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Equador tira 36 corpos por dia em casas de Guayaquil

Foto:Roberta Aline

Com os sistemas hospitalar e de saúde em colapso em razão do coronavírus, as autoridades de Guayaquil, maior cidade equatoriana, retiraram de dentro das casas, na últimas três semanas, 771 corpos - média de 36 por dia. A pandemia fez do Equador, ao lado do Panamá, o país com mais mortes de covid-19 na América Latina: 20 óbitos por 1 milhão de habitantes. O Brasil tem 6 mortos para cada 1 milhão de pessoas.

Segundo Jorge Wated, líder de uma equipe de policiais e militares criada pelo governo diante do caos na cidade, os mortos retirados de residências superam o total de óbitos ocorridos em hospitais no mesmo período, que era de 631 até ontem.

A Província de Guayas concentra 72% dos 7,5 mil casos da covid-19 confirmados desde a primeira notificação do vírus no Equador, em 29 de fevereiro. O número oficial de mortes é 333, mas como faltam testes para comprovar as causas dos óbitos, o presidente equatoriano, Lenín Moreno, já disse considerar que o total seja bem maior.

Apenas em Guayaquil, centro econômico do país, existem 4 mil pacientes com coronavírus. Segundo especialistas, o motivo foi a soma de um sistema de saúde frágil, a demora em adotar o isolamento social e a conexão com a Europa. A cidade tem um fluxo permanente de migrantes pobres que voltam para passar as férias, sobretudo moradores da Espanha. E como capital econômica do país, tem também moradores de alto padrão de vida que viajam à Europa por lazer.

Conforme autoridades de Guayaquil, a situação foi agravada por um toque de recolher de 15 horas diárias em todo o país, causando atraso na liberação de corpos no Instituto Médico Legal e nas funerárias da cidade.

Com as restrições impostas pelo governo, os corpos são sepultados sem o acompanhamento de parentes e amigos e um painel eletrônico mostra onde cada pessoa foi enterrada. Caixões de papelão foram improvisados após a doação de lojas que empacotam bananas e camarões.

Autoridades locais dizem que o primeiro caso confirmado no Equador foi de uma migrante que havia retornado da Espanha. Muitos regressaram para Guayas e não cumpriram nenhum tipo de quarentena.

"Aqui há muita gente pobre que vive do dia a dia, de vender água ou bala no farol, por exemplo. Vivem sem água, sem eletricidade, sem os serviços básicos, em casas de madeira. É muito difícil fazer quarentena, ficar em casa nessas situações. E se essas pessoas não saem para trabalhar, não comem", conta a jornalista Carolina Mella.

"O caso é complexo por várias razões, uma delas é a questão do adensamento populacional. Trata-se de uma região de alta densidade para os padrões do Equador. Além disso, Lenín (Moreno) e o governo de Guayaquil vinham minimizando a pandemia. Isso levou a uma situação catastrófica", afirmou o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.

A tragédia em Guayaquil é o resultado do colapso de um sistema de saúde fragilizado pela demissão de 3,5 mil trabalhadores do setor, no ano passado, em razão do pacote fechado pelo presidente Moreno para cumprir as exigências dos credores internacionais.

As finanças do Equador se deterioraram após a queda no preço do petróleo, principal fonte de ingresso monetário do país. "Ainda não dá para saber o tamanho do estrago. O que ocorrer nos próximos 15 dias vai definir o que acontecerá no resto do país", afirmou Marques. Após as mortes em sequência, o vice-presidente, Otto Sonnenholzner, pediu desculpas aos cidadãos em nome do governo (leia mais nesta página). Ele, que até dezembro era desconhecido do grande público, assumiu protagonismo na crise.

Medidas

Entre as medidas anunciadas por Moreno para conter a crise estão o corte de 50% nos salários dele, do vice-presidente, de ministros e vice-ministros e de outros funcionários públicos. Além disso, o governo anunciou a criação de uma conta de assistência humanitária que será financiada por empresas privadas e cidadãos que recebam salários superiores a US$ 500 por mês (R$ 2.590). "A pandemia nos atingiu em um momento crítico. Nos pegou sem um centavo nas contas e com uma dívida histórica de US$ 65 bilhões", disse Moreno, na sexta-feira.

Vice vira protagonista do combate ao vírus

"Sofremos uma forte deterioração de nossa imagem internacional e temos visto imagens que nunca deveriam ter ocorrido. Por isso, como seu servidor público, eu lhes peço desculpas. Quero transmitir meus mais sinceros pêsames a todas essas famílias que perderam um ente querido." Essas foram as palavras do vice-presidente do Equador, Otto Sonnenholzner, em 4 de abril, ao comentar as cenas trágicas de Guayaquil, em meio à crise do coronavírus. Com 37 anos e no cargo desde dezembro de 2018, Sonnenholzner, que é de Guayaquil, tem se fortalecido politicamente, se colocando como forte candidato à presidência, em 2021.

"Minha impressão é a de que ele percebeu que tem um espaço aberto. Ele é jovem, sabe se comunicar, o que na atual situação representa uma grande vantagem. Ele aproveitou a situação para assumir os erros (do governo) e se cacifar politicamente", avaliou o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.

Mesmo tendo sido um dos primeiros líderes da América Latina a implementar medidas para retardar a disseminação do vírus, o presidente Lenín Moreno foi criticado por falhas no sistema de detecção da doença.

Aos 67 anos, Moreno faz parte do grupo de risco para a covid-19 e, por isso, atualmente, não está na linha de frente do governo para lidar com a situação. Nesse contexto, Sonnenholzner se destaca ao assumir o papel de líder do Comitê de Operações de Emergência (COE), que lida com a crise de saúde.

"Lenín vem mal há um tempo. A última pesquisa mostrava que ele tinha apenas 7% de popularidade, absurdamente baixa. Na pesquisa, 92% das pessoas achavam sua gestão muito ruim. Ele está quase fora do jogo para 2021. Então, apostar no vice pode ser uma forma de dar cara nova a um governo moribundo", afirmou Marques. O atual presidente foi uma aposta do seu antecessor, Rafael Correa. Hoje, eles são inimigos políticos. "Ele (Sonnenholzner) pode eventualmente se distanciar de Lenín, caso o presidente continue colocando a economia em primeiro lugar", disse.

O professor de ciência política da Flacso Santiago Basabe, do Equador, disse que a ideia de Sonnenholzner ser candidato em 2021 surgiu no fim do ano passado e agora ganha força. "Tenho a impressão que ele vai sair fortalecido porque não está diretamente vinculado ao presidente e consegue fazer uma agenda política própria."

 

Fonte: Estadão Conteúdo

CCJ vota nesta terça (14) projetos de operação de crédito contra Covid-19

Foto: Alepi

O deputado estadual Severo Eulálio (MDB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Piauí, confirmou a realização de reunião virtual nesta terça-feira (14), às 9h30. Dentre as pautas a serem encaminhadas pela comissão, estão a do Fundo Emergencial de Saúde para a Prevenção do Coronavírus e de operações de crédito do governo como a do Banco do Brasil no valor de R$1 bilhão, para investimentos nas áreas da saúde, segurança e infraestrutura básica.

Segundo o parlamentar serão analisados 6 projetos de autoria dos deputados, todos relacionados ao combate à Covid-19 e também as Mensagens do Governo do Piauí encaminhadas ao Legislativo e lidas no Plenário virtual na semana passada.

O endereço transmissão web on line: https://www.facebook.com/assembleiapiaui.

 

Pauta da Reunião CCJ na terça-feira (14), às 9h30:

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 58/2020

AUTOR: DEP. TERESA BRITTO

Fundo Emergencial de Saúde para a Prevenção do Coronavírus (COVID-19) e Auxílio à População Afetada, no âmbito do estado do Piauí.

 

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 59/2020

AUTOR: DEP. FLORA IZABEL

“Dispõe sobre a garantia ao direito à alimentação escolar aos alunos da rede pública estadual de educação, cadastrados e beneficiários do Bolsa Família e do Programa Pró-Família, no período de suspensão das aulas por conta da pandemia do novo Coronavírus e dá outras providências.

 

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 60/2020

AUTOR: DEP. FLORA IZABEL

“Dispõe sobre medidas extraordinárias de garantia à oferta de produtos e insumos para conter a disseminação do novo Coronavírus no âmbito do Estado do Piauí, e dos produtos alimentares que contribuem para que a sociedade mantenha o isolamento social e dá outras providências.”

 

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 56/2020.

AUTOR: DEP. ZIZA CARVALHO 

“Determina a proibição de venda dos produtos de higiene e alimentícios na forma que menciona, em razão da situação de calamidade decorrente da epidemia do CORONAVÍRUS (COVID - 19). ”

 

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 57/2020 .

AUTOR: DEP. ZIZA CARVALHO 

“Dispõe sobre medidas de proteção à população piauiense durante o plano de contingência do novo CORONAVÍRUS da Secretaria de Estado de Saúde. ”

. PROJETO DE LEI ORDINÁRIO Nº 61/2020

 

AUTOR: DEP. ZIZA CARVALHO

“Estabelece penalidades administrativas a quem divulgar informação falsa em assuntos relacionados à pandemia do COVID-19 e dá outras providências”.

. Mensagem do Governo  – BIRD

Aditivo para ampliação do valor da operação de crédito em andamento com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento(BIRD) até o valor de 100 milhões de dólares. Operação inicial referente as ações do projeto Piauí: pilares de crescimento e inclusão social, do ano de 2013, por conter componentes e ações que dialogam com esse momento de extrema gravidade, agilizando os trâmites burocráticos e legais de ambas as partes. Foi acordado com o Banco Mundial, operação para suporte ao enfrentamento da pandemia do coronavirus, por meio das ações contidas no Plano Estadual de Contingência para o Enfrentamento da Infecção Humana pelo Coronavírus(2019-nCov) e de acordo com as orientações do Banco Mundial.

 

. Mensagem 2 – BB

Operação de crédito junto ao Banco do Brasil no valor de R$1 bilhão, para investimentos nas áreas da saúde, segurança e infraestrutura básica

 

. Mensagem 3 - Banco de Brasília

Operação de crédito junto ao Banco de Brasília no valor de R$83 milhões, para restauração e conservação das rodovias piauienses.

 

. Mensagem 4 - Merenda escolar

Autorização para distribuição imediata aos pais ou responsáveis dos estudantes nelas matriculados, de gêneros alimentícios em estoque ou de recursos financeiros à conta do PNAE, durante o período de suspensão das aulas nas escolas públicas de educação básica em razão de situação de emergência ou calamidade pública.

Angelina Jolie pede atenção a possíveis abusos a crianças na quarentena

Foto: Reprodução/instagram @angelinajolie

A atriz Angelina Jolie, 44, está preocupada com as crianças do mundo durante a quarentena e o distanciamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.
Em editorial publicado pela revista Time, ela pede que as pessoas abram os olhos para possíveis abusos cometidos contra crianças durante momentos de isolamento.
"Elas (crianças) podem não ser tão suscetíveis ao vírus quanto outros grupos, mas são especialmente vulneráveis a muitos dos impactos secundários da pandemia na sociedade", escreveu ela, referindo-se aos abusos infantis.

Em outro trecho do editorial assinado por ela, pontua que nesse momento as crianças são privadas das próprias redes de apoio que as ajudam a lidar com seus dilemas, como seus amigos e professores de confiança. E é justamente isso que pode fazer com que fiquem cada vez mais suscetíveis.

"Para muitos estudantes, as escolas são uma fonte de oportunidades e um escudo, oferecendo proteção –ou pelo menos uma suspensão temporária– da violência, exploração e outras circunstâncias difíceis, incluindo exploração sexual, casamento forçado e trabalho infantil", escreveu.

Para Jolie, bloqueio social também significa menos olhos adultos analisando cada situação. "Em casos de abuso infantil, os serviços de proteção infantil são mais frequentemente chamados por terceiros, como professores, orientadores, coordenadores de programas após a escola e treinadores", lembrou.

Angelina Jolie doou US$ 1 milhão (equivalente a R$ 5,2 milhões) para fortalecer a alimentação e o estudo de crianças.

E por falar em crianças, a atriz tem seis filhos com Brad Pitt. O ex-casal, aliás, passou por um divórcio pouco amigável. Angelina queria ter a custódia integral das crianças, enquanto Pitt queria a guarda compartilhada. Ambos são pais de Maddox, 18, Pax, 15, Zahara, 14, Shiloh, 13 e os gêmeos Knox e Vivienne, 11.

Foram dois anos de negociações até que em dezembro de 2019 foi anunciado que eles chegaram a um acordo. "O acordo, que é baseado nas recomendações do avaliador de custódia infantil, elimina a necessidade de um julgamento. A ação e os detalhes do acordo são confidenciais para proteger os interesses das crianças", disse na ocasião a advogada de Jolie, Samantha Bley DeJean, em comunicado à Reuters.

Depois de dez anos juntos e dois de casamento, Jolie entrou com o pedido de divórcio em setembro de 2016, quando pediu a guarda dos filhos. A imprensa internacional apontou na época que a separação foi motivada pelo comportamento de Pitt, que teria abusado verbal e fisicamente do filho mais velho do casal durante uma viagem de avião.


Fonte: Folha Press

Bancos e loterias são demarcados para reduzir risco de contaminação pela covid-19

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Atualizada às 12h

Filas em bancos e loterias de Teresina estão sendo demarcadas para evitar aglomerações durante a pandemia do coronavírus. A demarcação tem início nesta terça-feira (14) na zona Sul de Teresina.  Inicialmente, 40 agências bancárias e casas lotéricas devem ser remarcadas, mas o que se percebe é o desrespeito à medida.

O Cidadeverde.com visitou a Caixa Econômica Federal da Avenida Barão de Gurgueia e constatou a aglomeração de pessoas. Na porta, o segurança alerta sobre o distanciamento necessário, mas o desrespeito é visível.

Rogério Rodrigues, gerente de fiscalização da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sul (SDU Sul), ressalta que o objetivo é facilitar a organização das pessoas nas filas e, com isso, reduzir os riscos de contaminação pelo coronavírus. 

“A distância entre uma marcação e outra será de dois metros, de acordo com as recomendações dos órgãos da saúde. É fundamental que todos se mantenham em suas marcas”, explica o gerente.

O fluxo e o distanciamento das pessoas na parte interna e externa será coordenado pelas agências bancárias. 

Desde a assinatura do decreto, que determina que somente os serviços essenciais podem funcionar, equipes da SDU, Guarda Municipal de Teresina e Polícia Militar percorrem bairros da região orientando a população e agindo para que a determinação seja cumprida.

Foto: RobertaAline/ Cidadeverde.com

Até o momento, 105 lojas haviam sido fechadas durante fiscalização. Além disso, foram registradas 13 notificações, aplicadas dez multas e cinco estabelecimentos foram interditados.

“Sempre lembrando que o objetivo não é prejudicar ninguém. A meta é fazer cumprir o decreto e reforçar o isolamento social, tão importante para evitar a proliferação do coronavírus”, concluiu Rogério Rodrigues. 

Graciane Sousa
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Câmara aprova texto-base de projeto de socorro aos estados, mas Guedes quer veto de Bolsonaro

Fotos: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

 

Após concessões do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados aprovaram o texto-base do projeto de socorro aos estados na crise causada pelo coronavírus.

Apesar de desidratada, a versão não agrada o ministro Paulo Guedes (Economia), que, em caso de aprovação pelo Congresso, defende veto à proposta.

O pacote emergencial não prevê contrapartidas dos chefes de Executivo estadual e municipal, como queria a equipe econômica, e foi aprovado por 431 votos a 70. O plenário da Câmara ainda vai analisar nesta segunda-feira (13) os destaques -pedidos de alteração do texto.

Depois da conclusão da votação na Câmara, o projeto segue para o Senado, onde o governo já tenta articular mudanças.

Encabeçado por Maia, o projeto prevê auxílio financeiro a estados e municípios que perderam arrecadação com a pandemia.

Segundo líderes da Câmara, o efeito do texto-base aprovado nas contas públicas é de R$ 89,6 bilhões.

A versão original, apresentada na semana passada, tinha um impacto calculado em R$ 220 bilhões pelo Ministério da Economia, que classificou a proposta como bomba fiscal.

A proposta inicial de Maia encontrou resistência até mesmo de aliados. O pacote, na versão mais ampla, foi divulgado na última quinta-feira (9). O presidente da Câmara tentou aprovar o projeto no mesmo dia e não teve apoio no plenário. Ele teve, portanto, que negociar com partidos para conseguir aprovar o socorro nesta segunda.

Em outra frente, o time de Guedes tentou emplacar um projeto próprio, mas foi derrotado pela articulação da Câmara, apesar de ter conseguido reduzir o pacote de bondades que Maia queria aprovar para os governadores.

A proposta apoiada pela equipe de Guedes prevê o repasse entre R$ 30 bilhões e até 40 bilhões para compensar a queda nas receitas dos estados e municípios.

No entanto, o montante é considerado por congressistas muito aquém do que os governadores anseiam. A versão apreciada na Câmara calcula em R$ 80 bilhões a transferência de recursos do governo a estados e municípios.

O Ministério da Economia quer mudar os critérios de distribuição do dinheiro. Guedes defende que essa transferência tenha um valor fixo, em vez de ser calculada com base na perda de ICMS (imposto estadual) e ISS (municipal). A avaliação é que essa maneira seria juridicamente mais segura.

Em mensagens distribuídas a jornalistas nesta segunda-feira, o ministro criticou a compensação variável desses tributos, que, segundo ele, daria mais recursos para estados mais ricos.

"Seria uma irresponsabilidade fiscal e um incentivo perverso, um cheque em branco para governadores de estados mais ricos", disse.
Líderes da Câmara, contudo, rejeitaram essa ideia. O texto dos deputados estipula que o pagamento dependerá da perda de arrecadação em cada mês. Assim, governadores e prefeitos teriam a segurança de que a receita nominal (sem considerar a inflação) será a mesma do ano passado.

O prazo para essas compensações também é motivo de impasse entre Câmara e governo. Maia quer que esse mecanismo funcione por seis meses, durante toda a pandemia -de abril a setembro.

O Ministério da Economia defende que o plano emergência tenha prazo fixo, o que daria clareza aos cofres públicos.

Além disso, o governo avalia que, com a garantia de compensação integral de impostos, estados e municípios poderão conceder benefícios fiscais e diferimentos (adiar prazo de pagamento de impostos) de maneira pouco criteriosa.

Diante de duras críticas em relação ao pacote apresentado na semana passada, o presidente da Câmara admitiu nesta segunda que havia problemas na primeira versão do projeto emergencial e anunciou a supressão de dois trechos da proposta.

O grupo que articula o pacote desistiu da ideia de abrir margem para que governadores se endividassem neste ano, deixando uma brecha para que os recursos fossem usados em anos posteriores.

Esse trecho, que obrigava a União a garantir empréstimos mesmo de estados com baixa capacidade fiscal e tinha impacto aproximado de R$ 55 bilhões, foi retirado do projeto da Câmara.

"Nós tiramos o excesso, tiramos os empréstimos e fizemos uma proposta enxuta", afirmou Maia antes da votação.

Os líderes aceitaram também excluir o trecho que suspendia as dívidas dos estados e dos municípios com a União, cujo impacto seria de cerca de R$ 45 bilhões. Só foi mantida a suspensão de dívidas com bancos públicos, calculada entre R$ 9 bilhões e R$ 12 bilhões.

Maia abriu mão ainda de um dispositivo que beneficiava o Rio de Janeiro, estado que aderiu ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal) em 2017.

O texto excluído anistiaria o pagamento de valores devidos por estados em crise. O impacto da renúncia era estimado em cerca de R$ 15 bilhões, segundo a equipe econômica.

As concessões, no entanto, não foram suficientes para acalmar o governo. O time de Guedes defende que governadores e prefeitos sejam impedidos de conceder aumento salarial a servidores públicos em contrapartida ao acesso ao pacote de medidas.

A ideia não é consenso dentro do governo. A medida é impopular, especialmente em ano de eleição municipal.

"A gente precisa ter clareza que o presidente da República vai assinar a proposta", disse Maia, expondo a resistência de Jair Bolsonaro à ideia de travar os salários de servidores federais, estaduais e municipais.

O projeto em análise pela Câmara impede aumento de despesas não diretamente relacionadas ao enfrentamento do coronavírus neste ano, mas não trata do congelamento salarial até o fim de 2021, como defendia a equipe econômica.

O líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), sustentou que o impedimento de reajuste salarial seria um sinal do governo aos anseios de centrais sindicais e até deputados que querem o corte de jornada e de salário no funcionalismo público.

A interlocutores, Guedes afirmou que, caso o Congresso aprove um pacote de socorro ampliado para estados e municípios, vai pedir o veto do projeto ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo relatos, em reunião com sua equipe, o ministro disse que conversou com Bolsonaro e ele está disposto a usar seu poder de vetar dispositivos aprovados pelo Legislativo, caso seja necessário.

Antes dessa etapa, o texto tem que passar pelo Senado, onde o governo já começa a se articular para barrar os dispositivos que desagradam Guedes. Se a estratégia não der resultado é que Bolsonaro usaria seu poder de veto para impedir um impacto fiscal maior do que o desejado pela equipe econômica.

Acusado pela equipe econômica de tentar emplacar uma pauta-bomba para socorrer estados e municípios, Maia rebateu o que chamou de grande "desrespeito" à Casa que comanda.

"Agora, nós não podemos ser acusados num dia e depois nós sermos a solução. O desrespeito à Câmara foi muito grande", afirmou. "Nós ficamos tranquilos, equilibrados, mas agora essa é uma questão que nós entendemos que a sociedade cobra da gente responsabilidade."

Em março, o governo apresentou um plano de ajuda aos governos regionais com impacto de R$ 88 bilhões, incluindo repasses diretos, liberação de crédito e suspensão de dívidas. O pacote incluía o chamado Plano Mansueto, conjunto de ações de médio e longo prazo para ajudar na recuperação do equilíbrio financeiro de estados e municípios que adotassem medidas de ajuste fiscal.

THIAGO RESENDE, BERNARDO CARAM, DANIELLE BRANT E ALEXA SALOMÃO
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

 

Piauí tem 58 pacientes com Covid-19 e registra primeiro caso no Sul do Estado

Foto: Sesapi

A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) confirmou, nesta segunda-feira (13), sete novos casos de Covid-19, com o primeiro registro no Sul do estado. Uma mulher de 83 anos, do município de Caracol, teve teste positivo. 

Todos os sete novos casos confirmados são de mulheres. Além do primeiro teste positivo no Sul do Piauí, foram diagnósticadas com a Covid-19 duas pacientes de 29 anos e outras com 37, 27 e 57 anos - todas de Teresina.

Um outro caso, de uma mulher de 44 anos, de Pimenteiras, Centro-Norte do estado, também foi confirmado.   

Agora são 58 casos confirmados, com oito óbitos. Além de Pimenteiras e Caracol, já estavam no mapa da Covid-19 no Piauí os municípios de Teresina (47 casos), Parnaíba (1), Campo Maior (1), Piracuruca (4) e São José do Divino (3).  

Em entrevista pela manhã, o governador Wellington Dias (PT) havia comentado sobre o aumento da testagem em todo o estado, e mencionou que "os municípios que já começaram como São Raimundo Nonato e outros nos estamos detectando que quem pensava que quem não tinha coronavirus, lá estamos encontrando o coronavírus". 

Há uma semana, foi estabelecido prazo para o Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Costa Alvarenga (Lacen-PI) apresentar resultados dos exames em até 48 horas após a chegada da amostra. Só no boletim desta segunda-feira, foram mais de 400 resultados de testes - a maioria de casos suspeitos descartados. 


No final da manhã, faleceu o oitavo paciente no Piauí infectado pelo novo coronavírus. O idoso foi internado inicialmente em Piracuruca, Norte do estado, e depois transferido para Teresina. O óbito foi informado pelo Ministério da Saúde antes da divulgação do boletim da Sesapi. 

Piracuruca é o quarto município do Piauí a registrar óbito por Covid-19. Foram outras cinco mortes de Teresina, uma de Parnaíba e outra de São José do Divino. 

A Sesapi também informou que 116 pacientes suspeitos estão internados, sendo 78 em leitos clínicos e 38 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Oito pacientes com teste positivo já tiveram alta. Entre eles estão o ex-deputado estadual Leal Júnior, o empresário João Cláudino Júnior e o apresentador de TV Marcelo Magno. 

 

Fábio Lima 
[email protected]

Mari Palma diz que teve medo enquanto se recuperava do novo coronavírus

Fotos: Reprodução/instagram/@maripalma

Os jornalistas Mari Palma, 31, e Phelipe Siani, 35, retornaram ao programa Live, da CNN, na manhã desta segunda-feira (13). Eles ficaram em quarentena por 15 dias, após a jornalista ser diagnosticada com o novo coronavírus.

Em seu retorno, Mari falou um pouco sobre a recuperação da doença e afirmou que teve muito medo, principalmente por saber que a Covid-19 se manifesta de forma diferente em cada pessoa. "Eu acordava todo dia pensando nisso, como vai se manifestar em mim", afirmou ela.

Mari falou também sobre a dificuldade de ficar longe da família. "Minha mãe falou que sempre esteve comigo quando eu fiquei doente e dessa vez não dava. Mas ela ligava e falava 'vem aqui, você fica fechadinha no seu quarto, quero cuidar de você'", recordou a jornalista.

Segundo Mari, ela chegou a descobrir paisagens novas olhando pela janela e sentiu falta de ir pra rua, dar uma passada na padaria. "Eu estava tentando muito ver o lado positivo disso tudo, mas também com cuidado pra não romantizar esse momento, que é grave. A gente sabe que é grave."

Siani, que é namorado e mora com Mari, afirmou durante o bate-papo do casal com o jornalista Reinaldo Botino, que perdeu um amigo de 36 anos, que morava no interior paulista, por conta da doença. "Quando isso aconteceu eu fiquei preocupado, mesmo com a Mari estando bem", afirmou.

A CNN já havia informado que cerca de 40% de seus profissionais estão trabalhando em sistema home office por conta do novo coronavírus. Entre os profissionais que estão em casa está o jornalista William Waack, 67, que também tem feito participações diárias no Jornal da CNN direto de um estúdio montado em sua casa.
Vários famosos já diagnosticados como novo coronavírus. Entre eles estão a a atriz Fernanda Paes Leme, 38, a ativista Luísa Mell, 41, e o cantor Dinho Ouro Preto, 55.

Fonte: Folha Press

Jornalista do Piauí relata rotina e ações na França contra o coronavírus

Foto: instagram de Emmanuel Macron


A autorização para fazer o "jogging" foi revogada na França. O governo resolveu endurecer as regras do confinamento, depois que muita gente aproveitou o tempo quente e ensolarado para sair às ruas. Semana passada, os franceses podiam, mediante uma atestação obtida pela Internet, fazer atividade física em pleno ar, desde que a 200 metros de casa. Em todo o país, a prática fica proibida das 10 horas às 19 horas, sob pena do pagamento de multa de 135 euros, caso a pessoa venha a ser controlada pela Polícia e não apresente o documento devidamente preenchido.  

Prefeitos de algumas cidades, como Seine-Saint-Denis, na periferia de Paris, determinaram o uso de máscara para a totalidade dos seus habitantes. O governo estuda fazer o mesmo em todo o país, já se preparando para um desconfinamento gradual. Um estudo americano, recém  publicado, constatou que o coronavírus pode sobreviver  por horas em suspensão no ar ou até dias em certas superfícies.  
                                                             
Já ultrapassa os 137 mil casos de pessoas contaminadas pela Codiv-19 e 14.967 mortos na França. Na semana passada, de terça para quarta, 541 perderam a vida por conta da doença. Quase oito mil se encontram, neste momento, com respiração artificial, além das que estão nos setores de reabilitação dos hospitais, reaprendendo literalmente a respirar.

Nos asilos e casas de repouso, mais de 3500 idosos sucumbirem ao coronavirus, sendo que 500 morreram somente na última segunda-feira, nestes estabelecimentos em todo o país. A curva da epidemia, na França, não cessa de aumentar, devendo alcançar o seu pico nos  próximos dias.                                                                         

Economia                                      

Como esperado, o fim do confinamento, previsto inicialmente para terminar no dia 15 de abril, será prorrogado. O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou hoje (13) que as medidas de isolamento social contra o novo coronavírus continuarão em vigor até 11 de maio.

Apesar da economia praticamente parada, muita coisa está funcionando, enquanto alguns setores estão se adaptando para reabrir as portas aos poucos. Tempo de “mettre en l’ordre” as medidas de segurança, como a distância de dois metros entre as pessoas. 

Nas fábricas e nos comércios, patrões e comerciantes, começam a cumprir, junto aos funcionários, e a exigir dos clientes, medidas de segurança em seus estabelecimentos. As grandes lojas de departamento, os fast-food e os fast-mode, continuam fechados e, nos shoppings, apenas os supermercados e farmácias funcionam. 

ESTILO DE VIDA - Os franceses, em geral, também parecem começar a se adaptar às limitações impostas pelo coronavírus, embora não sejam conhecidos como o povo mais disciplinado do mundo. Para eles, "flâner"  é uma arte de vida e impedi-los de sair às ruas, seja simplesmente para espairecer ou para protestar, uma provação.

No conjunto, entretanto, eles se comportam bem, relaxaram no último final de semana é verdade, mas têm se mostrado conscientes de que, quem tiver a possibilidade de ficar em casa, fazendo o teletrabalho ou não , deve se manter isolado. 

8,5 BILHÕES DE EUROS - Cinco milhões de assalariados estão parados. Eles se encontram no que chamam aqui em "chômage technique" e continuam empregados, recebendo os seus salários. Os trabalhadores que ganham até um salário mínimo receberão a integralidade de seus vencimentos e  os que percebem acima desse valor, 80 por cento de seus salários. O custo estimado é de 8,5 bilhões de euros para o cofres públicos, superior às expectativas do governo. 

O Banco Central Europeu anunciou que deve comprar as dívidas dos países em dificuldade, mas alguém vai ter que pagar a conta. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que não pretende aumentar impostos. Vamos ver de onde vai sair o dinheiro, sendo que um período de recessão, o mais grave da história desde a Segunda Guerra Mundial, é dado como certa.

“MÃO NO BOLSO”- Este talvez seja o momento dos muito ricos colocarem a mão no bolso, como cobrava o grupo dos “Gilets Jaunes”, nas manifestações contra a reforma da Previdência, antes da crise sanitária do coronavírus (em todo caso, o governo Macron suspendeu temporariamente o projeto). Alguns já estão fazendo a sua parte,  aqui e no mundo, mas ainda timidamente. 

No Brasil, o presidente da Grendene, para citar um exemplo, doou R$ 40 milhões para a ampliação de um hospital em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Na França, uma marca de perfumaria de luxo convocou um grupo resumido de funcionários para produzir, exclusivamente, solução gel hidroalcoólico, 25 mil frascos por dia, para serem distribuídos pelo governo. Já o gigante da informática, Twitter, doou 1 bilhão de dólares para um fundo internacional de pesquisa para a cura da Covid-19. 

DIVIDENDOS DOS BANCOS - Na última terça-feira, o Programa de debates "C dans l'air”, da TV France 5, um dos mais prestigiados do país, confirmou que o Banco Central Europeu deverá obrigar os bancos a estancar o pagamento dos dividendos, referentes aos anos de 2019 e 2020, aos seus acionistas, com o  objetivo de aumentar o capital e ajudar os Estados a reviver a economia. 

A  medida deve valer até pelo menos o dia 1° de outubro, bem que algumas instituições relutam em relação ao exercício do ano passado, alegando já terem acordado, em assembleia geral, o repasse dos lucros aos seus acionistas. 

Segundo o jornal L’Echo, o Banco BNP Paribas já retirou de sua filial belga, BNP Paribas Fortis, o faturamento de 1, 9 bilhões de euros para versar à Paris. Mas a transação pode amputar o banco belga dos meios necessários para apoiar a economia local.

O ministro das Finanças da Bélgica, Alexandre De Croo, disse que o desejável seria que os bancos não repassem nenhum dividendo. “Os bancos fazem melhor de guardar os seus meios, pois não sabemos quando essa crise vai terminar”, pontuou. 

Mas os setores em dificuldade, como a aviação e a indústria automobilística, vão precisar do socorro do estado francês e está fora de questão que este não preste o seu apoio, segundo garantiu o ministro das Finanças, Bruno Le Maire.

Para isso,  conta com os bancos para ajudar as empresas e também os particulares. Como será a matemática ao nível dos países, não se sabe ainda exatamente. O certo é que os bancos terão que fazer a sua parte, mesmo que a contragosto.

Por Andréa Rego, jornalista piauiense que mora em Lyon, na França

Desrespeito à Câmara foi grande, diz Maia sobre tratativa de socorro a Estados

Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reclamou sobre a forma como o parlamento foi tratado nas articulações do projeto de socorro aos Estados. "O desrespeito à Câmara foi muito grande. Nós ficamos tranquilos, equilibrados, mas agora essa é uma questão que nós entendemos que a sociedade cobra da gente responsabilidade", afirmou.

Há uma série de impasses entre o parlamento e o governo nesse socorro. Além do Executivo querer uma contrapartida de que governadores e prefeitos congelem o aumento de salários, há outros pontos divergentes como a suspensão de dívidas.

"O governo disse que nossa proposta que incluía isso (suspensão das dívidas com a União) era uma pauta bomba. Como isso não me incomoda, porque todos sabem qual é a minha agenda desde que assumi a presidência da Câmara, mas se eles consideram que isso é um excesso, nós tiramos o excesso, tiramos os empréstimos e fizemos uma proposta enxuta", afirmou Maia. "Se o governo de fato agora entende que é importante uma lei para regulamentar a suspensão das dívidas, o presidente da República pode enviar esse projeto, será votado com toda urgência e brevidade no plenário da Câmara", disse.

Maia afirmou ainda que os líderes devem ter se reunido pela manhã e debatido com a equipe econômica sobre o projeto. "Eu não fui convidado, nem deveria", comentou.

A Câmara deu início no período da tarde à sessão para tentar votar o projeto. Maia quer avançar ainda na medida provisória 905 que trata sobre o Emprego Verde Amarelo.

Por Camila Turtelli
Estadão Conteúdo

Como Mandetta, outros ministros da Saúde pelo mundo ficam na 'corda bamba'

Foto: Isac Nóbrega/PR

 

Enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, equilibra-se na corda bamba, autoridades que ocupam o mesmo cargo em outros países também enfrentam pressão durante a pandemia do novo coronavírus, mas por outros motivos. Mandetta trava uma queda de braço com o presidente Jair Bolsonaro ao defender o isolamento social para conter o avanço da pandemia e ver com restrições o uso da cloroquina. Em outras nações, responsáveis pela área da Saúde deixaram o cargo ou foram criticados justamente por descumprir medidas de distanciamento ou por não reagirem à altura da crise.

Na Escócia, por exemplo, a diretora médica do país, Catherine Calderwood, renunciou após ser flagrada viajando durante o período de isolamento social do Reino Unido, que impede esse tipo de deslocamento. Na semana passada, ela foi fotografada pelo jornal The Scottish Sun em Earlsferry, a cerca de 70 km de Edimburgo, onde mora. A diretora chegou a ser advertida pela polícia escocesa.

No domingo, 12, o número de mortes no Reino Unido passou de 10 mil. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, recebeu alta após contrair a doença e ficar internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em situação semelhante, o ministro da Saúde da Nova Zelândia, David Clark, deixou o cargo à disposição por ter quebrado as medidas de isolamento e levado a família à praia durante a pandemia. A primeira-ministra, Jacinda Ardern, entretanto, rejeitou o pedido de demissão por considerar que o momento é atípico. Em nota, a premiê reforçou que o que ele fez foi errado e que a Nova Zelândia espera e merece mais de Clark.

Com as medidas restritivas, a Nova Zelândia tem conseguido controlar a propagação, com pouco mais de mil casos confirmados e apenas uma morte.

Na Romênia, o ministro da Saúde, Victor Costache, renunciou ao cargo no dia 26 de março, em meio a críticas por falta de equipamentos em hospitais. O ministro pediu demissão 10 dias após o país decretar estado de emergência. A Romênia registrou mais de 4 mil casos e cerca de 200 mortes decorrentes da doença

Alguns dias antes, o ministro da Saúde holandês, Bruno Bruins, pediu demissão após desmaiar durante uma discussão sobre a covid-19 com parlamentares. Ele disse que o mal-estar ocorreu por trabalho intenso nas últimas semanas e que não sabia quanto tempo levaria para se recuperar. A estratégia holandesa é de "isolamento seletivo", com foco em pessoas que fazem parte do grupo de risco. Até quinta-feira passada, o país registrava mais de 20 mil casos e quase 3 mil mortes.

Para o professor de Administração Pública da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Álvaro Guedes, os responsáveis pela área de saúde ganham notoriedade durante a crise simplesmente por cumprirem o seu papel e por fazerem aquilo que se espera.

"Em um ambiente de tanta turbulência, quem faz o que precisa ser feito ganha notoriedade. Por contraste, acaba aparecendo, porque está em um ambiente de pessoas que não fazem aquilo que se espera", comentou Guedes.

No Brasil, Mandetta tem sido alvo de fritura após contrariar o presidente em diversas ocasiões. Após Bolsonaro aumentar as críticas ao ministro e dizer que iria usar a "caneta" contra integrantes de sua equipe que "viraram estrela", o ministro disse que não deixaria o cargo por vontade própria. "Médico não abandona o paciente", afirmou ele em entrevista no dia 6.

Três dias depois, em uma "live" no Facebook, Bolsonaro rebateu. "Médico não abandona paciente, mas o paciente troca de médico", afirmou, sem citar o nome de Mandetta.

Cloroquina

Nos Estados Unidos, as divergências entre o presidente Donald Trump e parte de sua equipe técnica também são escancaradas quase diariamente durante as coletivas de imprensa da Casa Branca sobre o tema.

O diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, integrante da força-tarefa do governo americano para conter a pandemia, é tido por especialistas como a voz da sensatez nos pronunciamentos feitos pela equipe. Fauci já desmentiu Trump na frente do próprio presidente ao falar, por exemplo, sobre a cloroquina. Ele frisa que não há eficácia comprovada no uso do medicamento, que tem sido defendido por Trump, e pede cautela na utilização da droga no tratamento do covid-19.

Apesar das diferenças explícitas, Fauci já afirmou em entrevista que nunca viveu uma situação em que Trump se negou a adotar as políticas de enfrentamento ao vírus sugeridas pela equipe médica depois de convencido de que são as medidas mais seguras à população.

Desde o meio de março, Trump vem defendendo as políticas de distanciamento social extremo. O presidente dos EUA demorou a assumir a responsabilidade na crise, o que tem sido apontado por epidemiologistas como uma das razões para que os EUA tenham se tornado o epicentro mundial da pandemia. Mais de 22 mil pessoas morreram no país em decorrência da covid-19 e o pico do problema ainda nem chegou, segundo modelos estatísticos usados pelas autoridades americanas.

Por Julia Lindner, com colaboração de Beatriz Bulla
Estadão Conteúdo

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