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Técnico Bernardinho cobra investimento em jovens atletas

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Investimento em professores, crianças em escolas em vez de criar centros de treinamentos ou ginásios milionários. Esta é a sugestão de Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, para que o Brasil se torne uma potência olímpica. Em visita ao Senado, há dois anos, o treinador disse ter cobrado “fim de hipocrisia” para a política esportiva no país.

“Qual é o habitat natural da criança? É a escola. E existe alguma política esportiva para a escola? Minha pergunta é a seguinte: temos uma quadra de cimento, uma rede meio furada, a bola velha e um tremendo professor, que vai à luta, vai buscar em casa. Do outro lado temos um ginásio com toda a estrutura, ar-condicionado, mas o professor que dá aula lá vai lá fora, sai para fumar um cigarro. Você vai botar o seu filho para fazer voleibol naquele ginásio bacana ou naquela quadrinha com aquele professor? Então quem é o diferencial? O professor”, disse Bernardinho em entrevista.

O gasto que o Rio de Janeiro terá para construir ou reformar os equipamentos (ginásios e estádios) para as Olimpíadas de 2016 será de R$ 26 bilhões, aproximadamente. Com este valor é possível, por exemplo, construir 700 unidades educativas CEUs (Centros Educacionais Unificados), que recebem estudantes carentes na cidade de São Paulo.

“E onde é que se investe? Em grandes obras ou em pessoas? Aí que está. Temos que ter capacitação de pessoas para preparar pessoas. Minha avó, num passado longínquo, foi professora em escola pública e era reconhecida como pilar do nosso país”, disse.

Bernardinho acha que o dinheiro investido no esporte de alto rendimento, com os profissionais “Já prontos”, é suficiente. Em 2012, a previsão do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) é colocar R$ 3,2 milhões no na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), por meio da Lei Agnelo/Piva, que destina parte da arrecadação das loterias federais para o esporte olímpico, mas também para o universitário e o escolar. Fora o que a confederação recebe de seus patrocinadores e de premiações por conquistas, o que gera uma receita de mais de R$ 60 milhões por temporada.

Campeão olímpico em 2004 e tri mundial com a seleção masculina, além de dois bronzes olímpicos com o time feminino (1996 e 2000), Bernardinho diz que o que mais o atrai no vôlei é a formação de jogadores, por isso a decepção com a condição dada para a criação de craques.

“Eu não quero louros, pódio. Eu não gosto de nada disso. Sair de quadra sem dar entrevista nenhuma para mim seria um sonho realizado. Queria pegar um cara bom e falar dele melhor. Não tem coisa mais gratificante. Se eu pudesse apenas desenvolver os atletas...”.

Quando parar de treinar (o que não projeta, ainda), Bernardinho tem certeza que não será dirigente, seja de confederação ou até mesmo do COB, como já viu alguns analistas especularem. Sua explicação é simples: precisa de salário para se sustentar.

“Minha pergunta é a seguinte: “qual o salário de um dirigente?” Ele não tem salário. O sistema não permite que o presidente da Confederação seja remunerado. E eu vivo do meu salário. Quem paga as contas no final do mês? Eu vou dar uma palestra, eu tenho meu salário. Hoje eu ganharia muito mais dinheiro se vivesse só de palestras. E eu não faço um terço das palestras que me solicitam. Mas o normal, no meu caso, é que com o tempo o interesse nas palestras diminua, a não ser que eu continue produzindo”, explicou.

No comando da seleção brasileira masculina de vôlei desde 2001, Bernardinho apoia a reeleição de Carlos Arthur Nuzman a mais um mandato no COB – a permanência dele até após as Olimpíadas de 2016, no Rio, já está definida, só faltando a confirmação oficial, o que o deixaria 21 anos no comando da entidade (assumiu em 1995). Ele também defende a longevidade de Ary Graça no comando da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), cargo ocupado desde 1997. Bernardinho compara os cargos à chefia de grandes empresas:

“Há presidentes de empresas que ficam mais 14 ou 15 no cargo e ninguém fala nada. Se o cara é bom e tem resultados, ele deve ficar. Os que são bons têm que ficar. Tem que ser visto (a CBV ou COB) como empresa. O Nuzman e o Ary no voleibol fizeram muito. Vamos continuar cobrando que eles sigam fazendo. Vamos olhar empresarialmente. Não há ninguém que diga a um deles: “não fez bem pelo esporte”. O que se espera de uma empresa? Que seja transparente eficiente. Entregou, vai continuar ali. Não entregou, sai”.



Fonte: IG
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