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O dilema de Facebook e Apple

A prisão do executivo do Facebook no Brasil, por conta da não revelação de proprietários de um conta da rede social,  e a briga entre Apple e FBI sobre a entrega de dados de acesso do celular iPhone de um terrorista, foram destaques na mídia mundial. 

No dois casos, mais do que problemas de privacidade e segurança, nos deparamos com o conflito ético entre a auto-defesa do ser humano e a sobrevivência do segredos da tecnologia. Um contra o outro, o outro contra o um. Humanos defendendo a tecnologia. A tecnologia defendendo o ser humano. 

Seja qual for a perspectiva que se dê, seja qual for o resultado ao qual chegaremos, não passaremos daqui. Esse é o ponto. São barreiras intransponíveis. De uma lado, a defesa da vida, da justiça. Do outro, o segredo do código, da "alma tech”, a linha de comando programada para ser apenas bits, e nada mais. 

Mas não é incrível pensar que os bits foram criados por seres humanos? E mesmo sabendo que os homens estão, de certa forma, ainda que indiretamente, protegendo terroristas e traficantes, defendem, sobretudo, o direito de não revelar segredos de usuários do sistema em nome da preservação do código. 

Ainda que Apple e Facebook usem a privacidade e a segurança do usuário como pano de fundo, estes sabem que eticamente é uma proteção em nome do mal. Mas é incrível também que, paradoxalmente, por nos defender de invasões à nossa vida real, a tecnologia nos protege, ainda que proteja também os malfeitores.

Quão conflituoso é para o homem entregar os segredos de tecnologia de um sistema, e ao mesmo tempo, violar o seu conhecimento e a si mesmo, para que seja feita a justiça em nome do próprio homem. 

Ah, o filósofo inglês Thomas Hobbes, que tornou célebre a frase “o homem é o lobo do próprio homem”. E quem mais seria capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie?

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