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Diversidade

Exposição Fernando Costa: Da Santa Ceia e Outros Avulsos

Por Guga Carvalho (Curador)

Como partiu muito cedo, Fernando Costa não teve tempo para amadurecer suas escolhas plásticas, seu imaginário, suas questões, suas respostas ou perguntas feitas ao mundo, de forma mais clara. E diante do conjunto de sua obra, é difícil apontar, com precisão, quais seriam estas.

Seus trabalhos iniciais, dos anos 70 e início dos 80,   trazem ainda um artista que copia mestres, como o auto retrato a óleo, bebido claramente em um modernismo ido. Contudo, desde esta fase inicial, já demonstra capacidade de extrapolar a mera referência, como é podemos ver na obra Santa Ceia, de 1979; uma obra de fôlego, tratada, nesta exposição, em um texto à parte.

  Entre os anos 84 e 87 a produção de Fernando ganha um traço mais elegante, o figurativo e o abstrato caminham lado a lado e até se estimulam, e nesta dialética obtém a força dos trabalhos a óleo, como na série de vinte e uma pequenas pinturas. Nelas, a plasticidade é construída, muitas vezes, na relação figura - quase figura - abstração, como se no momento de pintar a ideia se modificasse, e o resultado não é obra de um desígnio (desenho) anterior, ou se era, tal intento foi traído.

  Além desta série a óleo, também o público de Teresina tem acesso,  agora, pela primeira vez , a trabalhos em papel , seja usando aguarela, pastel, cera, carvão, nanquim ou gravura em metal.  Neles a elegância é visível e se distancia do peso dos trabalhos dos primeiros anos. Fernando estava ganhando leveza, elegância, suavidade e fluidez. O retrato em nanquim ( seria auto retrato? ninguém sabe) é exemplar nesse amadurecimento, uma mancha preta, uma poderosa máscara, se distanciando, por outros caminhos, do auto retrato a óleo dos primeiros anos.A comparação é bem vinda. O artista estava mais maduro.

 Há de se esclarecer que para esta exposição não foram selecionados seus desenhos de inspiração surrealistas e temática apocalíptica,  não obstante a qualidade plástica destes. A facilidade que esses desenhos, rebuscados de imagens oníricas que somados a sua passagem trágica aos vinte e seis anos de idade, levaram (e ainda levam) à interpretação de sua obra pela chave psicológica,  terminando por construir a imagem do artista em estado de perturbação emocional, que não deixa de ser em parte verdadeiro, mas em parte incapaz de dar conta de toda a complexidade de sua produção e dos inúmeros caminhos que esta aponta.

 O que se pretende nesta exposição é evidenciar que a obra de Fernando é muito maior que essa chave, é uma obra que, apesar de não ter tido tempo de ser depurada pelo artista em suas escolhas, já demonstra algumas ultrapassagens, abandonos de forma primeiras, experimentações em outras técnicas e dicções para, enfim, construir um mosaico substancial de um artista que, sem a menor dúvida, “brigaria” naturalmente pelo status (se é que este status realmente existe) de maior artista plástico da cidade de Teresina.

 

 

Familiares e amigos de Vanessa Carvalho realizam caminhada na Frei Serafim exigindo justiça

A enfermeira Vanessa Carvalho foi vítima de feminicídio dia 29/09 em Teresina quando foi atropelada pelo empresário Paulo Henrique Campos. Para solicitar justiça e ação concreta do poder judiciário, família e amigos da jovem promoveram caminhada na Avenida Frei Serafim nesta sexta(18). Representantes da sociedade civil também participaram da ação em apoio e solidariedade aos familiares.

Cartazes ecoavam indignação e cobravam respostas do poder público: ‘Todos te amamos muito e não vamos desistir #justiçavanessacarvalho”; “Não foi acidente, foi feminicídio doloso”; “Nenhum a menos! basta de femicídio no Piauí! Chega de omissão dos governos”; “Não vai cair no esquecimento”.

Marinalva Santana, presidenta do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos(CEDDH), esteve presente no ato e destaca que a impunidade não pode prevalecer em todos os casos de violência contra mulher no Estado do Piauí. Lembra que crimes de femincídio tem aumentado assustadoramente e sociedade piauiense deve se mobilizar para dar basta nesta realidade.

Informações públicas divulgadas pela Secretaria de Segurança do Piauí revelam: o ano de 2018 apresentou aumento de 50% nos casos de feminicídio em Teresina em relação ao ano anterior. Naquele período, 25 mulheres tiveram vida ceifadas em todo Piauí por sua condição de ser mulher.

Estudos apontam que diversos tipos de violências presentes no país levam ao Feminicídio: Violência física, sexual, patrimonial, moral, doméstica, tortura psicológica, assedio, sentimento de soberania masculina sobre mulher, machismo institucionalizado e cultural, desigualdade de gênero, preconceito étnico-racial, exploração sexual infantil, tráfico de mulheres e meninas etc.

Sociedade Civil protocola abaixo-assinado contra Camarotização do espaço público na Avenida Raul Lopes

Representantes de organizações da sociedade civil protocolaram ontem (10) no Ministério Público abaixo-assinado solicitando providências contra a “camarotizacao” da Avenida Raul Lopes, para viabilizar a Micarina, um evento comercial e com fins lucrativos.

No documento, é pontuado “que ruas, avenidas e passeios públicos são bens públicos de uso comum. Obstruí-los para a realização de evento privado, com fins lucrativos, onde só permitido entrar quem paga ingresso, constitui flagrante desrespeito a direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, especialmente o direito de ir e vir.”

Acrescenta ainda que a Av. Raul Lopes tem se notabilizado por receber grandes eventos, que atraem multidões, dentre eles, o Corso de Teresina (300 mil pessoas), a Parada da Diversidade (100 mil pessoas), Teresina é Pop, The vejo na Ponte, mas, em todos eles, é garantida a livre circulação das pessoas e a STRANS só interdita a(s) via(s) pública(s) horas antes do início da programação.

Além de solicitar ao Ministério Público a adoção de medidas administrativas e judiciais (se necessário), visando evitar a transformação do Complexo da Ponte Estaiada em um “clube privê”, Solicitaram ainda a desobstrução das vias e passeio público já interditados, fechando-as para a circulação de pessoas e veículos somente horas antes do início da Micarina, a exemplo do que é feito quando da realização de eventos assemelhados.

Teresina em Dança: Corpo~Cordão - 04/10

tO Corpo é o cordão que conecta a pessoa à sua existência. Um corpo que se move cria relações com o mundo inventando uma teia rizomática, um entremeado de fios que se conectam e desconectam, atam e desatam diferentes formas de existir. Um fio sozinho pode ser frágil, mas a união de vários fios forma um Cordão, que é mais forte, capaz de resistir. 

 

Corpo~Cordão é um exercício de força, resistência, respeito e tudo mais ligado à experiência coletiva do viver, uma experiência aberta que, em relação ao Cordão Grupo de Dança, até agora com 14 anos de existência, vem criando inúmeros entrelaçamentos nas relações humanas.

 

 

 

IV Bienal do Sertão de Artes Visuais em Teresina

Teresina recebe durante todo mês de outubro a IV Bienal do Sertão de Artes Visuais que acontecerá no espaço do Museu do Piauí.  A ideia matriz da criação da Bienal é ser um locus de reflexão e valorização da produção artística nordestina  e sertaneja.  Também tem a missão de dar vida a projeto culturais e educativos das artes visuais, materializando  boas práticas de gestão e propiciando “o diálogo entre propostas artísticas contemporâneas e a comunidade”.

Os objetivos do evento estão relacionados com: criação, divulgação e difusão de propostas de arte e projetos curatoriais na/para região do Sertão Brasileiro; construir uma plataforma para artistas e curadores  com propostas criativas e inovadoras; divulgar os resultados, experiências e conclusões da Bienal no Brasil e Exterior.

Entre os artistas presentes na expô estão: Alex Melo, Anais Karenin, Avelar Amorin, Bia Monteiro, Carlos França, Coletivo Huma, Gabriela Sá e Icaro Moreno.

 

Por Herbert Medeiros

Matizes participa de Reunião no Conselho Regional de Psicologia - Setembro Amarelo

O grupo Matizes participou  nesta segunda-feira(16/09) de reunião promovida pela Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia (CRP21) para tratar sobre temática de ações de enfrentamento ao sucídio.  A vice-presidente  da Comissão e especialista em Saúde Coletiva e da Família, Claudia Aline, coordenou os trabalhos do evento. Estavam presentes profissionais da psicologia, gestores/as públicas, movimentos sociais.

 

Segundo a vice-presidente, o objetivo do encontro é realizar, através de um interação dialogada,  articulação estratégica mais qualificada  entre pesquisadores/as, gestão pública e sociedade organizada para pensar e intervir  nas políticas de Prevenção ao suicídio com maior nível de conhecimento técnico-cientifico.

O Profº Drº Carlos Henrique Aragão, espealista em tanatologia, psicólogo clínico e doutor na área de psicologia clinica e cultura(UNB), destacou a existência da Lei que institui a Politica Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Também ponderou sobre como os registros sobre o assunto podem estar subnotificados em até 30%.

 

Outro participante da reunião que também refletiu sobre a problemática  foi o Profº Drº Emanoel José Batista de Lima, docente do Centro Universitário Santo Agostinho e com atuação nos temas: Políticas Públicas e Saúde Mental.  

O pesquisador universitário lembrou alguns fatores impulsionadores de adoecimento psiccossial entre a população jovem de Teresina:  valores conservadores e impactos na vida sociocultural dos habitantes da capital; prescrição da vida moderna  por consumo, competitividade e sucesso, refletindo na saúde biopsicossocial do segmento juvenil.

O representante do grupo Matizes, Herbert Medeiros, ressaltou a importância do CRP promover campanhas educativas de combate à práticas discriminatórias contra lgbts que resultam em adoecimento e vulnerabilidade psiquica e social para o segmento.

O ativista matiziano  ainda reforçou a necessidade  de um  trabalho pedagógico com profissionais da psicologia para cumprir a resolução 001/99 que estabelece normas de atuação de psicólogos em relação a orientação sexual.

 

 

Sociedade Organizada e ativistas ambientais realizam Mobilização Global pelo Clima - 27/09

A jovem sueca e ativista mundial pelo meio ambiente,  Gretha Thumberg, lança a provocação a todos cidadãos globais: "Eu ouço as pessoas dizerem que a mudança climática é uma ameaça  à nossa existência, mas todo mundo continua como se nada estivesse acontecendo. Não podemos mais salvar o mundo respeitando as regras, porque as regras devem ser modificadas".

E para somar neste chamamento da jovem ambientalista em favor de ações de uma nova ordem climática,   a Rede Ambiental do Piauí/REAPI  juntamente com ativista ambientais, pesquisadores/as acadêmicos, organizações sociais, intelectuais, artistas, juventude e  estudantes desenvolverão  conjunto de iniciativas para Mobilização Global pelo Clima. A Ação Climática acontecerá dia 27/09, às 17h, na Praça Pedro II.

 Tânia Martins, da REAPI,  destaca a necessidade de contextualizar para sociedade teresinense os impactos da questões  climáticas sobre a vida das gerações atuais e futuras. Aponta a relevância de  envolver  agentes sociais e individuais para dialogar e pensar ações de enfrentamento ao modo predatório de atuação das atividades econômica e seus reflexos para os agrupamentos humanos e a sustentabilidade socioambiental.


De acordo com a ambientalista, algumas  das questões estão refletidas na   Carta do Clima: repensar o modo de produção e consumo insustentável da sociedade global e seus impactos para justiça socioambiental; Situação mundial, de acordo com dados do Painel Intergovernamental  de Mudança Climática/IPCC, aponta desgaste e comprometimento de ecossistemas terrestres e marinho; cobrar de governos, empresas e sociedade respostas rápidas e eficientes para a emergência ecológica e civilizatória que ameaça de morte milhões de pessoas e produz extinção de especieis fundamentais para manter "as complexas inter-relações do ecossistema".

O Profº Drº Davi Pantoja, docente da Universidade Federal do Piauí e doutor em ecologia, também ressalta a urgência de buscar alternativas para conter os danos ambientais que  afetam  Processos Ecológicos e conservação da natureza.

Entre as ações a serem levadas ao centro do debate no  dia 27/09 estão: bate-papo sobre Mudanças climática, Roda de conversas em escolas e envolvimentos de estudantes,  exposição de cartazes, performance artística, exibição de slides com fotografias acerca do tema, gravação de depoimentos com personalidades piauienses etc.

Por Herbert Medeiros

Piauí tem lei vetando homenagens a apoiadores da ditadura militar

O governador Wellington Dias sancionou projeto de Lei de autoria do deputado Franzé Silva (PT), que retira dos prédios públicos e rodovias nomes de torturadores e apoiadores da ditadura militar. O projeto foi apresentado em maio de 2019 pelo Deputado Franzé Silva, acatando sugestão do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos – CEDDH.

O Diário Oficial do Estado na última sexta-feira (13) traz a publicação do texto da Lei nº 7248/2019, que “dispõe sobre orientações de memória histórica e dá outras providências”.

Além de vedar futuras homenagens a colaboradores da ditadura militar, a Lei determina que a Administração terá prazo de um ano para promover “a alteração da denominação de bens públicos de qualquer natureza, bem como promover a retirada de placas, retratos ou bustos que enalteçam a memória de pessoas que constem no Relatório da Comissão Nacional da Verdade”.

Marinalva Santana, Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, comemora a aprovação da Lei: “reputamos como de grande relevância a aprovação desse projeto do Deputado Franzé, que reafirma a importância da democracia e do Estado de Direito. Nós do Conselho vamos envidar esforços para que as disposições contidas na lei tenham efetividade”, pontua Marinalva.

Conselho Estadual de Direitos Humanos apresenta propostas de ações para Defensor Público Geral do Piauí

.Membros do  Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos - CEDDH  reuniram-se nesta quarta (11) com o Defensor Público Geral do Estado do Piauí, Dr. Erisvaldo Marques dos Reis e  a Subdefensora Pública Geral, Dra. Carla Yáscar Bento Feitosa Belchior .

Na oportunidade, as conselheiras Marinalva Santana, Janaína Mapurunga e Viviane Pinheiro Pires Setúbal (Coordenadora do Sistema Prisional da Defensoria Pública) apresentaram várias sugestões de ações que o Conselho reputa importante serem implementadas pela Defensoria, dentre elas a implantação de, pelo menos, mais uma Defensoria Pública dos Direitos Humanos e Tutelas Coletivas e a ampliação do curso de Defensoras Públicas populares.

A Presidente do CEDDH, Marinalva Santana, destacou que "a Defensoria Pública já realiza um extraordinário trabalho, mas aproveitamos essa reunião para propor ações que podem otimizar a atuação do órgão no Estado, na promoção dos direitos humanos”,

Para Viviane Setúbal, a reunião foi  proveitosa. “Como representante da Defensoria Pública no Conselho vejo como é importante ter esse diálogo direto e franco com a Defensoria Pública, para que a Instituição possa tomar conhecimento das ações que o Conselho pensa que a Defensoria  Pública pode implementar, para que os Direitos Humanos no Piauí sejam mais valorizados, respeitados e defendidos. Apresentamos alguns pleitos, inclusive alguns já estão em fase de execução pela Defensoria, como as ações civis públicas no Sistema Prisional, a questão das melhorias nos órgãos de execução dos Direitos Humanos. Dr. Erisvaldo Marques apresentou ações e projetos  que pensa em realizar na área. Foi uma reunião extremamente proveitosa”, ressaltou a Defensora Pública.

A Subdefensora Pública Geral, Dra. Carla Yáscar Belchior,avalia a reunião como “uma oportunidade valiosa de diálogo da Instituição com o Conselho Estadual de Direitos Humanos. Ouvimos os pleitos e sugestões trazidos pelas representantes do Conselho, alguns dos quais já estão contemplados pela nossa atuação, bem como apresentar as ações e projetos que a Defensoria Pública vem desenvolvendo pela promoção dos Direitos Humanos, a exemplo do Projeto Defensoras Populares, que futuramente poderá ser estendido a outras áreas da capital.”

Dr. Erisvaldo Marques, diz que o encontro foi uma oportunidade para estreitar ainda mais os laços com Conselho. “Tratamos de pleitos importantes para a valorização dos Direitos Humanos. É um anseio tanto do Conselho como da Defensoria Pública que essa temática seja cada vez mais discutida e valorizada, bem como que sejam implementadas ações para a garantia desses direitos, o que a Defensoria já faz por meio de projetos e atividades, bem como no atendimento diário que prestamos aos nossos assistidos. Lutar por Direitos Humanos é essencial quando se busca uma sociedade mais justa”, afirma o Defensor Público Geral.

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