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Após prisão de delegado, mãe de criança morta no Rio de Janeiro pede investigação da Polícia Federal

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Por Roberto Araujo

A mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, menino morto durante confronto entre policiais e traficantes no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, em abril de 2015 pediu, em entrevista à TV Cidade Verde nesta segunda-feira (25), que a Polícia Federal atue nas investigações da morte do filho. Para Terezinha Maria de Jesus, as investigações feitas pelo então delegado Rivaldo Barbosa, que foi preso no caso da morte de Marielle Franco como um dos envolvidos no planejamento do crime, foram "malfeitas".

"Um delegado abrir a boca e dizer que encerrou o caso como legítima defesa, que não sabia de qual arma partiu o tiro que matou meu filho, é muito revoltante saber que o caso do meu filho estava nas mãos de um delegado bandido, foi provado que ele é bandido, porque ele foi preso. (...) A verdade também vai chegar no caso do meu filho, eu tenho certeza que a investigação que esse Rivaldo fez tem muitos erros, porque eu já sei, eu descobri os erros, mas vem mais coisa aí, os podres dele vão sair agora", citou.

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, foi o responsável pela investigação do caso do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, que foi assassinado na porta de casa, no Morro do Alemão, na capital carioca, em abril de 2015 durante confronto entre policiais e traficantes. O caso foi arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em novembro de 2016, por "falta de provas".  

Para Terezinha, conforme as investigações apontaram interferência de Rivaldo no caso do inquérito sobre a morte de Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, é possível que também tenha havido erros na investigação conduzida no caso do pequeno Eduardo.

"A Polícia Federal tem que investigar, e eu peço a PF que investigue o caso do meu filho também, porque não tem condição uma criança de 10 anos ser morta pela polícia e ainda dizer que foi legítima defesa. Meu filho tava com celular na mão, não era bandido, ele estudava, passava o dia inteiro", defendeu.

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"Vou fazer de tudo para punir esse policial", teria dito Rivaldo à família de Eduardo

De acordo com Terezinha, à época, Rivaldo chegou a ir a casa dela e se comprometeu a punir o policial de onde teria partido o tiro que matou Eduardo.

"Na época, quando ele chegou na minha casa, eu não queria deixar ele entrar na minha casa porque eu estava ali revoltada vendo o meu filho com a cabeça estilhaçada de bala de fuzil. Ele disse "Dona Terezinha, sou Rivaldo Barbosa, vou fazer de tudo para punir esse policial, vim aqui para lhe ajudar (...) Ele disse que ia ajudar, e não fez nada. Ele mentiu para mim, dizendo que estava investigando a morte do meu filho e não estava", citou.

As investigações foram reabertas em 2023 após um advogado solicitar a reabertura ao Ministério Público do Rio com a repercussão do espetáculo “Macacos”, do piauiense Clayton Nascimento. 

“Eu como mãe, luto pra esse caso não ficar impune. Eu mesmo investiguei, conseguimos provas e a peça do Clayton me ajudou a reabrir a investigação. A arte ajudando a justiça ser mais rápida”, destacou.

Foto: Arquivo Cidadeverde.com

O crime

O menino Eduardo de Jesus morreu com um tiro de fuzil durante operação policial no Complexo do Alemão. A Polícia Civil do Rio concluiu que os policiais agiram em legítima defesa, pois estavam enfrentando narcotraficantes, eximindo os agentes de qualquer responsabilidade. 

Terezinha de Jesus sempre defendeu que naquele dia não houve confronto que justificasse a tese da legítima defesa. Ela soube do arquivamento da investigação pela imprensa. 

O caso teve repercussão nacional e internacional e o caso foi denunciado a Anistia Internacional. Com a aclamada peça Macacos, do piauiense Clayton Nascimento, Terezinha de Jesus tem percorrido o país denunciando o assassinato do filho e pedindo a reabertura do caso. 

Em abril do ano passado, Terezinha esteve em Teresina e subiu no palco do FestLuso (Festival de Teatro Lusófono) e fez um apelo emocionante. 

 

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