Por Herbert Medeiros
Renata M. R. floresceu na sua identidade feminina ao longo de um processo em que tudo nem sempre foi flores. Os espinhos também atravessaram sua caminhada e deixaram marcas profundas. Como mulher travesti ela sabe as dores e delícias de ser quem é em uma sociedade aniquiladora das existências lgbt+.
O ambiente de hostilidade, preconceito, discriminação da população LGBTQIAP+ em espaços da família, escola, trabalho, redes de saúde e entorno social faz a violência discriminatória mostrar sua face perversa para produzir adoecimento mental e psicossocial nos corpos e mentes de quem busca liberdade para existir com sua potencialidades.
O mês de janeiro foi instituído como período da Saúde Mental. Representa um período do ano para planejar nossos sonhos, esperanças, desejos de prosperidade.
Mas para público LGBTQIAP+, os processos de violações do Direito à vida Digna são deliberadamente bloqueados de forma sistemática para excluir VIDAS PLURAIS E JUSTAS patrocinados pelo aparto institucional do Estado, Ambientes Corporativos e relações socioculturais.
Estudos apontam que no contexto de trabalho 41% de Lgbt+ afirmam já terem sofrido discriminação por sua orientação sexual ou identidade de gênero. 33% da Empresas não contratam segmentos dessa população para cargos de chefia.
Ainda de acordo com pesquisas, 61% preferem esconder sua sexualidade dentro do espaço profissional. O Adoecimento mental resultante de tais práticas implicam em menos criatividade, satisfação e impactos negativos nas interações de trabalho.
Pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Ilinois com 10 mil estudantes norte-americanos constataram que Lgbt+ são vítimas de “agressões e manifestações discriminatórias”. Essa realidade de exclusão levou aos afastamento da escola, uso de substâncias danosas à saúde e estado depressivo.
Quando escola é um lugar de repressão e opressão não se pode esperar cidadãs e cidadãos formad@s para amar, respeitar, conviver com as diversidades como parte da riqueza humana. A parceria da instituição escolar com organizações sociais em defesa da Diversidade, rede de saúde mental e Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) é primeiro passo para superar práticas de segregação e adoecimentos entre jovens Lgbt+ e demais segmentos juvenis.
Outro ponto a ser refletido: as instituições de saúde psicossocial (Atenção Primária, atenção especializada e atenção hospitalar) necessitam desenvolver protocolos e práticas de atendimento pautados na humanização, acolhimento respeitoso e escuta qualificada para perceber @s usuári@s dentro de seus contextos micro e macrossociais responsáveis para potencializar agravamento à saúde mental.
Neste sentido, Secretaria Estaduais e Municipais de Saúde necessitam planejar, executar e avaliar suas políticas de saúde mental sintonizados de fato em promover o bem-estar do público da Diversidade Sexual. Dialogar com grupos de defesas da população LGBT+ se faz importante para compartilhamentos de saberes, conhecimentos e vivências para subsidiar ações humanizadas d@s agentes de saúde.
Nós LGBTQIAP+ queremos saúde e prosperidade como bem poetiza Gonzaguinha:
“A gente quer carinho e atenção/A gente quer calor no coração/A gente quer suar, mas de prazer/A gente quer é ter muita saúde/A gente quer viver a liberdade/A gente quer viver felicidade”
*Renata M. R. = Personagem fictícia