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Coluna 27 e 28/06/24

Como desmoronar uma chapa de vereadores: uma receita

Quando a fonte começa a mensagem assim: “Essa é de bastidores, no sigilo da fonte kkkk”, o leitor já sabe que vem, no mínimo, uma boa história, não é mesmo? Pois bem. Um integrante de um partido que orbita na base do prefeito Dr.Pessoa, relatou à coluna que há muita insatisfação por parte dos pré-candidatos a vereador em Teresina. A chateação tem endereço: dois líderes do tal partido. “Só o X e o Y (vereador e suplente) estão sendo contemplados com as indicações, apoios e recursos da gestão de Dr. Pessoa e nós, os pré-candidatos, estamos apenas sendo usados como bucha. Eles querem que os candidatos apenas atinjam a meta que os cabeças impuseram, de 200 a 300 votos cada”, reclamou. A mágoa pode virar debandada? Para que lado? Vejamos abaixo.

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Reunião misteriosa

“Foi prometido indicações de cargos, mas nenhum dos nomes apresentados pelos pré-candidatos foram efetivados. Além de promessa de recursos financeiros para pré-campanha, que alguns candidatos têm recebido parcelas e outros até hoje não receberam um real”, completou a fonte, que faz parte do grupo que não recebeu um real. Bom, além das reclamações, que não são de todo incomuns nos partidos quando se trata de distribuição de recursos, o pré-candidato conta ter sido convocado, junto com um grupo de pré-candidatos, para uma reunião misteriosa. Chegando lá, receberam uma proposta. Daquelas de Don Corleonne,o Poderoso Chefão, irrecusável...

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Apoio só vale em grupo e com foto

A proposta feita na tal reunião secreta era a seguinte: eles deveriam desistir da candidatura para apoiar um pré-candidato a vereador de um partido de um lado adversário. Mas, claro, nenhum almoço é de graça... “Seria 50 mil reais para cada um, em parcelas, mas com uma condição: tirar uma foto com o pré-candidato a prefeito. E também só pagariam se fosse o grupo e que tirassem uma foto com ele”. A turma ficou de pensar, mas por enquanto, permanece onde está. O jogo - e há cada vez mais provas disso! - não é para amadores...

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Microreforma

Os integrantes do mundinho da política aguardam uma minirreforma para dezembro no governo Rafael Fonteles. Nenhum alteração na correlação de forças, apenas as mudanças pontuais decorrentes do resultado da eleição municipal. A principal delas é a secretaria de Turismo, se Pablo Santos (MDB) for eleito em Picos. A ideia é dar um up na pasta, que é central para os projetos de viabilidade nacional da gestão petista? 

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Daniel fica

Apesar da complicada fala recente do secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Oliveira, em um palanque em Canto do Buriti, fontes que circulam pela política real avaliam que nenhuma consequência maior ocorrerá, pelo menos politicamente. Daniel é sobrinho do deputado Dr. Hélio, pré-candidato a prefeito de Parnaíba pelo MDB. Hélio ganhando, Daniel se cacifa na permanência do cargo e, claro, mais além, para disputar a vaga do tio na Alepi em 2026.

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Diga ao povo que eu saio

No entanto, um (a) secretário (a) desabafou dia desses que deve deixar o cargo em dezembro. Nesse caso, por escolha própria. Está cansado (a) de tanta picuinha na pasta, que acumula uma verdadeira guerra de egos (lá tem outros cinco ex-secretários e ex-gestores estaduais, com seus núcleos de poder e ninguém cede).  A pasta é robusta, com um padrinho forte. E não falta quem queira tomar o lugar!

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Maduro ou verde

A turma estava esperando para esses dias o anúncio do novo líder do Governo na Assembleia Legislativa do Piauí. A bolsa de apostas cravava em 10/10 as chances de ser Dr. Vinícius (PT) o escolhido. Mas ventos conciliadores no tocante às disputas municipais, acreditam que seria de bom tom contemplar o petista experiente Francisco Limma para o lugar de Fábio Novo (PT), que vai cuidar da campanha na capital. Um afago no PT raiz.

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Pronto para Brasília?

O cargo de líder do Governo é de confiança e interessa por ser um palco de visibilidade para o escolhido. Ora, alguém já viu um político desconhecido ser eleito? Só se vota em quem se conhece. Só se conhece, quem aparece. E por aí vai. Há até quem já fale em Dr. Vinícius disputando uma cadeira de deputado federal em 2026... o povo enxerga longe, né? A colunista só repassa, aliás!

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Formador ou líder de opinião

No Brasil, onde prevalece uma sociedade com visão hierarquizada, há a expressão “formador de opinião”, que não passa de um preconceito. A ideia por trás dela é que há pessoas – a classe média – que formam a opinião dos mais pobres, que não pensam por si. Nos Estados Unidos, usa-se um outro termo, “líder de opinião”. O líder lidera, mas pode mudar, depende das circunstâncias, de todo modo, ele não é um formador. Não são os mais ricos que formam as opiniões dos mais pobres, o que forma a opinião são os valores de cada grupo demográfico, através de cortes de renda, escolaridade e religião. Simples.

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A chave é acreditar 

O verdadeiro e o falso, em si, não pertencem ao plano da política. Existe o parecer verdadeiro e o parecer falso. É por isso que toda construção de narrativa deve considerar a credibilidade, que nada mais é do que a capacidade de dizer e fazer. Quando a credibilidade de alguém é questionada, questiona-se a pessoa. Toda estratégia de desconstruir os adversários deve atacar a legitimidade, a autoridade e a credibilidade sob frentes diversas. É o olhar social que determina se um discurso é legítimo ou não. Portanto, não adianta convencer a bolha. É além dela que se vence.

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Para ler, ver e ouvir

A colunista está sem tempo para nada. Eleição, sabe como é... No máximo, um podcast ouvido na velocidade 2x enquanto passa maquiagem (a colunista é mulher, vocês lembram, né?). Por isso, a recomendação de hoje é um podcast fresquinho, de alta qualidade, chamado “A Hora”, comandando pelos jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. Os dois foram integrantes de outro podcast semanal de análise política, “O Foro de Teresina”, e tiveram uma passagem (e saída) marcante por lá. Casa nova, projeto novo, mantendo a apuração mesclada com experiência e análise fundamentada. Os viciados em política não podem perder, é claro. 

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Se conselho fosse bom

Coisas que o sucesso não é: fruto de um grande truque que, quando descoberto, sua vida irá mudar profundamente. Não existe nenhum segredo especial. Você é desfocado, fica em conversas frívolas o dia todo, não tem disciplina e é incapaz de se controlar e fazer o que disse que faria. É inconsistente e abandona as coisas no meio do caminho, aliás, que caminho? Você realmente sabe o que quer ou só fica pulando de galho em galho, vendo o que deu certo para os outros e tentando ver se funciona pra você? Sua vida é resultado do acumulado de coisas que você faz ao longo do tempo. Seu chefe, seus pais, amigos e sua esposa (marido) não são seus inimigos. Você é seu único inimigo. Quando procurar um culpado, se olhe no espelho. 

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Cifrada do Vice-Rei

Em um reino distante, membros da corte de um sábio e veterano candidato a rei trabalhavam com afinco para retomar o poder outrora perdido. Contudo, com o passar das estações, enxergavam no vice-rei uma sombra que poderia crescer e até mesmo tomar o lugar do rei. O reino era cheio de sutis intrigas, somadas às intenções e ambições ocultas. Pequenos obstáculos foram postos no caminho do candidato a vice-rei e o cuidado era para que sua imagem não ultrapassasse a do rei. O experiente candidato a rei observava tudo em silêncio. Nesse reino, é preciso saber navegar pelas águas turbulentas da desconfiança e da intriga. 

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Foto do dia

O primeiro debate das eleições presidenciais nos Estados Unidos, teve um claro vencedor: o ex-presidente republicano Donald Trump. O atual, Joe Biden, mesmo com apenas três anos a mais do que Trump, mostrou-se confuso em diversos momentos, com voz vacilante e sem respostas à altura das provocações recebidas. Nos EUA, a questão é se o partido Democrata vai tentar o ousado plano de trocar de candidato a essa altura do campeonato. Já no Brasil, o núcleo duro lulista sabe que o fator idade também pesa para Lula, hoje com 78 anos. Como muitos políticos no Brasil, em especial no Nordeste, Lula usa diversos símbolos que denotam potência de agir: é mostrado fazendo atividade física, tem falas enérgicas e ao seu lado uma esposa mais jovem. Está bem melhor do que Biden, fato. Mas não pode ignorar que esse será ponto central na teia dos discursos que circularão pela oposição em 2026.

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A frase para pensar

“Jamais coloque um princípio em pedestal tão alto que não possa abaixá-lo um pouco para se adaptar às circunstâncias”, Winston Churchill (1874-1965), ex-primeiro-ministro britânico. 

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