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Uso de células-tronco contra Covid-19 avança em vários países

Pesquisadores de diversos países têm estudado uso de células-tronco no tratamento de Covid-19. As terapias celulares não atacam o vírus ou impedem a sua entrada nas células, mas diminuem o quadro inflamatório provocado pela reação imunológica em resposta à infecção. Seu uso para a Covid-19 ainda é experimental, e a aprovação dos órgãos regulatórios varia em cada país.

Os estudos em curso avaliam a eficácia por meio de modelos animais e infecções in vitro e também são de uso compassivo, no qual o tratamento é testado em pacientes em estado grave sem chance de terapias alternativas.

Os resultados têm sido promissores, e agora os hospitais devem iniciar os ensaios clínicos. Só na plataforma ClinicalTrials, que reúne pedidos em andamento, são mais de 30, de diversos países, incluindo China, EUA, França e Irã.

A maioria dos estudos utiliza as células mesenquimais estromais (MSC, na sigla em inglês), mais conhecidas como células-tronco. A escolha da fonte das células varia de estudo para estudo, sendo que a medula óssea é a mais frequente, mas outras fontes celulares podem incluir o tecido adiposo, o cordão umbilical e até a placenta.

Os efeitos colaterais da terapia com células-tronco são poucos, como febre baixa. Outra vantagem é que as células-tronco não necessitam de compatibilidade genética com o indivíduo receptor.

Existem drogas em estudo para Covid-19 formadas por agentes anti-inflamatórios, como o anti-IL-6R (Tocilizumab), que têm sua quantidade aumentada na infecção, mas vantagem da terapia celular em relação a esse medicamentos é que elas servem como um coquetel, uma combinação de vários mediadores anti-inflamatórios distintos, e não apenas um.

Em Israel, a farmacêutica Pluristem pretende começar até o fim do mês um ensaio clínico com células placentárias expandidas (PLX, na sigla em inglês) após o sucesso observado do uso compassivo por pacientes com quadro respiratório grave decorrente da Covid-19 em dois centros hospitalares.

Os pacientes tiveram índice de recuperação de 100% em um período de 14 dias, e metade deles teve alta dos ventiladores mecânicos em menos de uma semana.

O presidente e CEO da Pluristem Yaky Yanay disse à Folha que a vantagem do seu tratamento é a produção em larga-escala –uma única placenta pode fornecer o tratamento para até 20 mil pacientes.

A empresa teve liberação da FDA (agência norte-americana que regulamenta medicamentos) para iniciar ensaios clínicos nos Estados Unidos e recebeu financiamento de 50 milhões de euros (R$311 mi) do Banco de Investimentos Europeu para apoio da terapia no continente, com início previsto na Alemanha e Itália.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determina a existência de dois tipos de terapias celulares: a convencional, que consiste no uso de células-tronco hematopoiéticas para transplante, passível de registro para uso, e a terapia celular avançada, que inclui o uso de células-tronco mesenquimais, como as descritas acima. Não há, até o momento, nenhum registro aprovado pela agência de terapia celular avançada no país.

Pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, têm estudado a terapia com células-tronco em diversas doenças pulmonares, comparando MSCs de diferentes fontes e diversas vias de administração.

Segundo Patricia Rieken Macêdo Rocco, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, chefe do laboratório de Investigação Pulmonar do IBCCF, que coordena o estudo, a vantagem da terapia celular em pacientes com Covid-19 é a ação anti-inflamatória, que traz benefício não só às células lesionadas que revestem os pulmões, mas também àquelas que revestem vasos sanguíneos com risco elevado de embolia ou sangramento.

Além disso, diz Rocco, as células-tronco possuem também ação antifibrótica.

 "Alguns pacientes têm ficado muito tempo em ventilação mecânica, no mínimo duas semanas, e a ventilação mecânica associada a um quadro inflamatório pulmonar pode levar à fibrose pulmonar."

Rocco afirma ainda que outra ação da terapia celular é a defesa contra bactérias. Em estudos realizados in vitro, foi observado que bactérias não crescem quando cultivadas com células-tronco.

Como pacientes internados com Covid-19 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por período prolongado podem desenvolver também quadro de pneumonia bacteriana, a terapia celular poderia atuar impedindo o aparecimento dessa infecção secundária.

O grupo liderado pela pesquisadora brasileira já estudou o uso de células-tronco de medula óssea em pacientes com enfisema pulmonar, asma e silicose, mas ainda não testaram para Covid-19.

A médica disse que no país uma limitação para estudos com terapias celulares avançadas é a regulamentação da Anvisa. Segundo ela, a orientação da agência é de utilização do tratamento apenas como uso compassivo.

No Brasil, existem diversos Centros de Tecnologia Celular (CTC) que produzem células-tronco extremamente confiáveis e de alta segurança, diz Rocco. A maior desvantagem da terapia celular para tratamento em larga escala de doenças é o alto custo. O paciente submetido ao tratamento no Brasil não gasta um centavo, diz, mas o custo para os CTCs é de aproximadamente R$ 20 mil por paciente.

Mesmo assim, o executivo da Pluristem acredita que a terapia celular é aplicável no Brasil, onde os números de mortes por Covid-19 crescem diariamente.

"Nós temos o produto disponível nas prateleiras, temos capacidade de importar para qualquer país do mundo. As pessoas estão morrendo nos hospitais, temos que agir agora. Se algum governante quiser usar nossas células para tratamento [de Covid-19], estamos dispostos a ajudar", afirma Yaky Yanay.

 

Fonte: Folhapress

Ponte Metálica fica interditada até à meia-noite do domingo (24)

Foto: Roberta Aline/ Cidadeverde.com

A Ponte Metálica, um dos acessos de Timon-MA a Teresina-PI, permanece interditada nos dois sentidos até à meia-noite deste domingo (24). O objetivo é fortalecer as ações de vigilância sanitária, através das barreiras montadas em todos os pontos de acesso ao município. Com o fechamento da ponte metálica, a população terá acesso pelas pontes Nova e da Amizade.

Além da realização da barreira sanitária na Ponte da Amizade, equipes da Vigilância Sanitária, Guarda Civil Municipal, DMTRANS, Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), PROCON e demais órgão de fiscalização das ações de combate à Covid-19 estarão presentes em vários pontos da cidade, garantindo que as medidas de enfrentamento à proliferação do coronavírus sejam mantidas. As ações nos mercados municipais também serão intensificadas.

“Todos os esforços estão sendo concentrados para que as pessoas circulem menos e, ficando em casa, contribuam para o isolamento social necessário, que pode minimizar a disseminação do novo coronavírus”, ressaltou Vinicius Cabral, secretário Municipal de Saúde de Timon. 


Da Redação
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Em coletiva virtual, presidente da Caixa anuncia novo aplicativo

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse neste sábado, 23, durante entrevista coletiva virtual, que a instituição realizou neste sábado mais uma etapa do pagamento do Auxílio Emergencial de R$ 600. Conforme ele, há no mínimo três semanas não há filas nas agências para receber a ajuda implementada para socorrer famílias durante a crise provocada pelo novo coronavírus.

Ele antecipou que a Caixa anunciará nas próximas semanas um novo aplicativo que ajudará a melhorar a questão tecnológica para os clientes. "Teremos um anúncio excelente e transformacional que vai melhorar ainda mais a confiança e a segurança do cliente", afirmou, acrescentando que a medida atenderá todos os 27 Estados mais o Distrito Federal.

Neste sábado, segundo a Caixa, 2,1 milhões de beneficiários receberam o auxílio, que foram as pessoas nascidas entre maio e julho.

Foram, de acordo com Guimarães, 901 agências que ficaram abertas para atender ao público. "Tivemos pouca fila, ou quase nenhuma, ao contrário de semanas atrás. Portanto, não há necessidade de a pessoa chegar de madrugada. Sempre tentem evitar chegar muito cedo, pois todos serão atendidos", disse.

"Hoje, mais 5,2 milhões de brasileiros receberam o depósito por via digital e, nesta semana, batemos o recorde ao pagarmos 35 milhões de brasileiros, sendo pagos R$ 1,3 bilhão", afirmou Guimarães.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

Bebê de dois meses morre por Covid em Timon; primeiro óbito de criança

O município de Timon, no Maranhão, que faz divisa com o Piauí, registrou a primeira morte de criança por Covid: um bebê do sexo masculino de apenas dois meses de idade, residente no bairro Centro Operário. Ele é a vítima fatal mais nova na cidade que ontem (22) registrou também a morte de uma idosa de 105 anos que era hipertensa e morava na Vila Angélica.

Dados mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde de Timon revelam que, até o momento, são 849 casos notificados, 340 suspeitos, 329 descartados, 180 confirmados, 48 recuperados e 08 óbitos.

Na cidade, o coronavírus tem infectado mais as  mulheres que representam 56,11% do total de casos. Em relação à faixa etária, as pessoas entre 30 a 39 anos são as que mais têm contraído a doença. A Covid também infectou 37 profissionais de saúde, sendo que 12 já se recuperaram.

O boletim aponta ainda que as pessoas infectadas pelo novo coronavírus estão presentes em 43 bairros da cidade. Em pouco mais de um mês, Timon saiu de 04 casos para 180. 

Assim como na Capital do Piauí, o município maranhense segue com decreto de isolamento social que permite o funcionamento apenas de atividades consideradas essenciais. 


Graciane Sousa
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Auditor fiscal da prefeitura de Teresina morre por Covid-19; prefeito lamenta

Foto: Reprodução Facebook

O auditor fiscal de Teresina Robert Barradas, 62 anos, morreu vítima do coronavírus. Pelas redes sociais, o prefeito Firmino Filho lamentou a morte do servidor e fez referência a ele como "uma pessoa que sempre foi muito amiga de todos na Prefeitura Municipal de Teresina". 

"É muito difícil perceber que a doença tem chegado cada vez mais perto de todos nós, levando pessoas que certamente teriam muita vida pela frente. Com 62 anos, o Barradão era uma delas.Em nome dos que fazem a administração municipal, expresso nosso pesar á família", twittou o prefeito na tarde deste sábado (23). 

Robert Barradas era auditor de tributos há mais de 20 anos. Ele estava internado há alguns dias e teve complicações renais em decorrência da Covid-19.

Boletim epidemiológico Fundação Municipal de Saúde (FMS) e pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) apontam que, no momento, Teresina registra 47 mortes e 1.626 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. 

Mesmo com a curva crescente de casos, o indíce de isolamento social registrado ontem (22), quando foi antecipado o feriado de Nossa Senhora da Conceição, foi de apenas 49,1%, bem distante do ideal para tentar frear a curva de crescimento que é em média de 70%.

 

Graciane Sousa
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Com 1ª morte por Covid, prefeito prorroga decreto de isolamento em Campo Maior

Foto: Ascom prefeitura de Campo Maior

O decreto de isolamento social na cidade de Campo Maior foi prorrogado até o dia 07 de junho. O prefeito Professor Ribinha explica que as medidas foram adotadas após reunião com setores do comércio, da Segurança Pública e do poder municipal, devido o crescente número de vítimas da Covid-19 no município, que já registra, no momento, mais de 80 casos positivos de infecção pelo coronavírus e a primeira morte. 

“Temos que continuar essa luta. Precisamos da colaboração de toda a sociedade. Reforçamos a importância de manter o isolamento social, que ainda é a melhor proteção a você e sua família”, enfatiza o prefeito.

Pelo decreto continuam suspensas aulas nas redes pública e privada, atividades em bares, restaurantes, academias, comércio de vestuário e outras consideradas não essenciais. 

O isolamento social segue até o dia 07 e pode ser prorrogado. 


Da Redação
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Ainda não entenderam gravidade, diz médica que ficou em dupla quarentena

Foto: Valdecir Galor/SMCS/Prefeitura de Curitiba

O coronavírus já deixou a médica infectologista Ho Yeh Li, 46, duas vezes em isolamento completo. A primeira, em Anápolis (GO), após coordenar, a convite do Ministério da Saúde, a equipe de profissionais de saúde na primeira operação para trazer brasileiros que estavam em Wuhan, na China.

A segunda, em São Paulo, quando descobriu que estava com a doença dias após iniciar o atendimento de casos à frente da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) de infectologia do Hospital das Clínicas da USP.

Em entrevista, Ho conta como foi o processo de recuperação e os desafios na assistência. Em casa, esteve por 16 dias -parte deles na cama por causa de febre.

"O fato de eu mesma que não fiquei internada ter precisado de tanto tempo para me recuperar só mostra que realmente essa não é uma gripezinha."

Para ela, as pessoas ainda não entenderam a gravidade da doença. "Estamos toda semana aumentando os leitos de UTI. Mas isso tem limite", diz ela, que faz um apelo por medidas de prevenção.

"Se não colaborarem, nós, os profissionais de saúde, estamos enxugando gelo", afirmou a médica, que virou personagem da Turma da Mônica em reconhecimento pelo trabalho na saúde.

Ho critica a decisão do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, que ampliou o uso da cloroquina para casos leves. "Estamos gastando tempo demais sobre isso e colocando a população em risco, enquanto estudos já mostram que não há benefícios e apontam malefícios."

  • A sra. foi uma das primeiras médicas a ficar em isolamento por risco do coronavírus por causa da missão de Wuhan, quando o país ainda não tinha casos confirmados. O que mudou em como imaginava o cenário naquela época em relação a agora?

Ho Yeh Li - Naquela época, ainda tínhamos dúvida de quando e como chegaria ao Brasil. Havia dúvidas sobre o impacto de diferenças climáticas na capacidade de expansão da doença, ainda mais restrita à China e a pequenas áreas na Ásia.
Quando apareceram casos na Itália, foi quando tivemos a certeza de que chegaria, porque recebemos mais turistas europeus do que da Ásia.

  • Já achava que poderia pegar a doença?

Ho Yeh Li - Já sabíamos que, por estarmos na linha de frente, e sem vacina eficaz, em algum momento poderíamos ser infectados. Por isso tivemos desde o início uma preocupação gigante em relação à segurança dos profissionais.
Não imaginei que fosse ficar doente logo no começo. Mas várias pessoas do comitê de crise ficaram doentes e, lá no início, fazíamos reuniões sem máscara [na época, o uso não era obrigatório].
Também ficava entrando e saindo de áreas de assistência, e tinha que colocar e tirar equipamentos de proteção individual o tempo todo.

  • Como foi descobrir que estava com o coronavírus?

Ho Yeh Li - Fiquei doente em 2 de abril. Os primeiros sete a oito dias nem senti que estava isolada, porque estava praticamente acamada. Tinha febre o tempo todo, dor de cabeça, dor no corpo. Tomava antitérmico, e a febre não abaixava e voltava.
Teve um dia em que eu não estava bem, e pelo critério do oxímetro, talvez teria de ser internada. Ali fiquei com receio de complicar.
Fiquei totalmente acamada, dormindo, e quando acordei, tinha centenas de mensagens, e as pessoas estavam quase invadindo a minha casa [ri].

Também tive perda do paladar e de olfato. No segundo dia da doença, fui preparar a comida e não senti cheiro, e a comida não tinha gosto de nada. Só voltou o paladar lá para o 15º dia.

  • Teve algo que mudou na sua percepção da doença ao ter o diagnóstico?

Ho Yeh Li - Na UTI, não temos muito oportunidade de conversar com os pacientes.
A maior parte não consegue falar pela falta de ar. Ficar doente e ter tanta dor de cabeça e dor muscular o tempo todo me fez entender porque a gente tinha tanta dificuldade para sedar os pacientes na UTI.
Geralmente a gente sempre dá uma certa dose para o paciente de ventilação mecânica. Para esses [do coronavírus], precisamos quase dez vezes mais medicação para conseguir alcançar o mesmo nível.

  • Levou quantos dias para se recuperar?

Ho Yeh Li - Fiquei afastada 16 dias. Voltei empolgada para trabalhar, mas percebi uma mudança. Eu sempre entro no hospital às 7h. É muito comum eu ficar até 19h, 20h, e já fiquei até 0h, mas nunca tão cansada. Depois que voltei, não era nem 17h e já estava esgotada. Não estava totalmente recuperada fisicamente.
O fato de eu mesma que não fiquei internada ter precisado de tanto tempo para me recuperar só me trouxe mais certeza de que essa definitivamente não é uma gripezinha qualquer.

  • Em fevereiro, enquanto muitos ainda tentavam minimizar os impactos, a sra. foi uma das especialistas a dizer que não havia sistema de saúde que aguentasse se o coronavírus se espalhasse tanto quanto o H1N1. Como vê a situação hoje?

Ho Yeh Li - O Ministério da Saúde começou o preparo em janeiro. Sentimos que os estados que entenderam cedo que a doença chegaria e começaram a ter algum tipo de plano para assistência são os que estão conseguindo ainda de alguma forma atender os pacientes.

Estados que acharam que a doença não ia chegar estão sofrendo agora a consequência de um número grande de casos. Ao mesmo tempo, vem a preocupação: a sociedade ainda não entendeu a gravidade da doença.

Estamos toda semana aumentando os leitos de UTI. Mas isso tem limite, e em algum momento ele vai chegar, seja por capacidade de estrutura, seja de recursos humanos.

Não se forma um médico intensivista de uma hora para outra. Se a população não aderir a medidas de prevenção, em breve os sistemas de saúde vão estar esgotados.
Em uma boa parte das capitais, vemos que os sistemas já tendem a esgotar ou esgotaram. Manaus é um exemplo disso. Fortaleza também.

  • Quais seriam essas medidas de prevenção?

Ho Yeh Li - Ainda vemos pessoas na rua sem máscara. Ainda não entenderam que é uma doença de transmissão respiratória e tem de usar. Outros usam luvas, mas acham que estão seguros e coçam o rosto.
O isolamento é outra medida. A China conseguiu controlar a doença com 50 dias de quarentena em Wuhan porque todo mundo aderiu.

Já Taiwan, por exemplo, não fez "lockdown", mas adotou medidas de prevenção e o governo organizou para que tudo funcionasse de forma organizada.

O problema nosso é que a gente não faz nem uma coisa nem outra. Quem está na rua e tem de adotar medida de prevenção não adota. E quem tem de ficar em casa não fica.

  • A sra. fala que o sistema deve se esgotar. Em quanto tempo isso deve ocorrer? Estamos já perto de um auge da epidemia?

Ho Yeh Li - O Brasil é um país de dimensões continentais, e não dá para generalizar a previsão. Em São Paulo, por exemplo, é difícil prever quando seria o pico, o que depende do comportamento das pessoas.
Mas, se a adesão das pessoas em relação ao distanciamento social e a medidas de prevenção continuar abaixo de 50%, em breve vamos esgotar a capacidade. Se as pessoas não colaborarem, nós, os profissionais de saúde, estamos enxugando gelo.

  • Além da sua experiência, a sra. está à frente da UTI de infectologia de um dos maiores hospitais do país. Quais dificuldades enfrenta na assistência?

Ho Yeh Li - A primeira é a falta de dados científicos para ter certeza de que estamos fazendo o melhor. Mas talvez o que esteja mais atrapalhando é a rede social. Há várias notícias divulgando medidas de tratamento sem comprovação científica, mas que caem na boca da população e os médicos sofrem pressão.
Toda vez que contratamos um novo médico, preciso explicar: aqui, não fazemos nenhum tipo de tratamento que não tenha comprovação científica.

  • A sra. se refere à cloroquina, por exemplo?

Ho Yeh Li - Exatamente. E, para piorar, a ivermectina. Vemos a sociedade pressionando os médicos a fazer coisas sem comprovação científica. E se um paciente morrer por uma medida como essa? Quem vai se responsabilizar?

  • Como viu a decisão do Ministério da Saúde de liberar a cloroquina também para casos leves?

Ho Yeh Li - Apenas nesta semana, saíram dois artigos em duas revistas importantíssimas, a British Medical Journal e a Lancet, sobre a questão de cloroquina.

Em ambos os artigos foi demonstrado que não há nenhum benefício, inclusive para formas leves e moderadas da doença. Na minha opinião, tinha de encerrar esse assunto e partir para outra droga. Estamos gastando tempo demais com isso e colocando a população em risco, enquanto estudos já mostram que não há benefícios, e alguns já mostram malefícios.

  • A sra. cita uma pressão grande nos médicos [para uso desses tratamentos]. No hospital, é difícil convencer as famílias de pacientes dessa decisão de não usar?

Ho Yeh Li - Daí vem um problema. Em rede social, as pessoas divulgam o que querem. E não divulgam muito esses novos dados sobre malefícios.

Com tudo o que vem acontecendo no país, cabe exatamente ao médico o papel de esclarecimento. A população também precisa acreditar nos médicos.

Ho Yeh Li, 46
Médica e coordenadora da UTI de infectologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi a única infectologista a acompanhar a operação para trazer brasileiros que estavam em Wuhan. Nascida em Taiwan, veio ao Brasil com 10 anos e se naturalizou brasileira. É formada em medicina pela USP em 1997, com doutorado em doenças infecciosas e parasitárias pela mesma universidade.

Fonte: Folhapress, por Natália Canciar 

Brasileiro Ilegal no exterior faz fraude para receber os R$ 600

Foto: Roberta Aline


Brasileiros que moram no exterior em situação ilegal encontraram brechas para receber o auxílio emergencial de R$ 600 mensais. A Controladoria-Geral da União (CGU) está apurando as denúncias, confirmou o órgão ao Estadão/Broadcast, mas ainda não tem ideia da quantidade de pessoas que fraudaram o sistema para se inscrever no programa Quem for identificado será obrigado a devolver os valores e poderá sofrer sanções civis e penais - não explicitadas pelo órgão, no entanto.

Mais de dez milhões de pessoas enquadradas nos requisitos do auxílio emergencial ainda aguardam o processamento de seus pedidos. Enquanto isso, entre as fraudes já apuradas, o Estadão revelou que militares - recrutas que prestam serviço obrigatório e pensionistas - receberam o benefício de forma irregular. Já o jornal O Globo mostrou que estudantes universitários, mulheres de empresários, servidores aposentados e seus dependentes também conseguiram obter o benefício.

O auxílio é pago pela União para ajudar trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados com renda per capita de até R$ 522,50 mensais ou renda familiar de até R$ 3.135, o equivalente a três salários mínimos.

Não têm direito ao auxílio aqueles com emprego formal, que estejam recebendo seguro-desemprego ou benefícios previdenciários ou assistenciais (exceto o Bolsa Família) e que receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559.70 em 2018, de acordo com declaração do Imposto de Renda.

A burla ao sistema acontece na base de dados da Receita Federal. Brasileiros que estão em situação regular no exterior - ou seja, que se mudaram para outro país de forma definitiva ou que passaram à condição de não residente em caráter temporário - são obrigados a apresentar a Declaração de Saída Definitiva do País ao órgão.

Quem imigra ilegalmente não presta essa informação ao Fisco e, por isso, conta como residente no Brasil, sem emprego formal ou renda. Por causa dessa falha, é identificado como elegível nas operações de cruzamento de informações realizadas pela Dataprev, responsável por dar suporte tecnológico para o Ministério da Cidadania no reconhecimento do direito do auxílio aos cidadãos. "A empresa utiliza as informações constantes nas bases oficiais do governo federal para cruzar os dados e realizar a elegibilidade dos cidadãos, conforme previsto na legislação", disse a Dataprev.

Em comunidades em redes sociais que reúnem brasileiros residentes em outros países, o próprio Itamaraty tem orientado os cidadãos a baixarem o aplicativo do auxílio emergencial em lojas do Google e da Apple "brasileiras". Os consulados do Brasil em Tóquio, Roma e Madri publicaram em suas páginas no Facebook orientações para o recebimento do benefício.

Consciência

Nos comentários dessas publicações, brasileiros confirmam ter recebido o dinheiro, enquanto alguns cobram consciência e acusam os demais de estarem se apropriando de recursos que deveriam ficar no Brasil. Aqueles com dificuldades em fazer o pedido pelo celular recebem orientações dos demais. A principal dica é fazer a solicitação pelo site do auxílio.

Assim, é possível preencher os dados com um celular de um familiar ou amigo que tenha um número nacional.

Em dólares, na cotação em que a moeda fechou ontem no mercado oficial, R$ 600 equivalem a US$ 107,98. O auxílio equivale a £ 88,28 no Reino Unido, a € 98,71 nos países da União Europeia e a 11.634,67 ienes no Japão.

À frente das investigações de fraudes dentro do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Bruno Dantas afirmou que as pessoas que se inscrevem no programa com informações falsas cometem crime de falsidade ideológica e de declaração falsa a órgãos públicos - cuja pena é de reclusão de um a cinco anos e multa, conforme artigo 299 do Código Penal Brasileiro.

"São criminosas e devem ter seus nomes enviados ao Ministério Público para serem processadas", afirmou. Segundo ele, embora a lei não cite que é preciso morar em território nacional para receber o dinheiro, a interpretação do governo é razoável e válida. "Não faz sentido pagar benefício assistencial para alguém que mora em outro país."

A Caixa, que realiza os pagamentos, não se pronunciou sobre o caso. O Ministério da Cidadania informou ter firmado parceria com a CGU para acompanhar o processo de pagamentos.


Fonte: Estadão Conteúdo 

Nelson Teich recusa convite para ser conselheiro do Ministério da Saúde

Foto: Julio Nascimento/PR

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich recusou o convite para ser conselheiro do atual titular da pasta, o general Eduardo Pazuello. Ele argumentou que não seria coerente aceitar o posto pouco depois de ter deixado o ministério.

"Agradeço ao ministro interino Eduardo Pazuello pelo convite para ser conselheiro do Ministério da Saúde, mas não seria coerente ter deixado o cargo de Ministro da Saúde na semana passada e aceitar a posição de Conselheiro na semana seguinte", escreveu Teich nas suas redes sociais.

"Quando assumi o MS, o objetivo era trazer um modelo de gestão mais técnica, que aumentasse a eficiência do Sistema e melhorasse o nível de saúde da sociedade. Ser mais técnico não significa apenas uma condução médica mais técnica. Isso seria tratar o problema de forma simplista", continuou o ex-ministro.

"Uma condução técnica do Sistema de Saúde significa uma gestão onde estratégia, planejamento, metas e ações são baseadas em informações amplas e precisas, acompanhadas continuadamente através de indicadores", concluiu Teich, desejando boa sorte ao sucessor.

Teich deixou o Ministério da Saúde após ter sido pressionado por Jair Bolsonaro a fazer mudanças no protocolo de uso da cloroquina no tratamento para o coronavírus. O presidente queria que fosse ampliado o protocolo também para contaminados com sintomas leves, o que Teich se recusou a fazer.

Estudos científicos têm mostrado que a cloroquina não tem eficácia contra o coronavírus e seu uso pode estar relacionado a um aumento no risco de morte por problemas cardíacos, como arritmia.

Com a saída de Teich, o Ministério da Saúde fez as modificações no protocolo exigidas pelo presidente.

 

Fonte: Folhapress, por Camila Mattoso 

Antecipação de feriado aumenta índice de isolamento social em Teresina



Teresina registrou, na última sexta-feira (22), uma alta no índice de isolamento social, que saiu da casa dos 44%, observado nos últimos dias, alcançando 49,1%. O aumento no número de pessoas que ficaram em casa pode ser atribuído ao feriado de Nossa Senhora da Conceição, que foi antecipado para a sexta-feira, pelo poder público municipal.

Se observados os gráficos gerados pela startup recifense InLoco, que realiza diariamente o monitoramento por georeferenciamento do isolamento social em Teresina, desde o início da pandemia, fica claro que o percentual de pessoas que fica em casa é maior durante domingos e feriados.

Se analisarmos por região da cidade, também é possível perceber que houve alta nos índices de isolamento social. Na zona centro-norte da cidade, 49,32% das pessoas ficaram em casa; na quinta-feira esse percentual era de apenas 44,44%. Já na zona leste de Teresina, 49,19% respeitaram o isolamento social no feriado de sexta-feira; na quinta, esse número chegou a apenas 45,67%. Já na zona sul, na sexta-feira, o isolamento social alcançou o percentual de 48,33%; na quinta-feira esse índice foi de apenas 42,72%. A região que menos respeitou as determinações para ficar em casa, no feriado, foi a zona sudeste, que registrou um índice de 46,43%; mas ainda foi superior ao que se observou na quinta-feira, quando apenas 43,25% da sua população ficou em casa.

O monitoramento também mostra o índice de isolamento social por bairros da cidade e, na sexta-feira, o que mais respeitou as determinações para ficar em casa foi o bairro Aeroporto (60,6%), seguido do Mafuá (57,50%), Noivos (55,40%), Cabral (55,30%) e Centro (55,13%). Para se ter uma ideia, na quinta-feira, o bairro Mocambinho havia ficado no topo desta tabela com um percentual de apenas (46,13%).

Já os bairros que menos respeitaram o isolamento social em Teresina, na sexta-feira, foram o Parque Jacinta (36%), Alegre (39,80%), Embrapa (39,90%), Memorare (43,20%) e a região da Frei Serafim (43,20%).

Apesar do aumento nos indicadores, os números ainda estão abaixo dos 73% recomendados pelas organizações de saúde para serem considerados satisfatórios no combate ao novo coronavirus. Várias medidas já foram adotadas pelo poder público para incentivar as pessoas a permanecerem em casa, mas novas medidas ainda podem ser anunciadas. O isolamento social é a alternativa adotada para evitar uma contaminação em massa que viria a sobrecarregar o sistema de saúde, que já opera com mais de 70% das UTIs ocupadas.

 

Da Redação
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