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Chuvas apagam memória

A memória do brasileiro é muito curta, de uma forma geral. As coisas acontecem, às vezes se repetem, mas mesmo assim, ao perder o enlevo dado pela mídia coisas que nos afetam diretamente, sejam elas boas ou ruins, tendem a ser completamente esquecidas.

Nos últimos dias estamos sendo bombardeados em nível nacional pelo derramamento e contaminação de praias de todo o Nordeste e algumas do Sudeste com um volume considerável de petróleo, na condição de óleo cru. As praias adormecem limpas e amanhecem sujas com camadas de petróleo. Existem registros em todos os estados do Nordeste e mais em praias do litoral do Espirito Santo. A origem? Só Deus sabe e, como dizia minha avó: queira que Ele também saiba.

Do mesmo jeito é a já tradicional invasão de aguapés no rio Poty. Ano após ano, reiteradas vezes me revezo com o Professor Ribamar Rocha (UFPI) falando sobre esta esperada Eutrofização nas TVs, que começa sempre no segundo semestre, no auge do B-R-O-Bró (veja aqui a última vez que conversei sobre o assunto numa tentativa de mostrar os esgotos pluviais derramando esgoto in natura no Rio Poty).

Logo logo o problema do petróleo desaparece (fico torcendo!) e quando as férias chegarem todo mundo vai correr para praia e ninguém vai nem lembrar da quantidade de gente que trabalhou de forma incessante para proteger os manguezais, as tartarugas, os cavalos-marinhos e outras espécies que ficaram ameaçadas com este misterioso incidente que contaminou tantas paisagens.

Da mesma forma, quando as chuvas começarem a cair e o volume de águas do rio Poty aumentar, a concentração de poluentes ficará diluída e ninguém vai mais nem lembrar que o problema dos nossos rios continua.

O desperta para uma consciência dos problemas ambientais às vezes só ocorre quando problemas realmente sérios chegam a tona. Tem sido assim e vai continuar sendo. Estive lembrando estes dias de uma publicidade que sai na TV falando sobre os plásticos. Já é bastante perturbadora a imagem da quantidade de plástico que flutua nos mares. Já se formou até um continente flutuante de lixo plástico e isso tem impactado diretamente sobre os seres que habitam estes ambientes. Já falei nisso aqui umas duas vezes, mas especificamente sobre plásticos fiz questão de enfocar o prejuízo: veja!

É preciso despertamos esta consciência. De vez em quando ouço pessoas preocupadas em se criar na escola a disciplina de Educação Ambiental. Assusto as pessoas quando digo que sou contra. Sou contra porque na escola devemos aprender coisas para nos libertarmos da ignorância. Educação Ambiental não se deve aprender apenas na escola. É por uma questão de sobrevivência. E muitas vezes a culpa é nossa, porque não fazemos a nossa parte.

O plástico é considerado uma das maiores revoluções dentro do universo dos materiais. Hoje faz parte de tudo o que nos cerca. Inclusive do que não deveria. Um dos maiores absurdos é usarmos plástico para descartá-los imediatamente na natureza, como no caso dos canudinhos, por exemplo. Tomamos uma bebida e jogamos na natureza um lixo praticamente indestrutível.

Por isso, antes que você esqueça que em 2019 o rio Poty, mais uma vez se encheu de aguapés e de que as praias do Nordeste brasileiro se encheram de manchas de óleo de um possível vazamento de grandes dimensões, pare de usar plásticos sem necessidade. A natureza agradece.

Boa semana para todos (as).

Nobel de Medicina em 2019

Todos os anos no período de entrega do Prêmio Nobel fico atento para o que a Academia de Ciências da Suécia, combinada com o Instituto Karolinska vão apontar, especialmente nas áreas de Física, Química e Medicina e Fisiologia. As descobertas nestes três campos são as que mais afetam o desenvolvimento das ciências.

Em 2019 os vencedores do Nobel de Medicina e Fisiologia foram William Kaelin e Gregg Semenza, dos EUA, e Sir Peter Ratcliffe, do Reino Unido. O prêmio foi dado pelos estudos e descobertas sobre como as células do nosso corpo percebem e se adaptam aos níveis de oxigênio disponível no ambiente.

Os pesquisadores e suas equipes desenvolveram seus trabalhos independentemente desde os anos 1990. Juntas, suas pesquisas descrevem um importante mecanismo fisiológico – a resposta hipóxica das células – essencial para que indivíduos consigam sobreviver em lugares mais altos, onde há menor concentração de oxigênio, como cidades em que o ar é rarefeito, por exemplo (observamos muito isso no condicionamento de atletas que jogam em cidade de elevada altitude).

Além de desvendar como esse mecanismo funciona, os organizadores do Nobel ressaltaram a importância das descobertas para futuras aplicações médicas. De acordo com o comunicado oficial, “suas descobertas também abriram o caminho para novas estratégias promissoras para combater a anemia, o câncer e muitas outras doenças.”

Para entender o funcionamento do mecanismo de resposta hipóxica, é preciso relembrar como é o transporte de oxigênio no corpo humano. Ao entrar pelo sistema respiratório, o oxigênio se junta a uma proteína chamada hemoglobina, presente nas nossas hemácias. A corrente sanguínea é responsável por levá-lo para o restante dos nossos tecidos. O oxigênio é um dos principais combustíveis da respiração celular, processo que acontece no interior das células e fornece energia para as funções vitais do corpo (na verdade faz um superaproveitamento da energia contida nas ligações químicas das substâncias energéticas).

Dentro das células, quem se encarrega disso é a mitocôndria. Com a exceção de algumas bactérias e fungos, o oxigênio é indispensável para o metabolismo das células.

Quando se está em um ambiente com escassez de oxigênio (regiões montanhosas, por exemplo), o corpo logo começa a produzir mais hemoglobina – quanto mais células vermelhas trabalhando, maior será o aproveitamento do oxigênio disponível. Quando isso acontece, o corpo também regula a atividade metabólica das células para se adaptar ao novo cenário.

A ciência já sabia disso desde o século 20, mas os detalhes do funcionamento desse sistema em nível molecular só se tornaram conhecidos com o avanço das pesquisas dos três laureados.

Uma piauiense no time do Nobel

A bióloga piauiense Joanna Darck Carola Correia Lima desenvolve estudos sobre hipóxia no laboratório do pesquisador Peter Ratcliffe. Joanna, que estudou ciências biológicas na Universidade Federal do Piauí, faz um doutorado sanduíche no laboratório de Ratcliffe, na Inglaterra. Deu orgulho saber que uma conterrânea nossa tem contato permanente com pesquisador da elite mundial... Vai que pega por osmose...

Boa semana para todos (as).

(Com informações da Revista Superinteressante)

Aguapés no Rio Poti

Este ano está me parecendo que as pessoas estão mais preocupadas com o problema das macrófitas aquáticas do Rio Poti, onde a mais famosa é o aguapé, do que nos outros anos. Eu considero isso um avanço.

Na semana que passou fui convidado para uma participação ao vivo no Jornal do Piauí, da TV Cidade Verde. No pingo das 13h subi até a ponte estaiada com a equipe do repórter Thiago Melo para falar mais uma vez sobre o problema da poluição no Rio que, ano após ano, parece só piorar. De cima dá pra ver o volume de plantas ocupando a superfície de um dos rios que banham a cidade de Teresina. Veja o vídeo com a matéria:

Algumas coisas me chamaram atenção, especialmente depois que a matéria com a entrevista circulou pela cidade:

1) De fato, como bem disse o apresentador, jornalista Joelson Giordani, o teresinense não sabe lidar com o patrimônio hídrico que a cidade tem. Na média, parece que não ligamos a mínima para os dois rios imensos que banham nossa cidade;

2) De uma forma geral, as pessoas, especialmente muitos colegas biólogos, estão excessivamente preocupados com problemas ambientais distantes, mas parece que pouco se importam com os danos causados aos nossos rios;

3) A longo prazo, a limpeza dos rios depende da construção de sistemas de captação e tratamento de esgotos. Segundo a própria matéria, a companhia de águas informou que conseguiu elevar de 19% para 31% a captação e tratamento de esgotos. A julgar pelas obras que vejo na cidade (o que incluiu a minha rua), a companhia está instalando sistemas de captação, o que não significa que efetivamente esteja surtindo algum impacto positivo sobre os nossos rios, pois a exemplo da minha rua, a captação ainda não começou;

4) A culpa é de quem? Efetivamente nossa. Todos somos culpados. Primeiro porque não exigimos o básico dos nossos governantes, onde se inclui saneamento. Segundo, porque mesmo não fazendo exigências continuamos a votar. Terceiro porque pouca gente procura fazer sua parte.

5) Se você está achando que não tem como minimizar, faz a ligação da água servida da tua casa numa fossa séptica, assim como faz com os dejetos dos banheiros. Vais pagar uma ou duas vezes por ano para esvaziar, mas pelo menos a água da tua cozinha não vai in natura (sem tratamento) para os rios. Assim você está colaborando diretamente para a despoluição dos rios;

6) Aliás, a despoluição pode ocorrer de forma natural. O rio pode se autodepurar, desde que para isso pare de ser poluído;

7) Os órgãos ambientais continuam sem saber o que fazer, de fato. Li em umas postagens nas redes sociais que autoridades do setor estavam buscando meios de pagar para retirar os aguapés. Escrevi aqui a uns dias (veja aqui) que retirar as plantas, só por retirar, elimina o bioindicador da qualidade ambiental, mas não resolve o problema. Esperar que o próprio rio se resolva também não é legal porque enquanto os aguapés crescem as trocas gasosas entre a água e o ar reduzem muito, prejudicando os organismos ocupantes da biota aquática. Há uma forte redução de oxigênio dissolvido (OD), o que pode levar o ambiente a um quadro de hipóxia (baixa disponibilidade de oxigênio) ou até mesmo anoxia (redução máxima da quantidade de oxigênio dissolvido na água), podendo levar a uma mortandade de peixes.

As autoridades ambientais poderiam gastar seu tempo propondo soluções com mais eficácia. Desconheço existirem, por exemplo, formas do poder público lançar mão da expertise de cientistas das nossas universidades que estudam o problema de perto. Por que as Secretarias de Meio Ambiente, do município e do Estado, não investem parte dos recursos arrecadados em compensações ambientais abrindo editais para financiar pesquisas para tentar resolver alguns destes problemas? [DEIXEI ATÉ EM NEGRITO PARA VER SE FACILITA A VIDA DOS GESTORES].

Na minha modesta visão de pesquisador, ainda acho que tanto a iniciativa pública, quanto a privada, utilizam muito pouco a expertise dos nossos pesquisadores. Voltando para a questão dos rios, logo ali, na Universidade Federal do Piauí (UFPI), no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), tem pesquisadores com toda boa vontade em aplicar conhecimento para ajudar a resolver parte destes problemas. Não falta gente. Faltam recursos... Fica a dica!!!

Boa semana para todos (as).

Técnicas de DNA ajudam a decifrar origem de povos do passado

Foto: Pixabay

O avanço da tecnologia tem proporcionado investigações importantes sobre o passado. O registro histórico de povos da Roma antiga acaba de ser revelado por uma pesquisa que envolveu informações sobre o DNA de corpos encontrados em sítios arqueológicos.

O estudo, publicado na Science, traçou 12 mil anos de história usando genomas de 127 pessoas enterradas em 29 sítios arqueológicos na cidade de Roma e nos arredores.  A pesquisa foi conduzida pelo antropólogo físico Alfredo Coppa, da Universidade Sapienza de Roma, que buscou centenas de amostras em dezenas de locais previamente escavados. O pesquisador Ron Pinhasi, da Universidade de Viena, extraiu o DNA dos ossos do ouvido dos esqueletos, e Jonathan Pritchard, geneticista da população da Universidade de Stanford, sequenciou e analisou seu DNA.

Os genomas mais antigos vieram de três caçadores-coletores que viveram de 9.000 a 12.000 anos atrás e se pareciam geneticamente com outros caçadores-coletores na Europa na época. Os genomas posteriores mostraram que os romanos mudaram em sintonia com o resto da Europa, pois um influxo de fazendeiros ancestrais da Anatólia (hoje Turquia) reformulou a genética de toda a região há cerca de 9000 anos. Mas Roma seguiu seu próprio caminho de 900 aC a 200 aC. Foi quando ela cresceu de uma pequena cidade para uma cidade importante, pois durante seu crescimento, provavelmente estava acontecendo migração intensa, como confirmaram os genomas de 11 indivíduos desse período. Algumas pessoas tinham marcadores genéticos semelhantes aos dos italianos modernos, enquanto outros tinham marcadores que refletiam ascendência do Oriente Médio e do norte da África.

Muito provavelmente a diversidade aumentou ainda mais quando Roma se tornou um império. Entre 27 aC e 300 dC, a cidade era a capital de um império de 50 a 90 milhões de pessoas, que se estendia do norte da África à Grã-Bretanha e ao Oriente Médio. Sua população cresceu para mais de 1 milhão de pessoas com uma diversidade genética considerável. Muitas pessoas de certas partes do império eram muito mais propensas a se mudar para a capital. O estudo sugere que a grande maioria dos imigrantes de Roma veio do Oriente. Dos 48 indivíduos amostrados nesse período, apenas dois apresentaram fortes laços genéticos com a Europa. Outros dois tinham forte ascendência norte-africana. O resto tinha ascendência conectando-os à Grécia, Síria, Líbano e outros lugares no Mediterrâneo Oriental e no Oriente Médio.

A pesquisa genética pode colaborar na elucidação do passado de muitos povos. Aspectos importantes sobre a ocupação das américas, por exemplo, precisam ser melhor esclarecidas. Durante muito tempo a crença de que os povos das américas teriam atravessado o Estreito de Bering durante a Era Glacial retardaram pesquisas sobre a origem dos povos americanos. Aqui no Piauí, com a ajuda da missão franco-brasileira que há décadas tem buscado achados significativos dos sítios da Serra da Capivara, muito ainda há de ser descoberto. É esperar evidências mais seguras para explicar de onde veio os primeiros humanos a chegarem por aqui.

Boa semana para todos e todas.

(Com informações da Revista Science)

CNPq entrega prêmios para estudos sobre Indústria 4.0

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) entregou na última quinta-feira (31/10) o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2018 para estudantes e pesquisadores dos países-membros ou associados ao bloco (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela). Esta edição recebeu 175 trabalhos de candidatos de noves países, e os vencedores foram do Brasil, do Uruguai e da Argentina, com estudos ligados à Indústria 4.0.

Um dos premiados foi o brasileiro Marcelo Zuffo, para quem o país precisa “sair da torre de marfim” e desenvolver ideias que “conversem” com as necessidades da sociedade.

“A ciência só tem valor se ela impacta a sociedade, em qualquer nível. Queremos revelar a possibilidade de fazer tecnologia localmente, gerando emprego, renda e riqueza”, disse Zuffo. Junto com uma equipe de pesquisadores na Universidade de São Paulo (USP), ele tem desenvolvido computadores de placa única utilizando software e hardware livres. Ou seja, tecnologias abertas à reprodução e distribuição.

“Se o Produto Interno Bruto da Internet das Coisas, este ano, é US$ 1 trilhão, a América Latina tem que ter um quinhão nessa parte. Como não temos no Brasil grandes empresas de tecnologia nesse setor, a única estratégia são tecnologias abertas e livres. É o que estamos fazendo”, afirmou o pesquisador.

O programa de Zuffo e sua equipe, batizado de Caninos Loucos, trabalha com a criação de três computadores, e o maior é um supercomputador. “É uma plataforma com 512 núcleos de processamento, 512 gigabytes de disco e 2 terabytes de disco rígido para aplicações em inteligência artificial. E tudo com tecnologias abertas”, explicou.

Segundo Zuffo, a meta é fabricar esses computadores, distribui-los e permitir a reprodução da tecnologia. O projeto teve apoio de empresas e também arrecadou verba por meio de campanhas de financiamento coletivo. O prêmio de US$ 10 mil recebido hoje será usado para financiar a produção de mais computadores.

“Muitos celulares usam software livre. Usam Android, e a Android tem o Kernel Linux. Foi assim que a indústria viabilizou esse tipo de plataforma. Se a gente quer viabilizar Internet das Coisas, a Indústria 4.0 nessa região do mundo, nós temos que apostar em tecnologias abertas”, enfatizou.

Integração com empresas

Outro premiado foi Thiago Ramires, que apresentou um projeto de aplicabilidade imediata. Ele desenvolveu um modelo de análise de plantações de cana-de-açúcar para identificar onde há ervas daninhas e, com isso, evitar a aplicação de herbicidas em cima da lavoura. O modelo desenvolvido por Ramires é baseado no mapeamento da plantação com o uso de um drone, que tira várias fotos. Com o uso de inteligência artificial, foi possível identificar os pontos exatos onde há erva daninha.

“Assim, conseguimos adaptar o drone para fazer pulverização local. Em vez de pulverizar o campo inteiro, [o drone] vai localmente, onde existe a invasão de erva daninha. E erva daninha você não consome. Então, o resto fica limpo, além de reduzir muito o custo”, explicou o ganhador do Prêmio Jovem Pesquisador.

A pesquisa de Ramires teve apoio da Raízen, uma gigante da produção de etanol, açúcar, combustíveis e bioenergia. A empresa já está aplicando em suas plantações o modelo desenvolvido por Ramires. Para ele, a pesquisa no Brasil ainda carece de integração entre empresas e pesquisadores.

“Essa pesquisa só foi possível porque uma empresa veio nos procurar. Então, a parte de financiamento ela custeou, e ela obteve o retorno do custo da pesquisa”, disse.

“O ponto chave é a integração. [Para iniciar uma] pesquisa você precisa de ter um problema. O problema quem tem é a empresa. A empresa leva a pesquisa para a universidade, a universidade resolve e, nessa troca, a gente pode até obter financiamento da própria empresa, em vez de pegar uma bolsa [de pesquisa], porque a própria empresa vai se beneficiar com isso”, completou.

[Com informações da Agência Brasil]

 

Estudantes do Piauí conquistam 79 medalhas de ouro

A Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) divulgou os resultados do certame de 2019 na semana que passou e este foi muito bom para estudantes piauienses. A competição é realizada com estudantes do Nono Ano do Ensino Fundamental e das três séries do Ensino Médio e mais do 4º da Educação Profissional.

A ONC premia estudantes que conseguiram índice para medalhas de ouro, prata e bronze mais menções honrosas. Este ano estudantes de 14 escolas piauienses ganharam medalhas de ouro. As medalhas de ouro conseguidas pelos os estudantes destas escolas foram assim distribuídas:

1) Instituto Dom Barreto (Teresina) – 26 medalhas

2) CEV Colégio (Teresina) – 12 medalhas

3) Colégio Objetivo (Teresina) – 11 medalhas

4) Colégio Nossa Senhora das Graças (Parnaíba) – 9 medalhas

5) Colégio Lerote (Teresina) – 4 medalhas

6) Colégio São Francisco de Sales – Diocesano (Teresina) – 3 medalhas

     Escola Popular Madre Maria Villac (Teresina) – 3 medalhas

     Instituto Monsenhor Hipólito (Picos) – 3 medalhas

7) Colégio Sagrado Coração de Jesus (Teresina) – 2 medalhas

     Educandário Santa Maria Goretti (Teresina) – 2 medalhas

8) Centro de Educação em Tempo Integral Didácio Silva (Teresina) – 1 Medalha

     Centro Integrado Senador Nilo Coelho (Picos) – 1 Medalha

     Colégio Dom Bosco (Teresina) – 1 Medalha

     Escola Pequeno Príncipe (Floriano) – 1 Medalha.

Muitas outras escolas figuram no ranking geral com medalhas de prata, bronze e menções honrosas. É muito importante destacar os estudantes de algumas escolas da rede municipal de Teresina que totalizaram 10 (dez) medalhas entre Prata e Bronze, mas disputando apenas no estrato do ensino fundamental (Nono ano).

Passando o olho rapidamente na lista foi possível ver nomes de estudantes de várias cidades do Piauí, assinalando, portanto, resultados expressivos. As medalhas serão entregues na cidade de São Paulo, no próximo dia 28 de novembro. de acordo com o regulamento a entrega é feita no Estado com o maior número de ganhadores de medalhas.

Quer ver o resultado? Clique aqui.

Bom domingo para todos(as).

Cientista russo revela suas intenções de “editar” o DNA de bebês

Mais um capítulo da novela ética na edição do DNA de bebês humanos está em andamento. Desta vez na Rússia onde o cientista Denis Rebrikov fala das suas intenções em usar métodos biotecnológicos para corrigir o DNA de embriões humanos.

Em novembro de 2018 o cientista chinês He Jiankui falou do desenvolvimento de embriões humanos que tiveram seu DNA modificado a fim de ganharem resistência ao vírus HIV. He perdeu o emprego na universidade e foi afastado dos laboratórios.

Agora o cientista russo, Rebrikov, que dirige o maior laboratório estatal russo de fertilização humana fala dos seus planos. Um grupo razoável de pesquisadores está ao seu lado e outro, também considerável, opina contra as suas ideias.

Para os defensores de Rebrikov suas intenções passam pela necessidade de proporcionar aos pais crianças que nasçam sem qualquer distúrbio genético grave. Já os que são contra levam consigo as contraindicações éticas que o problema faz emergir. A técnica adotada por Rebrikov é a mesma utilizada por Jiankui, a CRISPR.

Pelo sim, pelo não, lembrei de um filme antigo chamado GATTACA – A experiência genética (1997), mostrando uma sociedade dominada pela possibilidade de ter cidadãos com DNA editado. Não deixa de ser alvissareira a notícia de poder livrar as pessoas de problemas genéticos traiçoeiros. Mas também não deixa de ser apavorante a ideia de poder ter no futuro um aparteid entre pessoas geradas pela via normal e pessoas editadas. Reveja o vídeo abaixo:

Boa semana para todos(as)!!!

 

O verde dos nossos rios

Todo ano é a mesma coisa. A tendência é permanecer assim por mais tempo, até as chuvas voltarem a cair com maior frequência e nossos rios ficarem com sua cara de rio limpo novamente. Quem passa todos os dias pelas pontes sobre o rio Poti, vez por outra, se depara com um tapete formado pelas macrófitas aquáticas (nome dado as plantas que habitam as águas em diferentes formas: flutuantes, anfíbias, emergentes, submersas, epífitas etc.). Estas plantas são um sinal de doença dos nossos rios.

Fotos: Roberta Aline/Cidadeverde.com

A lógica é a seguinte: quando se quer que uma planta se desenvolva de forma saudável são fornecidos três elementos essenciais: água, luz e adubo. No rio temos a água, que recebe luminosidade pelo menos 12 horas por dia pelo sol (no meu aplicativo sobre o tempo está anunciando uma luminosidade total de 12 horas e 18 minutos para hoje) e temos o adubo. Parte deste adubo é originado de processos naturais, como a decomposição de organismos mortos, a eliminação de resíduos fecais e de excreção de animais que vivem no rio. Mas a maior parte do adubo é depositada por nós, humanos, que não cuidamos das nossas fontes de água.

Para qualquer observador que percebe que neste período temos mais plantas aquáticas no período chuvoso sobra a dúvida sobre porquê neste período elas crescem tanto? Dia desses assisti uma autoridade ambiental dizer que é porque na chuva o rio leva as plantas. Mas não é só por isso.

É uma questão de química. A concentração de nutrientes é definida pela razão da massa (de nutrientes) dividida pelo volume (de água). Como em toda operação de divisão se numerador aumenta e o denominador diminui, então o resultado aumenta. Na verdade, a massa de poluição mantém-se a mesma. O problema é que neste período em que o calor aumenta (estamos em pleno B-R-O-Bro), aumenta a evaporação da água diminuindo assim o volume, aí é fatal: a concentração de poluentes aumenta. Veja a fórmula abaixo para entender melhor:

Aí as pessoas começam a perguntar: é melhor deixar ou melhor tirar os aguapés? Nem um e nem o outro. O melhor é manejar. O manejo consiste no controle do adensamento das plantas. Na verdade, as plantas atuam como filtros muito eficientes retirando todas das impurezas e excessos existentes na água. O problema é que se fortalecem muito com isso e se expandem muito de tamanho. Conseguem duplicar sua biomassa em horas, por isso rapidamente tomam conta da superfície da água. Aí mora o dano: cobrem a superfície e impedem as trocas gasosas entre o ar e a água. Sem esta troca gasosa reduz-se a disponibilidade de oxigênio dissolvido na água para os animais aquáticos, e isso vira um problemão.

A presença das macrófitas funciona como um bioindicador da qualidade da água: sua presença denuncia excesso de fosfatos e nitratos que são compostos muito úteis para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Funcionam também como indicador da qualidade da gestão pública no trato com a questão do esgotamento sanitário. Rio com aguapés é cidade sem tratamento de esgotos, simples assim! As obras de saneamento se mostram caras, mas ao mesmo tempo são importantes para evitar a proliferação de doenças bem típicas como diarreias, coceiras, verminoses e outros problemas de saúde pública veiculados pela água ou por vetores que crescem na água.

Se serve de algum consolo (eu particularmente não vejo assim), este período ajuda a fortificar a alimentação e nidificação de algumas aves aquáticas e ajuda a empregar pessoas que trabalham nesta questão do manejo ambiental das macrófitas. O bom seria se nossos rios estivessem sempre refletindo apenas o azul do céu.

Boa semana para todos (as)!!!

 

Nódoas na praia

Desde o mês de setembro deste ano moradores e frequentadores de praias da região Nordeste do Brasil reclamam pelo aparecimento de manchas de petróleo ao longo de alguns dos principais cartões postais do país. Já tinha até falado de outros problemas que encontramos nas praias por aqui (reveja aqui), mas a situação é bem mais grave.

A imprensa noticiou que em todos os estados, alguns em maior intensidade, outros em menor, mas sem exceções, o litoral nordestino foi afetado, tanto na sua face setentrional, onde estão os litorais do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, quanto na sua face oriental, onde estão os litorais do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Aqui no Piauí, o Portal Cidadeverde.com já noticiou a existência de manchas de óleo nas praias do Arrombado e Peito de Moça, no município de Luiz Correia. Reveja aqui

Pesquisadores vinculados à Petrobras dão conta de que se trata, pela textura e características do óleo, de material proveniente da Venezuela. Setores do atual governo falam de um possível derramamento criminoso. Na minha humilde opinião prefiro achar que foi algum acidente na hora de transferir petróleo ou naufrágio de alguma embarcação de transporte.

Pelo que li o óleo parece ser bastante espesso, petróleo bruto, com características físico-químicas do produzido em poços da Venezuela e chega até as praias trazido pela maré. Há pesquisas sendo conduzidas pelo IBAMA, Marinha, Petrobrás, e Universidades de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, tanto para determinar a possível origem, quanto para determinar o aparecimento de novas ocorrências de manchas nas praias de referentes regiões do Nordeste. Na última atualização que li praias de 72 municípios teriam sido, de algum modo, afetadas pelas manchas. O que me preocupa, no momento, são as consequências deste derramamento para a biota aquática, principalmente.

Quais são os principais danos?

A grosso modo quem mais sofre são organismos marinhos. Informações dão conta de que tartarugas mortas já foram encontradas, no litoral do Piauí, com vestígios de que foram prejudicadas de algum modo pelo óleo. No litoral de Alagoas foi encontrado um golfinho morto, com manchas de óleo em sua superfície e sinais de morte por afogamento. Mas seria interessante pontuarmos por área.

Nas áreas sempre cobertas pela maré o óleo pode prejudicar esponjas, corais, algas, moluscos, crustáceos, equinodermos de diferentes espécies (estrelas-do-mar, bolachas-da-praia, ouriços-do-mar etc.), além de peixes de diferentes grupos e animais que circulam nesta região como tartarugas, golfinhos e peixes-boi marinhos.

Nas áreas que ficam cobertas na maré alta e descobertas na maré baixa vivem muito grupos de animais como poliquetos, moluscos, crustáceos e alguns peixes. Répteis marinhos como as tartarugas, por exemplo, podem ser prejudicadas no seu trajeto para chegar até a praia onde põem os ovos, no seu processo de reprodução. Aqui podemos também incluir o prejuízo para o ser humano que frequenta as praias e que usa esta área para diversão.

Nas áreas que não são cobertas pelo mar, sendo influenciada apenas pelo spray emanado das marés, a influência maior vem da vizinhança com a parte do litoral que oscila entre maré alta (coberta) e maré baixa (descoberta, onde o óleo vem sendo recolhido.

NOs estuários que são as regiões de encontro do rio com o mar, na qual muitos pesquisadores estão preocupados com a invasão das manchas de óleo, porque nestas regiões existem grandes berçários de espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Nos estuários e nas áreas mais rasas do litoral são encontrados mamíferos como o peixe-boi-marinho, uma espécie que ficaria suscetível ao óleo, especialmente na região onde são encontrados os prados marinhos (áreas ricas em espécies de plantas que funcionam como zona de pasto para estas espécies de mamíferos), como ocorrem aqui no Piauí, no município de Cajueiro da Praia.

Manguezais – ecossistemas formados pelo encontro entre o mar, a água doce de mananciais e o ambiente terrestre. É o ambiente de nascimento e sobrevivência de muitas espécies de crustáceos, moluscos e peixes.

Enquanto não se descobre a origem deste vazamento e desta poluição causada pelo petróleo resta trabalhar para recolhimento de resíduos, que já alcança a casa de centenas de toneladas em todo o litoral nordestino. Mãos a obra para corrigir mais este acidente ecológico que já se constitui em um dos maiores do país enquanto esquerdistas e direitista se digladiam nas redes sociais cada um empurrando a culpa para o outro lado, piorando a nódoa nas praias.

Boa semana para todos (as)...

21 conselhos para vivermos neste século: o STEAM pode fazer a diferença na educação

Quem se deteve na leitura do livro 21 lições para o século 21, do israelense Yuval Noah Harari, deve ter ficado pensativo diante do futuro. O escritor de bestsellers (autor também de Sapiens e Homo Deus) traz na sua nova obra 21 reflexões bem importantes sobre esta transição que estamos vivendo entre o presente e o futuro próximo.

O livro traz no seu segundo capítulo um panorama relacionado ao trabalho e o quanto as tecnologias desenvolvidas no presente poderão mudar a oferta de alguns empregos no futuro. Ele concentra suas atenções para como a Inteligência Artificial poderá mudar a vida de quem escolheu profissões tão diferentes e que, a princípio, seria inimaginável que pudessem ser substituídas por máquinas, como a de motoristas ou médicos, por exemplo.

Ao pensar sobre isso, o pai de uma criança no início da vida escolar pode trazer para si a responsabilidade direta sobre o futuro de sua criança. Por mais que se deixe a livre escolha da criança, é possível que em um futuro bem próximo, as escolhas de hoje já representem más escolhas para daqui a cinco ou dez anos, apenas, quando nos referimos ao futuro do trabalho.

É muito provável que as escolas, assim como as pessoas somente preocupadas como o futuro de seus filhos, ainda não estejam focadas para formar os profissionais do futuro, até porque este futuro, ainda que existam projeções como as citadas por Harari, seja um tanto quanto imprevisível. Mas a pergunta clássica seria: e agora?

Na dimensão do que vem acontecendo, seria muito interessante que as escolas mantivessem a tradição de colocar conteúdos no que ensina, mas aliando isso a outros recursos que primassem pela lapidação da cognição infantil no desenvolvimento de habilidades. Teóricos da educação como Ausubel, já defendem há algum tempo, um ensino focado no protagonismo da criança. Se a criança se mantém como protagonista a sua cognição se forma dentro da capacidade de resolver problemas, o que talvez seja a principal habilidade que estará em alta para esta próxima geração de futuros profissionais.

A visão de Harari se baseia em situações que já aconteceram, como a necessidade de profissionais habilitados em lidar com ataques feitos por Veículos Aéreos Não Tripulados, os VANTs, por exemplo, que exigem um número muito maior de profissionais para lidar com eles do que simplesmente colocar um piloto de caças em um avião bombardeiro para uma guerra como as que ocorreram nos padrões da primeira e segunda guerras mundiais. O mundo está mudando muito rápido, e alguns dos seus principais valores ligados a profissões também.

Uma das formas de tentar mudar isso é usando o STEAM. O método que combina recursos da Ciências e da Matemática, aliados a técnicas obtidas a partir da Engenharia, Arte e Tecnologia, pode mudar o futuro das crianças que estarão às margens do Mercado de Trabalho dentro de uma ou duas décadas. O STEAM trabalha exatamente o aperfeiçoamento de habilidades, com base no método científico. Adotando o método STEAM a criança cria o hábito de usar etapas do método científico para responder perguntas, confirmando ou refutando hipóteses.

Na vida real, muitas das situações praticadas no STEAM podem surgir. Não existem respostas prontas para tudo, mas se você se condicionou a tentar resolver problemas estimulando sua criatividade, baseando-se no método científico, saberá se colocar em diferentes situações, recursos essenciais para um mercado em constante metamorfose. Ainda que a formação acadêmica indique um caminho para sólido, a inclusão de intempéries durante a caminhada pode apontar que apenas o acadêmico não foi o suficiente, gerando a necessidade de que outras habilidades tenham sido apreendidas.

Assim, observando o longo percurso que as crianças tem que percorrer e a assustadora imprevisibilidade do futuro o melhor seria apostar em uma educação voltada para aquisição de habilidades. O STEAM pode ser a ferramenta certa.

Boa semana para todos e todas.

 

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