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Falta de cédulas trava auxílio, e Banco Central pede impressão de R$ 9 bi

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

A escassez de cédulas de dinheiro no país travou os pagamentos do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que a liberação da segunda parcela do benefício nessas condições poderia inviabilizar operações do sistema bancário.

Para tentar suprir a demanda, o Banco Central pediu que a Casa da Moeda antecipe a produção do correspondente a R$ 9 bilhões em cédulas e moedas até o fim de maio.

De acordo com a autoridade monetária, o valor corresponde ao adiantamento, mas a quantidade de dinheiro em circulação contará ainda com a produção normal já programada.

No início de abril, o governo informou que os repasses da segunda parcela do auxílio seriam feitos nos dias 27, 28, 29 e 30 do mesmo mês. Portanto, o atraso já supera duas semanas.

Embora o crédito orçamentário esteja liberado, há risco de faltar cédulas nos bancos para os saques feitos pelos beneficiários.

Até o momento, o governo não apresentou novo cronograma dos repasses. Procurado, o Ministério da Cidadania, responsável pelo programa, não apresentou previsão para os pagamentos.

Os balanços diários divulgados pela Caixa Econômica Federal mostram que não há novos repasses no programa desde o início de maio.

Do começo do mês até agora, o número de beneficiados permaneceu inalterado em 50 milhões de pessoas. O valor dos recursos creditados nas contas está parado em R$ 35,5 bilhões no período.

Ao longo desta semana, bancos e operadores do auxílio fizeram uma série de reuniões no Ministério da Cidadania.

O problema não está relacionado a uma falta de orçamento do governo. Até o momento, já foram liberados aproximadamente R$ 124 bilhões para a execução do programa.

Segundo pessoas que participam das discussões, a falta de papel-moeda seria o principal entrave.

A quantidade de dinheiro em circulação já cresceu desde o início deste mês. Entre 1º e 12 de maio, a autoridade monetária colocou 439 mil cédulas a mais em circulação. Ao todo são 7,69 bilhões de exemplares disponíveis para saque.

Apenas em abril, a autarquia gastou R$ 80,2 bilhões em aquisição de cédulas, 12% do orçamento total do ano para a compra de cédulas e moedas.

Em março, o BC tinha desembolsado só R$ 1,3 bilhão.

O total de notas e moedas em circulação nesta semana corresponde a R$ 311 bilhões, R$ 20 bilhões a mais que no primeiro dia do mês.

Em nota, o BC informou que há entesouramento –quando o dinheiro fica parado na mão das pessoas– por causas de saques para formação de reservas financeiras, diminuição do volume de compras no comércio e porque parcela considerável dos valores pagos em espécie aos beneficiários dos auxílios não retornou à economia ainda.

A autoridade monetária alegou, no entanto, que, até o momento, os estoques foram suficientes para atender as demandas. Nesta semana, a Caixa deve receber informações de um lote de pessoas cadastradas que ainda aguardavam resposta sobre o benefício ou apareciam no sistema como inconclusivo. Para esse pagamento, não deve haver restrição.

O problema, segundo relatos, está na segunda e na terceira parcelas. O temor é que um novo cronograma seja anunciado, mas não seja possível cumpri-lo.

Nas últimas semanas, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, falou em mais de uma ocasião que a definição sobre os pagamentos da segunda parcela dependia de definições do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e do presidente Jair Bolsonaro.

Uma possibilidade aventada seria a liberação da segunda parcela apenas para movimentações digitais, como transferências e pagamento de boletos. A alternativa, porém, pode gerar desgaste ao governo.

Na primeira parcela, pessoas que receberam por meio de contas digitais da Caixa precisaram aguardar um segundo cronograma para que pudessem fazer os saques.

Dos recursos liberados até o momento, mais de 90% foram sacados. Portanto, a demanda por papel-moeda nesse tipo de benefício tem se mostrado elevada.

A Caixa disse que aguarda a divulgação do calendário pelo governo federal para o pagamento da segunda parcela. "As medidas que serão adotadas para o atendimento ao beneficiário do auxílio emergencial serão divulgadas oportunamente", afirmou.

Os trabalhadores da Casa da Moeda já fazem hora extra. Embora parte dos funcionários esteja em casa para diminuir a exposição ao vírus, os que atuam na área da produção se revezam em escalas, inclusive aos fins de semana.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira, entidade que representa os empregados da Casa da Moeda, em meio à pandemia e ao aumento da carga de trabalho, eles enfrentam questões trabalhistas e estão sem plano de saúde e seguro de vida.

"Os acordos coletivos de 2019 e de 2020 estão em aberto, então cláusulas que garantiam plano de saúde e seguro de vida, por exemplo, caíram em janeiro", disse o presidente do sindicato, Aluízio da Silva Júnior. "Estamos tentando resolver na Justiça trabalhista, vamos fazer uma assembleia emergencial na próxima terça."

No início do mês, o sindicato recebeu documento da Casa da Moeda, que informava a possibilidade de antecipar a produção de dinheiro por causa do pagamento do auxílio e a necessidade de que os funcionários fizessem horas extras.

O documento pedia uma assembleia e detalhava que as horas extras serão pagas conforme legislação vigente.

Centrais buscam apoio do Congresso para fortalecer sindicatos

As maiores centrais sindicais do país tentam, por meio de negociação no Congresso, reduzir o alcance da regra que permite a adoção de acordos individuais de salário e jornada ou da suspensão de contratos de trabalho. As duas possibilidades foram criadas pelo MP 936, publicada em 1º de abril. Se a negociação avançar, trabalhadores com salários a partir de R$ 1.500 só poderão ter redução de salário e jornada e suspensão de contrato após acordo coletivo com participação do sindicato da categoria. No texto em vigor atualmente, as empresas só ficam obrigadas a negociar com os sindicatos a intenção de aplicar as regras da MP para quem ganha a partir de R$ 3.135. Mesmo nesses casos, se o corte de salário e jornada for de 25%, a mudança pode ser feita por acordo individual.

BERNARDO CARAM E LARISSA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) 

 

Prefeitura do Piauí acata recomendação do MP e suspende provas de concurso público

Foto: Valmir Macedo/ Cidadeverde.com

A prefeitura de Santo Antônio de Lisboa acatou recomendação do Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) e suspendeu a aplicação das provas de um concurso pelo município, marcada para o próximo domingo (17). O documento foi elaborado pelo promotor de Justiça Cleandro Moura, responsável pela 7ª Promotoria de Justiça de Picos e membro do respectivo Grupo Regional de Promotorias Integradas no Acompanhamento à Covid-19.

No último dia 5 deste mês, o representante do MP Estadual enviou a recomendação, orientando a administração de Santo Antônio de Lisboa a suspender o concurso enquanto durar a situação de emergência em saúde pública causada pela pandemia do novo coronavírus.

O prefeito do município, Wellington Carlos, encaminhou, nessa quarta-feira (13), um ofício ao Ministério Público, comunicando que acatou a orientação da instituição. Assim, as provas foram adiadas e serão aplicadas em outra oportunidade, após novas instruções dos órgãos de saúde sobre as medidas de distanciamento social.

Da redação
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Vigilância Sanitária orienta permissionários dos mercados públicos de Teresina

Foto: FMS

Em mais uma ação preventiva contra a disseminação do novo Coronavírus, a Vigilância Sanitária de Teresina está fazendo um trabalho de orientação com permissionários dos mercados públicos da capital. Embora as praças de alimentação estejam fechadas, os restaurantes e lanchonetes estão trabalhando com serviço de delivery, o que requer alguns cuidados.

Como explica a gerente de Vigilância Sanitária da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Jeanyne Seba, os permissionários receberam orientações sobre a prevenção e os cuidados que deve ter para minimizar os riscos da covid-19. “Durante as visitas, nós damos orientações sobre o manuseio dos alimentos e os cuidados de higiene. Orientamos que todos os funcionários devem usar sempre máscara, manter o distanciamento de, no mínimo, um metro e meio e, caso sintam algum sintoma de síndrome gripal, devem se ausentar do trabalho e procurar o serviço de saúde”, conta a gerente.

Jeanyne Seba ressalta que a principal de medida é a lavagem de mãos com água e sabão, que deve ser constante. “A lavagem de mãos com água e sabão se mostra mais imprescindível do que apenas o álcool em gel, que deve ser usado quando a pessoa não tiver como lavar. Além disso, é importante que os funcionários encarregados pelo manuseio dos alimentos evitem tocar no rosto e em superfícies contaminadas, e que façam uso da solução de hipoclorito para higienizar objetos e superfícies”, esclarece a gerente.

A FMS orienta ainda que a população pode acionar a Vigilância Sanitária, por meio do telefone 3215-9102, em dias úteis, das 8h às 17h, para denunciar irregularidades encontradas em estabelecimentos que comercializam ou fabricam alimentos, medicamentos, produtos de higiene pessoal, de limpeza e hospitalares.

Da Redação
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Dez UBS’s abrem no feriado e final de semana para atender casos de síndrome gripal

Foto: Ascom/FMS

A Fundação Municipal de Saúde (FMS) abrirá amanhã (15), 10 Unidades Básicas de Saúde exclusivas para atendimentos de pessoas com síndrome gripal. Os serviços de urgência e emergência dos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também estarão funcionando. Devido ao feriado antecipado do Dia do Piauí, a vacinação contra a Influenza será suspensa e retornará na segunda-feira (18).

Abrirão de 8h às 17h as unidades: UBS Portal da Alegria (Sul); UBS Irmã Dulce (Sul); UBS Dagmar Mazza (Sul); UBS Todos os Santos (Sudeste); UBS Novo Horizonte (Sudeste); UBS Poty Velho (Norte); UBS Santa Maria da Codipi (Norte); UBS Taquari (Leste); UBS Planalto Uruguai (Leste); UBS Cidade Jardim (Leste). Dentro da Grande Teresina, a porta de entrada para pacientes com síndromes gripais – ou seja, que apresentam sintomas semelhantes aos da Covid-19 – é a Atenção Básica. “O paciente com sintomas do novo Coronavírus é atendido por médicos e enfermeiros treinados para avaliar e classificar sua situação como leve, moderada ou grave”, explica Kledson Batista, diretor de Atenção Básica da FMS.

“Para os casos leves, o paciente será orientado para o isolamento domiciliar com prescrição medicamentosa. Em casos graves, a equipe acionará o SAMU, que levará o paciente para uma unidade hospitalar dentro da rede do município”, completa o diretor.

Kledson Batista prossegue explicando o que o paciente deve fazer em casos mais graves, com sintomas como febre persistente por mais de 48 horas, falta de ar e mal estar intenso: “Nesta situação, o paciente deve procurar imediatamente uma unidade hospitalar do município, seja uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou um hospital – com exceção do Hospital do Monte Castelo, que foi designado exclusivamente para internação, referenciado pelos outros locais, ou seja, para pacientes que chegam de ambulância”, orienta.

Em casos de dúvida, a FMS disponibiliza ainda o serviço Alô Saúde Teresina, pelo número 0800 291 0084, que funciona de segunda a sábado. “Neste telefone, estão disponíveis médicos que irão orientar não apenas em relação aos assuntos de saúde em geral, como também sintomas de síndromes gripais, para esclarecer sobre qual lugar procurar e em que momento”, pontua o diretor de Atenção Básica da FMS.

Da Redação
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Mãe de três filhos atuando contra Covid diz: "sinto saudade de tudo"

Fotos: arquivo pessoal

Iraneide Correia da Silva Brito tem 73 anos e não sai de casa há quase dois meses. Ela já tem uma listinha do que pensa em fazer assim que o fim do isolamento social permitir: "a primeira coisa que quero fazer é juntar meus filhos, meus netos, em um grande almoço para abraçar todos; e também quero ir a missa", diz.

Mãe de seis filhos, quatro desses trabalham ligados à área de saúde, sendo um médico, uma assistente social que trabalha em hospital e uma enfermeira: James Brito, Adriana Brito e Mercia Brito, respectivamente. Para aliviar a saudade, ela conversa por telefone e já chegou a ver os filhos rapidamentes à distância. "Meu filho veio, parou o carro e conversou comigo lá de dentro". 

"Estou quase dois meses sem sair de casa. Sinto saudade de tudo, de ir a missa todos os dias, da alegria dos meus netos pela casa, dos meus filhos. Quero abraçar. Eles só me dizem que tudo está passando, que vai já passar, mas eu acho a Covid está demorando muito a passar. Isso é muito triste", conta.

Iraneide diz que "reclama" porque sente saudades e que sempre reza pela saúde dos filhos. "Graças a Deus eu tenho muita fé e também precisamos acreditar mesmo que isso tudo irá passar. Eles dizem que o importante agora é saber que todos estão bem e com saúde, isso é verdade".



 

Carlienne Carpaso
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Governador publica novo decreto de isolamento; saiba o que abre e fecha

Foto: Roberta Aline

O governador Wellington Dias divulgou no início da tarde desta quinta-feira (14) novo decreto que regulamenta medidas mais restritivas de isolamento social.

O objetivo é conter a propagação do novo coronavírus e evitar o colapso do sistema de saúde do estado. Confira abaixo o funcionamento das novas medidas. (Clique aqui e acesse o decreto)

A partir desta sexta-feira (de maio até às 24 h do dia 16 de maio, poderão funcionar somente as seguintes atividades e estabelecimentos essenciais: 

  • farmácias e drogarias; 
  • serviços de saúde; 
  • supermercados; 
  • panificadoras e padarias; 
  • postos de combustíveis; 
  • borracharias;  
  • serviços de delivery; 
  • serviços de segurança e vigilância; 
  • serviços de telecomunicação, radiodifusão e imprensa; 
  • serviços bancários exclusivamente para pagamento de auxilio emergencial e benefícios sociais e para autoatendimento.

A partir das 24 horas do dia 16 de maio até as 24 horas do dia 17 de maio, somente as seguintes atividades e estabelecimentos essenciais poderão funcionar: 

  • farmácias, drogarias, serviços de saúde, imprensa, serviços de segurança e vigilância, serviços de delivery exclusivamente para alimentação e serviços de autoatendimento bancário; 
  • borracharias, postos de combustíveis e pontos de alimentação localizados às margens de rodovias.

É importante destacar que os pontos de alimentação localizados às margens das rodovias deverão atender exclusivamente motoristas em trânsito, e só funcionarão se devidamente autorizados pelo município.

O que não pode funcionar

Estão suspensos, a partir das 24 horas do dia 14 de maio de 2020, os serviços de transporte intermunicipal de passageiros na modalidade rodoviário, classificados como Serviço: Convencional; Alternativo; Semi-Urbano; e Fretado. Esta suspensão terá vigência até as 24 horas do dia 17 de maio de 2020. 

O descumprimento desta suspensão sujeitará o infrator à penalidade de retenção do veículo, sem prejuízo da aplicação de multa ou de outra sanção cabível, conforme art. 77, incisos I e VI, da Lei nº 5.860, de 2009.  A retenção será feita de imediato, e o veículo ficará retido em local indicado pelo órgão ou agente responsável pela fiscalização, pelo período que durar a suspensão.

Já o serviço de transporte fretado de pacientes para realização de serviços de saúde está ressalvado da suspensão determinada pelo decreto.

De acordo com a determinação governamental, nenhuma atividade ou estabelecimento poderá funcionar desrespeitando as medidas sanitárias de combate à covid-19.  Os serviços públicos para atendimentos emergenciais poderão funcionar. 

Fiscalizações

A fiscalização das medidas determinadas neste decreto será exercida pela vigilância sanitária estadual, em articulação com os serviços de vigilância sanitária federal e municipais, e com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil. Os órgãos envolvidos na fiscalização das medidas sanitárias deverão solicitar a colaboração da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Guarda Municipal de Teresina.

O decreto intensifica as medidas para feriado alusivo ao Dia do Piauí antecipado para esta sexta-feira (15) e estabelece que órgãos e entidades da administração pública estadual deverão reforçar a campanha Fique em Casa, conscientizando sobre a importância de manter o isolamento social.

As equipes da Secretaria de Estado da Segurança e da Vigilância Sanitária ficam autorizadas a realizar, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos de segurança irão reforçar a fiscalização em relação às seguintes proibições: aglomeração de pessoas ou consumo de bebidas em locais públicos e direção sob efeito de bebida alcoólica. 

De acordo com o governador Wellington Dias, essas são medidas recomendadas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), em casos críticos de avanço da doença e de ocupação de leitos de UTI, para garantir pelo menos 60% da população em isolamento social. “Antecipamos um feriado e tomamos medidas mais rígidas de isolamento, tudo para que mais pessoas fiquem em casa e assim a gente possa frear a propagação da Covid-19”, explicou o governador.

Flash Lídia Brito (Com informações do governo)
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Farmácia de medicamentos especializados tem longas filas mesmo na pandemia

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A Farmácia de Medicamentos Especializados, localizada na Rua David Caldas, no Centro de Teresina, continua registrando longas filas, mesmo na pandemia de coronavírus.

Apesar de alguns portadores de doenças enviarem representantes, por meio de procuração, para buscarem os medicamentos, outros são obrigados a ir pessoalmente por não terem outra opção. É o caso do bancário Rafael Miranda,33 anos.

Rafael tem diabetes tipo 1 e contou ao Cidadeverde.com que na manhã desta quinta-feira (14) a fila da farmácia estava quase chegando na Praça João Luís, que fica no outro quarteirão. 

“Tenho que ir porque não tem que vá para mim. Pensei em desistir, mas ia ter que voltar outra vez de qualquer jeito”, conta o bancário, que depende de dois tipos de insulina. 

Ele afirma que desde o mês passado as filas já eram longas e a Farmácia ficou de dispor medicamento para três meses de tratamento, mas deram apenas para dois meses. Com isso, os portadores de doenças que necessitam dos medicamentos especializados acabam indo com mais frequência ao local.

Rafael diz, ainda, que a pessoas usam máscaras e há marcações para que seja mantida distância na fila, mas, mesmo assim ainda, há aglomeração.

A assessoria de comunicação da Farmácia do Povo informa que o problema das longas filas é  “pontual” e que no  início do mês sempre há um fluxo constante no local. A Farmácia reforma que é um serviço essencial e pede que os portadores de doenças e idosos encaminham representante legal para receber a medicação.

A Farmácia também afirma que todas medidas para evitar contágio do coronavírus estão sendo respeitadas, como o distanciamento nas filas, uso de máscaras e de álcool gel. Ainda hoje (14) o prédio passará por sanitização.

Sobre a indisponibilidade pontual de medicamentos para três meses de tratamento, a Farmácia informa que  alguns os laboratórios que fabricam  medicação estão fechados por causa da pandemia. 

 

 


Izabella Pimentel
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Grupo telefona para idosos em quarentena e ouve histórias de amor, galinha e depressão

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Muito antes do coronavírus, existiam as conchetas, apelido dado a mulheres italianas ou de família da Itália que, na São Paulo do século passado, viviam conversando pelos bairros de imigrantes europeus.

"Chama Conchetas por isso, é aquela coisa de [bairro da] Mooca, falando uma com a outra, sabendo da vida da outra", diz Silmara Ciuffa, 52, fotógrafa que é uma das três fundadoras de um grupo que liga para idosos que estão isolados em suas casas, simplesmente para papear -o nome é referência a esta figura do imaginário paulistano.

A iniciativa é da operadora de saúde Prevent Senior, que tem como público alvo pessoas mais velhas, justamente um dos principais grupos de risco do novo coronavírus. As atividades começaram no final de abril e atualmente o grupo tem 12 integrantes contratados pela empresa.

"Fomos treinados para ouvir e criar um diálogo que conforte nossos amigos do outro lado da linha", explica Teresa Gioia, 58, que é produtora musical e também fundadora.

Para o trabalho, foi criado um sistema, integrado com a database da seguradora, onde os atendentes anotam fatos relevantes das conversas que tem, por exemplo informações sobre o histórico de saúde, que podem ajudar num diagnóstico futuro.

Uma das preocupações, claro, é o cuidado médico. Por isso, os ouvintes sempre ficam atentos a sinais de alerta, mesmo este não sendo o foco principal do programa.

Silmara conta sobre a vez que conversou com uma beneficiária que estava no Brasil porque veio fazer um procedimento clínico relacionado a um câncer de mama, e não pode voltar a Los Angeles (EUA), onde mora, em razão da pandemia.

Com a filha e uma vida nos Estados Unidos, ela dizia que seu remédio para depressão havia acabado e que não tinha mais vontade de viver. Foi então que a fotógrafa entrou em contato com um médico da seguradora e conseguiu uma receita virtual.
"[Ela] conseguiu a medicação, está super bem, converso todo dia com ela, é uma das que eu sempre ligo. Ela me manda foto das crianças que ela cuidava [como babá nos EUA]", conta.

Uma outra vez, Silmara conversou com uma senhora que dizia ter um dores na barriga. A fotógrafa lhe indicou uma consulta por telemedicina, e o médico a encaminhou ao pronto-socorro, onde foi descoberto que ela estava com coronavírus.

"Na hora que ela fez a tomografia, já estava com o pulmão bem comprometido e, óbvio, foi internada. Dias depois teve alta. Ela não tinha nenhum sintoma da Covid-19, era só um desconforto abdominal", completa.

Mooquense, Ivon Ciuffa, 42, foi indicado pela irmã para entrar no programa. Barista de uma cafeteria no bairro ele mesmo afirma que era o estereótipo perfeito para o programa.

"Sou italiano, moro na Mooca, a gente fala muito e eu tenho esse perfil de falar. Até na cafeteria onde eu trabalho, tem um outro processo de fazer o café e tem um diálogo com o cliente", conta.

Pelo telefone, criou amizade com uma senhora de 82 anos que mora na vizinhança e que o convidou para um lanche da tarde em sua casa. Por conta da quarentena, teve que recusar a proposta, mas resolveu fazer uma surpresa: enviar uma carta, escrita à mão.

A resposta foi tão boa que, aos poucos, Ivon começou a mandar cartas aos idosos com quem mais conversa.
Lllian Braga é comissária de bordo aposentada e vive sozinha, com dois cachorros. Conta que gosta de abordar diferentes assuntos nas conversas. Certa vez, puxou papo sobre a vida amorosa de uma senhora de 78 anos.

"Ela tinha dois namorados e falava assim: Ai, agora como ficamos distantes não dá mais para a gente se ver e um deles deixou de ligar para mim, sinto muita falta. Fiquei passada. 'Eu conheci ele na rua', ela me disse. Como assim!?", lembra rindo sobre o diálogo.

Lillian conta que, no seu caso, o trabalho uma via de mão dupla completa, já que também está sozinha em casa e pode assim conhecer pessoas novas e fazer novos amigos e amigas.

Assim como colegas, diz que a enorme maioria das conversas é relacionada ao cotidiano dos beneficiários, histórias do passado e da família. Vez ou outra o papo acaba em política, tanto com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas normalmente com críticos.

Nazareth lembra a vez que debateu sobre o quão alto uma galinha poderia voar, porque uma senhora jurava que estava vendo uma, marrom, da janela de seu apartamento no sexto andar.

Ela relata o que ouviu: "Eu abri [a janela] e ela estava lá. Como essa galinha veio até aqui? Será que ventou? Não. Mas pode ter ventado sem eu ter visto".

"A senhora sabe que galinha não voa alto?" perguntou Nazareth na ligação. "Ah, mas essa voava, tava no galho da árvore!", ouviu em resposta.

Aos poucos, as atendentes foram descobrindo os melhores horários para entrar em contato: depois das 10h da manhã e não quando estiver passando novela na televisão.

Uníssona é a percepção de que o que mais os idosos querem é simplesmente alguém para conversar. A análise é que os familiares, por mais atenciosos que sejam, se atém a perguntas corriqueiras: se está tudo bem de saúde, se aconteceu alguma coisa importante que eles precisem saber.

Uma das dificuldades é o contato inicial, já que muitos idosos atendem desconfiados, alguns até achando que se trata de um golpe.

Isolados, os idosos costumam relatar tristeza por não poderem ver a família, os filhos, os netos. Também é a grande a afinidade deles com a leitura, mais que com filmes ou interações virtuais.

Este foi justamente um dos motivos pelos quais a iniciativa optou por usar o telefone e não a câmera de vídeo para a interação. "A maioria que a gente liga tem, 70, 80 anos, então é pelo telefone fixo [que conversamos]", conta Silmara.
"Mesmo quando ligamos no celular, eles pedem pra ligar no telefone, tem um hábito de ouvir o telefone tocar", completa Nazareth.

Após a quarentena, o grupo prepara uma série de atividades presenciais para este grupo de beneficiários. Um dos planos, segundo elas, é um workshop de tecnologia para idosos.

JOÃO GABRIEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

 

Ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes morre aos 82 anos no Rio de Janeiro

Foto: Satiro Sodré/ SSPress

 

O advogado paraense Coaracy Nunes Filho, que presidiu a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) por três décadas, entre 1988 e 2017, morreu aos 82 anos nesta quinta-feira. Ele deixa a mulher, Maria da Glória Nunes, e duas filhas. Coaracy, que sofria de diabetes, hidrocefalia e demência senil, também tinha a covid-19. Ele estava entubado desde o dia 25 de abril, em um hospital da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Em sua direção na CBDA, os esportes aquáticos do Brasil subiram 10 vezes no pódio olímpico com um de ouro, três pratas e seis de bronzes, com destaque para Gustavo Borges, Fernando Scherer, Cesar Cielo, Thiago Pereira e Poliana Okimoto.

Em outubro do ano passado, o Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF-SP) condenou o ex-presidente da CBDA a 11 anos e oito meses de reclusão e a três anos de detenção por desvios de recursos públicos na entidade. Mas Coaracy Nunes respondia em liberdade a um recurso da condenação em primeira instância de um dos processos aos quais responde.

Ele foi condenado por formar uma organização criminosa para fraudar licitações e desviar recursos públicos destinados à contratação de empresas de turismo. O caso fez parte da Operação Águas Claras, que desde 2015 apurava irregularidades na confederação. Além das investigações em curso no MPF, já tramitam na Justiça Federal uma ação penal e duas ações de improbidade administrativa contra Coaracy Nunes e outros três ex-dirigentes da CBDA.

Em nota oficial, a CBDA lamentou a morte do ex-dirigente e ressaltou o papel dele no comando da entidade. "Coaracy Nunes Filho foi eleito presidente da CBDA em 1988 e reeleito sucessivamente até 2013. Além de mandatário na Confederação, Coaracy foi presidente da Consanat e da Uana. Ele também fez parte do Bureau da Federação Internacional de Natação", disse o texto. "A CBDA lamenta o falecimento de Coaracy Nunes Filho e se solidariza aos familiares e amigos do ex-presidente".

Fonte: Estadão Conteúdo

Governo nega auxílio emergencial para parentes de presos

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Sem previsão legal e por conta própria, o governo federal não concedeu o auxílio emergencial de R$ 600 para parentes dos presos. Em ofício encaminhado ao Ministério Público Federal pelo Ministério da Cidadania, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, a Dataprev, empresa que faz o processamento para a concessão do auxílio, admite que restringiu o acesso às famílias dos detentos.

Questionada pela reportagem, a Dataprev informou que mais de 39 mil pedidos apresentados por detentos ou familiares vão passar por um "processamento adicional".

No texto enviado ao Ministério Público Federal, a Dataprev afirma que o Ministério da Cidadania estabeleceu "ainda que de forma não definitiva, a restrição da concessão do auxílio emergencial a requerente ou membro de grupo familiar" constante na base do Departamento Nacional do Sistema Penitenciário (Depen), do Ministério da Justiça, e do regime fechado de São Paulo.

Para o procurador do MPF, Júlio Araújo, um dos autores do pedido de informação ao governo, os fatos são graves, pois a lei não estabelece nenhuma restrição. "Embora o secretário executivo do Ministério da Cidadania tenha afirmado que não houve restrição a parentes de pessoas presas que preencham os requisitos do benefício, a resposta da Dataprev aponta informação em outro sentido", diz.

Segundo ele, os familiares ficam com o pedido parado em razão de um critério não previsto em lei. Além disso, os sistemas que embasam essa consulta podem estar defasados, atingindo famílias de pessoas tidas como presas mas que já podem estar em liberdade

"O governo federal pode estar negando o benefício a pessoas que acabaram de sair do cárcere - que é o momento que mais precisa de apoio do Estado e emprego - por estarmos usando uma base de dados defasada", afirma a deputada Tabata Amaral (PDT-SP). Ela também critica a negativa do benefício a familiares de detentos. "Isso é um desrespeito com os milhões de brasileiros aglomerados em filas da Caixa, sem a certeza se receberão o auxílio. A falta de dados não pode ser desculpa para o governo negar auxílio a quem de fato precisa", diz.

Para o presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, Leandro Ferreira, a restrição do acesso aos familiares de detentos, além de irregular, é discriminatória. "É um absurdo. Foi introduzido um critério pela experiência dele de implantação que não só não está previsto na lei como é um critério duro em relação ao estigma que essas pessoas sofrem", avalia. "Só porque tem um parente preso não poder receber um auxílio que as pessoas têm direito a receber? É muito grave", critica Ferreira, à frente do grupo que reúne técnicos e pesquisadores em defesa da renda básica para a população de baixa renda.

Auxílio-reclusão

Pelas regras do auxílio emergencial, não é possível acumular os R$ 600 com outro benefício pago pelo governo federal, com exceção do Bolsa Família. Isso significa que não seria possível acumular o benefício com o auxílio-reclusão. Mas, de acordo com Ferreira, poucos familiares de presos recebem o auxílio-reclusão, repassado apenas quando o preso contribuía para a Previdência, o que, geralmente, ocorre com trabalhadores formais. O auxílio-reclusão recuou para o atendimento de 31,7 mil famílias no ano passado, menor cobertura desde 2010 (29,5 mil benefícios).

Procurada, a Dataprev diz que não negou auxílio para parentes dos detentos. Segundo a empresa, os requerimentos estão retidos para processamento adicional. A estatal ressalta que o trabalho da empresa consiste em dar o suporte tecnológico para o Ministério da Cidadania. "Com isso, são realizados cruzamentos de informações dos solicitantes conforme as regras definidas pelo órgão gestor do auxílio emergencial", informa a empresa.

Dos 98 milhões de requerimentos processados pela empresa, foi identificado 1,5 milhão de CPFs com "complexidade de cenários". Deste total, 39.251 requerimentos foram apresentados por detentos ou contém detentos na sua composição familiar. Segundo a Dataprev, as equipes seguem trabalhando com urgência para finalizar a regra desse processamento adicional. "O processo de concessão tem sido aperfeiçoado constantemente para assegurar o benefício à população."

O Ministério da Cidadania respondeu que não há retenção do auxílio emergencial em função de ser familiar de detento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Adriana Fernandes e Camila Turtelli
Estadão Conteúdo

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