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Apagão no Amapá completa um ano: entenda as causas

Tranformador incendiado em Macapá. Crédito: JN

No dia 3 de novembro de 2020, às 20:40h, tinha início aquele foi um dos maiores apagões da história do Brasil, o qual atingiu aproximadamente 90% da população do Amapá, espalhada por 13 municípios, tendo se prolongado por longos 22 dias. A explosão de um transformador numa subestação na Zona Norte de Macapá, além de provocar a interrupção do fornecimento de energia elétrica, trouxe à tona a precária infraestrutura energética do estado, abrangendo desde à geração até `distribuição de energia. Um ano após o episódio, muitas dúvidas ainda persistem, sobretudo no que refere ao potencial energético do Amapá, que abriga três hidrelétricas, mas que ao mesmo tempo sofre com dezenas de quedas de energia diariamente em bairros e cidades.

Durante os primeiros dias dos 22 em que o estado permaneceu sem energia, o Amapá viveu um verdadeiro caos, com a falta total de energia elétrica e sem nenhuma perspectiva de reestabelecimento do serviço. Houve uma busca desenfreada por água mineral, combustíveis, gelo, etc. O estado estava à beira de um total desabastecimento de vários produtos e serviços. O apagão teve origem, durante uma tempestade, numa subestação da Linhas da Macapá Transmissora de Energia (LMTE). Em seu relatório, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) descreveu a ocorrência como uma sucessão de falhas em usinas, na rede de distribuição e Subestação Macapá, que é a principal do estado.

Antes do apagão, só estavam funcionando dois transformadores na subestação da LMTE, porque o terceiro estava em manutenção desde dezembro de 2019. Portanto, o sistema já operava no limite, descartando qualquer possibilidade de "backup", em caso de comprometimento de um dos dois transformadores em operação. O ONS relatou que, na noite do dia 3 de novembro, houve um curto-circuito, seguido de explosão e de incêndio num primeiro transformador, o que sobrecarregou o segundo equipamento. Mas o que era pra ser um sistema de pronto atendimento da contingencia, mostrou, através de sucessivas falhas, que tal atendimento estava longe dos padrões mínimos requeridos neste tipo de situação.

A investigação identificou que o incêndio que atingiu a Subestação teve início em uma das “buchas” do transformador, retirando-o de operação. Em julho de 2021, a Polícia Federal concluiu o inquérito do caso e indiciou três diretores da LMTE. “O indiciamento se deu em razão de a empresa ter sido omissa na manutenção do gerador reserva [transformador backup]. Este apresentou defeito e ficou inativo por um ano e sem passar por reparo pela LMTE. Constatou-se que, entre o fim de 2019 e a data do fato, foram feitas várias programações para reparo no gerador em questão, mas em nenhuma delas houve de fato correção do problema”.

O inquérito revelou ainda que, quando o primeiro transformador pegou fogo, "automaticamente o segundo deveria entrar em funcionamento para trabalhar em conjunto com o terceiro", mas ele estava em manutenção. Assim, apenas o terceiro transformador de energia ficou com toda a carga e terminou superaquecendo. Em eletricidade, quando se exige de um equipamento uma potência, a qual ele não foi dimensionado para atender, o resultado é o desligamento e isso ocorre para evitar um dano maior ao sistema de abastecimento de energia
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