncer, está no segundo lugar, seguido pelas doenças respiratórias - em que entram as pneumonias e as gripes, como a influenza tipo H1N1. Foi essa última que protagonizou a pior pandemia gripal da história, em 1918, que ficou conhecida como a "gripe espanhola" - que não foi originada e difundida pela Espanha, apesar do nome.

No ano passado, enfartes mataram 116 mil - um terço do total de óbitos do grupo de doenças do aparelho circulatório. Mas se isolar o total de casos de janeiro a junho, são 56,8 mil óbitos em seis meses, quantidade que a covid-19 deve ultrapassar antes de fechar o quarto mês no País.

Outra pandemia de início de século

A morte por covid-19 entra em uma categoria específica na classificação internacional de causas de óbito. Doença infecciosa viral, ela acomete nos quadros graves o sistema respiratório - grupo que é o terceiro maior motivo de falecimentos no País: 161 mil vítimas, em 2019. As gripes e as pneumonias são um subgrupo e provocaram 84 mil mortes.

Dez anos atrás, elas mataram 53 mil - em 2009 foi registrada a pandemia do H1N1, apelidada inicialmente de gripe suína, que se iniciou no México. O vírus era da mesma família que o da gripe espanhola, de 1918.

A pandemia da covid-19 deve marcar o início do século 21, assim como a gripe espanhola marcou o começo do século 20 e outras epidemias definiram suas eras. Fases da história de catástrofe, despovoamento e transformação social, movidas pela reação humana por sobrevivência. "Epidemias sempre ocorreram na história da humanidade, com impacto na vida cotidiana das populações. Uma das lições é a colaboração e a coordenação, da liderança na condução dessa grande tarefa de controlar o surto da pandemia e, principalmente, solidariedade entre grupos, países e regiões", diz a epidemiologista Maria Rita Donalisio Cordeiro, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (Unicamp).

Para ela, a desigualdade social impulsiona a propagação da covid-19. Com a expansão do coronavírus dos centros para periferias, áreas onde vivem populações vulneráveis, há aceleração na velocidade de disseminação.

Crise histórica. A peste negra, ou peste bubônica, é considerada a maior tragédia sanitária da história. No longínquo século 14, uma bactéria do rato transmitida para o homem, pela pulga, dizimou pouco mais de 20% da população - foram mais de 70 milhões de mortos entre 1347 e 1351. É mais do que muitas guerras e tragédias da humanidade. No Brasil, mortes causadas pela doença, de 1899 a 1907, foram decisivas para a criação da Fiocruz, no Rio, e do Instituto Butantã, em São Paulo.

No Brasil, a taxa de letalidade em casos graves de covid-19, que são os testados atualmente, está em 5,2% e indica uma possível falha no enfrentamento à epidemia: a falta de identificação dos casos, avaliam cientistas e médicos infectologistas. Nesse patamar, se metade da população brasileira (algo em torno de 105 milhões de pessoas) fosse infectada pelo coronavírus de uma vez, 5,4 milhões morreriam.


Foto: Estadão Conteúdo 

Tenista que jogava torneio de Djokovic com público contrai Covid-19

O tenista búlgaro Grigor Dimitrov, 29, anunciou neste domingo (21) que recebeu diagnóstico positivo de Covid-19. O anúncio do número 19 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) no Instagram foi feito uma semana após ele ter participado de um torneio organizado por Novak Djokovic em Belgrado.


O Adria Tour, evento promovido pelo líder do ranking em países da antiga Iugoslávia, recebeu cerca de 4.000 pessoas na sua primeira etapa, realizada em Belgrado, na academia de Djokovic, no último fim de semana.

A presença de público foi liberada pelo governo sérvio, mas chamou a atenção da imprensa internacional a falta de preocupação com aglomerações nas arquibancadas e a pequena quantidade de presentes usando máscaras de proteção.

Um cenário bem diferente, por exemplo, do retorno das ligas de futebol e basquete na Europa, sem a presença de espectadores e com rígidos protocolos de segurança.

Dimitrov participava da segunda etapa do evento, na Croácia, e chegou a jogar neste sábado (20) mesmo se sentindo mal. Depois de ter entrado em quadra e participado de vários eventos promocionais, decidiu voltar para Monaco, onde mora, e lá recebeu a confirmação que está com a doença.

"Quero garantir que qualquer pessoa que tenha estado em contato comigo nos últimos dias seja testada e tome as precauções necessárias. Sinto muito por qualquer dano que possa ter causado. Estou de volta para casa agora e me recuperando. Obrigado pelo seu apoio e fique seguro e saudável", escreveu no Instagram.

Na última semana, foi divulgado o calendário para retomada do tênis profissional, a partir do meio de agosto, nos Estados Unidos. Estão confirmadas as realizações dos torneios Grand Slam US Open, com início em 31 de agosto, e Roland Garros, em 27 de setembro.

 

 

 

Fonte: Folhapress

 

Em três meses, Covid-19 mata tantos brasileiros quanto Guerra do Paraguai

Foto: Jorge Heli/Folhapress/FramePhoto

Entre os conflitos internacionais dos quais o Brasil participou, nenhum é comparável à Guerra do Paraguai em tropas mobilizadas e, principalmente, em número de mortos. O Brasil se uniu à Argentina e ao Uruguai, formando a Tríplice Aliança, que derrotou o Paraguai depois de uma série de batalhas ao longo de pouco mais de cinco anos, entre 1864 e 1870.

Embora tenha saído vencedor, o país de dom Pedro 2º contabilizou um quantia enorme de óbitos, pelo menos 50 mil, segundo os estudos mais recentes e detalhados. "É preciso se dar conta da grandiosidade desse número", diz o historiador e jornalista Mauro César Silveira, autor de "A Batalha de Papel" e outros livros sobre a Guerra do Paraguai.

Silveira faz menção ao número de brasileiros mortos ao longo do maior conflito armado da história da América do Sul. Mas se refere também ao número de habitantes do país que morreram em decorrência da Covid-19 até agora.

Segundo dados compilados pelo consórcio formado por Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL, o Brasil registrou 49.101 mortes, em balanço aferido na manhã deste sábado (20). O levantamento é feito com a coleta de dados das Secretarias de Saúde dos estados.

O país chegou à marca pouco mais de três meses depois do primeiro óbito por um infectado de Covid-19, no dia 16 de março, em São Paulo. Bastou um trimestre, portanto, para que a pandemia do novo coronavírus matasse tantos brasileiros quanto essa guerra, uma das mais longas e sangrentas do século 19.

Autor de obras como "Dom Pedro 2º" e "Forças Armadas e Política no Brasil", o historiador José Murilo de Carvalho divide a Guerra do Paraguai em três etapas em relação aos mortos e feridos.

"A primeira parte, com baixas divididas entre os dois lados, vai de maio de 1866, com a primeira batalha de Tuiuti, a novembro de 1867, com a segunda batalha de Tuiuti, incluindo a epidemia de cólera de 1867, que matou uns 4.000 brasileiros", explica Carvalho.


"A segunda etapa foi a sequência de batalhas, chamada Dezembrada, de dezembro de 1868 à tomada de Assunção, em janeiro de 1869, que quebrou a coluna dorsal do Exército paraguaio. As mortes foram muito maiores do lado guarani. A última parte, com as tropas brasileiras sob o comando do conde d'Eu, vai até 1° de março de 1870. Foi uma carnificina", afirma o historiador.

O Paraguai foi devastado. Pelo menos 60% dos 420 mil habitantes do país à época morreram ao longo do conflitos –não só nos combates mas também vítimas de epidemias, como a da cólera.

Um século e meio separa os dois episódios, a Guerra do Paraguai e a pandemia do novo coronavírus. Um abismo demográfico divide o Brasil dos anos 1860 e o país de hoje –eram cerca de 9 milhões de habitantes; hoje são mais de 210 milhões. Àquela altura, uma monarquia; atualmente, uma república.

Seria leviano desconsiderar diferenças tão expressivas, além de avanços econômicos e sociais. Mas existem fortes pontos de contato entre esses dois Brasis, dizem historiadores ouvidos pela reportagem.

O descaso do poder central em relação à fatia mais vulnerável da população, uma inação que tende a acentuar a desigualdade social, aproxima os dois momentos.
"Houve naquela época, como há hoje, insensibilidade dos governantes", afirma Silveira. "A dimensão da tragédia é semelhante."

Para Adriana Barreto de Souza, autora de "Duque de Caxias - O Homem por Trás do Monumento" e especialista em Brasil Império, "o que aproxima os dois contextos é o desvalor das vidas perdidas. Só foram para a guerra aqueles que não contavam com redes de proteção, ou seja, amigos e padrinhos. Os filhos da elite, na sua grande maioria, não foram para as batalhas. Por isso, inclusive, muitos escravos foram libertados. Eles substituíram os rapazes bem nascidos. Ou seja, ironicamente, ex-escravos é que foram os defensores do Brasil".

Segundo ela, "sabemos hoje que as maiores vítimas da pandemia são (e serão ainda mais) os brasileiros pobres, em sua maioria negros. Aqui no Rio, a curva de avanço do vírus é muito clara.
Já estacionou na zona sul e cresce descontroladamente na Baixada Fluminense, região periférica e historicamente desassistida pelos governos".

Outro ponto que aproxima esses momentos históricos é o risco acarretado pelo envolvimento dos militares na vida política do país. Nos idos de 1860, os membros da caserna poderiam ser filiados a partidos políticos. Na batalha de Curupaiti, em setembro de 1866, eram três os comandantes das tropas brasileiras, o almirante Joaquim Marques Lisboa (almirante Tamandaré), o general Manuel Marques de Sousa e o também general Polidoro Jordão. Os dois primeiros pertenciam ao Partido Liberal, e o último ao Partido Conservador.

Como explica o historiador Francisco Doratiotto em "A Maldita Guerra", desentendimentos entre os três contribuíram para que Curupaiti se tornasse a maior derrota da Tríplice Aliança ao longo do conflito diante dos homens do ditador paraguaio Solano López. Pelo menos 2.000 brasileiros foram mortos nessa ocasião.

Mais tarde, foi vetada a filiação de militares da ativa a partidos. Ainda assim, desde então oficiais e praças oscilaram entre participações ativas na vida política do país e períodos de discrição na caserna.

O governo Bolsonaro tem se notabilizado por embaralhar atribuições políticas e funções militares. De acordo com informações do site Poder 360, contam-se hoje 2.716 integrantes das Forças Armadas em postos do Executivo.

 

Fonte: Folhapress

OMS alerta que disseminação da doença está acelerando

Foto: Roberta Alince


O chefe da Organização Mundial da Saúde alertou que a propagação global do novo coronavírus está se acelerando depois que uma alta diária de 150 mil novos casos foi relatada na semana passada. A covid-19 infectou mais de 8,8 milhões de pessoas e levou 464 mil pessoas ao óbito, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

Na Europa, a reabertura gradual da economia continua em andamento. No primeiro dia em que a Espanha está fora do estado de emergência, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, pediu às pessoas que tomem o máximo de precauções de saúde pública. Ele afirmou que embora a Europa esteja se estabilizando, o vírus "está correndo solto em outros continentes".

Nenhuma nova morte por coronavírus foi registrada na Escócia ou na Irlanda do Norte nas últimas 24 horas, segundo dados oficiais - sinais que apontam que a disseminação da covid-19 está diminuindo no Reino Unido.

O governo da Inglaterra disse neste domingo que 43 mortes foram registradas no país nas últimas 24 horas, elevando o número oficial de óbitos para 42.632. A taxa diária de mortalidade por covid-19 é uma das mais baixas do país, embora os números caiam nos fins de semana devido a atrasos no registro de mortes.

O governo britânico diz que vai apresentar nesta semana seus planos para a próxima etapa de afrouxamento dos bloqueios em todo o país. A reabertura de cafés, restaurantes e pubs na Inglaterra está sendo estudada para 4 de julho. O secretário de Saúde, Matt Hancock, diz que o governo provavelmente vai facilitar uma regra que exige que as pessoas fiquem a 2 metros de distância, algo que ajudaria a reabrir os locais. Hancock disse que pode ser possível que as pessoas estejam mais próximas se tomarem outras medidas, como usar máscaras.

Na Alemanha, um frigorífico, localizado no noroeste do país, possui 1.029 casos, de modo que o governo regional emitiu uma quarentena para todos os 6.500 trabalhadores, gerentes da unidade de processamento de carnes Toennies. Autoridades das regiões de Goettingen e Renânia do Norte-Vestfália pediram à polícia que aplique medidas de quarentena após um aumento nas infecções locais por covid-19, o que causou um aumento na taxa de contaminação do vírus no país.

A Grécia registrou mais uma morte pelo coronavírus, enquanto a Macedônia atingiu um novo recorde diário com 11 fatalidades relacionadas ao vírus. As mortes elevaram o número de vítimas da pandemia da Macedônia para 233 e o número de casos confirmados para 5.005. Na Grécia, as autoridades anunciaram 19 novos casos confirmados no sábado, um dia antes. O número total de casos confirmados no país agora é de 3.254, com 190 mortes.

No Vaticano, na missa dominical, o papa Francisco disse que a pandemia deve despertar uma nova consciência ambiental. O papa afirmou que a drástica redução da poluição durante os bloqueios para controle da doença coronavírus em todo o mundo deve levar a uma maior preocupação com o meio ambiente, à medida que as restrições são levantadas. O papa também pediu atenção especial aos refugiados durante a pandemia.


Estadão Conteúdo 

Coronavírus mata 13 vezes mais no Norte do que no Sul do Brasil

Foto: Antonio Molina/Foto Arena/Estadão Conteúdo

Os balanços de casos, mortes e internações que têm inundado o noticiário todos os dias nos últimos três meses de pandemia tendem a ocultar uma característica óbvia porém fundamental da realidade brasileira: a desigualdade. Os quase 50 mil óbitos pela Covid-19 computados no país até sexta-feira (19), claro, não se distribuem igualmente pelo enorme e diverso território em que vivemos. Longe disso, carregam um abismo social que faz o vírus ser 13 vezes mais letal no Norte do que no Sul.

Enquanto na primeira região 45,5 a cada 100 mil habitantes já morreram pela Covid-19, na segunda esse número está em 3,4 até agora. Entre os dois extremos vêm Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, com taxas que variam de 27,8 a 5,9 respectivamente.

"Na Europa o fator determinante para as mortes foi a idade, no Brasil tem sido o endereço. Se a pandemia está matando os mais vulneráveis é porque essa vulnerabilidade vem sendo construída há décadas", diz Jorge Abrahão, coordenador do Instituto Cidades Sustentáveis.

Os estados que sofrem com índices mais altos de mortalidade são Amazonas, Ceará, Pará, Rio de Janeiro e Pernambuco e suas respectivas capitais. Na outra ponta, com as menores taxas, estão Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Para epidemiologistas e infectologistas ouvidos, as hipóteses para a discrepância passam por quatro fatores centrais: as condições de vida e moradia, o acesso a serviços de saúde, a densidade e mobilidade e, por fim, a fase atual da pandemia de cada lugar.

As condições de vida e moradia determinam o grau de exposição ao vírus. Mais de 11 milhões de brasileiros (6%) viviam em casas com mais de três pessoas por dormitório em 2018, por exemplo, e novamente Norte e Nordeste carregam os piores índices.

"O Nordeste buscou fazer o isolamento desde o início, mas é uma das regiões mais vulneráveis do país. Só conseguimos 35% de isolamento nas periferias por razões socioeconômicas, culturais, fome, desemprego", afirma o infectologista Lula Arraes, membro do comitê científico do Consórcio Nordeste.

Já o acesso à saúde muitas vezes define quem vive e quem morre depois de pegar a doença, e ele é historicamente mais difícil também nessas duas regiões, que têm as menores taxas de leitos de UTI e profissionais de saúde por 100 mil habitantes do país.

Manaus, Fortaleza e Belém eram as piores em termos de vagas em 2019, e não à toa hoje estão entre as capitais onde o vírus é mais letal. As distâncias também são determinantes: enquanto no Sul pacientes se deslocam em média 101 km (em linha reta) por uma internação ou cirurgia, no Norte é preciso percorrer 276 km, segundo dados de 2018 do IBGE.

"O cenário na região Norte é muito desfavorável pela falta de infraestrutura hospitalar e laboratorial. De 62 municípios do Amazonas, só Manaus tem leito público de UTI e faz diagnóstico, e a situação é muito semelhante no interior do Pará, Acre, Roraima, Amapá", pontua Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia.

Um levantamento feito por ele mostra que, nas duas semanas mais críticas da pandemia em Manaus, só 12% das vítimas eram brancas e houve uma explosão de mortes fora das unidades de saúde. "São dois sinais muito claros de que as vítimas da Covid eram pessoas com poucos recursos", diz.

Assusta a quantidade de óbitos por causas naturais em casa ou em via pública: na penúltima semana de abril, foram 269 mortos na capital amazonense, oito vezes mais do que no mesmo período do ano passado (33). Em Fortaleza o número subiu três vezes (de 82 para 277), segundo Orellana.

A terceira hipótese para a desigualdade na letalidade do vírus tem a ver com a densidade e as dinâmicas de deslocamento de cada região. Para o epidemiologista Diego Ricardo Xavier, pesquisador da Fiocruz fluminense, isso pode ajudar a explicar a alta mortalidade também no Rio de Janeiro, que está entre as cinco maiores taxas.

"No Rio são mais de 5.000 pessoas por km². No início da pandemia falavam que a nossa densidade demográfica era menor que a da Itália, mas estavam considerando o território da Amazônia [que é equivalente a Sul e Sudeste juntos]", lembra.

Isso também explicaria a menor disseminação em estados como Mato Grosso do Sul, onde a doença está crescendo só agora. "A epidemia está se espalhando em diferentes velocidades e contextos. Em Campo Grande a mobilidade é completamente diferente de São Paulo e Rio, que são grandes polos com trem, metrô, ônibus, aplicativo", complementa Orellana.

É aí que entra o último ponto, as fases da pandemia, que está passando por um processo de interiorização em todo o país. Segundo Xavier, fazer um recorte da realidade hoje de regiões que estão em momentos epidêmicos distintos pode causar certa confusão.

"Amazonas, Belém e Recife estavam com taxas muito mais altas há três semanas. Agora o Centro-Oeste, Curitiba, já estão empinando muito a curva. Floripa não teve ainda o pico grande de casos. Não quer dizer que está melhor, pode só estar em um momento diferente", diz.

É por isso que a reabertura generalizada da economia no país preocupa os pesquisadores. "Se as capitais estão relaxando ao mesmo tempo em que os casos aumentam no interior, é provável que o sistema de saúde, que fica concentrado nas grandes cidades, não aguente as duas demandas juntas", esclarece ele.



Fonte: Por Julia Barnom, Folhapress

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