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Coluna 16 e 17/07/24

Reabilitado e disputado: por que a marca PSDB é incontornável na eleição de Teresina?

Como o PT, que passou décadas batendo forte no PSDB de Teresina, conseguiu rivalizar com o ex-tucano Sílvio Mendes, na disputa para ser o detentor da “marca PSDB de gerir a cidade”? Aliás, por que exatamente uma sigla sem perspectiva de eleger sequer um vereador na capital e sem um membro com mandato, é o ingrediente secreto (nem tão secreto assim...) da eleição na capital? O sociólogo americano William Isaac Thomas, dizia que se algo é percebido como real, mesmo não sendo, tem as mesmas consequências que a realidade. Vamos separar a espuma dos fatos. Mãos às obras, leitor!

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Os 3 segredos dos tucanos

Três pontos definem as gestões tucanas em Teresina: 1) Previsibilidade: sem aventuras. Nada de novo sob o sol, mas também nenhum susto; 2) Liderança forte e inconteste (como o ex-prefeito Firmino Filho, que todo mundo sabia que tinha pulso firme e era quem, de fato, botava ordem na casa) e 3) Forte rede de relação com lideranças comunitárias: essa era a ponte entre o institucional e as ruas, que garantiu por tantos anos o mapeamento e a segurança nas reeleições tucanas na cidade.

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Depois de Firmino, ninguém veio

O leitor tem todo o direito de contestar se as gestões tucanas eram realmente boas ou não. Mas o ponto não é esse. Na cabeça do eleitor médio – medida em centenas de pesquisas qualitativas, dos dois lados – ronda nostalgia. Tudo isso marcado pela trágica morte de Firmino Filho, em 2021, o que deixou um vácuo abrupto de liderança na capital. O eleitor quer o passado, ok. E quer o futuro, claro. Como conciliar?

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Quem tem história versus quem conta historinha

Sílvio Mendes diz ser tucano de coração. A maioria dos nomes de peso das gestões do PSDB da capital, por sua vez, estão com Fábio Novo (Luciano Nunes, Fernando Said, Francisco Canindé, são as grifes). Fábio que, aliás, relembra o tempo todo que foi do PSDB e entrou na legenda pelas mãos de Firmino. Pessoas que não tinham e, aliás, nunca tiveram nada a ver com o PSDB, se declararam tucanos desde criancinha. O PSDB é incontornável por um motivo: ele não é o PT (que o eleitor de Teresina tantas vezes rejeitou) e nem é o Progressistas (cuja imagem é indissociável de Jair Bolsonaro). É o caminho do meio, a saída para todos.

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O eleitor quer o próprio e maior benefício

Na política, as informações são incompletas e o mundo é incerto. Se todo mundo tivesse certeza e acesso à todas as informações, não seria necessário fazer eleição. As campanhas precisam: 1) captar a atenção de pessoas dispersas e cansadas de política, cujas preocupações emergentes são a sobrevivência concreta e 2) oferecer as melhores informações e explicações sobre aquilo na gestão pública que as afetam. O eleitor sempre age para o seu próprio e maior benefício. Simples não quer dizer fácil. 

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E agora, José?

Toda campanha almeja apenas uma coisa: persuadir o eleitor a votar no seu candidato e rejeitar os adversários. Então Sílvio precisa trabalhar com afinco para dizer que Fábio Novo é PT, e não PSDB. E Fábio, para dizer e mostrar que Sílvio é um PSDB que não existe mais, ultrapassado, e o novo PSDB está com ele. Tem muita gente dando ideia nas “salas de guerra”, mas essa não é uma guerra de intelecto. Em última instância, são Sílvio, Fábio e os atores incontroláveis (o prefeito Dr.Pessoa, o novato Tonny Kerley, os debates, os imprevistos) quem vão ditar o futuro da capital piauiense.

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Vagas jurídicas I

Os mundo do Direito piauiense está sempre de olho nas vagas nacionais que abrirão para órgãos de relevo. Uma delas é no Superior Tribunal de Justiça Desportivas (STJD), sim, aquele órgão para onde vão parar os impasses do milionário futebol brasileiro. Uma das vagas é de indicação da OAB nacional, portanto, é preciso ser um conselheiro federal experiente para chegar lá...


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Vagas jurídicas II

No Conselho Nacional de Justiça, abrirá uma vaga em 2025 para a cadeira do ex-conselheiro federal pela OAB-GO, o piauiense Marcello Terto. Para essa vaga, é preciso que o nome seja experiente, no mínimo com o segundo ou terceiro mandato de conselheiro federal nas costas, opa, na pasta. A vaga é votada pelos conselheiros seccionais. Questionado pela coluna se iria tentar essa empreitada, um advogado com fama de sincerão respondeu que passa a bola: “Tenho que puxar o saco de muita gente, não dá”. Não existe almoço grátis, o leitor sabe!

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Réplicas

Basta ter dois neurônios (a coluna tem) para saber que uma lista de possíveis nomes favoritos para a Câmara de Teresina, ia render polêmica. Como diz a epígrafe de um jornal de Marselha: “Os fatos são sagrados, as opiniões são livres”. Uma das réplicas foi do suplente de vereador Décio Solano, que enviou nove tópicos explicando por A + B porque tem chances reais de chegar a uma das prováveis sete vagas do PT na capital. 

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Eu tive mais voto que ele e tô fora por quê?

Décio elencou os apoios do irmão, deputado federal Merlong Solano, dos deputados estaduais Francisco Limma (parte das lideranças) e Hélio Rodrigues, mais três suplentes do PT (entre eles Genivaldo Campelo, que teve mais de 2 mil votos em 2020). “Em 2020 eu tive mais de 800 votos acima do João Pereira (nome cotado na lista da coluna)”, completou Décio, que também soma na lista lideranças católicas que eram ligadas à deputada Teresa Britto. Registro feito, com razão.

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Caio & Teresa

Falando em Teresa Britto, a ex-deputada parece alinhadíssima com o suplente de vereador Caio Bucar (PV). Tanto que muitas lideranças de Teresa estão agora com Caio, como é possível ver no registro abaixo. Foi a jogada da ex-deputada, que filiou dois nomes competitivos ao PV (Caio e Neto do Angelim), que deve dar ao partido duas cadeiras na Câmara. O movimento de apoio a Bucar reforça a estratégia para garantir uma eleição sem surpresas na federação.

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Mensagem do leitor

Se a política piauiense é uma Corte, a colunista não passa de uma camareira que vive no Palácio de Versalhes (sede do poder real francês). Disfarçada, a coluna circula por Versalhes inteira, colhendo essas poucas páginas que o leitor lê agora. Por entender seu humilde papel, a coluna não deixa de ficar honrada com a seguinte mensagem de um leitor: “O que mais gosto na sua coluna são os conselhos. Uso elas nas minhas preleções motivacionais na comunidade terapêutica”. É um bom uso!

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Se conselho fosse bom

A maior parte dos problemas pode ser resolvida com amor-próprio – por isso mesmo poucos resolvem. Se você prioriza outras pessoas em detrimento de si e se considera que os sentimentos mesquinhos delas valem mais do que os seus, saiba que você nunca encontrará paz de espírito. Reconhecimento tardio? Rejeite. Não valorizado? Saia. Desrespeito? Não fique. Tenha um padrão mínimo de respeito próprio. É você quem treina como os outros irão lhe tratar. Não se desculpe por perseguir quem você deseja ser. 

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Cifrada do Café da Manhã 

Um pré-candidato a vereador de Teresina desabafou à coluna: não irá mais a cafés da manhã propostos por outros membros da chapa em que está filiado. Mas qual seria o indigesto motivo, já que o café da manhã é uma das melhores refeições do dia? “Todo dia eu me desvio de uma bala. Toda hora um (pré-candidato pequeno) me dá um ferro de 1 mil reais, 2 mil...”. 

Para completar, apesar de estar na boca do povo, o parlamentar nega deixar o lugar onde está alocado confortavelmente para apoiar um outro pré-candidato a prefeito: “O Y (pré-candidato a prefeito) vai dar para cada um de nós vereadores, 400 mil reais. Vou me queimar por pouca coisa não...”. Amadores, evitem entrar, como vocês sabem, esse é um jogo de profissionais!

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Foto do dia

Direto da sala de edição para a coluna, foto exclusiva do núcleo duro silvista, que delibera os últimos pontos do “enxoval” da convenção. A coluna queria saber se já tinham o mote da campanha de TV e rádio. A fonte consultada: “Hum, se eu fosse médico ia perguntar se você já tomou o ansiolítico hoje? Rs” Como o leitor sabe, uma semana numa campanha eleitoral é o equivalente a um ano numa vida normal. Dia 25 de julho, a campanha de Sílvio Mendes à Prefeitura começa a produzir vídeos a partir dos roteiros que o publicitário chefe, André Pontes, aprovar. A coluna é insistente e pediu uma pista: “Vai ser o Sílvio Mendes prefeito que toda Teresina conhece. Vamos apresentar agora o seu próximo prefeito, Sílvio Mendes!”. 

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A frase para pensar

“Quando a lenda é melhor que a realidade, publique-se a lenda”, John Ford (1894-1973), cineasta americano, no filme O homem que matou o facínora.

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