Cidadeverde.com

Lula diz que Bolsonaro falha ao não orientar população sobre o que fazer diante da pandemia

Foto: Arquivo CV

O ex-presidente Lula (PT) criticou, nesta quarta-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro por, segundo o petista, não ter dado orientações à população sobre como agir na pandemia do novo coronavírus em seu pronunciamento na noite de terça (31).

"O presidente utiliza não sei quanto tempo na TV e não tem uma orientação para as pessoas", disse Lula em entrevista a veículos e blogs de esquerda. Para o petista, falta "voz de comando" da Presidência nesta crise.

O ex-presidente disse ainda que a preocupação que Bolsonaro demonstrou com os pobres é da boca para fora e cobrou que o presidente faça a verba da União chegar até os trabalhadores para que eles possam cumprir o isolamento social.

"Tentar defender os mais pobres, o camelô, o cara do Uber, do pequeno comércio... Além de estar defendendo esses caras da língua pra fora. As medidas concretas beneficiaram os banqueiros, porque ele liberou R$ 200 bilhões para os banqueiros", disse Lula.

"E para as pessoas pobres que estão precisando dos R$ 600, a gente ouviu o Guedes [ministro da Economia] dizer que só vai ser dia 16 de abril", completou.

O petista também exaltou iniciativas dos parlamentares e da sociedade civil para tecer medidas contra a pandemia. "Há uma preocupação da sociedade em dar resposta àquilo que o governo não consegue fazer. Estamos percebendo que governo não se preparou para uma crise desse dessa magnitude", afirmou.

Lula cobrou que Bolsonaro coordene uma saída à crise com os entes federados e afirmou que "quem está fazendo o trabalho mais sério são os governadores e prefeitos".

"Ele que cumpra com seu papel de ser coordenador e libere o dinheiro logo, porque o povo está precisando do recurso", disse. Segundo o petista, só o Estado forte pode combater o vírus.

Apesar de afirmar que "Bolsonaro é o grande problema que estamos vivendo hoje" e que "o governo neste instante mais atrapalha do que ajuda", Lula evitou fazer defesa explícita de impeachment, seguindo a linha de cautela adotada pelo PT até agora.

O ex-presidente disse que, para defender o impeachment, é preciso crime de responsabilidade e contou que pediu à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e ao ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão que fizessem um estudo para verificar se Bolsonaro já cometeu crime de responsabilidade.

"Não quero ser irresponsável como eles foram com a Dilma, sem ter crime de responsabilidade. Mas se tiver, temos que pressionar a Câmara", disse.

Ao mesmo tempo, Lula incentivou a saída de Bolsonaro do governo. "Eu estou convencido de que Bolsonaro, ou ele muda, ou ele não tem condição de continuar", pontuou.

"Estou convencido que Bolsonaro não tem estrutura psicológica de continuar governando o Brasil. Ele está preocupado em manter os fanáticos e não em dar resposta concreta", afirmou também ao longo da entrevista.

Lula deu a entender que o manifesto que pede a renúncia de Bolsonaro, assinado por Fernando Haddad (PT), Flávio Dino (PC do B), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), é um começo para que o "fora, Bolsonaro" passe a ser palavra de ordem no PT.

"Da renúncia para o impeachment, é um pouco. Da renúncia para o 'fora, Bolosnaro', é um pouco. Na hora que tiver manifestação de rua, o 'fora, Bolsonaro' ganha força", disse.

O ex-presidente afirmou que há uma discussão sobre construir o próximo passo após a saída de Bolsonaro, se levaria a um governo do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) ou se a novas eleições.

Lula ressalvou, contudo, que para traçar esses cenários é preciso força política e que a prioridade agora é combater o vírus, e não travar disputa política ou buscar alterar a correlação de forças do Congresso para viabilizar a saída de Bolsonaro.

"Para tudo isso tem que construir força política. E nesse instante a gente não tem que se preocupar com isso", afirmou.

 

Folha Press
 

Escolas particulares devem iniciar aulas pela internet após a Semana Santa

Foto: Roberta Aline

As escolas particulares do Piauí vão permanecer fechadas até o dia 30 de abril, como estabelece o decreto do governo estadual com medidas contra o coronavírus. No entanto, a partir do dia 13 de abril, todos os estabelecimentos devem voltar às aulas, só que pela internet. A medida já foi regulamentada pelo Conselho Estadual de Educação.

“As escolas particulares anunciaram férias até a volta da Semana Santa. No dia 13, as escolas voltam às aulas e na impossibilidade de as aulas serem presenciais, vamos utilizar recursos à distância. Isso já foi regulamentado pelo Conselho Estadual de Educação”, afirmou Marcelo Rodrigues, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado do Piauí (Sinepe).

Segundo Marcelo, as escolas terão que “dar um jeito” para realizar as aulas online, já que elas vão contar como dias letivos.

“Essas aulas vão contar como dias letivos. Serão aulas utilizando recursos por meios digitais e cada escola vai dar seu jeito. Até o dia 30, o dia que o governo mandou, nós não abriremos. Os alunos farão suas atividades de casa”, disse o presidente.

As escolas estão paradas desde o 15 de março, quando as primeiras medidas de restrição começaram a ser implementadas.

A prorrogação da quarentena no Piauí foi anunciada na segunda-feira (30) pelo governador Wellington Dias. Apenas serviços essenciais podem funcionar.

Hérlon Moraes
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IFPI usa impressoras 3D e produz EPIs em diferentes cidades do Estado

Fotos: Propi/IFPI

O Instituto Federal do Piauí (IFPI) também entrou na corrente para ajudar os profissionais da saúde a se protegerem, durante o atendimento aos suspeitos de contraírem o novo coronavírus. Alunos, de diferentes campi pelo Estado, estão utilizando impressoras tridimensionais para fabricar equipamentos de proteção individual (EPIs). 

As impressoras foram adquiridas inicialmente para projetos de pesquisa e extensão, mas estão, neste momento, voltadas para impressão de máscaras faciais do modelo Face Shield e estão sendo doadas a hospitais públicos. 

De acordo com o diretor o pró-reitor de Pesquisa do IFPI, professor José Luís, já foram produzidas 170 máscaras e a perspectiva é que mais 600 fiquem prontas nos próximos dias. 

“Essas máscaras podem ser utilizadas por longo período, uma vez que podem ser higienizadas e obedecem às exigências da Anvisa”, ressalta o pró-reitor.

Os materiais estão sendo produzidos por alunos e professores de vários cursos entre eles: Informática, Administração, Matemática, Física e nos campi de Teresina, Oeiras, Parnaíba, Picos e Floriano. 

Precisando de insumos

Mas, segundo o professor, o empecilho da produção é a falta de material para a confecção, já que os insumos que tinham disponíveis nos laboratórios já estão sendo utilizados. 

“O material que temos só dará para estas 600, estamos em busca de parceiros para doação de insumos como folha de acetato, elástico, e filamento para impressoras 3D tipo PLA e ABS de 1,75 mm. Os doadores podem ser papelarias, lojas de informática e empresários no geral que possam comprar e doar para a gente”, sugere o professor José Luís. 

Quem quiser doar pode entrar em contato através do e-mail [email protected]

 

Caroline Oliveira
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Brasil tem 240 mortes por covid-19 e 6.836 contaminações confirmadas, diz Saúde

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

O Brasil registrou nesta quarta-feira, 1º, em atualização da plataforma do Ministério da Saúde, 6.836 casos confirmados da covid-19, transmitida pelo novo coronavírus. Foram 1.119 novas confirmações nas últimas 24 horas. As mortes pela doença chegam a 240 , com aumento de 39 óbitos em relação à ultima contagem, divulgada ontem. A taxa de mortalidade continua em 3,5%.

Como mostrou levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, pelo menos metade da população brasileira vive em cidades que já registraram casos confirmados de coronavírus. Até ontem, o total de municípios com infecções reportadas tinha chegado a 362. Embora esse número represente apenas 6,5% do total de cidades do País, o surto atinge parcela expressiva da população por estar concentrado em áreas mais populosas.

Segundo nota técnica divulgada hoje por um grupo de especialistas da PUC-RJ e da Fiocruz, o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), que está acompanhando a evolução da covid-19, a epidemia está evoluindo de forma mais controlada no Brasil do que em outros países, como China, Itália, Espanha e Estados Unidos. Esse crescimento mais lento no número de casos estaria relacionado ao fato de o país ter tomado as medidas de contenção logo no início da epidemia. No entanto, alertam especialistas, pode ser atribuído também à subnotificação e à demora na notificação dos casos.

Para conter o avanço da epidemia no país, o Ministério da Saúde recomenda medidas de isolamento social, que também são defendidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sob pressão de seus ministros próximos, o presidente Jair Bolsonaro, que vinha defendendo explicitamente o fim do isolamento, baixou o tom em pronunciamento na terça-feira e pôs a preocupação com a "vida" no mesmo patamar que o "emprego". Pediu, ainda, a união do Parlamento, Judiciário, governadores e prefeitos para enfrentar a pandemia. ?

Assim como na semana passada, o discurso do presidente foi seguido de panelaços em ao menos 12 cidades do País: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Natal, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Belém, Curitiba e Florianópolis A hashtag (palavra-chave) #panelacocontrabolsonaro era o segundo assunto mais comentado do Twitter no Brasil por volta das 21h de ontem.

 

Por André Borges e Emilly Behnke
Estadão Conteúdo

TRE realizará inscrição e transferência de domicílio eleitoral via e-mail

Foto: Roberta Aline

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, Desembargador Francisco Antônio Paes Landim Filho, autorizou a publicação de portaria estabelecendo novas medidas emergenciais de prevenção de contágio ao coronavírus no âmbito da Justiça Eleitoral do Piauí, voltada para o atendimento aos eleitores.

Tendo em vista o prazo final para regularização da inscrição eleitoral que se encerra em 6 de maio e o atendimento ao público estar restrito por conta de medidas de prevenção à pandemia, os eleitores poderão solicitar inscrição eleitoral e mudança de domicílio eleitoral via e-mail. Bem como os partidos podem informar via correspondência eletrônica as comunicações referentes a filiação partidária. 

Para tanto, basta o envio de e-mail para a zona eleitoral de inscrição do eleitor, solicitando o envio do formulário de Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE), que deve ser remetido pelo cartório eleitoral com todas as instruções para preenchimento e listagem dos documentos a serem anexados digitalmente. O e-mail das zonas pode ser acessado no seguinte link: http://www.tre-pi.jus.br/o-tre/zonas-eleitorais/zonas-eleitorais

A data do envio do RAE preenchido e anexado os documentos solicitados será considerada o marco inicial do requerimento de inscrição ou transferência eleitoral.

As medidas visam atender os prazos do calendário eleitoral mantidos por decisão do Tribunal Superior Eleitoral e não causar prejuízo a eleitores e candidatos.

Fonte: TRE

38 moradores de rua são transferidos do Verdão para escola na zona Sul

A Pastoral do Povo de Rua acompanha o acolhimento de 38 pessoas em situação de rua que foram abrigados no Ginásio Verdão, na semana passada. A medida pretendeu atender a determinação de recolhimento domiciliar proposta pela Organização Mundial da Saúde diante da pandemia de Covid-19.

Ontem à tarde o grupo de moradores de rua foi encaminhados para a Unidade Escolar Anicota Burlamaqui, no bairro Macaúba, zona Sul de Teresina.

“Recebemos 38 pessoas em situação de rua. A pastoral levou um rapaz e nós recebemos ele muito bem reformado com os aposentos dignos para as pessoas. Tem todo uma programação nesse colégio”, contou o padre João Paulo, coordenador da Pastoral do Povo de Rua. 

Da redação
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São Paulo enterra ao menos 30 casos suspeitos de coronavírus por dia

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

Os cemitérios públicos da cidade de São Paulo estão recebendo diariamente de 30 a 40 corpos de pessoas que morreram com suspeita de estarem contaminadas pelo novo coronavírus, mas sem que a condição fosse avalizada pelo teste laboratorial.

Por causa do atraso do Instituto Adolfo Lutz em disponibilizar os resultados dos testes de comprovação da doença, a imensa maioria desses mortos não aparece na contabilização feita pelo Ministério da Saúde como óbitos decorrentes da Covid-19.

Em quase todos os casos, os médicos que assinam os boletins de óbito, fundamentais para a permissão do sepultamento, afirmam que aguardam os resultados de exames para comprovação da causa da morte e apenas apontam para suspeita de Covid-19.

Das 201 mortes registradas oficialmente no país até esta terça-feira (31) em decorrência da infecção pelo novo coronavírus, a cidade de São Paulo respondia por 121, sendo que 79 delas ocorreram na rede de hospitais particulares Sancta Maggiore.

Contudo, quase todos os corpos que estão chegando nos cemitérios públicos estão vindo do sistema público de saúde, que, ao contrário da rede particular, depende exclusivamente do Instituto Adolfo Lutz para o processamento dos testes de Covid-19.

"Sem a confirmação do instituto não podemos colocar a causa da morte como sendo a infecção pelo coronavírus, o caso fica em aberto, não tem jeito", diz a médica sanitarista e coordenadora do Serviço de Epidemiologia do Instituto Emílio Ribas, Ana Freitas Ribeiro. Ela reconhece que há atualmente espera de até 20 dias em alguns casos para retorno dos resultados de testes.

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, assim como o Serviço Funerário Municipal da capital, se recusam a informar o número total de pessoas que vieram a óbito e foram enterradas como casos suspeitos de Covid-19.

De acordo com os dois órgãos, os números são internos e não serão divulgados enquanto os casos não forem confirmados pelos exames. A cidade enterra em média 250 mortos por dia em seus 22 cemitérios municipais.

"A minha impressão é a de que as mortes que estão ocorrendo no sistema público de saúde ainda não estão entrando na contabilidade oficial por causa da sobrecarga do Adolpho Lutz, que está demorando em alguns casos até 20 dias para entregar os resultados", diz Sérgio Cimerman, coordenador científico da

Sociedade Brasileira de Infectologia e ex-presidente da Associação Panamericana de Infectologia.

Até o início dessa semana o Instituto Adolfo Lutz tinha uma fila de 14 mil testes aguardando resultado e recebia diariamente 1.200 novas amostras para serem testadas.

Sua capacidade de processamento era de 400 testes por dia, que foi ampliado agora, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, para 1.000 testes diários.

"O que estamos vendo nesse momento nesses números de óbitos é uma realidade de duas ou três semanas atrás", diz Cimerman. "E isso me preocupa profundamente exatamente porque teremos uma explosão de casos daqui a algumas semanas, bem no meio da quarentena, e isso servirá de argumento de que o isolamento não funcionou."

Nos maiores cemitérios públicos de São Paulo –como os de Vila Nova Cachoeirinha, Tremembé, São Luiz, Quarta Parada e Vila Formosa– os sepultamentos de pessoas com suspeita de estarem com a Covid-19 se transformaram em rotina nas últimas semanas.

Em cada um deles, desde a semana de 21 a 27 de março, são realizados de quatro a seis enterros, a cada dia, de pessoas com suspeita de estarem infectadas com o novo coronavírus.

Em alguns dias, como no domingo (29) no cemitério da Vila Formosa, o maior da América Latina, os corpos de mais de dez pessoas com suspeita de terem morrido em decorrência da Covid-19 foram enterrados.

Por lá os funcionários da área administrativa estimam que cerca de 200 corpos foram enterrados com suspeita de estarem contaminados pelo novo coronavírus desde o início da crise em São Paulo.

"Nós não sabemos quantos estavam mesmo e quantos não estavam, mas aqui tratamos como se todos estivessem com Covid-19, é triste, mas precisa ser assim", conta um dos assistentes da administração central do Vila Formosa, falando de como os corpos são embalados. Sem resultado do teste, nenhum cadáver entra na contabilidade oficial.

O Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo tem pressionado a prefeitura a divulgar os números, sem sucesso. "Nosso pessoal tem relatado um aumento enorme desses casos, mas gostaríamos que o governo divulgasse os números de suspeitos para que nós e a população pudéssemos saber exatamente como agir", diz o diretor do Sindsep, João Batista.

"Só hoje de manhã eu fui buscar seis, sozinho", dizia no sábado (28) um motorista da frota de carros funerários da prefeitura que omite o nome para não ter problemas.

Segundo ele, o volume cresce a cada dia. Ele relata transportar corpos que já saem do hospital embalados em sacos plásticos e são levados diretamente para as covas, sem passar por funerárias, sem passar por tratamento de conservação nem por velórios.

Foi o assim o enterro do corpo da aposentada Maria José dos Teles Santos, 77. Ela começou a apresentar sintomas de gripe há mais ou menos uma semana. Piorou, teve febre, falta de ar e foi internada na quarta-feira, dia 25, na Santa Casa. Morreu no sábado por insuficiência respiratória.

Seu boletim de óbito trazia uma informação comum entre pacientes que faleceram com os mesmos sintomas que ela: morte a esclarecer, aguardando swab de naso e orofaringe.

"No hospital nos disseram que ela provavelmente morreu de Covid-19, mas que enquanto o exame não chegar não poderão determinar a causa", diz Pedro Domingos Leite, sobrinho de Maria José.

"É uma situação complicada, não pudemos nos despedir dela, não sabemos se estamos de fato infectados, não sabemos com certeza do que ela morreu", dizia ele.

Acompanhado de quatro amigos, viu o corpo da tia ser enterrado em uma cova rasa do Cemitério Vila Formosa. Não pode fazer a despedida. O caixão saiu do carro funerário diretamente para a sepultura.

SEM DESPEDIDA

Alícia Choque Salinas só tinha um pedido quando chegou ao cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, no final da ensolarada manhã de sábado (28).

A quem encontrava, repetia em espanhol: "Por favor, déjame ver a mi hijo". Amparada por uma das filhas, recebia negativa sobre negativa dos funcionários do Serviço Funerário Municipal. Ela não poderia ver o filho.

Marisol traduzia para a mãe as explicações de que o corpo de qualquer pessoa que possa ter morrido por contaminação do novo coronavírus teria que ser enterrado com o caixão lacrado, sem velório.

Alícia, uma boliviana de 62 anos que chegara de La Paz pouco mais de duas semanas antes com o filho, parecia não escutar. "Mi hijo, déjame ver a mi hijo".

Os sepultadores já se preparavam para levar o corpo a uma cova rasa quando um deles teve compaixão de Alícia. Antes de abrir o pequeno compartimento selado por um vidro, avisou: "Ela não vai ver nada, ele tá num saco".

Alícia se aproximou, viu o plástico azul enrugado onde deveria estar o rosto de Franz Limache Choque, seu filho de 29 anos, e desabou num choro angustiado.

Havia sido na segunda-feira, dia 23, que Alícia e Marisol acharam por bem levar Franz para o Hospital da Cidade Tiradentes, também na zona leste de São Paulo. Ele estava com febre, calafrios, tosse e dificuldade para respirar.

"Nos disseram que era uma pneumonia, que ele ia ter que ficar internado", conta Marisol. Na própria segunda, ele foi para a UTI. Na quinta, no final da noite, o hospital informou que ele havia morrido.

"Não o vimos desde então, não nos deixaram nem mesmo dar um adeus, disseram que ele podia ter morrido por esse vírus", diz ela, que trabalha como costureira em uma confecção da região do Brás.

Desde o dia 20 de março, enterros solitários e com nenhuma cerimônia como o de Franz têm se repetido com cada vez mais frequência pelos cemitérios de São Paulo.

De acordo com uma resolução da Secretaria Estadual de Saúde, todas as mortes que tenham qualquer suspeita de estarem relacionadas com a Covid-19 precisam seguir um protocolo rígido para garantir a segurança dos profissionais que lidam com os cadáveres.

A determinação prevê que corpos suspeitos de estarem infectados pelo novo coronavírus não devem mais passar por necropsia. Seguem direto dos hospitais para as covas.

Pelas novas regras, esses cadáveres devem ser embalados em sacos plásticos, e os caixões, lacrados.

Antes, todos seguiam para o Serviço de Verificação de Óbito, que concederia o atestado da causa da morte. Agora não passam nem mesmo pelos serviços funerários de preparação do corpo.

As regras, porém, nem sempre são seguidas à risca –há casos em que chegam ao cemitério enrolados em lençóis, vazando fluídos corporais.

Foi o que aconteceu com o irmão de Luís Rodrigues de Lima, um porteiro de 65 anos morador da Cidade Líder, na zona leste de São Paulo. Antônio Rodrigues de Lima passou mal na quinta (26) e foi levado para o hospital Santa Marcelina, onde morreria no sábado.

"Nós achamos que se tratasse de um infarte, mas o boletim de óbito veio como suspeita de Covid", diz ele.

Ao abrir janela do caixão para dar adeus ao irmão, viu que o cadáver estava enrolado em um lençol branco, com manchas na região da cabeça causadas pelos líquidos que o corpo expele naturalmente se não for devidamente preparado.

Segundo um agente funerário que prefere se manter em anonimato, o caso não era o primeiro ali. Ele diz que em alguns lugares está faltando saco para os suspeitos de Covid.

Luís enterrou Antônio acompanhado de poucos parentes e um único amigo do irmão, morto aos 70.

"É muito triste tudo isso, muito triste não poder ter nem velório", lamentou. "Mas é mais triste ver meu irmão ser enterrado assim, todo sujo, nem uma roupa deixaram a gente colocar. Esperava que o fim fosse diferente."

 

Fonte: Yan Boechat da Folhapress

Firmino diz que "cenário é catastrófico" e apela para denúncia de quem não cumprir decreto

O prefeito Firmino Filho (PSDB) voltou a chamar a atenção da população de Teresina para a gravidade de uma possível expansão do novo coronavírus na capital. Ele criticou o aumento no fluxo nas ruas, registrado nessa terça-feira (31) e apontou para um "cenário catastrófico" caso o isolamento social determinado em lei continue sendo desrespeitado.

“Quando a gente bate nessa necessidade do isolamento social, a gente está fazendo essa conscientização para que a população internalize que nós não temos outra alternativa. Os cenários que estão postos para todos nós são cenários catastróficos e a gente precisa se preparar”, alertou assinalando a necessidade de reduzir ao mínimo o funcionamento da cidade.

Segundo Firmino, o fluxo de passageiros nos transportes coletivos aumentou em três mil usuários de segunda-feira (30) para terça (31). Ele defendeu a possibilidade de suspensão do transporte caso o fluxo continue aumentando e pediu que a população denuncie aglomerações.

“É necessário que a gente possa reforçar a nossa prática de fiscalização, a população deve denunciar no 153, para que a Guarda Municipal possa agir. É necessário também consciência por parte de todos nós”, disse. 

Nesta quarta-feira (1), a Guarda Municipal conduziu à Central de Flagrantes o gerente de operações de uma fábrica de cerveja por descumprimento do decreto da Prefeitura de Teresina. A empresa estaria distribuindo bebida alcoólica, o que é não é permitido. 

Alerta para o Ceará

O prefeito também chamou a atenção para contatos com moradores de estados em estado crítico, a exemplo do Ceará onde Fortaleza é o atual maior ponto de propagação da Covid-19 no Nordeste. Os quatro casos de óbitos por Covid-19 no Piauí tem alguma relação com o Ceará. “Buscar minimizar contatos com outros estados, principalmente com o Ceará que está passando por um grave momento”, disse Firmino. 

O prefeito de Teresina ainda citou São Paulo como uma espécie de termômetro para o Brasil. A previsão das autoridades paulistas e federais, segundo Firmino, é que haja uma ascensão do vírus principalmente na segunda quinzena de abril . 

“Por isso focar no que está acontecendo em São Paulo. Os outros estados, outras cidades, médias e grandes, estão em outra posição inicial da curva então eventualmente o que acontecer em São Paulo poderá acontecer em outras cidades. É exatamente por isso que a  gente está olhando com muita atenção para São Paulo”, avaliou.

18 mil óbitos no Piauí

De acordo com levantamento da Prefeitura de Teresina, baseada em pesquisa do Imperial College de Londres, se levado em consideração o percentual da população infectada pelo vírus em outros países (60%) e o total de óbitos dentre os infectados (1%), o Piauí poderia chegar a 18 mil mortos com sua população de aproximadamente três milhões de pessoas, caso não se adote as medidas de prevenção.

Índice agregado de infecção

O prefeito Firmino Filho garantiu nesta quarta-feira (1) que nos próximos dias será ampliada a testagem para a Covid-19 na população de Teresina. A medida pretende mensurar o índice agregado de infecção na cidade para o rastreamento epidemiológico da doença.

O prefeito explica que a testagem vai funcionar como uma pesquisa eleitoral ao apontar uma estimativa do universo populacional a partir de um grupo de pessoas.

“Com isso podemos ter um indicador que, ao longo do tempo, nos permita perceber qual o percentual da população que está infectada por esse vírus. Isso é importante para nos tirar dessa escuridão. Porque hoje, sem uma testagem em massa, os dados que nós temos são muito restritos. São dados referentes àqueles pacientes que estão internados nos hospitais, exatamente por isso que eles dizem muito pouco sobre a população como um todo”, explicou. 

Os testes possuem um protocolo. Antes de serem descentralizados, irão atender prioritariamente profissionais da saúde, internados e contatos próximos a infectados. A previsão é que os testes descentralizados comecem até o próximo final de semana.

“Sendo possível, queremos começar nesse final de semana ou no próximo. Estamos trabalhando para que tenhamos nessa primeira quinzena de abril esse início dessa testagem agregada”, afirmou. 

Valmir Macêdo
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Governo anuncia R$ 51 bilhões para complementar salário de quem tiver jornada menor

Foto: Isac Nóbrega/PR

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira, 1º de abril, que o governo destinará R$ 51 bilhões para pagamento da complementação de salários dos trabalhadores que tiverem redução de jornada pela empresa. O governo já havia dito que pretendia fazer a complementação salarial, como parte das medidas para amenizar o dano econômico da pandemia de coronavírus.

Uma medida provisória com ações na área de trabalho e emprego deve ser enviada ao Congresso até quinta, 2, de acordo com o Palácio do Planalto.

"São R$ 51 bilhões do nosso programa trabalhista que dão às empresas várias possibilidades, como reduzir jornada em 20%, 25%, 30% e o governo cobre essa diferença de salário. Se a empresa está com dificuldade e quiser reduzir [a jornada e os salários] 20%, 25%, 30%, o governo paga. Estamos pagando às empresas pra manterem os empregos", declarou ele.

Além dos R$ 51 bilhões anunciados para complementar o salário dos trabalhadores que tiverem jornada reduzida, o ministro Guedes lembrou que foi anunciada, na semana passada, uma linha de crédito (com 85% de garantia do Tesouro Nacional) de até R$ 40 bilhões para as empresas pagarem os salários dos funcionários

"Está sem dinheiro para pagar os outros 70% [dos salários dos trabalhadores]? Damos crédito para manter o emprego. Tanto o programa trabalhista de complementação salarial quanto o de crédito para financiamento da folha estão sendo segurados. O total é de R$ 200 bilhões, 2,6% do PIB para manutenção da saúde, preservação de vida e manutenção de empregos", concluiu.

Guedes também disse que a ajuda programada aos trabalhadores informais, que foi estendida também aos microempreendedores individuais, englobaria um total de R$ 98 bilhões e será destinada a cerca 54 milhões de brasileiros. Até então, a área econômica do governo tinha informado que o valor seria de R$ 45 bilhões.

 

Fonte: Estadão Conteúdo 

Gerente de fábrica de cerveja é levado à delegacia por descumprir decreto em Teresina

Foto: PMT


Guarda Municipal interditando loja de departamento na zona Leste de Teresina

A Guarda Municipal conduziu à Central de Flagrantes, na manhã desta quarta-feira (1), o gerente de operações de uma fábrica de cerveja por descumprimento do decreto da Prefeitura de Teresina. A empresa estaria distribuindo bebida alcoólica, o que é proibido segundo o decreto. 

Segundo o Cidadeverde.com apurou com a Guarda Municipal, a empresa tinha uma liminar para continuar com os serviços, porém, ela valia apenas para o decreto anterior. "Com o novo decreto, a liminar caiu. Ao fazer a fiscalização foi comprovado que eles continuavam produzindo e distribuindo bebidas alcoólicas", informou a GM.

O gerente foi levado à Central de Flagrantes por volta de 12h. "No momento da fiscalização estava saindo um caminhão com cerveja", disse a GM.

Ainda de acordo com a Guarda Municipal, o setor de bebida alcoólica da empresa foi interditado temporariamente. Apenas a distribuição de água e refrigerante continua acontecendo normalmente. Essa foi a primeira condução realizada pela Guarda Municipal.

"Descumprir o decreto de isolamento social é incorrer no artigo 268 do Código Penal. estamos numa nova fase de endurecimento das ações de combate ao coronavírus, reforçando o isolamento social e pedimos que a população permaneça em casa", destaca o secretário Samuel Silveira, da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas. 

A Guarda Municipal ja fechou 1.643 estabelecimentos comerciais que não deveriam estar funcionando. 

O artigo determina penalidade de prisão e pagamento de multa para quem infringe determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.

Durante entrevista à TV Cidade Verde nesta quarta-feira, o prefeito Firmino Filho defendeu que seja instituída a lei seca no estado, evitando o consumo de bebidas alcoólicas e acidentes. 

Em nota, a Ambev disse que a paralisação afetará diretamente o abastecimento de supermercados e as operações de delivery de bares e restaurantes, já que 30% da produção é de itens não alcoólicos.

Confira o posicionamento da empresa:

A Ambev esclarece que 30% da produção de sua fábrica em Teresina, Piauí, que abastece o estado e outros seis das regiões Norte e Nordeste, é de itens não alcoólicos como água, isotônico e água de coco. A paralisação de nossa produção fabril, que conta com bens perecíveis, afetará diretamente o abastecimento de supermercados e as operações de delivery de bares e restaurantes tão essenciais à população neste momento de quarentena. Sem produtos, os negócios locais serão altamente afetados e talvez não sobrevivam após este período delicado.

A empresa está comprometida com o combate ao avanço do coronavírus no país, por isso, passou a produzir 1.000 litros diários de álcool líquido 70% para distribuição gratuita aos hospitais públicos municipais, e também à empresa Botica, que conta com o nosso insumo para sua produção de álcool em gel. Estamos focados em ajudar a conter a propagação do vírus e em apoiar o abastecimento de produtos básicos a todo comércio regional.

Hérlon Moraes
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