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Mais um crime ambiental

De grão em grão a galinha enche o papo, já diz o ditado popular... De crime em crime o meio ambiente vai sendo cada vez mais prejudicado. Até onde vai esta destruição?

Imagem do rompimento da Barragem em Brumadinho (MG). Fonte: Agência Brasil/EBC

O acidente de sexta-feira passada em Brumadinho (MG) chocou o Brasil mais uma vez pelos efeitos provocados pela água e lama que desceram num rastro de destruição e morte. As cenas remeteram ao acidente que aconteceu em Mariana (MG) em novembro de 2015. Mais uma vez em Minas Gerais. Mais uma vez uma atividade de exploração mineral gerida pela Vale S.A., uma companhia que era estatal, se chamava Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) que foi privatizada em 1997.

Aspecto do Rio Doce após rompimento de Barragem em Mariana (MG). Fonte: El País.

Embora existam críticas ferrenhas ao ato de ser um dano ambiental causado por uma empresa privada que um dia foi uma estatal e que na verdade nasceu como uma empresa privada e depois foi estatizada, pelo Presidente Getúlio Vargas, este não é ponto chave da questão. Estatal ou privada foi causado um grande dano ambiental em 2015, que está longe de ter sido reparado e agora mais outro dano causado. E isto vai parar quando?

O que é importante discutir é a necessidade de rigor do Estado em cuidar das questões ambientais com seriedade. O prejuízo causado pela Samarco, empresa controlada pelo consórcio entre a Vale e a BHP Billiton, responsável pela operação da exploração de Minério de Ferro que usava a Barragem do Fundão para deposição de rejeitos da mineração, cujo rompimento destruiu totalmente o Distrito de Bento Rodrigues no município de Mariana (MG), poluiu fortemente o Rio Doce, desde o ponto do rompimento, até boa parte do litoral do Espírito Santo onde este rio deságua no Oceano Atlântico, eliminando inúmeros seres vivos, contaminando solos, o rio e o mar, em um dos maiores crimes ambientais de que se tem notícia, e não resultou, na prática, em uma punição exemplar. Uma das poucas medidas práticas com efeito foi a criação da Fundação Renova, que reuniu pesquisadores de Minas Gerais e do Espírito Santo para monitorar os efeitos do acidente de 2015 e tentar reverter algumas situações. Mas o dano causado à natureza não tem retorno. Em suma os cientistas vão apenas observar o poder de resiliência da própria natureza. E aí, vai ficar por isso mesmo?

Poluentes do crime ambiental em Mariana (MG) chegando ao mar, litoral do Espírito Santo. Fonte: El Pais.

Está passando da hora de brincar de cuidar do Meio Ambiente. Sou conhecedor das necessidades das instalações destas grandes companhias e da exploração dos recursos naturais. Mas é mais do que importante que esta exploração se dê dentro de premissas de sustentabilidade. Situações como esta que ocorreram dia 25 em Brumadinho (MG) ou de 2015 em Mariana (MG), tem efeitos deletérios não somente sobre vidas humanas. Podem esconder problemas que se relacionam. Há, por exemplo, a suposição de que os casos de febre amarela no entorno da bacia do Rio Doce tenham sido motivados pela morte de numerosos anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) que se alimentam de insetos transmissores. Carente de comprovação? Com certeza. A destruição é muito mais rápida do que o avanço da ciência, que padece com falta de recursos e de pessoas. Mas faz todo o sentido imaginar que os eventos se relacionam.

Brumadinho será mais um legado da falta de uma política de Estado sobre importantes questões ambientais no Brasil? Vamos continuar sendo uma nação pujante em recursos naturais e que não cuida de suas riquezas como a água, o solo, a biodiversidade e suas populações?

Reflexões importantes para todos (as).

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